quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Doidos por freixos

Freixos [Ferro (Covilhã)]

Não adianta negá-lo, os freixos (Fraxinus angustifolia Vahl) estão entre as minhas árvores preferidas, sobretudo pelo sua inconfundível silhueta invernal.

Já em textos anteriores, tinha feito referência a freixos monumentais em Trancoso e na estrada entre Castelo de Vide e Marvão.

Em Trancoso, tal como referido por Ernesto Goes (Árvores Monumentais de Portugal), existia o mais conhecido freixo do país, o qual foi derrubado pelo grande ciclone de 1941. As últimas medições conhecidas datam de 1937 e indicavam que esta árvore possuía uma altura de 33 m e 7,35 m de perímetro do tronco (a 1 m de altura do solo).

Freixo de Trancoso (derrubado pelo ciclone de 1941)

Curiosamente, também o blogue Dias com Árvores , dedicou ontem um texto a um freixo monumental existente em Vermoim (Maia).

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Os bons gigantes

Nos distritos do Interior Norte e Centro, a ladear muitas estradas e dividindo campos agrícolas, podemos encontrar, com alguma frequência, belos exemplares de freixo (Fraxinus angustifolia Vahl).

Percorrendo a Cova da Beira, encontramos vários freixos com dimensões assinaláveis, nomeadamente nas imediações da Ribeira da Meimoa (afluente do Zêzere situado a Norte do Fundão). Alguns destes exemplares sofreram, no entanto, algumas amputações incompreensíveis, fruto talvez das obras de alargamento que a N18 está a sofrer entre a rotunda de acesso à A23 (Fundão Norte) e o cruzamento para Alcaria e Peroviseu.

Recorde-se que já há alguns anos, aquando do alargamento da N18 na entrada norte do Fundão, vários freixos de grandes dimensões tinham sido arrancados.

Freixos (N18 - Ponte da Meimoa)


Freixo amputado (Porquê?)


Nos arredores da cidade da Covilhã, existem outros freixos que merecem referência, nomeadamente os que ladeiam a estrada que liga o Ferro ao Souto Alto; (árvores bem visíveis, mesmo à distância, para quem circula na A23 ou na N18).



Freixos (estrada Ferro-Souto Alto)




Freixos (visíveis da N18 e da A23)

sábado, fevereiro 24, 2007

Todas as flores são bonitas? - Parte II




Ponto 1 - Em Portugal, do ponto de vista legal (Decreto Lei 565/99), 30 espécies vegetais estão classificadas como invasoras; na realidade, este número deverá ser superior, mas ainda que fosse apenas este o número de espécies vegetais invasoras presentes no nosso país, o problema já seria gravíssimo.

Ponto 2 - As invasões biológicas por espécies exóticas constituem uma das principais ameaças à diversidade biológica a nível global.
Entre os vários efeitos nefastos que provocam nos ecossistemas, as espécies invasoras tendem a uniformizar a paisagem (por exemplo, após um incêndio, onde antes existia uma diversidade de herbáceas, arbustos e árvores passa a existir apenas uma única espécie vegetal);
Outros efeitos nefastos, passam pela alteração do regime de fogos e por alterações ao nível da disponibilidade de água e de certos nutrientes no solo.

Em casos mais graves, podem mesmo levar ao desaparecimento de certas espécies. Como?
Vamos imaginar o seguinte cenário (infelizmente, bastante plausível...): certas espécies vegetais possuem uma distribuição muito limitada, por exemplo, a abrótea (Asphodelus bento-rainhae P. Silva), cresce apenas em carvalhais da vertente norte da Serra da Gardunha; trata-se de um exemplar da flora endémica exclusiva desta serra ou, em linguagem do comum dos mortais, trata-se de uma planta que não cresce em nenhuma outra parte do nosso planeta, excepto numa área muito limitada da Serra da Gardunha.

Se este habitat sofrer um incêndio, esta zona poderá ser facilmente invadida por acácias, nomeadamente por mimosas (Acacia dealbata Link), presentes por toda a serra e que, dada a forma agressiva como eliminam toda a concorrência, poderiam facilmente riscar do mapa este exemplar único da nossa flora autóctone.

