sexta-feira, março 30, 2007

Para que tudo fique claro

Vamos regressar a esta notícia do "Diário XXI", de 21 de Março último (e que na altura me levou a escrever este texto).

Vamos
recordar, em particular, esta parte da notícia:

"Leopoldo Santos, administrador da empresa municipal Águas da Covilhã (ADC), responsável pela conservação dos espaços verdes públicos no município serrano, esclarece ao Diário XXI que “todas as podas são da responsabilidade de técnicos especializados”. A ADC realiza concursos específicos, sendo que, “habitualmente, são as podas levadas a cabo por uma empresa especializada na manutenção de espaços verdes do Porto, a «Planeta das Árvores»", refere".

Esta parte da notícia deixou-me na altura um pouco perplexo, porque daquilo que conhecia desta empresa, parecia-me altamente improvável, para não dizer impossível, que tivessem sido eles a executar o tipo de podas que aqui denuncio.
E isto, simplesmente, porque esta é uma das poucas empresas existentes no nosso país, que pratica uma poda cirúrgica respeitadora dos procedimentos técnicos e científicos exigidos neste tipo de intervenção.

Não quis ser eu a tomar a iniciativa de contactar a empresa, mas desejei que esta tivesse conhecimento da referida notícia, para que se pudesse esclarecer convenientemente toda esta situação.
Felizmente, estamos na era da internet que facilita os contactos e a comunicação entre as pessoas, o que fez com que o meu desejo fosse satisfeito.


Deste modo, tive o prazer de conhecer hoje o Sr. Serafim Riem, administrador da Planeta das Árvores, que me afirmou ser esta empresa totalmente alheia às referidas podas; aliás, a Planeta das Árvores perdeu, para uma empresa da Covilhã, o concurso público para o tratamento de várias centenas de árvores na cidade (sobre a qualidade no tratamento das árvores da empresa vencedora do concurso, esta está bem expressa nas fotografias que acompanham os vários textos que, sobre esta temática, aqui tenho publicado).

Este administrador da Planeta das Árvores, teve ainda o cuidado de me fazer o historial da sua relação com a Câmara Municipal da Covilhã e a Águas da Covilhã, EM (antigos SMAS), nomeadamente sobre as intervenções que esta empresa tem realizado no concelho.

Daqui deriva a seguinte questão:

"O que é mais grave, a forma como as árvores são tratadas no concelho da Covilhã ou a atribuição das suas responsabilidades a empresas que em nada estão relacionadas com estas podas?"

Eu sou português, sei bem o país em que estamos e que não vai haver nenhuma correcção pública das afirmações feitas, nenhum pedido de desculpas, nenhum assumir de responsabilidades...isto é Portugal, não tenhamos ilusões!

Mas ao menos, as gentes da Covilhã, ficam com mais uma prova daquilo de que são capazes aqueles que deveriam zelar pelo bem público; isto dito por quem também é, e com muito orgulho, funcionário público.

P. S.- Ao jornal "Diário XXI" não ficaria mal retomar este assunto e confrontar o Sr. Leopoldo Santos com esta situação.

Viagens III

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.)

Gosto muita desta azinheira (outra das minhas companheiras de viagem...), à qual coloquei o nome de "azinheira que chora".

Situa-se alguns quilómetros a norte de Portel (sentido Sul-Norte), do lado esquerdo da estrada, e é uma das minhas azinheiras preferidas de todo o percurso.

quinta-feira, março 29, 2007

Sozinho (Viagens II)

Sobreiro (Quercus suber L.) - IP2 antes da saída para S. Manços (sentido Sul-Norte)


Regresso à cumplicidade que se cria com a paisagem (de que falei aqui), para vos confessar o amor por esta árvore... Não é a maior, a mais velha ou mesmo a mais bonita, das que observo nos quase 500 km de viagem entre a Covilhã e o Algarve.

É, simplesmente, a minha árvore!

quarta-feira, março 28, 2007

Um "senhor" sobreiro

Sobreiro (Quercus suber L.)


Em relação a este belo sobreiro (Quercus suber L.), situada à beira da estrada N124, entre Silves e S. Bartolomeu de Messines, tenho que conceder o mérito da sua "descoberta" ao meu colega Manuel Ramos.


As medidas obtidas para este exemplar foram as seguintes:

- Perímetro à altura do peito (P.A.P.) = 3,5 m

- Altura = 17,5 m

- Diâmetro da copa = 20,4 m

Volto a relembrar que os valores obtidos para o "diâmetro da copa" se baseiam em estimativas.




