sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Será uma oliveira monumental uma árvore perigosa?

Oliveira (Olea europaea L.) - Purgatório (Albufeira)

No livro "Árvores Monumentais de Portugal" do Ernesto Goes vem referida uma enorme oliveira, com um perímetro de tronco de quase 7 metros, situada perto da localidade de Purgatório, entre Ferreiras e Paderne (concelho de Albufeira).

Eu e o Miguel temos razões para acreditar que se trata deste magnífico exemplar retratado na fotografia que acompanha este texto. No entanto, a estarmos equivocados, tal seria ainda melhor, pois significaria que existiam duas oliveiras monumentais nesta localidade.

Tentámos contactar o proprietário para confirmar esta situação e também para averiguar se este pretende cortar os rebentamentos na base do tronco, que o ocultam por completo, e nos impediram de efectuar as medições pretendidas.

Em relação a esta última situação confesso que tenho algum receio, pois temo que o proprietário mande cortar não apenas esses rebentamentos mas que ordene uma "poda radical" que lhe mutile a copa.

Iremos em breve tentar contactar novamente o proprietário do terreno e tentar sensibilizá-lo para a preservação desta fabulosa oliveira.



P.S. - Algumas notícias sobre árvores:

- A empresa Bayer Portugal, através da Campanha de Reflorestação Bayer "Plantar Árvores, Semear o Futuro!", vai plantar as últimas árvores, no próximo dia 12 de Março, na Tapada de Mafra.

- Pará lança programa para salvar árvores da Amazónia.

- "Árvores perigosas" no Bombarral! A vereadora Susana Manco afirma ter identificado vários destes "casos" em diferentes pontos do concelho. Ao que eu questiono: "Quais são as credenciais técnicas em arboricultura da Senhora vereadora?"

Para quem não se recorda do tratamento dado no Bombarral às ditas "árvores perigosas", fica aqui a ligação.


quarta-feira, fevereiro 27, 2008

A poucos metros de casa...

Apesar de tudo ainda há lugar para boas notícias; ou, pelo menos, para boas notícias com algumas ressalvas!


O Miguel Rodrigues descobriu a oliveira retratada nas duas fotografias seguintes por mero acaso, ao passar de carro na zona de Montechoro (Albufeira), a escassos metros da escola onde trabalha e da minha própria casa.

Já por ali tinha passado dezenas de vezes, mas há dias de sorte. Trata-se de uma das "resistentes" de Albufeira, uma das muitas oliveiras engolidas pela urbanização feroz que sobreviveu para nos contar a sua história.


Esta magnífica oliveira multissecular possui um perímetro à altura do peito que ultrapassa os 6 metros. Infelizmente, e como se constata pelas duas fotografias, a sua copa é bastante reduzida em virtude de uma poda que a limitou a um "capachinho".


Este tipo de práticas é particularmente condenável em exemplares de elevado valor ornamental, delas não resultando nenhum benefício para a árvore. Estamos a falar de uma "oliveira ornamental" e não de uma oliveira situada num olival de produção!


Oliveira (Olea europaea L.) - Montechoro (Albufeira)




Oliveira (Olea europaea L.) - Montechoro (Albufeira)

Mas esta oliveira guardava outra surpresa. Bom, na realidade duas: uma boa e outra !


Esta dupla surpresa foi revelada por um aluno do Miguel, que lhe chamou a atenção para uma outra oliveira monumental situada a menos de 50 metros, no interior de um condomínio.


E é esta outra oliveira que revelo nas duas próximas fotografias. E sobre a qual estou bastante "dividido", pois não sei se lhe elogie a beleza do seu tronco maciço de quase 6 metros de perímetro ou se me dedique a insultar os responsáveis pela poda "à máquina zero" que a desfigurou.


Este é mais um daqueles casos em que a copa da árvore impedia as pessoas de ver a marquise do vizinho. Porque isso é tudo o que se consegue ver daquelas janelas: o maior mamarracho de Albufeira (o Hotel Montechoro) e as janelas dos vizinhos!