E perguntarão os leitores: e que mal fará perdermos uma planta? Uma a mais, uma a menos, se mesmo assim 99% das pessoas não sabe o que é uma abrótea?
Para além da questão moral de preservarmos para as gerações futuras o património biológico que herdámos, não podemos esquecer que os ecossistemas se sustentam em frágeis equilíbrios, onde cada espécie desempenha um papel...

E se estes argumentos são demasiado técnicos, ambientalistas ou, por que não dizê-lo, até aborrecidos, vamos pensar no seguinte: grande parte dos medicamentos e outras substâncias que utilizamos no nosso dia-a-dia provêm de plantas; ao desaparecer uma espécie, pode estar a desaparecer todo um património incalculável para o próprio ser humano.
Vejamos o caso do taxol, isolado a partir do teixo, e que se veio a verificar ser uma molécula com poderosa acção anti-cancerígena; imaginemos que o teixo desaparecia antes de se ter isolado e estudado esta molécula? Quantas vidas humanas se teriam perdido sem esta descoberta?

Por estes e muitos outros motivos, nenhuma espécie é irrelevante neste nosso planeta e, as invasões biológicas, nomeadamente de espécies vegetais, são um gravíssimo problema que afecta a biodiversidade e a sobrevivência de muitas espécies.

Ponto 3 - A mimosa (Acacia dealbata Link), em particular, é provavelmente a invasora mais agressiva e difícil de controlar no território continental. Veja-se a forma como, ao longo das margens do Mondego, nomeadamente a jusante da Barragem da Aguieira, eliminou toda a vegetação ripícola.

E o que dizer do problema dentro do próprio Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde se tem investido tanto para tentar controlar este problema, infelizmente sem grande sucesso.

É por isso que fui aos arames com esta história do concurso fotográfico das mimosas; não depende do cidadão comum resolver este problema, mas não se incentive um turismo que glorifica e enaltece um gravíssimo problema ambiental do nosso país; já é suficientemente grave que as pessoas, e muitas autarquias, as continuem a plantar como ornamentais, o que não admira dada a facilidade com que se encontram à venda em tantos viveiros...

Aqui há uns anos até chegámos ao cúmulo de ter, no Alto Minho, uma "Festa da Mimosa", que posteriormente, para evitar a polémica, foi baptizada como Festa da Primavera!

Ponto 4 - Por princípio, nada tenho contra as espécies exóticas. Nem eu, nem a generalidade das pessoas classificadas como "ambientalistas", geralmente vistas como pessoas fundamentalistas, que é uma forma de nos arrumar num "beco" e dar por encerrada a discussão.

Aliás, convém clarificar que uma espécie exótica não é obrigatoriamente invasora. Muitas das espécies que nos habituámos a ver nos nossos campos (amendoeiras, pessegueiros, alfarrobeiras, laranjeiras, limoeiros, castanheiros, etc.) foram introduzidas; o mesmo se passa com uma enorme variedade de espécies com elevado valor do ponto de vista agrícola (batata, milho, etc.) ou ornamental (tílias, plátanos, etc.). Mesmo aquela que foi durante muito tempo, pelo menos até aos fatídicos verões de 2003 e 2005, a nossa principal espécie florestal, o pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton), foi muito provavelmente introduzida...

A diferença é que uma espécie invasora cresce de forma descontrolada, pondo em causa outras espécies, nomeadamente da flora autóctone...

Por isso, caro leitor, se conseguiu chegar, sem desistir, a esta parte do texto peço-lhe apenas que não ajude a agravar este problema...pode fotografar as mimosas, isso é obviamente irrelevante para o problema, mas não plante nenhuma no seu jardim.

No Verão passado, consegui persuadir a minha amiga M. , a não plantar umas mimosas no seu terreno; se com este texto conseguir evitar que mais alguém o faça, já darei por bem empregue o tempo que me levou a escrevê-lo.

Para mais informações, sobre as mimosas e outras espécies vegetais invasoras, consultar a página do projecto Plantas Invasoras em Portugal.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Todas as flores são bonitas?

Flores e folhas da mimosa (Acacia dealbata Link )

Facto 1: As invasões biológicas por espécies exóticas constituem uma das principais ameaças à diversidade biológica a nível global.

Facto 2: Em Águeda, a Rota das Mimosas prevê atrair muitos fotógrafos (do blogue Ondas 3).