É um exemplar com dimensões impressionantes e que aparenta bastante vigor vegetativo, embora o facto de estar rodeado de outros sobreiros, não permita aferir de toda a sua grandiosidade.

A descobrir...

segunda-feira, março 26, 2007

Azinheira monumental em Benafim

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.)

Esta azinheira monumental, situada à beira da N124 na localidade de Benafim (concelho de Loulé), é um amor já com três anos.


No entanto, apenas ontem tive a oportunidade para, juntamente com o meu colega caçador de árvores, Miguel Rodrigues, a fotografar e medir.


Os dados que obtivemos foram impressionantes:

- Perímetro do tronco à altura do peito (P.A.P.) = 2,9 m;

- Altura da árvore = 15,5 m;

- Diâmetro da copa = 20,7 m.


Nota: os valores de diâmetro da copa são sempre menos rigorosos do que os do P.A.P. e altura; o que fizemos foi seguir o procedimento que nos foi aconselhado por um engenheiro florestal da Direcção-Regional de Agricultura do Algarve.
Este método consiste em medir, deslocando-nos do tronco para a periferia, aquele que nos parece ser o maior e o menor valor do raio da copa e depois obter a média. Com esse valor calcula-se um diâmetro e um perímetro da copa (partindo do princípio que esta é aproximadamente circular).



P.s. - Para que se tenha um termo de comparação, as últimas medições conhecidas para a azinheira classificada de S. Brás de Alportel, são os seguintes:


- Perímetro do tronco à altura do peito (P.A.P.) = 4 m;

- Altura da árvore = 15 m;

- Diâmetro da copa = 25 m.

domingo, março 25, 2007

O sobreiro da Garcia Domingues

Tal como muitas pessoas, não tendo nada à priori contra os dias mundiais, duvido um pouco dos efeitos práticos dos mesmos. Em particular, desconfio de quase tudo o que tenha a ver com a comemoração do Dia da Árvore no nosso país.

As razões para tal desconfiança (e sobre as quais já tinha falado aqui) prendem-se sobretudo com o facto de que muitas das entidades públicas que promovem a plantação de árvores neste dia, serem as mesmas que depois ordenam e praticam a sua mutilação através da prática de podas que as condenam a uma morte lenta.
Estas acções são incompreensíveis e contraditórias, sobretudo quando praticadas em árvores situadas em recintos escolares, pela mensagem que transmitem aos mais novos - uma mensagem de deseducação ambiental.

Acresce que, dadas as características do nosso clima, esta altura do ano já é demasiado tardia para plantar árvores (o que resulta no facto de muitas árvores plantadas nesta ocasião não sobreviverem ao seu primeiro Verão).

O "dramático momento" da transplantação da árvore do vaso para o terreno


Apesar destas considerações, decidimos arriscar envolver os mais novos na comemoração do Dia da Árvore; optámos por plantar um sobreiro (Quercus suber L.), por dois motivos:

- em primeiro lugar é uma espécie autóctone e uma das mais representativas das florestas características do Algarve (antes do advento da campanha do trigo, dos incêndios florestais, da eucaliptização, do crescimento desmesurado do betão, etc.);

- em segundo lugar, a própria história recente da cidade de Silves está intimamente ligada à transformação da cortiça (o meu colega Manuel Ramos não me perdoaria se não vos aconselhasse uma visita ao Museu da Cortiça).


A professora Esmeralda dando as últimas indicações

Por outro lado, quisemos com este acto simbólico dar início a uma acção mais vasta de promoção da importância desta espécie junto dos mais novos.

A partir do próximo ano lectivo, pretendemos avançar com um projecto de recolha de rolhas para reciclar (à semelhança do projecto da Escola Engenheiro Duarte Pacheco, de Loulé).



Os últimos retoques

De futuro, pretendemos manter estas crianças empenhadas na preservação desta árvore (tivemos o cuidado prévio de lhes explicar que a mesma já deveria ter sido plantada no início do Outono e que, por isso, poderia não sobreviver; aliás, mesmo plantada numa altura mais apropriada, existe sempre um risco de a árvore morrer e convém sempre prevenir as crianças para este facto, prevenindo uma certa desilusão depois de tanto esforço...).

No entanto, com tanta gente empenhada na sua defesa, temos a esperança que a mesma sobreviva e possa vir a dar sombra a futuros alunos desta escola.


A foto de família

Cemitério de árvores (pesadelo de um Domingo à tarde)



O local é a Queda do Vigário, freguesia de Alte (concelho de Loulé). Um local idílico para uma tarde de Verão, um pequeno paraíso...