Oliveira (Olea europaea L.) - Montechoro (Albufeira)





Oliveira (Olea europaea L.) - Montechoro (Albufeira)



P.S. - Mais pormenores no Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo.

Retratos do Portugal que odeia as árvores (IV)

Espinho - fotografia do Ondas 3

Elvas (Santa Eulália) - fotografia do Entre Tejo e Odiana

Almeirim - fotografia do Paul dos Patudos




Loures (St.º António dos Cavaleiros) - fotografia do Gambozino

Todos somos poucos para denunciar estas infâmias!

Transcrevo o que o Octávio escreveu hoje no Ondas 3: "Em Espinho, há dezenas de árvores como esta, doentes por causa de sucessivas intervenções autárquicas de funcionários que garantem saber da poda. Aliás, não é por acaso que, em 12.12.2006, a maioria socialista da Assembleia Municipal rejeitou uma recomendação no sentido da Câmara estabelecer um programa para a inventariação, registo e estudo do estado de saúde das árvores do concelho, de modo a que o mesmo servisse de instrumento em futuras intervenções nos espaços verdes".

As autarquias portuguesas gastam dinheiro a plantar árvores e a destruí-las! Hipocritamente comemoram o Dia da Árvore e de forma arrogante apregoam ter técnicos credenciados na poda de árvores ornamentais (pois, pois!)
No entanto, rejeitam uma proposta tão simples como a de inventariar o estado sanitário das árvores. Já nem pedia que o fizessem por amor às árvores, mas pelo menos pela segurança das pessoas e dos seus bens.

Tudo isto é doentiamente irónico! São estas podas que debilitam as árvores e as tornam em seres decrépitos , mais sujeitos a originar acidentes. No entanto, quando cai um ramo ou uma árvore, a solução é decepá-las para evitar mais acidentes!
Isto é, deixem ver se entendi: quando uma pessoa tem febre, a solução é embrulhá-la em cobertores e colocá-la à beira de um aquecedor ?! E o burro sou eu ?

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Retratos do Portugal que odeia as árvores (III) - O património que temos para oferecer à Humanidade







Local do crime: Caldas de Moledo, junto à Estrada Nacional 108, que liga Mesão Frio ao Peso da Régua; em pleno Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade.

As fotografias foram tiradas pelo amigo Nelson Lima (engenheiro agrícola e estudante de arquitectura paisagista); com base nos seus conhecimentos técnicos, o Nelson e um colega, apresentaram há dois anos às autoridades locais, uma proposta para uma poda ligeira dos plátanos que sobreviveram a este "massacre". Esta proposta poderá ter sido decisiva para salvar estes exemplares do fim inglório que vitimou as restantes árvores.

Esta situação é particularmente incompreensível pelo enquadramento paisagístico desta alameda de plátanos e por, pelo menos no que é visível nas fotografias, a mesma não estar a "interferir" com nenhuma outra estrutura (casas, postes de sinalização ou de electricidade, etc.). Quando assim acontece, seja por falta de planeamento na hora de plantar a árvore ou porque entretanto foi necessário construir outras estruturas, é preferível fazer a substituição das árvores por outras de menor porte.
Como escreveu o arquitecto Ribeiro-Telles: "Se não há espaço para a árvore é preferível plantar só o arbusto, ou mesmo só a flor e não contar depois com a tesoura para manter com proporções de criança o gigante que se escolheu impensadamente."

E nem uma pretensa "doença" serve de desculpa a este massacre porque, se assim fosse, então as árvores doentes deveriam ter sido cortadas e substituídas por outras.
Nada pode justificar esta selvajaria. Este é verdadeiramente o património que temos para oferecer à Humanidade!

P.S. - Recorde-se que esta situação nas Caldas de Moledo já tinha sido abordada no Dias sem Árvores.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Viagens IX


O pinheiro-manso (Pinus pinea L.) das Donas (Fundão).


P.S. - Algumas notícias sobre árvores:

- Estão abertas até ao próximo dia 1 de Março as inscrições para os campos de trabalho científico do programa Invader.

