domingo, dezembro 31, 2006

Um ano com mais árvores...


Faia (Fagus sylvatica L.), jardins da Dublin City University, Agosto 2005


É o desejo da Sombra Verde. Vemo-nos em 2007, até já.

A magnólia


(Magnolia grandiflora L.) Convento de Nossa Senhora do Desterro, Monchique


A magnólia
,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exaltado aroma
perdido na tempestade,
(...)


Luiza Neto Jorge

sábado, dezembro 30, 2006

Cada país tem os ministros que merece

O Expresso de hoje traz na secção de Economia, um artigo intitulado "Os melhores ministros dos últimos 30 anos". Esta notícia ”aparentemente inofensiva” chamou-me a atenção pelos seguintes factores: um painel constituído pelos "principais líderes empresariais e financeiros do país" (na opinião do Expresso, entenda-se) elegeu os ministros Mira Amaral e Álvaro Barreto, como os melhores ministros da Economia no Portugal pós-25 de Abril.

Não vou discutir nem a personalidade, nem a competência e a honestidade das pessoas em causa. O Expresso traz até um interessante "auto elogio" de Mira Amaral, o que eu até nem discuto, num país onde as “falsas modéstias” são insuportáveis.

O que me causou espanto foi apenas o seguinte: então o Sr. engenheiro Mira Amaral não se lembrou de enunciar como sua, aquela famosa frase de que o eucalipto era o nosso "petróleo verde"?! Aqui fica-lhe mal a modéstia...os portugueses já não sabem passar sem a cíclica "época de fogos" e todos agradecemos o seu contributo para os nossos "piroverões".

Alguém um dia neste país lhe será fará justiça, pelo muito que a “eucaliptização” tem contribuído para o despovoamento do país e para o abandono do mundo rural; pelo muito que a “eucaliptização” tem contribuído para a real desertificação de partes significativas do território, com a perda de solos, de biodiversidade e demais impactos negativos. Como decerto também haverá quem lhe agradeça pelo impulso a essa indústria pujante que vive dos incêndios florestais...

Claro que não deixará que esses louros lhe sejam atribuídos em exclusivo...muitos outros governantes, autarcas e outros altos funcionários públicos foram “cúmplices” nessa tarefa de “eucaliptizar” a pátria lusa. Mas, de entre todos, como olvidar o Sr. engenheiro Álvaro Barreto e a sua acção enquanto ministro da Agricultura...eu sou daqueles que estou perfeitamente convencido que foi a mais pura das coincidências, o facto do senhor engenheiro tanto se ter batido pela “eucaliptização” do país e o facto de, posteriormente, se ter tornado membro do conselho de administração da Soporcel.

Se estes foram os nossos melhores ministros...talvez se entenda o "porquê" do país estar como está!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

I have a dream

Artur Costa Pais tem um sonho...ter 40 km de pistas esquiáveis na Serra da Estrela. Afirmou-o hoje, em directo, ao "Jornal da Tarde da RTP 1.

Há certos sonhos, que se não fossem puro delírio, seriam pesadelos...

P.s. - pegando nas palavras do sr. presidente da turistrela, felizmente vivemos num país de 3º mundo e, apesar das birras em directo na Tv, ainda vão sendo precisos estudos de impacto ambiental...mais um vez: malandros !

terça-feira, dezembro 26, 2006

Semelhanças e diferenças

Desenganemo-nos, a vida em Espanha não é perfeita. Em muitos aspectos, os espanhóis estão longe de nos darem, a nós ou a qualquer outro país europeu, lições de preservação do ambiente e de turismo sustentável. No país vizinho são numerosos os exemplos dos efeitos negativos do turismo de massas, quer de Verão, quer de Inverno. É por isso que me intriga Gredos...



Cume da Sierra de Gredos ao pôr-do-sol (visto do parque de campismo de Navarredonda de Gredos, Agosto de 2005)


Espanta-me que este território não queira seguir os exemplos daquilo que de errado se fez noutras montanhas da Península Ibérica. Pasmo por não terem centenas de apartamentos, teleféricos, casinos, centros comerciais, estradas asfaltadas a "rasgar" todo o maciço...que não tenham mesmo construído uma "escada rolante" até ao Almanzor!


Poderá ser por terem percebido que o que os diferencia de muitos outros destinos de montanha é precisamente o elevado grau de preservação dos seus habitats, constituindo este o chamariz para um turismo respeitador da sua identidade?