Por hoje, deixo a pergunta (em forma de provocação!)...amanhã, volto à carga, com a resposta...

A inenarrável poda à Bombarral




Imagens do blogue "Um toque..."

Se não tivesse visto as imagens no blogue "Um toque...", juro que não acreditava...esta "poda", confesso, deixou-me sem palavras...não há adjectivos na língua de Camões para descrever isto!

E eu que pensava que até para a estupidez existiria um limite!...

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A começar a florir na Covilhã...

Amendoeira [Prunus dulcis (Mill.) D. A. Webb]



Ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera Ehrh.)





Magnólia (Magnolia sp.)


P.s. - A floração desta magnólia, (situada num jardim particular na Rua Marquês d'Ávila e Bolama e visível de toda a zona baixa da Covilhã), sempre marcou para mim o princípio do fim do Inverno.
Trata-se de um exemplar de dimensões generosas, que provavelmente pertence à espécie Magnolia denudata Desr., embora prefira não arriscar uma identificação à distância...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Gigantes que dormem

Vim encontrar, ainda inteiras na sua dignidade, algumas das minhas árvores preferidas...

Carvalho-alvarinho do Alcaide

Se ampliarem esta foto, verão que alguns dos seus ramos inferiores já foram cortados no decurso deste Inverno; este exemplar de carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) é um dos melhores exemplares que conheço na Beira Interior e, se devidamente protegido, não tenho dúvidas que num espaço de duas a três décadas estará entre os maiores do país.

Por este motivo, reforço o pedido à respectiva Junta de Freguesia e à Câmara Municipal do Fundão, para que qualquer intervenção nesta árvore seja apenas executada por cirurgiões de árvores, devidamente credenciados do ponto de vista técnico, para a poda de árvores ornamentais.

Plátanos da Estação (Covilhã)

Em relação aos plátanos (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) da Estação da Covilhã, continuam a marcar com o seu porte imperial, toda a zona baixa da cidade.

Nenhuma outra árvore lhes faz sombra, o que também se compreende pelo tratamento radical que as árvores sofrem nesta cidade. No entanto, estes plátanos apresentam algumas feridas ao nível do tronco, pelo que, como qualquer árvore ornamental, deveriam ser periodicamente analisados por técnicos devidamente credenciados para avaliar do seu estado fitossanitário.

P.s. - Encontrei outro blogue que denuncia as podas radicais de árvores...um toque.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Montados de carvalho-negral

Montado de carvalho-negral, concelho de Nisa


Os montados são formações florestais seminaturais, isto é, são ecossistemas criados pelo ser humano, caracterizados pela existência de um estrato arbóreo (geralmente) pouco denso, com uma pastagem natural ou seminatural sob coberto.

Embora se associe o montado sobretudo ao Sul do país, este tipo de formação também ocorre nas Beiras e em Trás-os-Montes.

As espécies arbóreas mais típicas do montado são o sobreiro (Quercus suber L.) e a azinheira (Quercus rotundifolia Lam.). No entanto, em particular no Norte Alentejano, podem existir manchas (puras ou mistas) de montado com carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.).

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Onde o Norte acaba e o Sul começa...

Portela de Alpedrinha (vista para Norte)

Portela de Alpedrinha (vista para Sul)


Para compreender Portugal é imprescindível ler Orlando Ribeiro...ler "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico" é compreender as diferenças e a unidade do território:

"Ao entrelaçar de influências mediterrâneas e atlânticas, consequência da posição, se deve a dualidade do território português.
Grosso modo, podem opor-se o Norte e o Sul. Mas, a análise dos elementos da paisagem (...) mostra-nos uma articulação mais complexa: aspectos mediterrâneos que se insinuam, ao longo de vales e de baixas, até ao coração de Trás-os-Montes; traços de fisionomia atlântica, dominantes até ao Mondego inferior (...) e (que) ainda se deixam ver na mais alta Serra Algarvia
".

Neste contexto, a portela de Alpedrinha (situada na Serra da Gardunha, concelho do Fundão; N18 entre a Guarda e Castelo Branco) é um local privilegiado, talvez como nenhum outro no território continental, para compreender esta dualidade, de que fala Orlando Ribeiro:

"Da portela de Alpedrinha, no dorso da Gardunha, o contraste é impressionante entre as serranias que, pelo norte, barram o horizonte próximo e o planalto a que se não vê o fim: sobre ele, as manchas de verdura vão-se tornando cada vez mais desbotadas, indecisas e distantes. Na verdade, é o Alentejo que se anuncia".