- Uma notícia que me chegou (embora com atraso) via Floresta do Interior: o Fapas promoveu ontem uma acção de plantação de árvores no Parque Natural da Serra da Estrela.

- Um sítio muito interessante sobre as árvores monumentais da Califórnia: California Register of Big Trees.

- Ainda as árvores monumentais, mas agora em Portugal e mais concretamente na Serra da Estrela: a URZE (Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela), no seguimento do concurso Árvores Monumentais no Concelho de Gouveia e das V jornadas dedicadas às árvores monumentais do concelho de Gouveia, decidiu propor a classificação de sete árvores existentes no concelho.
Entre as árvores propostas está o magnífico carvalho-alvarinho de Aldeias, em relação ao qual tinha já, no início do Outono passado, formalizado esse mesmo pedido de classificação à Direcção-Geral dos Recursos Florestais.
Sobre esse pedido de classificação, e o que fiz em relação à sequóia do Sabugal e ao castanheiro da Malcata, a única coisa que recebi até ao momento foi apenas...silêncio!

- O Parque Biológico de Gaia pretende florestar 23 hectares (a juntar a 35 hectares já florestados), próximo do nó do IP1 em Vilar de Andorinho.Nestes 23 hectares ficarão assinaladas as pessoas e entidades que contribuírem para a respectiva aquisição (1 metro quadrado de terreno = 50 euros).O objectivo final desta instituição é adquirir 230 000 metros quadrados de terrenos e tê-los totalmente arborizados até ao final de 2012. Uma iniciativa integrada no programa Plant for the Planet.
Para saber mais sobre esta iniciativa escreva para carbono@parquebiologico.pt

- Um texto do Árvores da minha rua já com alguns meses mas que mantém toda a actualidade: a relação entre o planeamento urbano, a arborização das cidades e a respectiva influência na temperatura. Ler relatório aqui.

- Por último: no Brasil um conjunto de caloiros universitários irá plantar árvores, ao invés de serem pintados na cara ou sofrerem outro tipo de praxes irrelevantes.



P.S.S- Adendas:

- Em relação ao encontro de motociclistas no Covão d'Ametade: comunicado dos Amigos da Serra da Estrela.

- Em relação à campanha de reflorestação patrocinada pela água Serra da Estrela: o programa Biosfera da RTPN dedicou esta semana uma reportagem alargada a este tema.
Falaram responsáveis pela empresa Sumol (SASEL), do ICNB, da URZE (Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela) e dos Amigos da Serra da Estrela.
Conclusão: de boas intenções está o inferno cheio!

domingo, fevereiro 24, 2008

Deprimido...(mais desabafos dominicais)

(...) Porque chove há três dias; ou talvez porque me bateram no carro de noite e fugiram (glorioso país de cobardes!)


Também pode ser porque vim encontrar decepadas o que ainda sobrava das árvores da minha infância: as enormes cerejeiras da quinta por detrás do meu prédio.
Não foram sequer cortadas pelos donos da quinta, que estão lá longe na grande cidade (não que isso fizesse grande diferença). Foram serradas por iniciativa de dois vizinhos do meu prédio.

Motivo? Parece que estas malandras, ao fim de dezenas de anos de existência, foram declaradas culpadas da bicharada que lhes entrava em casa!...Há gente assim, que encontra algum conforto para a tristeza e o vazio das suas vidas, destruindo e mutilando o que é vivo e inofensivo. Será que por provocar tristeza nos outros nos sentimos menos tristes?

Vou tentar não me esquecer deste pretexto estúpido para juntar a todos os pretextos estúpidos que pretendem justificar os "arboricídios" neste país.




Talvez também esteja deprimido porque até mesmo as tílias que foram plantadas há apenas 20 anos, quando andava no ciclo, foram reduzidas a cabides. Está mais do que visto que na generalidade das cidades portuguesas, os responsáveis pelas árvores percebem tanto do seu ofício quanto eu percebo de poesia japonesa do século XVIII.


