sábado, agosto 30, 2008

Monumental castanheiro em Moimenta da Beira


Castanheiro (Castanea sativa Mill.) - Beira Valente (Moimenta da Beira), fotografia de Rafael Carvalho


Um magnífico castanheiro (Castanea sativa Mill.), situado no concelho de Moimenta da Beira, para ser descoberto no blogue Arquitectura D'ouro.

O autor deste blogue, Rafael Carvalho, num acto de cidadania merecedor de todos os elogios, decidiu informar por e-mail a Direcção-Geral dos Recursos Florestais acerca da localização deste castanheiro. Resultado? O mesmo silêncio!



P.S. - O leitor Maurício Valle, de Curitiba, enviou-me uma notícia bem interessante sobre as árvores dessa cidade brasileira: Curitiba terá mais árvores livres de corte. Este artigo deveria ser de leitura obrigatória para todos os autarcas portugueses (e não só).

sexta-feira, agosto 29, 2008

quinta-feira, agosto 28, 2008

Discussão pública do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela

Torre (Serra da Estrela) - Vista para nascente numa manhã de Agosto

Encontra-se em fase de discussão pública, desde o passado dia 25 de Agosto e até ao próximo dia 3 de Outubro, o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela.

Segundo a imprensa regional, a Câmara da Covilhã "não quis estar (presente) nas reuniões de concertação" com os técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Dito por outras palavras, o poder político eleito democraticamente pelos eleitores do concelho da Covilhã, não quis estar presente no local próprio para colocar todas as dúvidas ou fazer todas as críticas/sugestões a que teria direito.
É mais fácil fazer chegar essas críticas, de forma indirecta, à imprensa regional ou fazer discursos Domingo de manhã para um eleitorado conquistado a priori.

P.S. - A propósito do que esta proposta de plano de ordenamento sugere para as Penhas da Saúde, sugiro a leitura deste texto do José Amoreira.

O Courel

Serra do Courel - Lugo, Galiza

Courel dos tesos cumes que ollan de lonxe! Eiquí síntese ben o pouco que é un home", Uxío Novoneyra


A Serra do Courel (ou Caurel) situa-se no Sudeste da província de Lugo, na Galiza, e inclui alguns dos bosques com maior biodiversidade do território espanhol, como é o caso do bosque da Rogueira.

O Courel é um Sítio de Importância Comunitária e que integra a lista de sítios propostos para a Rede Natura 2000, em Espanha.

Serra do Courel (Castanheiros no bosque da Rogueira) - Lugo, Galiza

Para além dos valores naturais que encerra, o Courel é ainda rico em aspectos culturais, históricos e etnográficos.

Depois de o visitar, compreendem-se bem as palavras do poeta Uxío Novoneyra: "(...) Aqui se sente bem o pouco que é um Homem..."

terça-feira, agosto 26, 2008

Arboricídios e educação


- O Governo autorizou a sociedade gestora do Parque Alqueva, empreendimento turístico em Reguengos de Monsaraz, no entorno da albufeira do Alqueva, a abater 6.484 azinheiras. Supostamente, os promotores deste empreendimento irão plantar mais de 27 mil novas azinheiras.
Não me considero um fundamentalista. Concordo com um aproveitamento turístico de baixo impacto nas margens do Alqueva, desde que não se vendam "empreendimentos imobiliários" destinados a 1ª ou 2ª habitação do "jet-set" nacional e internacional, como sendo investimentos turísticos. Será este o caso?
Proponho aos promotores deste empreendimento que, antes de se preocuparem com a refinaria proposta para Badajoz, forneçam dados mais concretos sobre o tratamentos dos resíduos e efluentes deste mega-empreendimento, sobre a eficiência energética do mesmo e que, antes de arrancarem os mais de 6 milhares de azinheiras propostos, plantem cada uma das novas 27 mil árvores prometidas.

-
Uma dirigente da associação ambientalista Quercus revelou esta segunda-feira que centenas de árvores e arbustos foram destruídos para colocar uma conduta de esgotos, no concelho de Cantanhede, numa zona do domínio hídrico protegida por lei.