Curiosamente, ao fazer uma pesquisa no Google com a frase "proyectos turisticos para Gredos", o primeiro resultado diz respeito a um comunicado da associação ambientalista Centaurea, referindo o chumbo de um projecto turístico por parte da Comisión Territorial de Prevención Ambiental de Ávila. (Curiosamente, este chumbo tem por base os resultados de um estudo de impacto ambiental...pois, caso os irmãos Costa Pais se cansem da Serra da Estrela, não me parece que em Gredos venham a ter a vida facilitada).

Circo de Gredos, Agosto de 2005

Será tudo perfeito em Gredos? Claro que não...desde alguns casos de arquitectura duvidosa em Navarredonda de Gredos, até às condições do respectivo parque de campismo...e com certeza que por lá também haverá interesses privados (legítimos, não o nego), que estariam interessados em promover um turismo mais massificado.


A diferença está em que, duvido, que por lá os interesses de uma (única) empresa privada se confundam com os interesses do "turismo" (enquanto instituição pública) ou, dito por outras palavras, que se confunda o interesse privado com o superior interesse público...nem que se concessione a gestão do turismo a uma (única) empresa privada. E que se lancem projectos sem os necessários estudos de impacto ambiental...aprovados! Coisa que de facto não lembra ao diabo!


Apesar de ser dia de Natal (errata)

Em relação ao que aqui escrevi ontem, sob o título "Apesar de ser dia de Natal", verificaram-se desenvolvimentos relatados pelo Cântaro Zangado, (sob o título "Correcção"). A Região de Turismo parece ilibada quanto às responsabilidades relativamente à existência de um pretenso comunicado da Plataforma pelo Desenvolvimento Sustentável da Serra da Estrela (PDSSE), mas tal só vem reforçar ainda mais as responsabilidades do "Público", em relação ao que publica...sobretudo porque não se trata de um jornal qualquer!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Apesar de ser dia de Natal

Tenho pena de não ter comigo, de momento, uma máquina fotográfica que permitisse documentar o aspecto que os caixotes do lixo apresentam neste dia de Natal...pelos vistos, o espírito natalício é um sentimento com um prazo de validade extremamente limitado.
Há aqui dois tipos de responsabilidades:
- dos cidadãos que não fazem o mínimo esforço para reutilizar ou, pelo menos, reciclar os resíduos e que, posteriormente, como se já não bastasse não terem feito a separação caseira dos resíduos, correm a depositar tudo nos contentores do lixo. Como se fosse grande incómodo ter em casa, por mais algumas horas, algumas embalagens e restos de papel!
– da Câmara Municipal da Covilhã, que não estimula os cidadãos a separar e reciclar os resíduos, como se comprova pelo escasso número de ecopontos existentes na cidade; chega a ser ridículo afirmar que só, no corrente ano, chegaram a uma das maiores cidades do interior do país, alguns (muito poucos) ecopontos amarelos. E, como as pessoas já nascem com esta tendência natural para a preguiça, quando não têm um ecoponto nas redondezas...bom, vai tudo para o caixote do lixo!

Por outro lado, gostaria de reforçar algo que tive oportunidade de ler no Cântaro Zangado, sob o título, "Como se fabrica uma notícia". De facto, também eu tinha estranhado a notícia de ontem do "Público" (na secção Local Centro), onde o presidente de Região de Turismo vinha argumentar contra um pretenso comunicado da Plataforma pelo Desenvolvimento Sustentável da Serra da Estrela (PDSSE). E tinha estranhado, porque tendo passado cerca de 48 horas apenas sobre o anúncio da chuva de milhões para o turismo da Estrela, e estando eu atento a estas questões, não tinha tido conhecimento de nenhum tipo de reacção por parte da PDSSE em órgãos de comunicação social, regionais ou nacionais.
Como se pode perceber pela leitura do referido texto no "Cântaro Zangado", o dito comunicado nunca existiu...o que a mim me perturba, como leitor desde o início do "Público", é como um jornal de referência pode trazer este tipo de notícias, sem que questione o referido (e pretensamente ofendido) presidente de Região de Turismo, sobre a existência desse comunicado! Andaremos todos a brincar uns com os outros?

sábado, dezembro 23, 2006

Porque é Natal...



...e nem todos temos o aconchego de uma casa e dos amigos e família, é bom recordar que esta quadra deve ter um significado para além do consumismo.