Plant for the Planet: Billion Tree Campaign



A partir do portal do ICN tive conhecimento da campanha Plant for the Planet: Billion Tree Campaign, promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP em inglês).

Esta campanha destina-se a sensibilizar as pessoas, comunidades, empresas e indústria, sociedade civil, organizações e governos a plantar árvores, pretendendo-se atingir o milhar de milhões de árvores plantadas em 2007.

domingo, fevereiro 18, 2007

Lá por ser Carnaval...



Parque Industrial do Canhoso, Covilhã

...não significa que não levemos a mal!


Quando pensava que, em matéria de podas, já nada me poderia surpreender pela negativa, eis que surge... a poda estilo unicórnio!

Aos amantes do sku


Fotos do blogue Estrela no seu melhor


Venham à Serra da Estrela neste Carnaval e levem apenas o que de melhor ela pode dar...recordações de um dia (ou dias) bem passado(s).

Sejam um pouco mais amigos do vosso país e das coisas bonitas que ele tem e ajudem a preservá-lo para os portugueses de hoje e de amanhã...ser patriota não é apenas por a bandeirinha à janela e vibrar com os jogos da selecção!

Não abandonem o lixo; não se esqueçam que, se o fizerem, entre outras coisas, correm o sério risco de estar a contribuir para a poluição de nascentes de água que alimentam o Mondego e o Zêzere, que fornecem de água uma parte significativa da população portuguesa. Provavelmente a água que bebem em vossas casas!...

Ajudem a evitar que a Serra da Estrela se transforme numa imensa lixeira de plásticos abandonados.


P.s.- Ainda dentro da temática do turismo e do ambiente, registei com alguma surpresa (e por que não dizê-lo, com algum agrado) as palavras do actual presidente da Região de Turismo do Algarve (Hélder Martins) em entrevista ao "Público".

Nessa entrevista, (já com alguns dias), lamentava a situação dos direitos adquiridos em matéria de construção.
Bem sei que o que origina estas preocupações dos responsáveis do turismo não serão tanto as questões ambientais, mas sim o aumento da concorrência do mercado de arrendamento paralelo, o qual provoca a perda de receitas da hotelaria certificada.

No entanto, não deixa de ser significativo que um responsável do sector do turismo pugne pela revisão dos ditos direitos adquiridos.

Como dizia um amigo meu, se um funcionário público pode perder certos direitos, por que não poderão igualmente caducar certos direitos que permitem a edificação de mamarrachos em zonas costeiras?

E eu iria até mais longe; por que não estender esse limite temporal em relação a direitos adquiridos a certas concessões turísticas? (vocês sabem bem do que estou a falar!...)

sábado, fevereiro 17, 2007

Amantes de árvores

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.), aldeia de Estrela (Moura), Setembro 2006

No site Flickr (destinado a partilhar fotografias) encontrei verdadeiros apaixonados pelas árvores, alguns dos quais estão reunidos na secção Lonely Tree, a qual conta já com quase 2000 membros.


O objectivo deste grupo é bem simples: celebrar toda a força e beleza na imagem de uma árvore isolada; os membros podem subtmeter as suas fotos e as melhores são posteriormente publicadas no blogue The Best of Lonely Tree.


Uma visita que aconselho vivamente para os amantes da fotografia e das árvores.

Viver a Serra Algarvia

Fiquei a conhecer, por intermédio do meu colega Manuel Ramos, a Viver Serra (Associação para a Protecção e o Desenvolvimento das Serras do Barlavento Algarvio).

Os objectivos desta associação, que incluem a intenção de estabelecer com o CEAI (Centro de Estudos da Avifauna Ibérica) uma parceria no âmbito de um projecto LIFE para a conservação da Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus) no Sul de Portugal, vêm demonstrar que começa a existir uma mudança de mentalidade entre os produtores florestais desta país.

