quinta-feira, maio 31, 2007

Ulmeiros na cidade

Ulmeiros, Largo de S. Silvestre - Covilhã

Este conjunto de ulmeiros situa-se no Largo de São Silvestre, na Covilhã, e pertencem à espécie Ulmus glabra Huds. (cultivar
Camperdownii*).

São árvores com elevado potencial ornamental que, por não se desenvolverem em altura, acabam por ser uma boa opção para ruas com pouco espaço disponível (situação comum nas cidades portuguesas, sobretudo nas zonas antigas).

Infelizmente, as câmaras e juntas de freguesia preferem plantar espécies que facilmente superam os 15 m de altura, como os choupos, as tílias ou os plátanos, e depois tentam "emendar" o erro de planeamento recorrendo à lei da motoserra.

Ulmeiros, Largo de S. Silvestre - Covilhã


A espécie Ulmus glabra Huds. é autóctone da Europa mas na Península Ibérica é nativa apenas em zonas montanhosas do Norte de Espanha.

As árvores desta espécie fornecem uma madeira dura, elástica e resistente à putrefacção, motivo pelo qual se utiliza na construção naval.

Algumas partes do ulmeiro possuem propriedades medicinais, nomeadamente a casca. Como curiosidade é de referir que, segundo alguns autores, existem relatos de utilização das folhas de ulmeiro na alimentação humana.

Os ulmeiros têm sido vítimas de uma doença epidémica e mortal, a grafiose, provocada por um fungo [Ophiostoma ulmi (Buisman) Nannf.].


* Adenda: Tinha identificado originalmente estes ulmeiros como pertencendo ao cultivar Pendula (o que justifica alguns dos comentários aqui deixados, nomeadamente pelo leitor Rui Pedro Lérias).
Após alguma pesquisa e troca de e-mails com um leitor holandês, considero, como mais provável, que estes ulmeiros pertençam ao cultivar Camperdownii.


quarta-feira, maio 30, 2007

Um tempo imperfeito



Pode alguém, de forma impune, roubar-nos as árvores que povoam as nossas memórias? Pode alguém, com a prepotência de uma moto-serra, mutilar as nossas recordações de infância?



Como já tinha escrito num texto anterior, foram inúmeras as brincadeiras sob as duas enormes tílias da Escola do Rodrigo na Covilhã...e o passado refere-se aqui, não apenas a uma infância que já passou, mas também às duas árvores a quem foi negado um futuro com dignidade.

Eu, pelo menos, recuso-me a chamar árvore a dois cepos em que as folhas mal conseguem disfarçar as profundas feridas no tronco e nos ramos, resultantes de anos de podas mal conduzidas.

Se podemos culpar o aquecimento global (que tem as costas largas...) pelo fim das batalhas de neve nos intervalos e se podemos culpar os hipermercados pelo fim do negócio dos miúdos que vendiam a tília às farmácias, mais fácil seria ainda precisar os responsáveis pelo fim da sombra no recreio....



Alguém decidiu plantar uma terceira tília, ao centro, que apesar da sua juventude supera já em altura e graciosidade as duas que sucumbiram à ignorância...que destino lhe está reservado?
Para esta ainda não é tarde demais...

P.S. - Dois exemplos de amor pelas árvores ou de como estas são importantes na vida das pessoas:

terça-feira, maio 29, 2007

Viagens IV

Sobreiro (Quercus suber L.) - Portalegre

Volto à temática das cumplicidades, das coisas novas que se descobrem a cada viagem e às que sabemos estarem lá...a cada regresso uma presença segura.

Esta é outra das minhas favoritas da grande viagem; é um sobreiro (Quercus suber L.) que fica poucos quilómetros após a saída para a zona industrial de Portalegre (lado direito do IP2, no sentido Sul-Norte); fica perto de uma chaminé industrial, uns 40 m afastada da estrada.

É uma daquelas árvores com personalidade, possante, que nos faz demorar o olhar...a fotografia não lhe faz justiça. Falta talento ao fotógrafo e alguém que pudesse servir de escala e dar-nos a dimensão exacta da sua grandiosidade.

P.S. - Ler aqui os 3 primeiros capítulos da série Viagens ( I , II e III ).

P.S.S. - Decidi aceitar o desafio do autor do blogue Jardinando sem parar e decidi enviar o tomo II da série Viagens para a próxima edição do Festival of the trees.