O problema é que, como diz o poeta, o Homem sonha...e, por vezes, alguns desses sonhos tornam-se pesadelos...


As sombras incomodam e o Homem é por natureza alguém que adora "requalificar"...o resultado é o que se segue.

Sem
comentários, é uma paisagem portuguesa com certeza!

Por exemplo, se gostou da primeira imagem, que mostrava a queda de água, diga lá que a mesma imagem enquadrada com este belo suporte para toalhas de banho não favorece a paisagem?












Silves, (2007-03-23)

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.)

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim (...)
Alberto Caeiro

sábado, março 24, 2007

De outros blogues

Do Quinta do Sargaçal a notícia do 3º Curso de Formação sobre Identificação e Controlo de Espécies Vegetais Invasoras, a decorrer de 7 a 11 de Maio próximo.
Para mais informações, consultar a página do Projecto Invader (Plantas Invasoras em Portugal).

Do Ondas 3 a notícia do concurso FENAFLORESTA "Cont'Árvore", o qual visa recolher contos inéditos sobre as árvores, as florestas e a relação com o ser humano.

Porque sou teimoso

O texto que se segue é da autoria de C. Coutinho, técnico agrícola, e foi retirado do blogue Dias sem Árvores. Penso que, pela sua simplicidade e clareza, pode ajudar a perceber um pouco melhor toda esta problemática das "podas camarárias".



"Algumas notas sobre as árvores ornamentais em meio urbano"


As árvores ornamentais dos jardins, parques e ruas dos aglomerados urbanos são fonte de saúde e beleza. Proporcionam sombra, odores balsâmicos (como as Tílias, por exemplo, quando floridas), repouso para o espírito. Desempenham ainda importantes funções orgânicas, mais ou menos conhecidas de todos, como a produção de oxigénio.

As árvores ornamentais em meio urbano têm ainda grande importância na retenção de poeiras e partículas de poluição, na absorção de ruídos, na retenção de água no solo, na redução do impacto da chuva sobre o solo, ou como abrigos para aves insectívoras e outros pequenos animais, aves e mamíferos.
As árvores de folha caduca desempenham também o papel de reguladores térmicos - cobertas de folhas durante o Verão, filtram os raios solares e amenizam o ambiente; durante o Inverno, deixam passar a luz e o calor do Sol através dos seus ramos despidos, retendo calor no solo e nos edifícios circundantes durante mais tempo.

As árvores, quando plantadas as espécies adequadas, nos locais adequados e bem cuidadas, acabam por contribuir para dar aos parques, jardins, e até pequenos recantos em que se encontram, boa parte da personalidade e do ambiente peculiar desses locais.

Em inúmeras localidades do nosso país, as árvores ornamentais são submetidas pelos serviços camarários, a "podas" sistemáticas e violentas, que as desfiguram e enfraquecem. Deve ressalvar-se, antes de mais, que estas práticas nada têm a ver com poda. A poda, tanto das árvores e arbustos de fruto, como das ornamentais, é uma arte e uma técnica sujeita a princípios sustentados em bases científicas.
Esta mal chamada "poda" visa, pretensamente, dar um ar de "limpeza" e um aspecto "cuidado" às árvores alvo destes maus tratos.

A "poda camarária" - uma espécie de "vandalização institucional" dos arvoredos do domínio público - é feita normalmente com serrotes de grandes dimensões, quando não à moto-serra, apropriados para decepar os ramos mais grossos das árvores. Nenhum argumento técnico, muito menos estético, pode justificar este massacre anual dos arvoredos públicos.
A "poda camarária" é apenas um mau hábito, rotineiro e como todos os hábitos deste tipo, não tem nenhuma explicação.

Estas chamadas "podas" arruínam as árvores. O corte da maior parte da copa, como é habitual fazer-se, priva a árvore das suas reservas nutritivas, acumuladas no Verão anterior, e que lhe permitiriam iniciar novo período vegetativo na Primavera seguinte. As árvores "podadas" rebentam mais tarde que as não “podadas”, com muita dificuldade e produzindo ramos enfezados e deformados.

Outro
efeito pernicioso desta "poda" é a morte de parte das raízes que levam a água e os nutrientes minerais para os ramos decepados e deles recebiam, por sua vez, açúcares elaborados pelas folhas. Em consequência, reduz-se a base de sustentação da árvore, que pode cair mais facilmente, sobretudo durante os temporais.
Pelos cortes extensos abertos por esta lamentável prática, entram inúmeros fungos causadores de doenças da madeira, que acabam por enfraquecer e até matar as árvores.