Por outras palavras, que inerente à floresta deve estar a protecção dos ecossistemas pré-existentes. O que parecendo uma constatação do mais elementar, está longe de ser a regra na generalidade do território, onde se aplicou, ao longo das últimas décadas, uma política de total desordenamento florestal, baseada em espécies de crescimento rápido (com escassa, ou nula, capacidade para resistir aos incêndios florestais).

E, claro que tudo isto foi executado sem pensar nos resultados dessa mesma política ao nível do ambiente (na biodiversidade, nos cursos de água, nos solos, etc.), na fixação das populações e defesa dos seus modos de subsistência ancestrais e mesma na sustentabilidade económica desse tipo de florestação a médio/longo prazo (note-se, por exemplo, as dificuldades que a indústria nacional de celulose atravessa, para obter toda a madeira de eucalipto de que necessita - ver aqui).

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Palmeiras III

Washingtonia filifera (Lindl.) H.Wendl. - Jardins da Pousada do Alvito


A palmeira-da-califórnia [Washingtonia filifera (Lindl.) H.Wendl.] é originária do sudeste da Califórnia e oeste do Arizona (nos EUA) e noroeste do México.
Distingue-se da palmeira-do-méxico (Washingtonia robusta H.Wendl.) por atingir uma menor altura, possuir um espique com maior diâmetro e maior quantidade de filamentos nas folhas.


Washingtonia filifera (Lindl.) H.Wendl. - Escola EB 2,3 Dr. Garcia Domingues (Silves)

A etimologia do seu nome em latim tem o seguinte significado: Washingtonia (em homenagem ao primeiro presidente dos Estados Unidos da América, George Washington) e filifera (do latim filifer-a-um, que significa produz filamentos).



Washingtonia filifera (Lindl.) H.Wendl. - pormenor das folhas


No nosso país, alguns dos melhores exemplares conhecidos, situam-se nos jardins botânicos de Coimbra e de Lisboa.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Portagens na Peneda-Gerês

Mata de Albergaria (Rio Homem) - Parque Nacional da Peneda-Gerês (Março 2006)

Notícia via Ondas3:

"O Parque Nacional da Peneda-Gerês vai passar a cobrar 1,50 euros aos visitantes que, entre Junho e Setembro, pretendam circular de automóvel na Mata de Albergaria. O valor pago será válido para todo o dia e servirá para assegurar o pagamento aos elementos do ICN que fazem o controlo e vigilância da utilização daquela área, bem como outras intervenções necessárias."

Claro que estão mesmo a ver qual seria o meu desejo imediato: ver esta medida aplicada na estrada de acesso à Torre, não apenas de Junho a Setembro, mas todo o ano...E por um preço consideravelmente superior!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Palmeiras II

Washingtonia robusta H.Wendl. (as duas palmeiras mais altas) e Phoenix canariensis Chabaud - Escola da Quinta das Palmeiras


Washingtonia robusta H.Wendl. - Escola da Quinta das Palmeiras

Washingtonia robusta H.Wendl. (a mais alta) e Phoenix canariensis Chabaud - Quinta vizinha da Escola das Palmeiras


Sempre que vou à Covilhã tento trazer algumas notícias boas que ajudem a suavizar as mágoas das árvores que vou perdendo...

Voltei por isso à Escola da Quinta das Palmeiras para falar das palmeiras que lhe deram o nome, nomeadamente sobre as duas palmeiras-do-méxico (Washingtonia robusta H.Wendl.) aí existentes. [Sobre a palmeiras-das-canárias (Phoenix canariensis Chabaud), espécie muito mais vulgar no nosso país, prometo falar em textos futuros].

Esta palmeira é originária do noroeste do México, pode ultrapassar os 25 m de altura e o seu espique não ultrapassa os 25 cm de diâmetro. Distingue-se da palmeira-da-califórnia (Washingtonia filifera (Lindl.) H.Wendl.] por atingir uma maior altura, possuir um espique com menor diâmetro e menor quantidade de filamentos nas folhas.

A etimologia do seu nome em latim tem o seguinte significado: Washingtonia (em homenagem ao primeiro presidente dos Estados Unidos da América, George Washington) e robusta (do latim robustus-a-um, que significa forte em crescimento).