Boas-festas e um Ano Novo feliz...com mais árvores e um pouco mais de descanso às sempre martirizadas florestas lusas e que esta quadra ajude a iluminar alguns espíritos, nomedamente dos que têm poder de decisão sobre a nossa Serra...e todas as serras!

P.s- Eu sei que esta mensagem de Natal é pouco convencional mas, ainda assim, vou abusar da vossa paciência e pedir que façam um esforço por reutilizar todas as embalagens e embrulhos dos presentes...ou, no mínimo, por reciclá-los...o planeta agradece!

Humor negro

Queria apenas aproveitar para completar o meu texto de ontem, afirmar o meu espanto pela existência de 2 (!!!) Planos de Emergência para a Serra da Estrela...um por cada distrito: Castelo Branco e Guarda.
Isto faz todo o sentido, bastando pegar nas afirmações da Governadora Civil de C. Branco, citadas pelo Notícias da Covilhã desta semana, "São dois planos mas perfeitamente ordenados: por exemplo, quando se corta uma estrada, corta-se dos dois lados (Castelo Branco e Guarda)". Oh senhora Governadora Civil ficamos todos muito mais aliviados, até porque eu pensava que era possível cortar uma estrada só de um dos lados!
E todos nós por aqui sabemos como se coopera dos dois lados da Serra bastando lembrar a sempre recorrente "novela" sobre quem manda na Torre. Num território onde a jurisdição sobre cada centímetro quadrado é disputada como se estivéssemos em situação de guerra, o meu desejo é o de que, a terem um acidente, não seja precisamente nesse território de ninguém que é a "fronteira" entre os dois distritos.

Não deveriam estas situações, que interferem directamente com a segurança de milhares de pessoas que visitam a Serra da Estrela, merecer a preocupação da Região de turismo? Pois...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Pobre Serra da Estrela...mais do mesmo!

Uma pessoa chega a casa e lê "mais do mesmo", ou seja, mais uns milhões para o turismo da Serra, ou seja, mais uma tentativa para acordar o gigante adormecido (expressão muito usada durante tempos pela imprensa regional, mas que a mim sempre me causou os maiores receios e angústias...). Ora, mesmo que estes milhões se venham a concretizar, não me deixam particularmente eufórico e passo a explicar porquê...

Em primeiro lugar, nada se diz como se vão (tentar) resolver os principais problemas da Serra da Estrela, existindo sempre a tendência alarmante para se esquecer que estamos a falar de um território que é Parque Natural, o qual deveria ser visto como uma mais valia por quem gere o turismo e não como uma ameaça...se não, vejamos:

- Os milhares de hectares de floresta e matos que ardem todos os anos, com consequências não apenas na flora e fauna, mas também sobre os solos e a infiltração das águas, serão culpa do Parque Natural?
- As construções anárquicas que fazem das Penhas da Saúde um dos mais desordenados aldeamentos de montanha da Europa ocidental (ou uma das mais caóticas mini-cidades, para fazer a vontade a alguns...) serão responsabilidade do Parque?
- E o que dizer sobre o caótico trânsito automóvel nos pontos mais altos da Serra, com consequências não apenas sobre o meio ambiente mas até sobre a segurança das pessoas (alguém imagina como será a evacuação simultânea de centenas de viaturas automóveis em caso de tempestade de neve?...) será também uma imposição burocrática do ICN?
- E as toneladas de lixo abandonado serão elas também obra de funcionários ultra-zelosos do Parque?

O Parque Natural se tem culpa, nestas e noutras questões, é por uma certa cumplicidade silenciosa; ou seja, uma coisa é não ter fundos, nem funcionários em número suficiente, outra bem distinta é a falta de capacidade para pelo menos tentar seduzir as populações locais para a causa da preservação do território serrano... Acresce que, por parte dos (ir) responsáveis locais pelo turismo, não existe sequer a percepção de como estas questões ambientais afectam o próprio turismo. Haverá turistas interessados em conhecer paisagens lunares resultantes de incêndios florestais? Ou em conhecer uma natureza onde se pode encontrar todo o tipo de lixo? A Região de turismo deveria ser das primeiras a mostrar preocupação com estas e outras problemáticas ambientais mas isso seria provavelmente pedir de mais.