As câmaras municipais, e outras entidades, plantam mal e de modo inadequado, poucas árvores e pouco diversificadas: tílias, plátanos, choupos e ficam-se quase por aí. Como são árvores de grande porte, não são ajustadas a todos os locais; ou seja, quando as plantam em sítios onde elas, ao crescerem, vêm a não caber, passam depois a vida a cortá-las, a fazer a tal "poda", na tentativa vã de remediarem o erro original de plantação.

No entanto, mesmo as árvores plantadas em locais amplos e abertos, onde se poderiam desenvolver à vontade, são objecto do mesmo mau trato.Por outro lado, deita-se abaixo com a maior das facilidades, esquecendo que o que se corta em poucos minutos, levou dezenas de anos, quando não séculos, a criar.
No fundo, as autarquias gastam dinheiro a plantar árvores para depois as irem matando lentamente, pela prática de uma "poda" isenta de quaisquer regras técnicas e objectivos racionais.

Em face deste panorama, que sentido podem ter as declarações de boas intenções quanto à educação ambiental, o "Dia da Árvore", os belos folhetos sobre o ambiente e todo o discurso "ambientalista" que está na moda (porque dá votos?).

Apesar do que acima fica dito, são de ressalvar e saudar as excepções do costume, entre as quais podemos incluir, dum modo geral, a Câmara do Porto. Esta tem vindo, desde há uns 10 ou 15 anos, pelo menos, uma atitude mais racional e deixou de praticar estas tais "podas". Se estas chamadas "podas" são lamentáveis e condenáveis quando feitas pelas autarquias, muito mais o são quando feitas nos espaços de recreio dos estabelecimentos de ensino. Estas situações são vulgares - demasiado - e extremamente perniciosas por aí, aos danos infligidos ao arvoredo, acrescer o impacto deseducativo que têm junto das crianças e jovens que frequentam a escola.

Como, no entanto, não deixo de ter uma inabalável confiança na capacidade humana para reflectir e para corrigir os erros, gostaria de acrescentar à crítica a sugestão de algumas medidas que poderiam ser tomadas para melhorar esta situação:

- Plantar espécies de pequeno, médio ou grande porte, adequadas a cada situação e cada local;

- Diversificar as espécies dos nossos jardins e ruas, utilizando árvores e arbustos, sobretudo da nossa flora nacional e local, melhor adaptadas ao meio;

- Plantar "árvores de fruto", como nogueiras, castanheiros ou até variedades regionais de laranjeira, por exemplo;

- Acabar de vez com a chamada "poda"; o tempo e o trabalho das pessoas empregues nestas práticas pode ser utilizado com maior proveito na plantação de novas árvores e no tratamento adequado das que já existem;

- Respeitar a forma natural das árvores, dada pela Natureza em milhões de anos de evolução e selecção naturais. Para isto, é necessário plantar árvores sãs e sem cortes na sua copa original, (sobretudo sem o habitual atarraque do eixo da árvore, que os nossos "jardineiros" tanto gostam de fazer) e deixá-las crescer, cuidando apenas de as alimentar e amparar, sobretudo enquanto jovens.
Qualquer intervenção de corte, deverá ser feita de preferência no Verão, período em que a árvore está em plena actividade, as feridas abertas pelos instrumentos de corte cicatrizam com relativa facilidade e são menores os riscos de infecção das feridas por fungos. No entanto, estas operações devem limitar-se à retirada de ramos secos ou tocos de ramos quebrados por qualquer acidente, pernadas que eventualmente possam tocar em fios eléctricos ou noutras situações a definir criteriosamente;

- Promover a educação ambiental e o respeito pela árvore, ser vivo complexo e admirável, que não temos nenhum direito de destruir. Lembro, por exemplo, que um dos objectivos traçados pelo Ministério da Educação para o ensino básico é a educação ambiental. Como poderemos promover a educação ambiental, tendo em conta o apoio que a comunidade deve dar à Escola, se continuamos a dar este tratamento às poucas árvores que existem nas nossas vilas e cidades e este mau exemplo? Por outro lado, é preciso sensibilizar também os mais velhos, sabendo-se que muita gente, por ignorância, embirra com as árvores, e chegam a fazer pedidos ridículos às autarquias, no sentido de as “podar“, deitar abaixo, "porque as folhas, flores e frutos que caem sujam", etc.

Apelo aqui também à constituição e reforço de movimentos de opinião, mesmo informais, que possam intervir activamente na educação para o respeito pela árvore e pela natureza no seu conjunto.
Aos interessados pelo tema, sugiro, por fim, a leitura de dois livros excelentes, ambos actualmente disponíveis nas livrarias:

- A Árvore em Portugal de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro-Telles, Editora Assírio & Alvim, 1999 (um livro excelente e muito esclarecedor, cuja primeira edição data de há 40 anos).

- A Poda das Árvores Ornamentais, FAPAS - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens , Porto.

C. Coutinho (Técnico Agrícola)

quarta-feira, março 21, 2007

Esclarecimento público

O jornal "Diário XXI", traz na sua edição de hoje, uma notícia na qual aparece o meu nome e o blogue pelo qual sou responsável; abaixo copio a parte da notícia em que apareço referenciado, seguido de um esclarecimento à mesma, da minha autoria.


"Leopoldo Santos, administrador da empresa municipal Águas da Covilhã (ADC), responsável pela conservação dos espaços verdes públicos no município serrano, esclarece ao Diário XXI que “todas as podas são da responsabilidade de técnicos especializados”.
A ADC realiza concursos específicos, sendo que, “habitualmente, são as podas levadas a cabo por uma empresa especializada na manutenção de espaços verdes do Porto, a «Planeta das Árvores»”, refere. Leopoldo Santos reitera que a ADC “não decepa árvores”.
De acordo com o administrador, “não existe qualquer reclamação na ADC respeitante a podas”, recordando que as intervenções na cidade não têm “qualquer problema”.
Outros casos semelhantes costumam aparecer denunciados na Internet, nomeadamente em blogues como “A Sombra Verde” (sombra-verde.blogspot.com). O Diário XXI tentou ouvir o autor do blogue, Pedro Santos, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição."

1º) Eu não estou em guerra com a Câmara Municipal da Covilhã, com qualquer das suas juntas de freguesia ou com a empresa municipal "Águas da Covilhã"; estou em permanente luta contra todos os que, por esse país fora, exercem podas que irremediavelmente desfiguram e destroem o património arbóreo público.
Se dou mais atenção às questões que se passam na Covilhã, é apenas porque é a minha cidade e o que se passa na nossa casa tem outro valor e importância.

Mantenho todas as vírgulas do que tenho escrito sobre as podas que são feitas na Covilhã, sejam elas executadas por entidades públicas ou empresas privadas.
A este propósito, gostava que fossem tornadas públicas quais as árvores que foram tratadas pela empresa "Planeta das Árvores" e o que esta empresa tem a dizer sobre essas pretensas acções de conservação.

Sobre a qualidade das podas que são executadas, deixo apenas os exemplos (ver fotografias 1 e 2) das intervenções em árvores situadas no Parque Industrial do Canhoso (fotografia 1) e na estrada municipal Covilhã-Tortosendo (fotografia 2).

Sobre os efeitos que estas podas têm, a curto e médio prazo, na saúde das árvores (e logo na segurança de pessoas e bens) deixo as fotografias (3 e 4), que mostram o ar decrépito e os troncos apodrecidos de árvores que sofreram este tipo de tratamento (exemplos como estes não faltam na cidade e basta fazer uma breve pesquisa neste blogue).


Fotografia 1


Fotografia 2



Fotografia 3



Fotografia 4


2º) O que aqui tenho escrito sobre este tipo de podas não é apenas a opinião do Pedro Santos (professor de Ciências, com muito orgulho), é a opinião de vários técnicos especialistas na matéria, com anos dedicados ao estudo destas questões, a menos que se considere que pessoas como o arquitecto Gonçalo Ribeiro-Telles ou o Professor Dr. Jorge Paiva, não têm competência científica para se pronunciar sobre a matéria (?!).


3º) Não considero que tudo esteja errado ao nível da gestão dos espaços verdes na Covilhã e já aqui elogiei, por exemplo, as intervenções feitas ao nível do programa Polis (Jardim do Lago, Jardim Público, Jardim da Ponte Mártir-in-Colo, etc.) e no uso de água não tratada para regar os jardins da cidade.

4º) O Diário XXI refere na notícia que me tentou contactar; ontem tinha apenas uma única chamada não atendida no meu telemóvel (às 15 h 07 min.), sem mensagem; não recebi também qualquer mensagem de correio electrónico.

Obrigado.

P.s. - Finalmente, pela mesma notícia do Diário XXI, ficámos a saber a autoria da poda dos plátanos da estrada Covilhã-Tortosendo: a Junta da Freguesia de São Martinho (ver fotografia 2 deste texto e ainda aqui).

O seu presidente, Víctor Tomás Ferreira, afirma ao jornal que "o trabalho está bem feito" e que é "sensível às questões do ambiente". Ainda bem senhor presidente, não quero sequer imaginar o que faria caso não fosse sensível ao ambiente.