Os maiores exemplares conhecidos desta espécie em Portugal, segundo Ernesto Goes (Árvores Monumentais de Portugal), situam-se no Jardim Botânico de Lisboa, Campo Grande (também em Lisboa) e Parque de Monserrate (em Sintra).

domingo, fevereiro 11, 2007

Notas de um Domingo de chuva



Aproveitando uma aberta no dilúvio, regressei à minha escola primária para votar no referendo (a mesma que agora aparece sempre nas notícias, por ser o local onde também vota o actual primeiro-ministro).

Voltar a pisar o soalho daquelas salas é como que voltar, por breves instantes, a um passado feliz...Sim, foram quatro anos felizes, incluindo muita brincadeira sob as ramos das tílias, com duras batalhas de neve no Inverno e com a sua sombra reconfortante nas tardes de Junho...

Dou comigo a olhar para os trabalhos expostos nas paredes, das crianças que agora aí estudam e correm nos intervalos, e penso que também elas terão tudo para aqui serem felizes...Falta-lhes a neve e a sombra que alguém roubou às tílias.



P.S. - No "Público" de ontem, no suplemento Fugas, vinha mais uma reportagem sobre a Serra da Estrela, com as mesmas frases e as mesmas sugestões, que já lemos vezes sem conta em outros tantos jornais e revistas.
No entanto, o jornalista Adriano Miranda, a dada altura, num assomo de verdade, escreve:"...A Estrela tem ainda a vantagem de ser acessível de carro. É o que se pode chamar uma estância popular. O reverso é o caos automobilístico, o lixo e a sensação de que não se chega a estar verdadeiramente em comunhão com a Natureza, tamanha é a algazarra, sobretudo ao fim-de-semana".

Talvez, a tal acessibilidade de carro, seja na verdade não uma vantagem, mas um dos grandes motivos que ajudam a explicar o porquê da Torre estar convertida numa autêntica lixeira, o que muito me envergonha como português e me dói como serrano.


O autor do blogue Estrela no seu melhor lamentava-se há dias de alguma incompreensão e de ter sido alvo de críticas, por ter denunciado uma situação de esgotos a céu aberto na Covilhã, directamente no seu blogue e não ter feito uma denúncia prévia às autoridades.

O mesmo não me nomeou, nem necessita que eu seja o seu advogado de defesa; ele próprio já explicitou (e bem) por que não o fez.

Este tipo de situações deriva do país que ainda somos mais de 30 anos passados sobre o 25 de Abril. Penso que foi Salgueiro Maia quem um dia disse, do nosso país: "existe o estado da democracia, o estado da ditadura e o estado a que tudo isto chegou". Passado todo este tempo, o maior problema do nosso país é precisamente a falta de credibilidade dos diversos braços do Estado (dito de direito...), incluindo a própria justiça, o que leva os cidadãos a recorrerem a outras formas de denúncia, caso queiram ver as situações resolvidas.


Somos um país que se alimenta da desgraça alheia e temos órgãos de comunicação social (nomeadamente as televisões) que adoram explorar este tipo de cultura; pois bem, utilizemos estas armas para denunciar as desgraças que por aí vamos encontrando!


Se isto não é típico de países do dito 3º Mundo? Pois claro que é!...Mas é isso precisamente que somos, ainda que nos últimos anos tenhamos tentado disfarçá-lo com um novo-riquismo parolo que apenas serviu para aumentar o endividamento geral...


Mas o mau cheiro não se disfarça com perfumes caros e por todo o lado cheira a podridão...
Os blogues são uma arma de denúncia e a Sombra Verde fará uso dela sempre que necessário, com respeito mas sem subserviências...Tenho a certeza que o Estrela no seu melhor e todos os demais blogues que lutam por um Portugal melhor continuarão a fazer o mesmo.


Bom Domingo para todos.

O preguiçoso


É Inverno no meu infantário de árvores, embora para este carvalho-alvarinho(Quercus robur L.), mais preguiçoso, pareça que apenas agora chegámos ao Outono...

sábado, fevereiro 10, 2007

Colecção de poda Outono/Inverno 2006/07 (Penedos Altos - Covilhã)









O autismo de quem tem poder para decidir, a ignorância de quem mutila, a indiferença perante a razão, o desrespeito para com o património colectivo...tudo isto terá, um dia, o seu fim!
Só isso me anima e me acalma a revolta...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Amendoeiras em flor




Apesar de já em Novembro passado ter dado conta (aqui) de algumas amendoeiras [Prunus dulcis (Mill.) D. A. Webb] estarem a florir precocemente, o fenómeno apenas agora está no seu auge no Algarve.