Amanhã explico porque não participo com as árvores da minha escola primária (ou porque é que alguém me roubou parte das memórias de infância).

segunda-feira, maio 28, 2007

Uma invasora de hábitos urbanos

A espécie Ailanthus altissima (Miller) Swingle, conhecida entre nós como espanta-lobos ou árvore-do-céu, é originária das regiões de clima temperado da China.

Os folíolos das folhas jovens apresentam uma característica tonalidade avermelhada nas extremidades

É uma espécie dióica que pode atingir os 20 metros de altura; regra geral, cultivam-se exemplares femininos, pois os masculinos originam flores que libertam um cheiro desagradável.

No nosso país tem o estatuto de planta invasora de acordo com o disposto no Decreto-lei 565/99.

A partir de um único exemplar de porte arbóreo nasce um foco de invasão

É uma espécie pioneira, de crescimento rápido, que pode chegar a produzir cerca de 350 000 sementes num ano.

Estabelece-se em áreas perturbadas, tais como bermas de estradas, quintas abandonadas e espaços urbanos.

(Para saber mais sobre o carácter invasor do ailanto visitar esta página).

Na Covilhã a espécie é comum em quintas abandonadas, nomeadamente nos vales das ribeiras da Goldra e da Carpinteira

O jardineiro inglês Philip Miller (1691-1771) terá sido o primeiro a cultivar esta planta nos jardins de Londres. Após a sua introdução no Ocidente foi amplamente plantada por toda a Europa.

A espécie foi depois introduzida no século XVIII nos Estados Unidos da América (EUA). Um século depois, os biólogos verificaram que tinha invadido e colonizado vastas áreas do Sul dos EUA.

domingo, maio 27, 2007

Maias

Covilhã - Serra da Estrela

Há cheiros que se não explicam porque sempre estiveram connosco...desde o início.

É uma das maneiras de sabermos que estamos em casa...cheira a maias, cheira a serra.

sábado, maio 26, 2007

Duas sugestões

A primeira:

Do Cântaro Zangado, a descrição de uma magnífica descoberta...um vale na primeira pessoa.


Castanheiro (Castanea sativa Mill.) - Vale da Ribeira de Famalicão (Parque Natural da Serra da Estrela) - imagem do blogue O Cântaro Zangado


A segunda:

Do Jardinando sem parar chega-nos um texto que nos relata uma iniciativa que visa criar redes temáticas assentes em blogues criados para o efeito, os quais "centralizam" a informação sobre determinada temática.

Neste caso, sobre as árvores, existe o Festival of the Trees, o qual funciona como uma colecção de ligações para diversos textos sobre a temática das árvores, publicados num blogue diferente todos os meses.

Assim, no próximo mês, o blogue que acolherá esta iniciativa será o Arboreality e a temática será relativa a árvores que façam parte do quotidiano de cada um.

sexta-feira, maio 25, 2007

Bom fim-de-semana

Parque Nacional da Peneda-Gerês (Pitões das Júnias - Agosto de 2004)

Queria dar publicamente os parabéns ao Octávio Lima pela qualidade do Ondas 3 e pela persistência de quem deve passar horas a devorar todo o tipo de sites e jornais à caça de informações sobre ambiente...obrigado.

Só deste modo, porque existe alguém como o Octávio, é possível descobrir notícias que de outra forma nos passariam ao lado; como a da edição, na vizinha Espanha, de um guia que propõem 100 trajectos para conhecer aquelas que são, na opinião dos respectivos autores, as 100 árvores mais impressionantes do país vizinho (ler aqui a notícia do El Mundo).

Esta obra surge no seguimento do livro editado há dois anos (Árboles, leyendas vivas), que surgiu de um projecto de localização, estudo e protecção destas jóias vegetais (ver aqui algumas destas árvores).

P. S. - Ainda a propósito dos sobreiros e da cortiça, queria agradecer ao Manuel a visita guiada ao Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês, em Silves (museu que venceu o prémio Luigi Micheletti 2001 do European Museum Forum, como o melhor museu industrial europeu).

Foi uma bela aula de história...

Senhores sobreiros

Pormenor da cortiça


Em complemento ao que ontem aqui escrevi sobre a importância do sobreiro (Quercus suber L.) para o nosso país, deixo algumas imagens de sobreiros monumentais dignos da nossa admiração.