No entanto, para tentar contrariar a falta de uma visão estratégica conjunta sobre o sector do turismo na Serra, foi encomendado um estudo (Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado do Turismo na Serra da Estrela), à Universidade da Beira Interior...o qual nem sequer chegou a ser arquivado no fundo da gaveta, pois como provavelmente não referia o que algumas câmaras municipais ambicionavam, estas ignoraram a própria apresentação pública do documento (documento, sublinho, mandado executar a seu pedido). Em resumo, morreu à nascença, a única tentativa de aplicar uma estratégia sustentada e comum a todo o território serrano. Só lamento o tempo perdido pelos ingénuos que ainda acreditam que este tipo de iniciativas resultam num país como o nosso, onde tudo se faz sobre o joelho e o "desenrascanço" é uma ciência...

Por último, temos a turistrela, e a incompetência de quem insiste em não perceber o óbvio...que o turismo de neve na Serra da Estrela está condenado, sempre esteve, por factores naturais, ainda que o clima se mantivesse estável; no entanto, ainda que a arrogância e incompetência da turistrela os impeça de ver o óbvio, o aquecimento global, e as consequências que este irá trazer a todos os habitats de montanha na Europa, tal não modifica a realidade. E a realidade é que enquanto por toda a Europa se começa a pensar num amanhã sem turismo de neve, por cá continuamos com a nossa vocação para sermos originais, devendo a Serra da Estrela ser a única "estância de esqui" com planos para ampliar as suas instalações. Parece é que adicionalmente continua a existir aquele problemazito de terem que fazer um estudo de impacto ambiental; é que, parecendo que não, a Torre ainda é um espaço público e não propriedade da família Costa Pais. Que chatice!...Já agora, para ver o que a turistrela já fez, e o que planeia fazer na Torre, vão até à Estrela no seu melhor .


E o que dizer de uma câmara municipal, como a da Covilhã, que em vez de estar preocupada em requalificar o caos urbanístico e ambiental das Penhas da Saúde, tem planos para construir centenas de apartamentos na zona. De facto, as pessoas deste país anseiam desesperadamente por mais Costas da Caparica, mais Quarteiras e mais Praias da Rocha...as pessoas anseiam por vir à Serra da Estrela e sair dos seus apartamentos em Odivelas para se enfiar numa mini-cidade de montanha; como não perceber que o maior sonho de qualquer portuense que todos os dias desespera na Vci é fazer exactamente o mesmo, mas em altitude, a caminho da Torre...

Ah não, esperem, esquecia-me do milagroso teleférico que vai transportar milhares de pessoas por hora, ente os Piornos e a Torre, e que vai sem dúvida nenhuma evitar que as camionetas e os carros subam à Torre; claro que sim, como pude ser tão ingénuo!...Ah, e já agora, não se esqueçam de criar espaço nas cabines do teleférico para que os turistas transportem todo o tipo de resíduos que os ajudam a deslizar na neve (os mesmos que depois aproveitam para abandonar na Serra, ajudando a manter Torre como a lixeira a maior altitude no território continental, verdadeira maravilha do nosso Portugal). Claro que, entretanto, enquanto o milagre do teleférico não chega, fazem muito bem em continuar a fazer estradas que facilitam e estimulam o acesso de carro à Torre, como a recente ligação a partir de Loriga.

Claro que nada tenho contra, muito pelo contrário, a reabilitação do antigo sanatório e a construção de unidades hoteleiras de qualidade nas cidades que circundam a Serra; saúdo até o município de Belmonte pelo esforço no turismo cultural; até aceitaria uma aposta limitada no golfe, desde que feita em zonas ecologicamente não sensíveis, (evitando leitos de cheia, por exemplo), e com sistemas de reutilização da água de rega. Mas sabendo como estas coisas funcionam em Portugal, é de temer o pior...

Por tudo isto, o melhor Natal que a Serra da Estrela poderia ter era deixarem o gigante continuar a dormir em paz...

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Razões para uma ausência


Esta época do ano é um pouco problemática para os professores do Básico e do Secundário, sobretudo quando, como é o caso, se é director de turma...daí a falta de tempo para ir actualizando o blogue, coisa que irei alterar lá para o fim desta semana. Fica a imagem de um Domingo preguiçoso...até já!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Contra a "podite" aguda!

Surgiu um novo blogue que pretende denunciar as assassinas podas camarárias...como todos somos poucos, aqui fica a publicidade à "A PODA (com ph) das árvores Ornamentais".

sexta-feira, dezembro 01, 2006

A um português que nunca se rendeu...