"Abrindo de par em par
as portas do palácio
A PRIMAVERA
"

Matsuo Bashô (século XVII)


Bom fim-de-semana.

Mais vale tarde...

Segundo a edição de hoje do Diário XXI, a empresa municipal Águas da Covilhã irá reparar o esgoto a céu aberto na encosta da Covilhã (um pouco abaixo da Varanda dos Carquejais), denunciado pelo Estrela no seu melhor. Mais vale tarde...


P.s.- Felizmente começamos a ter uma sociedade civil mais interventiva e que denuncia estas situações.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Cabides e oliveiras



São cabides de rua do Ikea? Não, é mais um exemplo de poda à portuguesa, desta feita em Albufeira. As vítimas ficaram de tal modo irreconhecíveis e desfiguradas, que hesito em "arriscar" uma identificação da espécie.




Mas, para dar um contraponto positivo, bem perto deste local, nos jardins da Escola do 1º Ciclo dos Caliços, descobri esta bela oliveira (Olea europaea L.).

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Palmeiras I

Palmeira-anã (Chamaerops humilis L.), Quinta de Marim (Olhão)

A palmeira-anã (Chamaerops humilis L.), também conhecida como palmeira-das-vassouras, palmeira-de-leque ou palmito, é a única palmeira que cresce de forma espontânea na Europa.

Pode alcançar os 3 a 4 m de altura, embora vulgarmente não ultrapasse o porte arbustivo. Aliás, a etimologia da sua designação em latim é bem explícita a este propósito: Chamaerops vem do grego chamai (pequeno; rasteiro) e rhops (arbustivo) e humilis deriva do latim humilis-e (de pouco crescimento; a mais pequena).

De acordo com o livro "Arboles en España. Manual de Identificación" de A. López Lillo e J. M. Sánchez de Lorenzo-Cáceres (ver também o site Arboles Ornamentales), a gema apical é comestível.

Como tantas outras plantas autóctones, é muitas vezes preterida como espécie ornamental nos jardins portugueses. Já se sabe, o que vem lá de fora é que é bonito...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Brincalhões


Efeitos nefastos da eucaliptização (N267, Monchique - S. Marcos da Serra)



O "Público" da última Sexta-feira trazia, com chamada à 1ª página, um alerta (utilizando a expressão do diário) da Portucel: "Madeira nacional só cobre metade da procura das celuloses".

Resumidamente, o problema é o seguinte:

- As florestas (entenda-se por florestas as matas de eucaliptos) nacionais não vão conseguir corresponder às necessidades das celuloses. Resta a importação, mais cara e que oferece menos qualidade.
Parece-me a mim que, mesmo num sector onde Portugal gosta de se considerar na vanguarda, subsistem alguns tiques tipicamente lusitanos, como a falta de planeamento a médio e longo prazo, se não vejamos: primeiro, a indústria anuncia avultados investimentos para aumentar a produção, de seguida apercebe-se que o volume total (de madeira de eucalipto) decresceu em Portugal, nos últimos anos, cerca de 5,4 milhões de metros cúbicos.
Mais uma magistral lição de planeamento e estratégia à portuguesa!

- Claro que a anterior constatação pressupõe a procura de soluções; está bem de ver o que estes senhores propõem: plantar mais eucaliptos. Magistral! Sobretudo se atendermos ao facto de que nos últimos dez anos arderam 119 000 hectares de eucalipto.

Vamos lá a ver se nos entendemos...não vou desatar numa fúria fundamentalista anti-eucalipto, mas há hoje alguns pontos que me parecem inquestionáveis:


- nos últimos anos, a área coberta por eucalipto cresceu desmesuradamente em muitas zonas do nosso país, ocupando, em muitos casos, terrenos sem a mínima aptidão para a espécie e, noutros, ocupando solos de elevada capacidade agrícola;

- o eucalipto promove o despovoamento do que resta do nosso mundo rural (é uma cultura que não exige praticamente nenhum tipo de manutenção e da qual não se retiram outros produtos) e a desertificação dos solos (nomeadamente através de desastrosas técnicas de movimentação de solos aquando da plantação - ver fotos);

- apesar dos milhões gastos pela indústria, nomeadamente na vigilância das matas privadas de eucaliptos, estas têm sido devoradas pelas chamas; num país com um clima mediterrânico, quando o Verão atinge o pico do estio é difícil controlar a situação (em Agosto passado chegaram a ocorrer mais de 500 ignições simultâneas...); claro que a isto se junta, a falta de planeamento florestal e o desordenamento do território (litoral caótico; interior abandonado).