Mesmo quando não interferem com a fachada de um prédio; mesmo quando não interferem com a iluminação pública ou qualquer fio eléctrico ou dos telefones; mesmo quando sob elas não se pode estacionar. Ainda assim, há sempre alguém que se sente incomodado pelas árvores.





E porque mesmo no meu antigo ciclo as árvores são tratadas sem o mínimo de respeito e condenadas a uma existência de dignidade nula.


Porque nem mesmo a floração das ameixoeiras-de-jardim consegue transmitir alguma beleza e fazer desviar o olhar do caos urbanístico a que chamamos progresso; porque um dia todas as cidades do país serão uma espécie de Brandoa.




E porque, para onde quer que olhe, assisto não apenas ao degradar da paisagem urbana mas ao imparável avanço do amarelo da "mimosificação" dos nossos espaços naturais. (Haja ao menos um lado positivo neste nevoeiro que ajuda a ocultar parte deste amarelo doentio!)


Esta altura do ano, coincidente com o pico da floração das mimosas, torna bem visível a dimensão do problema em vastas zonas do país, dando bem conta do abandono do nosso mundo rural. Situação que em muito contribui para o avançar deste problema que está a alterar, porventura de forma irreversível, as nossas paisagens naturais, com gravíssimas consequências ambientais e sem que daí advenha nenhum proveito económico para o país.




É por isso que termino, lançando uma pergunta em forma de desabafo: há alguém neste país interessado em defender o que nos resta de paisagem?


Não, não sou um fundamentalista. Aceito que o país necessite de florestas de produção com árvores de crescimento rápido; sei que problemas com espécies invasoras existem em todos os países.

Aceito que as barragens e os parques eólicos são um mal necessário. E estou até disposto a comprar a ideia de que o despovoamento dos centros históricos das cidades à custa do desenvolvimento incontrolável das periferias seja um problema de toda a Europa e não apenas nosso.

Sei até que o problema das podas das árvores ornamentais não é um exclusivo do nosso país.


Mas será que todos os rios têm que ter barragens e todas as serras parques eólicos? Estaria a pedir muito que se fizesse um pouco mais em termos de combate às invasoras? Será que apenas no que resta das Matas da Margaraça, do Solitário ou de Albergaria (e em mais duas ou três excepções) podemos aspirar a ter uma floresta de conservação?

Seria pedir muito, num litoral com perto de 800 km, que se protegessem 100 km de faixa costeira de qualquer empreendimento turístico? Ou que pelo menos se respeitassem as falésias e os cordões dunares?

E que num espaço razoável de tempo, se arranjasse uma forma de impedir que as autarquias continuassem a ser financiadas pelo dinheiro da construção civil?

Será pedir assim tanto que as autarquias portuguesas, às quais nunca faltou dinheiro para fazer uma rotunda, pudessem no futuro vir a ter técnicos credenciados em arboricultura?


Será utópico pedir que se deixem às gerações futuras duas ou três cidade e vilas minimamente conservadas; 5% do litoral, 5% das montanhas; 5% das planícies e um ou dois rios? Que se preservem 100 árvores monumentais.

Será este pedido assim tão irrealista ou fundamentalista?


O que eu não compreendo é a coincidência do facto de estarmos a destruir o que nos resta de paisagem e património natural não estar a fazer de Portugal um país com mais progresso e riqueza. Ou, dito por outras palavras, as zonas mais apetecíveis para o turismo, por exemplo, serem precisamente aquelas que souberam preservar a sua paisagem natural, como o Alentejo e o Douro.


Mas talvez eu esteja enganado e a paisagem não tenha valor ambiental e económico. Ou, mais ainda, talvez isto um dia mude.


Mas hoje não acredito nessa mudança. Pode ser por estar deprimido. Ou, simplesmente, porque continua a chover...

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

"Beatriz e o plátano"

Covilhã (Canhoso)


"Para Beatriz aquela árvore fazia parte da sua vida, tal como um bom amigo (...) Uma vez o pai chegou mesmo a dizer: "Parece que a Beatriz deitou raízes naquela árvore!"
Pensando bem, era um dito cheio de significação, pois é verdade que nos enraizamos em tudo aquilo de que gostamos, nas criaturas e nas coisas; e é isso que dá sentido à nossa vida."