Em relação às 21 árvores que afirma ir plantar hoje no Bairro Padre Américo digo-lhe, olhos nos olhos, que sé é para as sujeitar daqui a uns anos a um trabalho bem feito mais valia não as plantar; até porque, como o senhor afirma, as árvores crescem muito e incomodam as pessoas.

A não perder...

...o artigo "Um dia de muitas coisas...a Primavera é assim" no blogue Jardinando sem parar , onde se fala, entre outras coisas, da origem do Dia da Árvore.

Por cá, há dois pontos que eu gostaria de sublinhar:

- Em primeiro lugar, no que concerne à plantação de árvores, esta altura do ano já não é a mais adequada; na maioria do território nacional, a melhor altura para plantar árvores é no início do Outono, pois permite que a planta desenvolva durante a época chuvosa o seu sistema radicular (e, deste modo, fique apta a enfrentar a secura do Verão).

Deste modo, muitas das árvores plantadas no Dia da Árvore acabam por não sobreviver ao seu primeiro Verão.

Mas, "como em casa de ferreiro, espeto de pau", aqui na escola vamos plantar uns sobreiros na próxima sexta-feira; como serão plantados numa zona que é cuidada no Verão, consideramos que, apesar de tudo, têm boas probabilidades de sobreviver...No entanto, prometo que será a última vez que planto árvores nesta altura do ano!

- Em segundo lugar, muitas árvores são plantadas para alguns anos depois sofrerem as famigeradas podas camarárias, ou seja, muitos destes actos revestem-se de um carácter um tanto ou quanto hipócrita (se é para mutilar as árvores ao fim de alguns anos, não seria preferível nem sequer plantá-las?).

Fará algum sentido que as câmaras, as escolas e demais entidades, façam um esforço para sensibilizar as crianças para a importância da árvore e da floresta e depois, nessa mesma cidade, nessa mesma escola, se mutilem árvores com a prepotência de uma moto-serra?

Dou talvez um exemplo mais fácil de entender: faria algum sentido que, dentro da sala de aula, eu pregasse os malefícios do tabaco e depois, fora dessa mesma sala, os alunos me vissem a fumar?

O nosso dia



Obrigado Meu Deus por mais este espantoso

dia: pelos saltitantes e virentes espíritos das árvores

e um azul autêntico sonho celeste; e por tudo

o que é natural o que é infinito o que é sim



(eu que morri estou hoje vivo de novo, e este é o dia de anos do sol;

este é de anos o dia da vida e do amor e asas: e do alegre

grande evento ilimitavelmente terra)

poderia saboreando tocando ouvindo vendo

respirando qualquer - erguido do não

de todo o nada - ser simplesmente humano

duvidar inimaginável de Ti?


(agora os ouvidos dos meus ouvidos despertam e

agora os olhos dos meus olhos estão abertos)

e.e. cummings

segunda-feira, março 19, 2007

Apelo



Praticamente em vésperas do Dia da Árvore, lanço um apelo directo à Câmara Municipal de Silves, para que não permita a mutilação destes plátanos situados à beira do cemitério local.

Estas árvores, plantadas do lado oposto ao referido cemitério, situam-se defronte de um conjunto de prédios em construção, pelo que a tentação para os podar de forma radical será grande (como já aconteceu com o exemplar da fotografia abaixo).


domingo, março 18, 2007

Sem comentários



Se existisse qualquer coisa como um pódio para as podas mais ridículas, a destas oliveiras situadas em Silves, seria uma séria candidata ao primeiro lugar...

Ler,
a este propósito, o que a Manuela Ramos escreveu no Dias com Árvores.


sábado, março 17, 2007

A magnólia, o poema e o bom Professor

Magnólia (Magnolia grandiflora L.)

Ontem à noite, decidi fazer uma pausa na correcção dos testes e aceitar a sugestão do Dias com Árvores, ou seja, assistir ao programa da 2: (Câmara Clara) com o Professor Fernando Catarino (há professores assim, que merecem que se escreva a palavra com letra maiúscula).


O Professor Fernando Catarino, que foi director do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa durante vinte anos, tem o dom (tal como outro grande botânico, o Professor Jorge Paiva) de nos emocionar e de nos fazer apaixonar pelas plantas. O amor que estes dois grandes homens têm pelo mundo das plantas é tal, que somos levados a partilhar também um pedaço desse amor pelo verde...

No programa de ontem, o Professor Fernando Catarino revelou-se um amante das magnólias e de um poema em particular de Luiza Neto Jorge (A Magnólia)... o que me fez recordar o texto que aqui tinha publicado, no passado dia 31 de Dezembro, precisamente com um fragmento desse mesmo poema.

A foto que publiquei então, corresponde ao mesmo exemplar das duas fotografias que hoje publico e que são as que utilizei no texto que dediquei à magnífica magnólia (Magnolia grandiflora L.), existente no Convento de Nossa Senhora do Desterro, em Monchique.

Magnólia (Magnolia grandiflora L.)


E aqui fica o poema...



A Magnólia

A exaltação do mínimo,

e o magnífico relâmpago

do acontecimento mestre

restituem-me a forma

o meu resplendor.

Um diminuto berço me recolhe

onde a palavra se elide

na matéria - na metáfora -

necessária, e leve, a cada um

onde se ecoa e resvala.

A magnólia,

o som que se desenvolve nela

quando pronunciada,

é um exaltado aroma

perdido na tempestade,

um mínimo ente magnífico

desfolhando relâmpagos

sobre mim.

Luiza Neto Jorge


A despertar do sono invernal...

Olaia (Cercis siliquastrum L.) - [são ainda visíveis os frutos do ano anterior]

A olaia (Cercis siliquastrum L.) é uma árvore originária do Mediterrâneo Oriental, muito utilizada no nosso país como espécie ornamental.

Esta espécie é conhecida, nomeadamente nos países de língua inglesa, como a "árvore de Judas" (Judas tree). Este facto, supostamente deriva de uma lenda, segundo a qual Judas se teria enforcado numa árvore desta espécie. A lenda acrescenta ainda que as flores seriam brancas e que teriam posteriormente corado de vergonha, adquirindo a sua tradicional coloração rosa (na realidade, existe uma variedade que possui flores brancas).

A primeira fotografia foi tirada no passado Sábado na Covilhã e mostra uma olaia ainda em profundo sono invernal, enquanto as duas restantes mostram uma olaia já em plena floração, em Silves.



sexta-feira, março 16, 2007

Ambiente de trabalho



Se eu tivesse que escolher pela sua beleza, 3 ( e apenas 3) sítios em Portugal, as minhas opções seriam (isto depois de muito reflectir):

- a minha Serra da Estrela (sobretudo aqueles sítios mais recônditos, como a Lagoa dos Cântaros ou os Casais de Folgosinho);

- O vale do Douro a montante da Régua;

- e a Costa Vicentina.

Mas, nesta altura do ano, é impossível deixar de reconhecer que o Alentejo tem uma beleza insuperável, um verde que se entranha na memória.

Aproveitem o fim-de-semana para o conhecer...enquanto o turismo de massas o não corrompe e o transforma num destino igual a um qualquer outro lugar...





Palmeiras IV

Tamareira (Phoenix dactylifera L.) - Serpa

A tamareira (Phoenix dactylifera L.) é uma palmeira originária do Norte de África e Oeste da Ásia, muito plantada em Espanha (nomeadamente na zona de Alicante - o palmeiral de Elche foi classificado como Património da Humanidade em 2000).

Todas as partes da tamareira têm utilidade mas é sobretudo plantada e conhecida pelos seus frutos (as tâmaras) - o Iraque é o principal produtor e exportador, seguido da Arábia Saudita, Egipto e Argélia.

A tamareira possui grande importância histórica, económica e cultural, estando associada a rituais do Judaísmo, Cristianismo e do Islão.

Tamareira (Phoenix dactylifera L.)

quinta-feira, março 15, 2007

Pesadelo amarelo

Covilhã - zona invadida por mimosas (vale da Ribeira da Goldra).

Covilhã - zona invadida por mimosas (vale da Ribeira da Carpinteira)

Vão-me desculpar, mas eu já nem lhes consigo ver a beleza, mas apenas o enorme problema que representam.

A mimosa (Acacia dealbata Link) ocupa uma área significativa na região da Covilhã, situação que estas duas fotografias são incapazes de transmitir (na encosta sobranceira a Orjais, no norte do concelho, a situação é absolutamente assustadora, por exemplo).

E o que é o cidadão comum pode fazer para ajudar a, pelo menos, não propagar o problema?

- Em primeiro lugar, obviamente, não plantar esta espécie no seu jardim; ainda que as pessoas possam evitar que estas se propaguem na sua propriedade, as sementes produzidas podem dar origem a zonas de infestação em terrenos circundantes;

- Sensibilizar a comunidade para que outras pessoas evitem plantar mimosas, o mesmo fazendo junto dos responsáveis das juntas de freguesia e câmaras municipais, para que não as plantem em jardins públicos;

- Arrancar (sempre pela raiz) pequenos exemplares (este exercício é excelente para aliviar o stresse, acreditem em mim!...);

- Denunciar locais onde encontrem à venda esta espécie e boicotar eventos como o recente "concurso fotográfico das mimosas".