...porque a poesia tem tudo a ver com as árvores!






Talasnal, Serra da Lousã, Janeiro 2006



O Lorinhão Escorreito

— O que é o suplício de Tântalo?
—É uma luz muito íntima que me aquece à noite.
— O que é o suicídio?
— É descer lentamente com o vagar de quem sobe.
— O que é o amor?
— É uma rua muito sossegada onde só se passou uma vez.
— O que é muita fome?
— É um tinteiro de prata cheio de sangue.
— O que é a nobreza?
— É o vento vindo dos bosques.
— O que é o sonho?
— É o simulacro da melancolia.
— O que é a coragem?
— É uma igreja dentro de uma noz.
— O que é um galo?
— É uma dilatação na parte posterior da cabeça.
— O que é a razão?
— é uma carta vinda de longe.

(Mário Cesariny/João Rodrigues)

Ai Portugal, Portugal

Nada como acordarmos e lermos algo que nos faça soltar uma valente gargalhada...sem querer fazer concorrência aos meus amigos do Cântaro Zangado, aqui fica esta sugestão de leitura no Público de hoje, disponível na secção "Local Centro".
O título é, desde logo, absolutamente hilariante "Estância de esqui da Estrela abre hoje, mas sem neve"...só isto, deu-me para rir uns bons 2 minutos. O texto está cheio de pérolas, que vou deixar ao pessoal do Cântaro a possibilidade de explorar (como tão bem fazem) ao pormenor, mas vou apenas comentar o seguinte aspecto:
Alegadamente, a Região de Turismo vai apresentar queixa do Parque Natural ao Governo, devido aos "entraves" colocados na ampliação da estrutura (entenda-se, daquilo que pomposamente foi baptizado de Estância Vodafone)! Ora, segundo a mesma notícia, a única coisa que o Parque Natural exige é, pasme-se, um estudo de impacto ambiental...malandros!
No fundo, eu acredito piamente que os irmãos Costa Pais e a Região de Turismo (que cada vez mais se confundem) também culpam o Parque Natural por não nevar, estando apenas a recolher as provas.
Agora, um pouco mais a sério, eu penso é que vai sendo tempo de se pensar seriamente numa acção popular em tribunal, contra a Turistrela e outras entidades, denunciando os crimes ambientais perpretados ao longo destes anos. Por mim, lá estarei, como testemunha de acusação.



Noutra notícia hilariante, descobri que, pelos vistos, a dita aldeia de montanha das Penhas da Saúde acaba de ser promovida a mini-cidade (?!), seja lá o que isso for...ai Portugal, Portugal!


Bom feriado

quinta-feira, novembro 30, 2006

Oliveiras em Boliqueime



Mais um Sábado e apesar do trabalho já apertar (testes para fazer e corrigir, etc.), ainda foi possível arranjar uns minutinhos no final da tarde, para fotografar algumas oliveiras em Boliqueime (na Quinta da Cebola Vermelha, onde fomos muito bem recebidos pelo proprietário
que autorizou todas as medições e fotografias).





Acabámos por encontrar vários exemplares dignos de registo, com P.A.P. a rondar os 5 m.





Nas redondezas existe uma outra propriedade, também com oliveiras seculares, de que darei conta brevemente...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Outono no Algarve



Estas fotografias de amendoeiras em flor não são de arquivo; foram tiradas este Sábado. Um pouco por toda a zona central do Algarve as amendoeiras estão a florir.

Em anos anteriores, pude observar que as amendoeiras mais corajosas se atreviam a mostrar as primeiras flores antes do Natal, com a maioria a florir já em meados de Janeiro. Mas em Novembro?!...



quinta-feira, novembro 23, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

Araucárias de Monchique


Araucária [Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco] da Quinta da Vila


Na vila de Monchique, encontramos dois dos melhores exemplares de Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco, existentes no nosso país.

O exemplar existente na Quinta da Vila foi classificado em 1993 e, aquando da edição da obra "Árvores Isoladas, Maciços e Alamedas de Interesse Público" do Instituto Florestal, tinha 34 m de altura e 4,05 m de P.A.P.

A outra araucária, da mesma espécie, situa-se na Quinta do Viador (na saída de Monchique para o Barranco dos Pisões) e possui dimensões ainda mais majestosas, com 40 m de altura e com 4,7 m de P.A.P. (valor medido já este Verão). Este exemplar também foi classificado em 1993 como árvore de interesse público.



Araucária [Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco] da Quinta do Viador

segunda-feira, novembro 20, 2006

Araucárias de Tavira


Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco


Mais um fim-de-semana, mais uma expedição em busca de árvores...

Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco

quinta-feira, novembro 16, 2006

A araucária de Loulé

A araucária da espécie Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco é a mais plantada em Portugal, sendo originária da Ilha de Norfolk (pequena ilha situada a leste da Austrália), motivo pela qual é referida vulgarmente como "Araucária de Norfolk".

Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco

No Algarve existem dois exemplares magníficos em Monchique (dos quais falarei brevemente), mas hoje vou referir o espécime existente no centro histórico de Loulé, o qual não sendo comparável aos exemplares de Monchique, não deixa de ser uma árvore notável.

Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco

terça-feira, novembro 14, 2006

O pinheiro de Tibães

Um texto do passado dia 28 de Outubro no "Dias com árvores", sob o título "O mais espectacular e belo pinheiro bravo do País", fez-me pensar no texto que aqui tinha publicado , a 25 de Agosto passado, sobre Tibães e a sua cerca.

Na altura, ao escrever esse texto, estive para referir um pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton) existente à beira do lago.

Ao visitar a cerca de Tibães, este pinheiro-bravo tinha-me parecido colossal mas, dado estar numa posição inferior em relação à árvore, tal fez-me acreditar (ingenuamente) que era uma ilusão minha, que tenho tendência a ver árvores gigantes em todo o lado.


Pinheiro-bravo de Tibães


Como se confirma pelo texto do "Dias com árvores" , subestimei-o e muito. Também eu fui ao livro do Ernesto Goes e pude mesmo confirmar que se trata de um dos mais espectaculares exemplares conhecidos no nosso país!

Aqui fica a minha fotografia e o mea culpa.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Árvores de Albufeira - Parte I



Enquanto o cimento e o betão não esmagam o que ainda subsiste de rural em Albufeira, ainda podemos ter a surpresa de descobrir árvores, como estas oliveiras, que nos ensinam o real valor da relatividade do tempo que ocupamos neste pequeno ponto azul...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Os castanheiros da Covilhã

Como estamos em vésperas de S. Martinho e como forma de vos desejar um bom fim-de-semana, deixo-vos algumas fotografias de castanheiros da Covilhã.

Castanheiro na Rua da Indústria


O castanheiro (Castanea sativa Miller) é uma espécie que, não sendo autóctone, desempenhou no passado, em Portugal, um papel importante na agricultura e na alimentação humana, como fonte de hidratos de carbono, para além do valor económico da madeira.

Com o aparecimento da doença da tinta, provocada pelo fungo Phytophthora cinamoni Rands,a espécie regrediu notavelmente no nosso país, incluindo toda a Beira Interior. No entanto, na nossa região, subsistem ainda belos povoamentos na zona de Manteigas (Souto do Concelho) e na estrada que liga Verdelhos à Guarda (via Famalicão da Serra).

Castanheiro na Frei Heitor Pinto

Na cidade existem vários exemplares junto a ambas as ribeiras, na encosta entre o monumento a Nossa Senhora da Conceição e as bombas da BP, junto à Capela de Santa Cruz do Calvário e entre o Campo das Festas e a Avenida Frei Heitor Pinto.


Bons magustos e bom fim-de-semana!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Tanta euforia para quê?

É com grande admiração que vejo a felicidade estampada no rosto de tanta gente por, neste ano, apenas terem ardido 72 mil hectares de floresta! Apenas 72 mil hectares!!!...
Toda a gente parece encantada da vida, a própria comunicação social (em especial as televisões) parece não ter nada a questionar acerca deste assunto...compreende-se, entretanto o país está submerso em água e o assunto já não terá interesse ... pois! Embora, em muitos pontos, ambos os problemas estejam interligados...

Felizmente temos os jornais...quer dizer, temos o "Público". Aconselhava a leitura do artigo de Pedro Almeida Vieira do passado Sábado, dia 4, sob o título: "O fogo não morreu, invernou".

De facto, independentemente de termos evoluído nalguns aspectos, este é um problema de gerações, que levaria décadas a resolver se o começássemos a resolver, com seriedade, hoje mesmo.
Porquê então esta euforia? Porque um final de Agosto anormalmente húmido acabou com um ciclo infernal de devastadores incêndios, como o da Mata do Ramiscal? Porque os milhares e milhares de hectares ardidos em 2003 e 2005 serviram de zonas tampão a grandes incêndios, nomedamente no martirizado distrito de Castelo Branco? Expliquem-me, porquê esta euforia?