Este excerto pertence ao livro "Beatriz e o plátano" de Ilse Losa. Um livro para crianças que todos os adultos deveriam ler. E em particular os que governam as nossas cidades e o nosso país, pois trata da luta de uma menina, a Beatriz, contra as autoridades da sua cidade, que pretendiam cortar um velho plátano em nome da "modernidade" (outro sinónimo para as ditas requalificações tão comuns nas nossas cidades).

Como os melhores livros técnicos e guias de identificação, esta é uma obra que eu recomendo na biblioteca de todos os que amam as árvores; não para estar arrumada, mas antes para de forma periódica poder ser lida.


P.S. - Juntamente com a minha colega Célia, estamos a aproveitar as aulas de Área de Projecto com uma das nossas turmas, para explorar esta obra. Este trabalho culminará com a respectiva dramatização e apresentação perante toda a comunidade escolar.

No entanto, uma das primeiras tarefas que propusemos aos nossos alunos do 5º ano foi a escrita de uma carta a um Presidente de Câmara, apelando para que este não autorizasse o abate de um plátano. E é este conjunto de trabalhos que eu proponho para uma leitura atenta.


Bom fim-de-semana.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Viagens VIII



Montado de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.) - concelho de Nisa.



P. S. - Algumas notícias sobre árvores:

- Mais uma requalificação que implicou o abate de árvores;

- A imaginação quanto aos motivos que pretendem justificar o abate de uma árvore não tem limites.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Onde estão as árvores?



Notícia do Agroportal: "Água Serra da Estrela" já conseguiu angariar mais de 750 mil árvores para ajudar a reflorestar as Serras de Portugal.

É uma notícia bem curiosa tendo em conta o que escrevi no Domingo passado: "Em Setembro passado, já lá vai meio ano, os Amigos da Serra da Estrela levantaram a seguinte questão: onde foram plantadas as árvores da campanha de reflorestação patrocinada pela Sociedade de Águas da Serra da Estrela? Como escrevi aqui, na altura ninguém soube (ou quis) responder a esta questão pertinente.
Passado este tempo todo pergunto eu: já alguém encontrou explicação para as árvores desaparecidas? Houve apuramento de responsabilidades? Não estaremos perante uma situação que no mínimo poderá corresponder a uma campanha que ludibriou centenas de pessoas?
E a mais importante de todas: alguma autoridade deste país deu importância a esta história e foi à procura das respostas? Pois...temos o país que merecemos
!"

Resumindo: Onde estão as árvores?

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Alameda de freixos ameaçada?

Alameda de freixos (Fraxinus angustifolia Vahl) na estrada 246-1 entre a Portagem e Castelo de Vide, vista a partir de Marvão

- Nos últimos tempos várias árvores têm sido abatidas na famosa alameda de freixos da estrada 246-1, nas imediações da localidade de Portagem (Marvão).
Aparentemente, ao fim destes anos todos, as árvores começaram a ser um incómodo para o trânsito; outras estariam secas...

Conhecendo a forma como as autarquias e outros organismos do Estado tratam das árvores em espaço público, bem como da conhecida falta de técnicos especializados nesta área, deixem-me manifestar algumas reservas quanto a estas "árvores secas". Mas vamos supor que as árvores estavam efectivamente secas ou irremediavelmente doentes; já terão estes exemplares sido substituídos por novos freixos?

Tenho saudades do tempo em que a extinta JAE plantava árvores nas bermas das estradas.

P.S. - Mas, felizmente, se uns abatem freixos, outros parecem mais empenhados em plantá-los: "Amigos da Montanha" plantaram árvores nas imediações da barragem da Penide (Barcelos).

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Os sobreiros da Juliana


A Cova da Beira corresponde ao território ocupado pela bacia hidrográfica do Zêzere e seus afluentes, entre as serras da Estrela e da Gardunha.