Agora, sejamos honestos...num eucaliptal, dada a elevada produção de óleos essenciais altamente inflamáveis que esta espécie produz, se um incêndio atinge determinadas proporções, nada o detém! Vejam o que aconteceu o Verão passado na Serra de Ossa ou há dois anos em Coimbra! Venham lá os aviões que vierem, só não vê quem não quer ver...

- apesar deste diagnóstico, concordo que a indústria da celulose, os rendimentos que gera para o país e os empregos que promove, são fundamentais para Portugal. Mas esta não pode continuar a procurar sustentar-se no que é, ambiental e economicamente inviável, ou seja, a expansão do eucaliptal no nosso país.

Com certeza que, em certas condições, há espaço para esta espécie em determinados locais mas promover o continuar da expansão desta espécie (nas palavras do "Público" para "solos agrícolas mais férteis...") é não ter ainda percebido nada...depois de milhares de hectares calcinados, de vidas humanas perdidas, não se compreendeu ainda o essencial da questão.

Claro que também não defendo que sustentemos a indústria nacional de celulose com base na eucaliptização de países do chamado 3º mundo (ainda que cada vez mais tenha a certeza de que também pertencemos a esse mundo...).

Se a indústria de celulose tem um problema de sustentabilidade, que arranje os gestores capazes de lhe dar uma resposta à altura e não propondo soluções ruinosas para o ambiente (e para a economia) deste país...a "indústria nacional de piroverões" não precisa de mais ajudas, é já hoje um negócio bem pujante!



Covilhã (Portugal), século XXI





Imagens do blogue Estrela no seu melhor

O blogue Estrela no seu melhor acaba de denunciar mais uma situação de esgotos a céu aberto, a escassos quilómetros do centro da cidade da Covilhã e, pelo menos em parte, ainda no Parque Natural da Serra da Estrela.

Este é o verdadeiro retrato do que somos em pleno século XXI; situações como a descrita são ainda, infelizmente, abundantes no nosso país. A mim, esta em particular, choca-me sobremaneira "apenas" porque é na minha cidade e na minha serra.


Aparentemente, o país está mais rico, mas em quê? À custa do endividamento (de particulares, da banca, do Estado, etc.) fomos criando a ilusão (da qual, desenganem-se, apenas estamos a começar a acordar) de que estaríamos mais desenvolvidos. Puro engano...

Todos esses milhões têm sido gastos em bens materiais, supérfluos e de ostentação; no caso dos particulares foram telemóveis, roupas de marca, carros alemães, viagens ao Brasil, etc. No caso do Estado, foram os estádios do Euro, as Expos e o que ainda aí vem (Ota, TGV, etc.).

Mas, e volto a sublinhar este aspecto, o que verdadeiramente nos separa da restante Europa, é a falta de uma cultura cívica e ambiental. Eu diria mesmo, que o que faz falta é um verdadeiro patriotismo, isto é, gostarmos do nosso país a sério e todos os dias.
O patriotismo não se pode esgotar nas bandeirinhas à varanda, tem que ser vivido todos os dias, por exemplo, não abandonando electrodomésticos e restos de obras na Natureza, não fazendo churrascos no Verão à sombra dos pinhais, não abandonando os plásticos do sku e não pactuando com esgotos a céu aberto.

Não precisamos de mais leis; alguns dirão que precisamos é de penas mais duras para quem polui e de mais fiscais que as denunciem, mas eu digo que precisamos é de começar a gostar verdadeiramente deste país e de ter um pouco de vergonha na cara.
A Europa, trouxe-nos um certo bem estar, mas em termos de respeito pela Natureza, pelo meio ambiente, pela própria terra que nos viu nascer, continuamos como há 20 anos: pobres e malcheirosos, sempre preocupados com a aparência e escondendo a porcaria nas traseiras!