Sobreiro (S. Bartolomeu de Messines)




Sobreiro (Tibães - Braga)


Sobreiro - Santa Margarida do Sado (atentem na pose de "caçador de árvores"!!)



Sobreiro (N258, entre o Alvito e a Vidigueira)


Sobreiro (N258, entre o Alvito e a Vidigueira)

Sobreiros classificados na Sombra Verde: Canhestros (Silves).


Sobreiros classificados noutros blogues:


- Belazaima do Chão (concelho de Águeda), do Cores da Terra.


- Canhestros (Silves) e Veiros (Estarreja), do Dias com Árvores.

quinta-feira, maio 24, 2007

Sobreiro - a árvore de Portugal

Sobreiro (Quercus suber L.) - Canhestros, Silves (ver aqui e aqui)

"...o sobreiro em Portugal, sóbrio, rústico, complacente e bonacheirão, vegeta em toda a parte e sujeita-se, com singular e impressionante humildade, às condições mais diversas, por vezes as mais pobres".

Joaquim Vieira Natividade in "Aspectos da Cultura do Sobreiro em Portugal"

Sobreiro (Quercus suber L.) - Canhestros, Silves (ver aqui e aqui)

Se os blogues têm causas, e a Sombra Verde tem várias, gostaria de adicionar a essa lista a seguinte: ver reconhecida ao sobreiro o estatuto de árvore nacional de Portugal:

- Pela sua distribuição ao longo de todo o território do continente (as ilhas são, em termos botânicos, uma realidade completamente distinta): "O sobreiro é de todas as nossas árvores aquela que se encontra mais largamente distribuída. Encontramo-la no Norte, no solar do castanheiro, do roble e do carvalho-negral; junto ao litoral, do Tejo ao Minho, luta sem proveito nem glória com o pinheiro-bravo; associa-se ao carvalho-português na Estremadura, à azinheira e ao pinheiro-manso no Alentejo e vegeta a par da alfarrobeira nas quentes serras algarvias. (...) Se pusermos de lado as cumeadas de algumas serras ou as vertentes mais frias das montanhas nortenhas verifica-se que, do Minho à campina de Faro, o sobreiro não só vive em boas condições (...), senão ainda suporta o descortiçamento exagerado e as brutais mutilações na ramaria, indicação segura de que no território nacional encontra o seu óptimo ecológico".

Joaquim Vieira Natividade in "Subericultura"

De facto, que outra árvore autóctone podemos encontrar em todo o seu esplendor do coração do Minho à serra e litoral algarvios?

O sobreiro ocupa em Portugal perto de 737 000 hectares (dados do Inventário Florestal Nacional de 2006, não incluindo alguns povoamentos jovens), o que corresponde a cerca de 32% da área que a espécie ocupa no Mediterrâneo ocidental. Note-se que estes valores poderiam ainda ser superiores, não fosse o catastrófico Verão de 2003 em que arderam mais de 40 000 hectares desta espécie.

- Pela sua crucial importância ecológica: pelas inúmeras espécies (vegetais, animais, etc.) que dependem dos habitats dominados pelo sobreiro. Acresce a crucial importância no mundo rural português, sendo das poucas espécies que traz rentabilidade a uma população rural em claro declínio. E todos sabemos que o despovoamento traz consigo a desertificação, a qual é uma das mais sérias ameaças ambientais de parte significativa do território nacional.

Num país que todos os anos sofre o drama dos incêndios, em boa parte devido a uma política que apostou em espécies de crescimento rápido mas que favorecem a propagação das chamas, as florestas de sobreiro constituem verdadeiros corta-fogos naturais.

- Pela sua importância económica e social: o nosso país produz cerca de 200 000 toneladas de cortiça por ano (mais de 50 % do total), sendo o sector corticeiro o único onde Portugal tem uma posição de liderança a nível mundial, desde a matéria-prima até à comercialização, passando pela transformação.

A perda desta liderança representaria um descalabro económico, social e ambiental sem paralelo.

O mínimo que podemos fazer é proteger uma árvore que nos dá tanto exigindo tão pouco em troca...talvez apenas um pouco de respeito.

quarta-feira, maio 23, 2007

Do Dia da Biodiversidade...