São terrenos onde o carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.) e o sobreiro (Quercus suber L.) disputam a dominância em pequenos bosques que rodeiam campos agrícolas e algumas pastagens.
É neste espaço de terras férteis que se situa a quinta da minha amiga Juliana, conhecida como Prado, ali para os lados do Fundão (na freguesia da Fatela).


E se ontem falei desta quinta como o destino de muitas das minhas sementeiras, hoje vou falar dela pelo conjunto de sobreiros monumentais que nela podemos encontrar.

Em parte pela fertilidade destas terras e a abundância de água, em parte por nunca terem sofrido as podas que as condenam a árvores raquíticas (como vemos tão frequentemente nos montados a sul do Tejo), estes sobreiros respiram vitalidade e possuem dimensões invulgares. Sobretudo porque, como referi atrás, em várias zonas do nosso país existe o hábito de podar os sobreiros, o que origina o típico perfil destas árvores tão característico das planícies alentejanas.

É um conjunto de sobreiros notável que merece ser preservado, sendo que para breve ficou marcada nova visita para traduzir em números a grandiosidade destas árvores; em particular dos sobreiros representados nas duas últimas fotografias que, mesmo com a pouca fiabilidade do "olhómetro", me parecem superar os 15 metros de altura. (Nota: recorde-se que esta espécie atinge vulgarmente alturas entre os 10 e os 15 metros, podendo excepcionalmente alcançar os 25 metros).

















domingo, fevereiro 17, 2008

Desabafos dominicais

Covão d' Ametade (Parque Natural da Serra da Estrela...por mais incrível que possa parecer!) - fotografia Estrela no seu melhor


Em conversas de café com amigos costumo dizer que o que o mais me choca em Portugal não é a corrupção, a aldrabice ou a incompetência, mas o facto destas, sistematicamente, não implicarem qualquer espécie de consequência para quem as pratica.
Burlões e vigaristas, corruptos ou pessoas incompetentes existem em todos os países. O que por cá não existe é uma sociedade civil que seja intransigente na exigência do seu castigo e um sistema judicial que seja eficaz a cumprir as leis do povo. Resumindo: vivemos na mais completa das impunidades!

Vamos a um primeiro exemplo:

- Em Setembro passado, já lá vai meio ano, os Amigos da Serra da Estrela levantaram a seguinte questão: onde foram plantadas as árvores da campanha de reflorestação patrocinada pela Sociedade de Águas da Serra da Estrela? Como escrevi aqui, na altura ninguém soube (ou quis) responder a esta questão pertinente.

Passado este tempo todo pergunto eu: já alguém encontrou explicação para as árvores desaparecidas? Houve apuramento de responsabilidades? Não estaremos perante uma situação que no mínimo poderá corresponder a uma campanha que ludibriou centenas de pessoas?
E a mais importante de todas: alguma autoridade deste país deu importância a esta história e foi à procura das respostas? Pois...temos o país que merecemos!

Mais duas denúncias do Estrela no seu melhor:

- Lembram-se da concentração de motas autorizada para o Covão d' Ametade? Pois bem, a imagem que acompanha este texto é apenas o aperitivo!
Situações como esta levam-ma a concluir que o Parque Natural da Serra da Estrela é uma estrutura meramente virtual. Um Parque Natural não existe apenas porque é real no papel e se depois, no dia-a-dia, se permitem todo o tipo de atropelos.

É ainda importante sublinhar a propósito desta situação que o "principal" desta história não é tratar-se de uma concentração de motas; uma pessoa não é menos amiga do ambiente por andar de mota!
O "principal" foi uma estrutura do Estado, responsável por fazer cumprir a legislação ambiental nacional e aquela a que nos comprometemos em termos da União Europeia, ter permitido a concentração de centenas de pessoas e dos seus veículos num dos espaços mais emblemáticos de um Parque Natural.
Eu sei que isto parece utópico, mas se foi apresentada queixa do Estado português em Bruxelas pela projectada destruição dos valores naturais do rio Sabor, não poderá o mesmo tipo de queixa ser apresentado com base nos repetidos e quase semanais atentados contra a conservação da natureza na Serra da Estrela? Ainda que seja só para "marcar uma posição" e chamar a atenção da "pouca-vergonha" que aqui se passa?