- Notícia via Ondas 3: Aterros e escavações destroem vegetação ribeirinha em Vila Nova de Anços.

- A associação ambientalista Quercus estranha que a portaria que estabelece financiamentos para reconversão florestal "esqueça" espécies tradicionais como o carvalho, azinheira e sobreiro e acredita tratar-se de um "lapso" do Ministério da Agricultura.

- Reflorestação de Porto Santo deve continuar "com recurso a espécies já testadas". Já testadas?! Testadas no sentido de terem potencial invasor?! Que mal haverá em recorrer exclusivamente à flora nativa de Porto Santo?

- Do Sargaçal: árvores eliminam produtos resultantes da poluição.

- Em Setúbal, acredita-se piamente que um novo estádio de futebol, bem como a urbanização para 30 000 pessoas que o tornará possível e que implica a destruição de mais de um milhar de sobreiros, será uma mais-valia para a cidade. Suponho que para tal suposição, se baseiem no enorme "sucesso" e "progresso" associados à construção de novos estádios de futebol, em cidades como Aveiro, Coimbra, Leiria ou Faro, por exemplo.

- Em relação às intenções da Câmara Municipal da Covilhã de transplantar um conjunto de sobreiros na freguesia do Tortosendo, escrevi a um conjunto de instituições apelando a que averiguassem se todos os procedimentos legais estarão a ser cumpridos.
Entre elas, escrevi um e-mail à Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Tal como no caso de um pedido de esclarecimento relativamente à proposta de classificação de algumas árvores, recebi como resposta um "silêncio absoluto". (O mesmo silêncio obtive por parte do Público e da Quercus).
A um e-mail, tal como a uma carta, deve-se sempre responder. Já que mais não seja, por uma questão de educação!

segunda-feira, agosto 25, 2008

Tal e qual como em Portugal (II)

Plátanos (Platanus sp.) de Berkeley Square (Londres) - Imagem cedida por Paulo Araújo


No seguimento do texto que ontem publiquei sobre a problemática relação dos portugueses com as árvores, em especial das que se situam no espaço urbano, convirá sublinhar o que ocorre noutras latitudes.
Ressalvando sempre que este problema da falta de arborização das ruas ou das podas radicais está longe de ser um problema exclusivo do nosso país, como ainda recentemente pude constatar novamente em Espanha.

Em Abril passado, com base numa notícia do jornal espanhol El Mundo, escrevi um texto precisamente chamado "Tal e qual como em Portugal...".
Nesse texto, aludia à classificação de um plátano situado em Londres, mais concretamente em Berkeley Square, como a árvore mais valiosa de toda a Grã-Bretanha, de acordo com um conjunto de critérios definidos pela London Tree Officer's Association.


O Paulo Araújo, de passagem por Londres, aproveitou para visitar a Berkeley Square, no bairro de Mayfair. A fotografia, de sua autoria, mostra alguns exemplares do conjunto de 31 plátanos plantados em 1789.

O Paulo esclarece ainda que, dado as árvores terem dimensões semelhantes e não existir nenhuma placa identificativa, se torna praticamente impossível identificar o plátano vencedor do referido galardão. Apesar de tudo, confessou um pressentimento relativamente ao exemplar visível no centro da fotografia.

Talvez um dia por cá, as árvores comecem igualmente a ser valorizadas e a sua plantação e manutenção seja feita exclusivamente por técnicos credenciados. Talvez um dia, as árvores não sejam vistas como um inimigo na cidade, mas como um factor que facilita a vivência da própria cidade e que valoriza os imóveis situados em seu redor.

Sonho com o dia em que seja possível andar a meio de uma tarde de Verão, numa qualquer vila ou cidade portuguesa, sem que tal se assemelhe a ter que cruzar o deserto do Saara. Sonho com a sombra de árvores grandes...