Azevinho (Ilex aquifolium L.) - Covilhã (Penedos Altos)


...felizmente, mais boas notícias:

- do Público de hoje chega a feliz notícia de que a Mata do Ramiscal (no Parque Nacional da Peneda-Gerês) tem condições para manter o estatuto de Reserva Integral, após o trágico incêndio do Verão passado, de acordo com os resultados de um estudo levado a cabo por técnicos do próprio Parque Nacional e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.


Sublinhe-se que esta mata é particularmente importante pelos exemplares notáveis de azevinho (Ilex aquifolium L.). A este propósito, o Professor Fernando Catarino refere no volume 5 da colecção "Árvores e Florestas de Portugal", o seguinte: "Os azevinhos arbóreos do Ramiscal, por serem os únicos com tão impressionantes dimensões em Portugal, ainda hoje levantam questões aos estudiosos".

Segundo o referido estudo, ficou ainda demonstrada a capacidade de resistência e regeneração do carvalhal de Quercus robur, por oposição aos danos verificados em zonas de pinhal.

Por último, não resisto a relembrar que a Mata do Ramiscal sobreviveu não apenas a um incêndio catastrófico, como a uma posterior visita de deputados da nação que, pelos motivos que se podem ler aqui, poderia ter dado origem a uma nova tragédia.

Dos amigos do Dias com Árvores a referência a duas notícias com particular significado para todos os amantes da botânica:

- a notícia de que parte da imensa informação disponível no Herbário do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra passou a estar disponível na internet.

- a notícia relativa às celebrações do tricentenário do nascimento de Lineu.

As árvores...esse inimigo nas cidades!

Da blogosfera, como sempre, boas e más notícias. Comecemos pelas más...

- Do Ondas 3: "Orlando Reis, da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), alerta para o grave problema de poluição ambiental causado nesta época do ano pelos choupos(...)" Ler aqui a notícia completa do Diário de Coimbra.

Para o Sr. Orlando Reis, com responsabilidades na educação deste país (e isto deveria fazer-nos reflectir profundamente...) as árvores são "um grave problema de poluição ambiental"...as mesmas que, entre muitas outras funções, ajudam a amenizar o clima (particularmente importante nas cidades que funcionam como ilhas de calor), diminuem o CO2 na atmosfera e mantêm constante os valores de O2, capturam diversos outros compostos poluentes presentes na atmosfera, servem de abrigo a vários seres vivos, etc.

Sim, as árvores, sempre as árvores, o inimigo a abater nas cidades...

Em relação à notícia do Diário de Coimbra, a qual contém imprecisões científicas(*), deixo apenas este parágrafo que me parece elucidativo da inocência das árvores: "O parecer emitido então pela Provedoria do Ambiente e Qualidade de Vida Urbana de Coimbra, a que estavam anexados outros dois, de Jorge Paiva, do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, e de Ana Todo Bom, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, comprovava que as causas das alergias não estavam apenas na libertação de pólen, frutos e sementes pelas plantas e que, apesar de se assistir a «um aumento das reacções alérgicas», era «a poluição resultante do tráfego automóvel que exponenciava» este mesmo efeito alérgico".

(*)os filamentos semelhantes a algodão não são as sementes, servindo para auxiliar a dispersão das mesmas; por outro lado, gostava que alguém me mostrasse um estudo científico que mostrasse a relação directa entre estes filamentos e as reacções alérgicas que se verificam nesta altura do ano.
Sublinhe-se que nesta altura do ano estão em floração centenas de espécies vegetais, incluindo as gramíneas, cujo pólen é comprovadamente um dos maiores causadores de reacções alérgicas. Como o trigo e o centeio, por exemplo, são duas gramíneas, estará o Sr. Orlando Reis na disposição de defender a destruição destas culturas que nos dão o pão que comemos todos os dias?

Volto ao início...este senhor trabalha na Direcção Regional de Educação do Centro.

Oliveira (Olea europaea L.) - Albufeira

- As boas notícias: pelo Jardinando sem parar tomei conhecimento da realização em Mirandela, entre 21 e 25 de Maio, da Semana do Jardim e da Biodiversidade.

Ao aceder ao sítio do evento, deparo com uma iniciativa bastante curiosa da Câmara Municipal de Mirandela chamada "Adopte uma Oliveira".

Esta feliz iniciativa permite que os munícipes de Mirandela possam plantar uma oliveira no seu jardim (oferta da câmara municipal) ou, caso morem num apartamento ou numa casa sem jardim, que adoptem uma oliveira plantada nas ruas ou jardins da cidade.

É fornecido a cada participante um Certificado do Compromisso de Adopção da Oliveira e o respectivo Bilhete de Identidade.

Há ideias felizes!

terça-feira, maio 22, 2007

Um dragoeiro que merece ser salvo...

...como todas as árvores. Conheça a história desta no Blog de Cheiros. Ainda vamos a tempo de fazer desta uma história com final feliz.

Dragoeiro [Dracaena draco (L.) L.] - imagem do Blog de Cheiros

segunda-feira, maio 21, 2007

3º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima



A Câmara Municipal de Ponte de Lima teve a amabilidade de me informar acerca da abertura do 3º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, na próxima sexta-feira, dia 25 de Maio, pelas 12 horas.

O sítio oficial do evento www.festivaldejardins.cm-pontedelima.pt terá a informação do festival deste ano a partir do final do próximo dia 24 de Maio.

Em tempo oportuno, a Sombra Verde irá dando mais informações acerca desta iniciativa.

De volta aos carvalhos-de-monchique

O carvalho-de-monchique (Quercus canariensis Willd.), espécie sobre a qual já tinha falado aqui, possui dois exemplares classificados dentro da sua área actual de ocorrência no nosso país (a Serra de Monchique):

- Exemplar da Estrada do Alferce (N 267), situado do lado direito da mesma no sentido Monchique-Alferce. Está classificado de interesse público desde 1993.


Quercus canariensis Willd., N267 (Monchique-Alferce)



Quercus canariensis Willd., N267 (Monchique-Alferce) - Fotografia do blogue Mons Cicus

(Nota: nesta segunda fotografia, tirada de um ângulo diferente, é possível observar o carácter marcescente desta espécie).



- Exemplar situado no Pomar Velho, classificado de interesse público desde 1997. Este é um exemplar cuja existência só descobri à posteriori, estando a planear para breve uma incursão a Monchique para o fotografar e medir.

Entretanto, fica esta fotografia do blogue Mons Cicus.


Quercus canariensis Willd. - Lugar do Pomar Velho - Fotografia do blogue Mons Cicus

domingo, maio 20, 2007

Um "carvalho" australiano

Exemplar de Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br.


A grevílea (Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br.), também conhecida como carvalho-sedoso (designação que terá origem em Silky oak, terminologia pela qual é conhecida nos países de língua inglesa), é uma árvore originária do Leste da Austrália.

Esta é uma daquelas situações em que a designação vulgar (carvalho-sedoso) nos pode induzir em erro, dado que esta árvore não pertence ao género Quercus (ao qual pertencem os verdadeiros carvalhos).

Floração do carvalho-sedoso

Esta espécie é utilizada na Austrália como árvore de sombra em plantações de café e chá, sendo ainda muito apreciada em carpintaria.

Devido à sua intensa e espectacular floração é igualmente utilizada como ornamental. No nosso país é particularmente abundante no Algarve, onde é uma das mais presenças mais assíduas em ruas e avenidas.

Na Covilhã, na década passada, foram plantados alguns exemplares na Alameda Pêro da Covilhã, tendo ainda um porte modesto (em condições ideais esta árvore pode atingir os 20 metros de altura).

Carvalho-sedoso junto ao castelo de Silves (mesmo à distância a floração desta árvore é bem visível).

sexta-feira, maio 18, 2007

Antes do fim-de-semana...

- Dias sem árvores no Cachopo (Tavira): O Manuel Ramos chamou-me a atenção para este texto do blogue Quintacativa...porque há sempre alguém para quem as árvores são um incómodo!...


Rhododendron ponticum L. subsp. baeticum (Boiss. & Reut.) Hand. - Mazz. - imagem do blogue O Parente da Refóias


- Dias com flores em Monchique: o blogue O Parente da Refóias mostra-nos imagens das adelfeiras ou adelfas [Rhododendron ponticum L. subsp. baeticum (Boiss. & Reut.) Hand. - Mazz.], planta que tem na Serra de Monchique um dos dois únicos locais no território do continente onde cresce de forma espontânea (o outro é na Reserva Botânica do Cambarinho, no concelho de Vouzela).

A adelfeira é um endemismo ibérico, porventura o mais notável sobrevivente da Laurisilva que existia no território do continente e que foi praticamente destruída pela última glaciação (Wurmiana).

Por outras palavras, esta planta sobreviveu a milhares de anos de temperaturas gélidas e a outros tantos de destruição por acção humana, constituindo a sua visão, por si só, um milagre capaz de iluminar estes dias sempre tão carregados de más notícias...


Bom fim-de-semana...a Sombra Verde vai até Mértola ao Festival Islâmico.

quinta-feira, maio 17, 2007

Dias sem árvores em Loulé



O verbo requalificar tem em Portugal um curioso e quase que exclusivo significado, isto é, destruir o que já existe.

Em Loulé, na Avenida José da Costa Mealha, chegou a hora das árvores....



Não nego, pelo que é visível em duas das fotografias que aqui publico, que alguns dos troncos estivessem em avançado estado de podridão e que fosse necessário proceder ao seu abate.

Mas será que esta situação se aplicaria a todas as árvores? Qual foi a entidade responsável por essa avaliação técnica? E será que a gestão que é feita dos espaços verdes nas cidades portuguesas, com as sucessivas e mal executadas podas, não condenará as árvores a um limitado tempo de vida e a uma consequente morte prematura?


Para além de todas as questões ambientais inerentes a estes abates, será que uma correcta gestão do património arbóreo não seria também proveitosa para o erário público?

quarta-feira, maio 16, 2007

A bela-sombra

Depois da descoberta da Dombeya, venho hoje falar de uma outra árvore que, pelo menos para mim, é totalmente "desconhecida" enquanto ornamental em terras mais setentrionais.

Com algumas reservas na respectiva identificação visto tratar-se dos primeiros exemplares que observo, penso que posso afirmar, com alguma segurança, que se trata de uma bela-sombra (Phytolacca dioica L.).

Esta espécie é originária do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.


Esta árvore possui crescimento rápido, podendo alcançar os 18 m de altura. A bela-sombra é dióica, isto é, tem flores unissexuais, estando as flores masculinas (foto sob este parágrafo) e femininas em pés diferentes.


Trata-se de uma das poucas espécies arbóreas que cresce nas Pampas da América do Sul, estando bem adaptada para resistir a fogos e a situações de escassez de água.

A bela-sombra é uma espécie plantada com alguma frequência nos jardins de Lisboa, existindo vários exemplares classificados (consultar aqui a lista).

terça-feira, maio 15, 2007

Da blogosfera

Carvalhal (Quercus pyrenaica Willd. e Quercus robur L.) - Pitões das Júnias (Montalegre), P. Nacional Peneda-Gerês

- Do Ondas 3: no início do próximo mês de Junho, a Câmara Municipal de Montalegre irá iniciar junto dos respectivos munícipes, uma campanha de sensibilização contra o abate indiscriminado de carvalhos.

Para a Câmara Municipal de Montalegre se mostrar preocupada e estar disposta a intervir directamente no assunto, eu imagino a dimensão destes abates!...

- Do Blog de Cheiros: um texto sobre um homem (Jerôme Hutin) que se dedica a fotografar e lançar campanhas de sensibilização para a protecção de árvores monumentais e que lançou recentemente um apelo, na forma de uma petição, para que as árvores monumentais de todo o mundo sejam reconhecidas pela UNESCO como Património Natural Mundial.

Classificação de Árvores como sendo de Interesse Público

A Autoridade Florestal Nacional (AFN) pode classificar como de interesse público as árvores que pelo seu porte, estrutura, idade, raridade ou que por motivos históricos ou culturais se distingam de outros exemplares.

Podem ser classificadas árvores isoladas, maciços, bosquetes e alamedas.

A classificação “de interesse público” atribui ao arvoredo um estatuto de protecção idêntico ao do património esdificado classificado.
As árvores classificadas de interesse público beneficiam de uma zona de protecção de 50 metros em redor da sua base, sendo condicionada a parecer da AFN qualquer intervenção nesta área que implique alteração do solo.
Qualquer intervenção nas árvores em si, carece de igual modo de prévia autorização daquela entidade.

As árvores classificadas de interesse público constituem um património de elevadíssimo valor ecológico, paisagístico, cultural e histórico.

Quem pode requerer?

Qualquer cidadão.

Onde se pode requerer?

O pedido pode ser apresentado ou remetido por correio para a AFN (serviços centrais ou desconcentrados) - ver contactos mais abaixo neste texto.

Quando se pode requerer?

Em qualquer altura.

O que é necessário para requerer?

Identificar a localização da árvore isolada ou do arvoredo, preferencialmente em carta militar ou planta de escala adequada;
Juntar, se possível, fotografia do exemplar ou do arvoredo e, quando aplicável e for do conhecimento do requerente, identificar o respectivo proprietário.
(Nota: hoje em dia, com programas como o Google Earth e similares, uma imagem com as coordenadas exactas também deve ser susceptível de ser aceite).

Qual o custo?

Sem custos associados.

Quais os prazos para a prestação do serviço?

Cerca de 30 dias.

Legislação aplicável:

Decreto-Lei n.º 28468/38, de 15 de Fevereiro

Dúvidas? Contactos:


Autoridade Florestal Nacional
Divisão de Protecção e Conservação Florestal
Avenida João Crisóstomo, 28
1069-040 LISBOA

Telefone: 213 124 800/213 124 932

E-mail:info@afn.min-agricultura.pt


Galhas











As fotografias anteriores foram-me enviadas por um leitor da Sombra Verde, apaixonado também pelas árvores e pela Natureza e que dedica algum do seu tempo ao estudo da Serra da Gardunha.

As imagens representam um conjunto de carvalhos (Quercus sp.) com galhas em diferentes fases de desenvolvimento.

As galhas correspondem a uma resposta da árvore perante um invasor, traduzida na formação de tecidos de contenção face a essa mesma tentativa de invasão. As galhas mais frequentes são as que resultam da postura de ovos de pequenas vespas (insectos da família dos cinipídeos) nas gemas dos ramos. Estas galhas são vulgarmente designadas como bugalhos.

No entanto, e de acordo com o biólogo Jorge Paiva, as galhas são originadas não apenas por animais (insectos, ácaros) mas também por fungos ou bactérias, podendo dar origem a infecções nos ramos, nas folhas, nas gemas florais ou nos órgãos subterrâneos [raízes e caules (rizomas)].

Um pouco mais intrigante é a imagem seguinte, que o mesmo leitor me enviou, de um carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.).
Desconheço qual a origem da formação avermelhada que se formou sobre as bolotas, podendo a mesma, eventualmente, resultar de um processo semelhante ao que conduz à formação das galhas ou de uma resposta a outro tipo de infecção.

Perante o meu desconhecimento de uma causa que explique o que se observa na imagem, agradecia a colaboração dos leitores que pudessem acrescentar uma explicação para este fenómeno.


domingo, maio 13, 2007

Convicções

O Bairro do Rodrigo na Covilhã já teve várias tílias de grande porte. Um dia, como se vê pela imagem abaixo, chegou-lhes a poda...que é um mal que embora possa tardar acaba por chegar, mais cedo ou mais tarde, a todas as árvores das cidades portuguesas.

Tílias mutiladas - Bairro do Rodrigo

Sobrou uma, uma apenas. Talvez os carrascos das demais tenham tido uma réstia de humanidade e de decência, talvez tenha sido uma distracção, um caso de pura sorte...ou talvez estejam apenas a ser sádicos, criando-nos a ilusão de que a irão poupar para, no futuro, lhe destinarem o mesmo castigo que deram às demais.

Uma tília no Inverno (imagem do José do Cântaro Zangado)

Embora não a proteja totalmente contra quem lhe queira fazer mal, decidi propô-la à Direcção-Geral de Recursos Florestais para uma eventual classificação como árvore de interesse público.

Porque uma pessoa pode mesmo mudar o mundo...

Uma tília na Primavera

P.S. - Entretanto, decidi seguir a sugestão que foi dada pelo Manel e começar a mostrar a localização das árvores de que falo via imagens do Google Earth. Pelo menos para aquelas que, como esta, ficam em zonas cobertas com a máxima resolução de imagem providenciada por este serviço.

sábado, maio 12, 2007

Boas e más notícias para a Serra da Estrela

Vale do Zêzere - Abril de 2007

Pelo Ondas 3 tomei conhecimento da notícia relativa à cedência ao município de Seia dos 136 hectares que constituem a mata do Desterro (e que são na actualidade propriedade da EDP).