O destino das minhas "experiências"

O hábito de colocar sementes na terra é antigo e teve como consequência, há uns anos, a transformação da minha varanda numa "floresta" com vários carvalhos, pinheiros e outras espécies.

Aos poucos a situação foi-se tornando insustentável pelo espaço que estas árvores ocupavam e pala água que consumiam no Verão. Deste modo, o destino de muitas destas árvores foi a encosta da serra sobranceira à Covilhã mas, para meu desgosto, quase todas acabaram por secar. Resultado: mudei de estratégia...
Não desisti de deitar as sementes à terra, mas optei por oferecer as árvores resultantes das minhas "experiências" a amigos ou pessoas conhecidas com terreno disponível para estas poderem crescer. Assim, ao longo dos últimos anos, saíram dos meus "viveiros" alguns carvalhos, pinheiros, sobreiros, nogueiras, castanheiros, aveleiras ou azevinhos.

Claro que mesmo numa quinta a taxa de sobrevivência destas árvores nunca é de 100% mas, ainda assim, é suficiente para continuar com este hábito anual de por algumas sementes na terra no início do Outono. Lamento apenas nunca ter conseguido fazer germinar as sementes de algumas espécies como a cerejeira, a tramazeira ou a bétula.





Um dos destinos preferenciais das minhas árvores tem sido a quinta da minha amiga Juliana, situada nos arredores do Fundão (Fatela), a pouco mais de uma dezena de quilómetros da Covilhã.
Este foi, por exemplo, o destino do carvalho-alvarinho que mostro na figura anterior e do freixo que mostro nas duas figuras seguintes; a primeira imagem foi tirada em Setembro de 2006 e a imagem seguinte ilustra a sua chegada à quinta da Juliana nestes dias transactos de Carnaval.






Só espero que este freixo que esteve quase em "estado de coma" no Verão passado devido a uma praga de insectos, não estranhe a mudança de casa e cresça tanto como este outro freixo existente na mesma quinta da minha amiga.


P.S. - Notícias com árvores:

- Militares da GNR começaram na passada sexta-feira a plantar 7500 árvores em redor do aeródromo da Lousã. São as últimas de um conjunto de 20 mil destinadas àquela zona pelo projecto Floresta Unida, que quer, a seguir, reflorestar a Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz), Piódão (Arganil) e Serra de Monchique (Algarve).

- Cerca de 150 voluntários portugueses e espanhóis plantam, este fim-de-semana, quatro mil árvores numa zona do Parque Natural da Serra de São Mamede, no norte alentejano, fustigada pelos incêndios florestais de 2003

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Viagens VII



A araucária de Tolosa.



P.S. - Algumas notícias sobre árvores:

- Árvores cortadas em Alta Vila (Águeda): pelos vistos havia por lá umas árvores centenárias que colocavam em causa a preservação de uma capela. As árvores, sempre as árvores, essa "ameaça" à segurança nacional. Cada país tem as obsessões que merece!

-
Árvores guardam informação climática (inclui vídeo).


- No âmbito do projecto Pronatura promovido pela Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente, a Câmara Municipal de Estarreja vai receber cerca de 2 000 árvores para acções de reflorestação.


Paixões


Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) - Herdade do Monte Barbeiro (Corte Pequena) - Setembro 2007

Lembram-se dela? Tem novos amigos...

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Enamoramentos

As oliveiras de Serpa (fotografias de Miguel Rodrigues):






Este conjunto de oliveiras situa-se em Serpa, com a excepção do olival retratado na última fotografia que se situa junto à estrada que liga esta localidade alentejana ao Pulo do Lobo.

Algumas destas oliveiras estão classificadas como árvores de interesse público e em breve publicaremos mais informações sobre as mesmas no Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo.