segunda-feira, abril 29, 2013

Uma causa que partilho

  
Estou convencido que enquanto houver pessoas como a Rosa, autora do Blog de Cheiros, as árvores de Lisboa não serão abatidas sem luta. Enquanto houver pessoas que não se resignam, as árvores de Lisboa não morrerão sozinhas...


Um assunto pessoal de interesse público

 


Conheço-a muito bem. Na Primavera, só quando a maior parte das árvores já nos apresentou as novas folhas é que ela se digna a acordar, primeiro, como quem se espreguiça depois de um longo sono, floresce timidamente, depois à medida que o tempo vai aquecendo enche-se de folhas e generosamente dá-nos uma das sombras mais bonitas de que alguma árvore é capaz. Cumpre sempre o Outono com devoção, nessa altura as folhas ganham novos tons e enfeita-se de grandes bolas verdes onde estão cuidadosamente protegidas as suas nozes (a quem ninguém, sem ser ela, dá valor porque são intragáveis) e, mais uma vez, desafia as regras estabelecidas largando as últimas folhas muito mais tarde do que as árvores bem comportadas. No Inverno, despida, não perde a dignidade, e resiste estoicamente a ventos e tempestades (este ano durante a grande tempestade de Janeiro não se partiu nem um ramo). É a Nogueira-negra da minha janela (Juglans nigrae custa-me imaginar a vida sem ela. 



Há dois dias surgiram as primeiras flores em elegantes amentilhos, timidamente surgiram também algumas novas folhas ainda muito pequeninas, reparei nelas e fiquei contente pela promessa de cor e sombra que representam. Hoje de manhã reparei que lhe estavam a afixar uma placa e a delimitar o estacionamento na zona, pensei que preparavam uma poda camarária e fiquei logo preocupada - mau timing, podar árvores em plena floração e quando as folhas se preparam para nascer - abordei os funcionários da CML que estavam no local e pedi informações a resposta foi curta e dura, "isto está tudo podre e vai ser abatido porque é um perigo".  "Isto" são as árvores da minha rua e entre elas está a Nogueira-negra da minha janela condenada a morrer na próxima segunda-feira ente as oito da manhã e as quatro da tarde em plena floração e antes de crescerem as novas folhas.



Não tenho conhecimento de nenhum relatório fitosanitário, não fui (os meus vizinhos também não) avisada de nenhum tipo de intervenção no arvoredo da rua e tenho a certeza de que esta árvore não é mais nem menos perigosa do que todas as outras. Apesar de este ser um assunto pessoal, o que se anda a passar com as árvores de Lisboa é do interesse de todos e se não se faz alguma coisa daqui a pouco tempo em Lisboa as árvores são todas iguais, pequenas, assépticas e descartáveis. Se é isso que querem, tudo bem, mudo-me eu.

in Blog de Cheiros.

domingo, abril 28, 2013

Loures, uma típica cidade portuguesa

Fonte da imagem: Núcleo da Quercus de Lisboa (Facebook)

Excerto da resposta que o núcleo da Quercus de Lisboa recebeu, por escrito, após confrontar a autarquia de Loures acerca das podas radicais praticadas neste concelho: "(...) os jacarandás são uma praga urbana, crescendo de forma pouco harmoniosa com o meio urbano."

Pelo brilhante exemplo de urbanismo que a foto documenta, estou plenamente convencido que as árvores, em Loures, são o menor dos problemas no que toca à "harmonia do meio urbano".

Adenda: Já em 2008 e em 2010 tinha divulgado imagens das podas radicais neste concelho da grande Lisboa. 

quarta-feira, abril 24, 2013

Carta aberta ao presidente da Câmara de Lisboa

 
Fonte da imagem: Cidadania LX


Na sequência do abate de várias árvores adultas e saudáveis na Ribeira das Naus, em Lisboa, enviei, como presidente da associação Árvores de Portuga, o seguinte e-mail ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa:

"Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,

Foi com estupefação que tomámos conhecimento do abate de várias árvores com dezenas de anos, situadas na zona conhecida como Ribeira das Naus, em Lisboa. Tanto quanto é do conhecimento público, as árvores em causa não apresentavam qualquer problema fitossanitário, não representando, deste modo, qualquer perigo para as centenas de peões e automobilistas que diariamente cruzam o dito espaço.


E se incrédulos ficámos quando tomámos conhecimento desta situação, mais ficámos quando descobrimos que o motivo por detrás da destruição deste espaço verde da cidade de Lisboa é a intenção de construir… um novo espaço verde! 


A associação Árvores de Portugal não quer discutir nomes mas, por norma, desconfiamos de paisagistas que destroem a paisagem. Parece-nos elementar que quando um arquiteto paisagista desenha um jardim deve partir do que lá existe, sobretudo quando o que lá existe são árvores com dezenas de anos, que têm valor enquanto seres vivos e enquanto paisagem que define o local e aqueles que o frequentam e se identificam com o mesmo.


A justificação para estas “requalificações”, perdoe-nos Sr. Presidente, já as conhecemos de cor e salteado: o objetivo é tornar a zona mais bonita! A desculpa é sempre a mesma…Destrói-se para ficar mais bonito, o que em si já é um paradoxo, até que daqui a 50 anos alguém se lembre de pegar no dinheiro dos contribuintes para “requalificar” de novo. 


O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, que como poucos conhece os espaços verdes da capital, várias vezes tem alertado que, nas cidades, mais importante do que plantar novas árvores é preservar e saber cuidar das que foram plantadas pelos nossos antepassados. As árvores levam décadas a fazer-se adultas e, ao longo desse processo, vão construindo micro-habitats para várias outras espécies, vão retirando toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, bem como de vários gases poluentes, ao mesmo tempo que vão construindo a memória dos locais e das pessoas que os habitam. 


A sombra de uma árvore esconde sempre muitas histórias e, por certo, que o Sr. Presidente também terá as suas e não gostaria de ver outros mandar cortar as árvores que povoam as memórias da sua vida.


Concluímos, desta forma, apelando a que intervenha diretamente neste processo, evitando o abate desnecessário de mais árvores. 


Antecipadamente gratos pela atenção, com os melhores cumprimentos,

Pedro Nuno Teixeira Santos
"

 

segunda-feira, abril 22, 2013

O não arquiteto

Lisboa - Ribeira das Naus; Fonte da imagem: Cidadania LX

Gosto muito de árvores mas, apesar deste amor declarado, considero-me uma pessoa razoável. Admito o abate de uma árvore quando, por exemplo, de forma comprovada, esta representa um perigo devido ao perigo de colapsar.

Precisamente porque me considero uma pessoa razoável, não consigo compreender, nem aceitar, a destruição pela destruição. Sobretudo quando esta destruição serve apenas para consolar o ego de algumas pessoas. Faço-me entender no parágrafo seguinte...

Quando um arquiteto é incumbido de requalificar um edifício, sobretudo quando este tem valor arquitetónico, o seu primeiro objetivo deverá ser tentar preservar a estrutura existente, redesenhando-a sem perder de vista a identidade do edifício e do local em que este se insere. Da mesma forma, quando um arquiteto paisagista desenha um jardim deve partir do que lá existe, sobretudo quando o que lá existe são árvores com dezenas de anos, que têm valor enquanto seres vivos e enquanto paisagem que define o local e aqueles que o frequentam e se identificam com o mesmo. Isto é do mais elementar...Mas, pelos vistos, para alguns egos não é!

Um arquiteto paisagista que assina um projeto de requalificação de um espaço verde, condenando à morte dezenas de árvores saudáveis é alguém que não compreende o valor da árvore.  Mesmo que a seguir, o que apenas reforça a sua ignorância, mande plantar o dobro das que mandou cortar.

Poderá até ter a licenciatura, tirada na melhor das universidades, com o maior dos louvores, mas, na prática, uma pessoa que destrói a paisagem não pode ser um arquiteto paisagista. Será, quando muito, um destruidor da alegria!

quarta-feira, abril 17, 2013

Razões para não rolar as árvores



Aquando das denúncias que temos feito das cíclicas podas radicais praticadas na maioria dos nossos municípios, temos sido questionados acerca da possibilidade de ser redigida uma carta modelo que sintetizasse os motivos pelos quais estas práticas são desaconselhadas.

Deste modo, deixamos o nosso contributo na forma da transcrição do texto constante de um folheto da Sociedade Portuguesa de Arboricultura. Apesar do dito folheto ter alguns anos, o seu conteúdo continua atual e pode servir de base para que qualquer cidadão manifeste o seu repúdio perante as juntas de freguesia e câmaras municipais deste país.

RAZÕES PARA NÃO ROLAR AS ÁRVORES
CHOQUE INICIAL – A copa das árvores funciona como um todo. Embora, no estado adulto, os seus ramos se autonomizem, eles contribuem para que a árvores rentabilize ao máximo todas as suas capacidades. Assim, os ramos exteriores funcionam como um escudo aos mais internos, evitando queimaduras solares. Por outro lado, os mais internos mantêm a árvore a funcionar quando os externos estão afetados. Se, subitamente, se alterar este equilíbrio, e todos os ramos ficarem expostos às condições climatéricas de forma igual, a árvore fica sem defesas.


ASPETO DEFORMADO – Uma árvore rolada é uma árvore desfigurada. Mesmo que volte a repor o volume de copa inicial, ela nunca mais voltará a ter a mesma beleza e naturalidade características da espécie. As árvores ficarão desvalorizadas, perdendo o seu valor patrimonial.

FALTA DE ALIMENTO – Uma poda bem-feita, não remove mais do que um terço a metade da copa da árvore, o que não interfere muito com a capacidade da árvores continuar a alimentar-se a si própria. A rolagem remove a copa na totalidade, reduzindo o equilíbrio copa/sistema radicular, levando a que a árvore, temporariamente, perca a capacidade de se autoalimentar.

NOVO CRESCIMENTO MUITO RÁPIDO – Após uma operação como é a rolagem, as árvores têm tendência a repor a copa inicial, pelo que a sua rebentação será intensa e aos poucos anos retomará o volume que tinha e de uma forma desorganizada e muito densa, não resolvendo, assim, o motivo por que geralmente se recorre a esta supressão da copa.

PRAGAS E DOENÇAS – As pernadas de uma árvore rolada têm dificuldade em formar calo de cicatrização, não só pelo seu grande diâmetro, como também por não se localizarem na zona onde a árvore desenvolve os seus postos de defesa naturais. Os cortes nestas condições são vulneráveis a ataques de insetos e fungos que podem causar podridões.

CUSTOS – Aparentemente parece ser mais económico recorrer-se a uma rolagem do que utilizar os princípios corretos de poda e corte. No entanto, esta economia é de curto prazo, pois, por um lado, a árvore perde quase por completo o seu valor, por outro lado está-se a onerar as futuras manutenções para prevenir uma decrepitude precoce ou a instabilidade mecânica dos rebentos formados após os cortes.

RAMOS NOVOS DE GRANDE FRAGILIDADE – Os rebentos formados nos bordos das zonas de corte, não têm uma inserção normal no ramo. Se se desenvolverem podridões junto às zonas de corte, esta ligação fica ainda mais fraca, tornando estes rebentos mecanicamente fracos e criando situações de perigo.

MORTE DA ÁRVORE – Nem todas as espécies são resistentes a este tipo de supressão de copa. Em algumas, esta solução leva a uma morte rápida com custos acrescidos para sua remoção e substituição.
 Adaptado de Sociedade Portuguesa de Arboricultura.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

sexta-feira, abril 12, 2013

Museu da Cortiça vai a leilão

  

Dada a urgência e gravidade da situação, republico o seguinte texto (originalmente publicado a 18 de maio de 2012).

 

Museu da Cortiça (Fábrica do Inglês) - Silves   Fotografia: Museu Cortiça Silves

Pode um país que tem o sobreiro como um símbolo oficial, permitir-se ter um museu dedicado à cortiça fechado e em risco de ser vendido em hasta pública?

Terá sido a classificação do sobreiro como Árvore Nacional de Portugal, em dezembro passado, um mero ato simbólico e efémero, ou estará o Estado, central e municipal, interessado em preservar um espaço museológico único no mundo?

Estará a Amorim e, por arrastamento, a APCOR, interessada em ajudar a salvar e valorizar um património ímpar da indústria corticeira portuguesa? Será indiferente para a Amorim, e para a APCOR, que se esforçam por vender lá fora a imagem da cortiça, ver desaparecer um arquivo industrial de valor incalculável?
O que pensariam os consumidores norte-americanos e europeus, se soubessem que o país que os tenta convencer da modernidade e pujança da sua indústria da cortiça, e das virtudes deste produto natural e renovável, é o mesmo país que não preserva e respeita a sua memória, assistindo impávido e sereno ao desaparecimento de um dos melhores museus industriais da Europa?


E o que estará disposta a fazer a sociedade civil por esta causa? Fazer "gosto" nas redes sociais é fácil e demora apenas um segundo. Assim sendo, o que estarão dispostos a fazer, pelo Museu da Cortiça, em Silves, os mais de 1 000 amigos que a sua página ostenta no Facebook? Sairão à rua, ou assinarão uma petição, em sua defesa? Ou, como é hábito em Portugal, vamos esperar sentados no sofá que os outros decidam por nós?

Uma coisa é certa, um país que não sabe preservar o seu passado e a sua memória, é um país sem futuro.

quinta-feira, abril 11, 2013

Parabéns e...obrigado

Fonte da imagem: Público


O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi esta quarta-feira distinguido com o Nobel da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, pela federação internacional do setor.

Com o seu trabalho todos nós aprendemos a amar um pouco mais as árvores das nossas cidades. Obrigado!

sexta-feira, abril 05, 2013

Com que palavras se descreve um amor?

Castanheiro (Castanea sativa Miller) - Fotografia de António Monteiro

Concluímos hoje a publicação de uma série de três textos dedicados a outras tantas árvores que nos foram dadas a conhecer pelo António Monteiro. E porque o melhor se guarda para o fim, encerramos com chave de ouro, com uma daquelas árvores que nos deixa sem palavras ou, como gosto de dizer, que nos esgota os adjetivos.

É este o caso deste soberbo castanheiro (Castanea sativa Miller) situado na freguesia de Rua, concelho de Sernancelhe, nas proximidades da barragem do Vilar. E que castanheiro!


Após vermos dezenas e dezenas de imagens de árvores monumentais, o nosso patamar de exigência aumenta e começamos a perder a capacidade para nos admirarmos com a grandiosidade e a beleza. Mas este castanheiro é daqueles exemplares que nos capta, desde o início, a maior das admirações, que rompe com qualquer escala de monumentalidade.

Correndo o risco de ser imparcial, como somos sempre que falamos de um grande amor, este castanheiro é uma das mais extraordinárias árvores que me foram dadas a conhecer nos últimos anos. Tal como o título deste texto, estou sem palavras que descrevam este amor, que descrevam esta árvore… Só tenho palavras para agradecer ao António por ter partilhado comigo esta descoberta.

Foi para divulgar tesouros como este que nasceu a Árvores de Portugal. Exemplares como este são a razão da nossa existência.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

quinta-feira, abril 04, 2013

Manifesto pela árvore na cidade



Comemorou-se a 21 de março mais um Dia da Árvore. Por certo que se plantaram muitas árvores e muitos discursos de amor à árvore foram feitos nesse dia.

Ano após ano, continuam a plantar-se muitas árvores, nem sempre as espécies adequadas, nem sempre no local ideal. E gastam-se muitos milhares de euros do erário público a requalificar jardins ou a construir novos parques. Tal é o caso de cidades como a Covilhã onde, em parte ao abrigo do programa Polis, se requalificaram e inauguraram mais espaços verdes nos últimos 10 anos do que nos 50 anos anteriores.

No entanto, em pleno século XXI, apesar desta “febre verde”, o arvoredo urbano continua a ser tratado como na idade média. As justificações para as podas radicais são por todos conhecidas, a cantilena de que as árvores não podem ficar muito altas porque podem cair ou de que as podas dão força às árvores. Falsos argumentos sem qualquer fundamento técnico.