Se todos os cidadãos cumprissem estas sugestões, estaríamos todos a dar um passo significativo para ajudar a evitar a propagação desta espécie nas paisagens portuguesas.

Infelizmente, a mimosa não é a única espécie invasora em Portugal pelo que, para ficarem a saber um pouco mais sobre este gravíssimo problema, sugiro uma consulta à página Plantas Invasoras em Portugal.


P.s. - Claro que a resolução do problema está nas mãos do Estado, o mesmo que no passado foi responsável pela introdução da espécie no nosso país.

quarta-feira, março 14, 2007

Pela positiva

Oliveiras - Mourão

Através do blogue Jardinando sem parar fiquei a conhecer a TreePeople, uma organização sem fins lucrativos, sediada em Los Angeles e que, entre outras acções, visa dar apoio técnico às comunidades locais no que respeita à plantação de árvores no espaço urbano.

Entre outras iniciativas, esta organização está a trabalhar com o mayor de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, no projecto "Million Trees LA" (esta iniciativa, que junta o município de LA a várias instituições, empresas e voluntários a título individual, visa deixar, através da plantação de árvores, um legado verde para as gerações futuras, criando uma cidade mais sustentável).

Teríamos tanto a aprender em Portugal com este tipo de iniciativas...

Pelo blogue O Cântaro Zangado, tomei conhecimento do 1º Prémio do Índice ECO XXI atribuído ao município de Manteigas. Este Índice avalia vários parâmetros relativos à sustentabilidade ambiental.


Por último, pelo blogue Máfia da Cova, fiquei a saber da inauguração em Seia, no próximo dia 21 de Março, das novas instalações do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE). Este projecto foi criado como uma estrutura da autarquia orientada para o desenvolvimento de actividades de educação ambiental e de valorização do património da Serra da Estrela.

Existissem mais municípios, nomeadamente da Serra da Estrela, com o mesmo tipo de preocupações...

terça-feira, março 13, 2007

Sempre na vanguarda

Ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera Ehrh.)

Sempre na vanguarda da poda, a Câmara Municipal da Covilhã inventou este ano a poda estilo unicórnio (espero sinceramente que tenham tido o cuidado de registar a patente).

Porém, a ânsia de inovar é contínua e este ano decidiram estender os seus esmerados cuidados às ameixoeiras-de-jardim (Prunus cerasifera Ehrh.). Eu até compreendo, já vão faltando plátanos, tílias ou choupos para decepar.

Mas, como se esta prática não fosse já, por si só, gravosa, foi feita com as ameixoeiras já em plena época de floração! A qualidade do trabalho salta à vista de todos e foi feita segundo a apurada técnica de cortar (ou arrancar) uns ramos de forma aleatória ( o que, parecendo fácil, é uma técnica que exige elevado nível de ciência)....

Ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera Ehrh.)

segunda-feira, março 12, 2007

Amigos da onça



Caro leitor, repare bem na imagem acima. O que é que esta lhe sugere? Repare bem nas mãos que cuidadosamente suportam uma árvore.


Obviamente, que a ADC (Águas da Covilhã, Empresa Municipal), responsável pela conservação dos espaços verdes públicos no concelho da Covilhã, só poderá ser composta por gente que ama as árvores!


Agora, reparem bem nestes eloquentes exemplos de "amor" pelas árvores (imagens a juntar às muitas que tenho publicado nas últimas semanas; e reparem que, infelizmente, tem sido fácil não me repetir, pois a cada vez que me desloco à Covilhã encontro novas e desagradáveis surpresas).







Elucidados? (Sobre os efeitos que estas podas têm sobre as árvores, sugiro a consulta às imagens que publiquei aqui, aqui e aqui).

Será necessário dizer que estes senhores, pagos pelos impostos de todos nós, têm a obrigação de preservar e não destruir o património arbóreo do concelho?

Se são incapazes, por nítida falta de competência técnica, de cuidar das árvores do concelho, não seria preferível que delegassem essas competências em empresas credenciadas para tal?

[Voltarei a este assunto].

domingo, março 11, 2007

Ainda a florir na Covilhã

Ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera Ehrh.)

Magnólia (Magnolia sp.)

Magnólia (Magnolia x soulangiana Sould. –Bod.)