As intenções da Câmara Municipal de Seia passam por recuperar a vegetação autóctone característica da zona, o que é, obviamente, uma excelente notícia.

Eu não conheço os limites exactos da referida mata, mas a zona da Senhora do Desterro (e ao longo da estrada que liga este local à N339 entre o Sabugueiro e a Lagoa Comprida), possui um dos maiores núcleos de mimosas dentro dos limites do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).

Logo, qualquer acção que possa ser feita para controlar este problema e repor a vegetação natural, só poderá merecer o meu aplauso.


A propósito do PNSE, pelo Cântaro Zangado, li uma notícia da imprensa regional que dá conta de uma suposta situação de gestão corrente no Parque (bem como no Parque do Douro Internacional). A referida notícia acrescenta ainda que estas estruturas, de futuro, irão passar a ser geridas a partir de estruturas fora do distrito da Guarda.

A este propósito, penso que o José do Cântaro Zangado já disse quase tudo...isto é, penso que o que assusta as pessoas é essa questão da saída de serviços do distrito A para o distrito B. Os velhos bairrismos do costume. Quando o que as deveria preocupar seria tudo aquilo que é passível de ocorrer em situações de gestão corrente.

Como já aqui escrevi por mais do que uma vez, a propósito do PNSE e da política de conservação da Natureza, o que é importante e fundamental é o Estado português definir, de uma vez por todas, se quer e tem condições para implementar uma real política de conservação da Natureza.

O Estado tem que assumir se tem uma estratégia e meios (humanos, técnicos, financeiros) para a implementar e se considera que a conservação da Natureza é uma prioridade para Portugal (e, neste caso, como a compatibilizar com o desenvolvimento do país).

A partir daí, se a gestão seria feita a partir da Guarda, de Castelo Branco, de Coimbra ou mesmo de Lisboa, deixaria de ser o mais importante. Porque se existisse a tal estratégia e os meios para a aplicar no terreno, tal significaria que existiriam leis que seriam cumpridas, guardas da natureza em número suficiente, programas de recuperação e reintrodução de espécies, projectos turísticos compatíveis com a preservação dos habitats, programas para combater o despovoamento e a desertificação do território, etc.

Ter uma sede do PNSE em Manteigas e não ter uma estratégia ou um plano de acção e meios para o implementar, que é a situação actual, de pouca adianta...Esta é a verdade, o Estado central não sabe o que quer fazer com as Áreas Protegidas e enquanto não resolver este dilema, esta parte do nosso território (tal como o restante) continuará a saque!...

P.S. - Embora com atraso, votos de uma boa caminhada para todos.

sexta-feira, maio 11, 2007

Cada árvore é um ser para ser em nós

Pinheiro-manso (Pinus pinea L.) - Alvor

Cada árvore é um ser para ser em nós

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses.

António Ramos Rosa

quinta-feira, maio 10, 2007

Um plátano que é bastardo!


Padreiro (Acer pseudoplatanus L.) - Encosta da Covilhã, Serra da Estrela

A espécie Acer pseudoplatanus L. é designada vulgarmente como padreiro ou plátano-bastardo (dada a semelhança das folhas com as dos verdadeiros plátanos, isto é, as árvores do género Platanus).

Raminho em flor (Acer pseudoplatanus L.)
O padreiro é uma das árvores autóctones mais características do território continental onde predominam as influências atlânticas.

No entanto, é uma espécie disseminada em boa parte do país, sobretudo a norte do Tejo, sendo das poucas espécies autóctones utilizadas com alguma frequência como espécie ornamental nas cidades.

De acordo com alguns botânicos que estudaram a flora da Serra da Estrela, como Jan Jansen, o padreiro poderá ter sido espontâneo no passado, mas os exemplares que hoje se podem observar resultaram de reintroduções. No entanto, dada a facilidade com que a espécie se dissemina em muitos locais da Serra, tal é indicador de condições adequadas à espécie.

Padreiro (Acer pseudoplatanus L.) - Paredes de Coura

P. S. - No centro de Paredes de Coura, tal como já tinha escrito aqui, existe um magnífico exemplar desta espécie, o maior que conheço no nosso país.