Há, adicionalmente, a desculpa de que as árvores têm que sofrer estas podas para não colidirem com a fachada dos prédios, com fios elétricos ou telefónicos, com postes de iluminação ou outro tipo de estruturas. Efetivamente, em certos casos, isso constitui um problema, que existe apenas porque, na hora de plantar a árvore, não se pensou no que iria acontecer daí a alguns anos. Mas mesmo nestes casos, há alternativas menos radicais, como a redução de copa. Não sendo possível, é preferível substituir as árvores por outras de menor porte ou por arbustos, do que sujeitar, ano após ano, as árvores à selvajaria da rolagem.
Existem ainda situações mais sui generis, como na Covilhã, onde mesmo as árvores que se situam em parques urbanos sofrem estes atentados. É caso para perguntar de que serve contratar os melhores arquitetos paisagistas, se depois a manutenção desses espaços é entregue a quem não tem a menor formação para fazer a manutenção de árvores ornamentais?

Quem me conhece do blogue A Sombra Verde sabe que desde 2006 já escrevi dezenas de textos sobre este assunto. Já esgotei os argumentos e sinto que, a cada texto, me repito. Ao longo deste tempo fui perdendo fé na pedagogia, apesar de acreditar que as novas gerações podem, e devem, ser educadas para compreender que estas práticas são erradas, pese embora seja difícil passar esta mensagem quando, nas escolas, estas práticas se repetem.

No entanto, apesar de não adepto de proibicionismos, começo a acreditar que a solução para estas práticas passa, em parte, pela aprovação de legislação que obrigue a que a poda de árvores ornamentais em espaço público apenas possa ser feita por empresas e técnicos credenciados. E digo “em parte” porque enquanto este for um problema cultural, ou seja, enquanto houver uma maioria de pessoas que acredita que estas práticas beneficiam as árvores, estas continuarão a ser praticadas em espaços privados, onde as leis não podem obrigar os cidadãos a podar, de forma correta, os seus arvoredos.

E o que pode fazer cada um de nós para ajudar a alterar este estado de coisas? Pode, por exemplo, escrever à sua autarquia protestando contra estas práticas. Porque quem não gosta de árvores, e são muitos, não hesita em pressionar as juntas ou as câmaras até conseguir o que quer: ou porque há uma árvore que lhe tapa as vistas da casa ou porque as folhas entopem as sarjetas; enfim, um sem número de motivos fúteis para decepar ou cortar uma árvore.

É chegada a altura de quem gosta de árvores se fazer ouvir. Se o fizerem estarão a por em prática um dos objetivos que levou à criação da associação Árvores de Portugal: tornar as pessoas mais ativas e empenhadas na defesa das árvores das suas vilas e cidades!

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

segunda-feira, abril 01, 2013

Um exemplo para o mundo

Imagem: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho



Em 2006, um grupo de cidadãos de Porto Alegre, conseguiu uma dupla vitória para a sua rua: evitar o derrube de várias árvores para as obras do estacionamento de um centro comercial e conseguir o reconhecimento da importância ambiental e paisagística do seu túnel de árvores.

A história da rua Gonçalo de Carvalho e dos seus moradores tornou-se assim um exemplo de cidadania e uma bandeira para todos os que defendem a importância da arborização urbana, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Neste momento, em 2013, um grupo mais alargado de cidadãos luta contra a intenção da prefeitura de Porto Alegre de derrubar dezenas de árvores, com a desculpa da realização do mundial de futebol de 2014.

O poder do futebol é conhecido, através das suas ligações a vários outros poderes e lóbis: o da construção civil e o da política. Juntos formam um triângulo poderosíssimo capaz de levar cidades e países a tomarem decisões erradas de planeamento, comprometedores de um desenvolvimento urbano mais sustentado. 

Sabemos bem, por exemplo, a herança pesada que várias cidades portuguesas receberam do Euro 2004: opções urbanísticas discutíveis; estádios sem qualquer utilidade e com custos de manutenção astronómicos para as finanças dos municípios. Numa frase: um monumento ao desperdício!

Sabemos bem que a luta dos cidadãos de Porto Alegre é desigual e que esta não é apenas contra a prefeitura, mas também contra a toda a poderosa FIFA, uma multinacional com mais poder que muitos países. Como em 2006, e independentemente do resultado final desta luta, os cidadãos de Porto Alegre, como no passado os da rua Gonçalo de Carvalho, estão dando um exemplo de cidadania ao mundo, incentivando todos os que, nas suas cidades, se preocupam por defender as árvores das ruas e avenidas.

P.S. - Sigam e apoiem a luta no Facebook.