domingo, setembro 19, 2010

quarta-feira, setembro 15, 2010

Metro Mondego quera abater 35 plátanos na Lousã

Imagem do jornal "Trevim"

Do leitor Carlos Sêco, da Lousã, recebi uma denúncia relativa à intenção da empresa Metro Mondego, de abater 35 plátanos. A última palavra é da Câmara Municipal da Lousã (CML), mas a mesma, a julgar pelo teor da notícia saída num jornal local, parece ter aceitado, sem mais pedidos de esclarecimentos à empresa em causa, a alegação de que o abate é inevitável.

Se assim é, ou seja, se é efectivamente inevitável, teria a CML que, no mínimo, solicitar à Metro Mondego que fizesse prova do que afirma, nomeadamente através da publicitação de estudos devidamente fundamentados, do ponto de vista técnico, que descartassem qualquer hipótese de salvar ás árvores.

Por outro lado, resta ainda a questão, na eventualidade do abate avançar, de saber que medidas compensatórias exigiu a CML à Metro Mondego. Ou será que não exigiu nenhuma?



Segue o extracto da notícia enviado pelo citado leitor:

"“Sem alternativa”. Foi esta a explicação dada pelo executivo lousanense na reunião de Câmara, realizada no dia 6, para autorizar o abate de 35 plátanos na rua António José de Almeida. Uma medida que manteve o tom de unanimidade em toda a sessão pública de setembro

A autarquia foi informada pela Metro Mondego da necessidade de abate dos plátanos entre a estação da Lousã e a futura estação do Casal do Espírito Santo, no âmbito da execução da obra para implementação do futuro Sistema de Mobilidade do Mondego. “É fundamental o abate para o prosseguimento das obras, lê-se na missiva dirigida à Câmara.

Embora o plátano não seja uma espécie protegida, a medida obriga a uma aprovação da autarquia que, sem margem de manobra, acabou por deliberar unanimemente o abate das árvores, algumas de grande porte. Fernando Carvalho leu o documento aos vereadores e no final deixou escapar que neste contexto a autarquia pouco ou nada pode fazer, para não travar as obras. Por seu lado, o vereador da Floresta, Ricardo Fernandes, sugeriu que no final das obras possa ser plantada uma outra espécie de árvore no local.

Ainda de acordo com a mesma carta, a sociedade responsável pelo projeto só agora detetou que as árvores dificultam o alargamento do canal do metro, impedindo assim a continuidade das obras naquele traçado.

Recorde-se que, em Coimbra, um grupo de cidadãos interpôs uma providência cautelar para impedir

o abate de plátanos na zona central da avenida Emídio Navarro, onde está prevista a passagem do traçado do Metro Mondego. Embora, neste caso, o abate das árvores tenha sido iniciativa da Câmara de Coimbra, alegando que as mesmas estavam a ser atacadas por um fungo."


Ao leitor Carlos Sêco agradeço o envio desta notícia e apelo a que insista, junto da CML, na busca de respostas às dúvidas levantadas por esta intenção que, pela informação disponível, me parece estar longe de estar totalmente esclarecida.


sexta-feira, setembro 03, 2010

A árvore mais alta da Europa?

Fonte da imagem: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

Estive apenas uma vez na Mata Nacional de Vale de Canas, em Coimbra. Foi na Primavera de 2001, com a companhia do Miguel Rodrigues e, numa altura em que os telemóveis ainda não tiravam fotos e as máquinas digitais ainda eram olhadas de soslaio, não nos pareceu um grande pecado visitá-la sem levar uma convencional máquina fotográfica. Se os remorsos matassem...

A ideia que retenho de Vale de Canas é a de uma catedral povoada por dezenas de eucaliptos colossais, um mundo subtropical e luxuriante, de onde, a qualquer momento, poderia surgir o ser mais inesperado.

Porém, o ser mais invulgar que encontrámos, no fundo do vale, não foi um réptil insólito ou alguma espécie de ave exótica, mas o maior eucalipto da Europa, um magnífico exemplar da espécie Eucalyptus diversicolor F. Muell., com 72 metros de altura (Nota: esta medição data de 2002). Este magnífico eucalipto é não apenas o mais alto do seu género na Europa, mas, muito provavelmente, a árvore mais alta do Velho Continente, tal como referido por Ernesto Goes no "Árvores Monumentais de Portugal".

No entanto, no ano de 2005, a mata foi um dos espaços consumidos pelo grande incêndio que afectou a zona de Coimbra. Durante algum tempo, logo após o incêndio, temi que esta árvore tivesse sido consumida pelas chamas.

Apesar do meu temor, este eucalipto colossal sobreviveu, tal como se pode constatar na fotografia que reproduzo acima, a qual constava da antiga página da Autoridade Florestal Nacional, agora Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Nela é bem visível não apenas as extraordinárias dimensões deste eucalipto (atenta-se na pessoa situada na base da árvore), mas também o perto que as chamas estiveram do mesmo.

Resta-me a esperança de, em breve, poder visitar novamente a Mata de Vale de Canas e poder tirar as fotografias que não pude tirar em 2001, ainda que a paisagem da mata tenha mudado radicalmente.


P.S. - Igualmente extraordinária é uma araucária (Araucaria bidwillii Hook. f.) situada à beira deste eucalipto e que, como este, está classificada como árvore de interesse público desde 2002.


(NOTA: Texto editado em Agosto de 2013.)