Podemos até chegar a um ponto em que tenhamos um sistema de primeira intervenção exemplar, como na Galiza...mas ainda que, resolvidos vários problemas, conseguíssemos dentro de alguns anos implementar um sistema semelhante ao daquele região espanhola, como este Verão dramaticamente mostrou aos nossos irmão galegos, tal não resolve o essencial da questão!...

Enquanto tivermos uma florestação à base de espécies altamente inflamáveis (pinheiros e eucaliptos); um litoral altamente ocupado e desordenado com inúmeras construções espalhadas por áreas florestais; um interior abandonado com milhares de minúsculas propriedades sem qualquer espécie de gestão, bem podemos continuar eufóricos...pelo menos até ao próximo Verão!!!

Resumindo, como há anos andam a dizer pessoas como o arquitecto Ribeiro Telles ou o biólogo Jorge Paiva, o problema dos incêndios no nosso país é, antes de mais, uma questão de (falta) de ordenamento do território e de (falta) de políticas florestais sustentáveis!

Continuem a discutir aviões...isso significa que ainda não aprenderam nada!

terça-feira, novembro 07, 2006

Uma sequóia no Outono

Altiva, sem medo de suplantar tílias, cedros e plátanos, a sequóia [Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.] domina em altura, perdida no nevoeiro...

sábado, novembro 04, 2006

Recordação de férias

A iniciativa "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela", fez-me relembrar um pedaço das minhas férias do último Verão, passadas no Parque Natural do Montesinho e, no vizinho, Parque Natural del Lago de Sanabria (na zona noroeste da província de Zamora).

Puebla de Sanabria

A ideia de repovoar a Estrela com o seu carvalho mais representativo, fez-me regressar a Sanabria, onde existem ainda bosques imensos, mares a perder de vista, de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.). Durante toda a visita, não pude deixar de sentir que estava a fazer uma visita ao passado, a um tempo em que a Serra da Estrela estava coberta por imensos carvalhais desta espécie...


Bosque de carvalho-negral





Matagal de carvalho-negral


É uma viagem que recomendo, não apenas aos amantes da Estrela (embora para estes possa ter um encanto especial dada a similitude de paisagens), mas a todos os amantes da montanha e da Natureza, em geral; até porque, Sanabria guarda outros segredos, como o maior lago de origem glaciar da Península Ibérica (ocupa uma área aproximada de 318 ha e tem uma profundidade máxima de 51 metros).


Lago de Sanabria


Lago de Sanabria


E não se pense que o nosso Montesinho fica atrás, com um mosaico de paisagens, onde o carvalho-negral também marca presença (a vizinha Serra da Nogueira tem os mais extensos carvalhais desta espécie em território nacional), bem como a azinheira e extensos bosques ripícolas de amieiros, choupos e freixos. A (re)descobrir, com urgência...



Aldeia de Rio de Onor

Porque a Estrela...

...é uma paixão obsessiva mas reconfortante. Porque muitos a não compreendem e dela usam e abusam em seu proveito próprio, aconselho uma visita (consoante o vosso estado de alma) às Maravilhas da Estrela e à Estrela no seu melhor

Saudades do frio...

quinta-feira, novembro 02, 2006

De volta às árvores de Monchique

A serra e a vila de Monchique são dois sítios incontornáveis no Algarve no que se refere a árvores monumentais. Já aqui falei dos carvalhos-de-monchique e dos plátanos e hoje vou falar da espectacular magnólia (Magnolia grandiflora L.) existente junto ao Convento de Nossa Senhora do Desterro.

Pormenor das folhas e fruto

Magnolia grandiflora L.

Trata-se do maior exemplar desta espécie (originária do Sul dos E. U. A.) conhecido no nosso país, sendo muito provavelmente multisecular e estando classificado como árvore de interesse público desde meados do século passado. Tem uma altura próxima dos 30 m e para o P.A.P medimos uns impressionantes 6 m.

Magnolia grandiflora L.


Perto do convento existem também alguns sobreiros (Quercus suber L.) com dimensões notáveis, nomeadamente um que fica bem próximo da magnólia. Para este sobreiro medimos mais de 4,8 m de perímetro do tronco, embora este valor possa conter algum erro associado pois a posição da árvore torna a medição rigorosa numa tarefa quase impossível...

Quercus suber L.

terça-feira, outubro 31, 2006

Salvem as árvores da minha cidade - Parte IV

Porque continuo a ser pelas tílias, decidi partilhar com os leitores deste blogue, mais dois belos exemplares deste género, existentes na Covilhã...a primeira fotografia, refere-se a uma tília situada na zona da Travessa da Tapada e as duas restantes são de um exemplar existente junto à entrada principal da cidade, na Alameda Pêro da Covilhã (perto da linha de comboio, do lado oposto a uma gasolineira).


Tília na Travessa da Tapada


São dois belos exemplares, com copas bem desenvolvidas e que, se protegidas da acção nefasta de podas mal executadas, poderão tornar-se nos próximos anos exemplares ainda mais notáveis, merecedores de classificação como árvores de interesse público.


Tília situada na Alameda Pêro da Covilhã

quinta-feira, outubro 26, 2006

Fragmentos de uma estação chuvosa

Em primeiro lugar, peço desculpa ao John Cale por lhe roubar o título deste texto...em segundo, peço desculpa à meia-dúzia de pacientes leitores deste blogue que suportam a minha preguiça (recente) para escrever coisas novas...

Deixo um pedaço do Algarve, em forma de fotografia, e uma preocupação: com os recentes temporais que têm provocado a queda de muitas árvores, receio bem que as câmaras deste país se preparem para mais uma época da poda camarária, algumas até (bem intencionadas) convictas de que estão, efectivamente, a proteger os cidadãos e respectivos bens materiais...


Praia da Amoreira, Aljezur 2006/10/21

sexta-feira, outubro 20, 2006

Um jardim botânico na Covilhã?

Li com agrado no "Interior" desta semana, que a Câmara da Covilhã planeia reconverter o Parque Alexandre Aibéo num jardim botânico com espécies autóctones da Serra da Estrela (ver notícia completa aqui). A ideia é excelente até porque o Parque já tem hoje em dia alguns espécimes de dimensões assinaláveis (embora nem todas autóctones), incluindo alguns carvalhos-alvarinhos (Quercus robur L.), espécie bem mais frequente na vertente oeste da Serra.


Parque Alexandre Aibéo

Quero com isto dizer que já existe um excelente conjunto arbóreo e que a intervenção deverá ser "minimalista" no sentido de preservar o que existe e apenas introduzir alguns espécimes, nomeadamente de espécies em vias de extinção, como o pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris L.), o azereiro (Prunus lusitanica L.), o azevinho (Ilex aquifolium L.) ou o teixo (Taxus baccata L.), só para citar alguns exemplos da flora lenhosa. O facto do arquitecto responsável ser o mesmo que projectou o Jardim do Lago, Luís Cabral, faz-me antever que o resultado final será positivo...Já agora, aproveitem também para preservar as árvores exteriores ao parque, nomeadamente as tílias que existem entre o antigo hospital e os muros do parque e aproveitem para eliminar algumas acácias australianas que se foram infiltrando neste espaço.
E, já agora, não poderiam criar um corredor verde, ligando o Parque Alexandre Aibéo aos jardins da delegação local da Direcção-geral dos Recursos Florestais?

terça-feira, outubro 17, 2006

Plátano do Barranco dos Pisões

A cerca de 3 km da vila de Monchique situa-se o Barranco dos Pisões que, apesar de cercado por eucaliptos e acácias, mantém uma aura de um certo encanto, devido , em parte, a uma mata de amieiros que nos remete imediatamente para paisagens bem mais setentrionais.


Mata de amieiros


É aqui que encontramos um dos maiores plátanos do nosso país, com dimensões verdadeiramente majestosas. Está classificado desde 1947 e tem perto de 40 m de altura; quanto ao perímetro do tronco medimos uns impressionantes 5,12 m.

Plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton)

Plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton)

O espaço no qual se encontra o plátano está preservado e limpo, no entanto, a árvore tem sofrido com alguns actos de vandalismo, nomeadamente com pessoas que insistem em declarar o seu amor através do tronco de uma árvore.


Embora seja um tipo de solução que não me agrada particularmente, penso que se deveria ponderar a protecção da árvore com um gradeamento, tal como acontece, por exemplo, com o "Cedro" de S. José (Cupressus lusitanica Miller), na Mata do Buçaco.