P.S. - Ainda sobre o citado plátano de Londres, o Paulo forneceu-me as ligações para duas notícias na imprensa britânica. Podem ler esses artigos aqui e aqui.

domingo, agosto 24, 2008

O culto arboricida

Braga, Inverno de 2008 (na realidade, este tipo de imagem poderia ter sido recolhido em qualquer vila ou cidade portuguesa)


A Júlia chamou-me a atenção para as palavras de João Dubraz, escritor do século XIX, natural de Campo Maior. São palavras com 141 anos, mas ainda bem actuais.


De título bem sugestivo: “Tipos Contemporâneos – O Arboricida

O arboricida nasce como nasce o poeta e o estafador de rimas, o orador e o falador secante, o guerreiro e o poltrão, o homem de Estado e o caturra político, o progressista e o rotineiro, o activo e o indolente, o talentoso e o parvo.
Ainda nas fraldas infantis, nos braços da mãe ou da ama-de-leite, já os instintos destruidores do arboricida se revelam contra toda a planta que se assemelhe a árvore. (…) Decorrido o tempo, o menino tornou-se réu de diversos crimes desta espécie durante as férias das suas tarefas escolares. Por vezes arrepelou as plantas dos canteiros do quintal paterno, atribuindo o estrago ao sujo esgravatar dos gatos. Noutras vezes, encaminhou a mão do irmãozinho para que este faça diante de tidos o que ele próprio receia fazer. Mas, o que sobretudo o atrai é a pequena árvore pública por que roça ao ir para a escola, pois que a vê frágil, apoiada por uma cana, tão maneira, tão sedutora! Daria o mais predilecto dos seus brinquedos para medir a sua força com a resistência que a estaca oferece. Porém, o medo impede-o de tentar. Dizem-lhe na escola que irá para a cadeia onde dão açoites aos meninos que ousem fazer aquilo que ele tanto deseja. E, todavia, o pequeno facínora, que já teme a penalidade e só perante ela recua, apenas orça pelos dez anos! …
Atormentado pela fatal arboricida mania, mas satisfazendo-a sempre que pode, passou o agora adulto arboricida, anos e anos. Inúmeros têm sido os seus malefícios, tantos e tais quantos os que lhe tornou fácil a sua impunidade. Fez-se cínico. Não oculta já, por vezes até exagera, a má paixão que o domina. Desenraíza, abate ou mutila por toda a parte, conforme o capricho do momento. Transformou a bengala em arma ofensiva que, na sua mão, se transformou em instrumento destruidor. Se passeia num jardim, não se pode suster sem decepar alguma vergôntea ou ramo inofensivo: degola sem piedade a flor que se alteia. E, com tão criminosa existência, atingiu os vinte anos sem rugas, sem cabelos brancos e sem remorsos! …
O hábito do crime endurece mais e mais este tiranete sui generis. A impunidade reduplicou-lhe a ousadia. Abalar pequenas árvores que orlam as praças e caminhos, quebrar-lhes as vergônteas, matá-las impiedosamente, são passatempos de insípida vulgaridade. Como os Átilas, os Napoleões e outros tiranos, sonha com campos juncados de mortos: as selvas devastadas e os campos espezinhados deliciam-lhe o pensamento, Quando viaja, se alguma vez, com gesto desdenhoso procura a árvore copada para sob ela conciliar o sono à sua sombra, que sonho pensais que o faz sorrir e arquejar suavemente? … O de imaginar que o seu viçoso dossel foi presa das chamas ou que os seus ramos são desfeitos contra as rochas pelo desbastador do mato, ou que, por acção do carvoeiro, viu transformar-se em carvão o que antes fora planta com vida. Para o arboricida, é terrível acordar vendo incólume a árvore habitante do belo vale. Então, o raivoso tirano evoca as tradições de Nero e diz, parodiando o que aquela fera sanguinolenta terá dito ao ver a cidade de Roma que ardia:
Se eu pudesse reunir num só tronco todos estes parasitas que a terra alimenta, pediria a Deus que me desse um braço bastante forte para os aniquilar de uma vez.
Inspiraram-me estas ideias que acabo de expor, um passeio pela estrada de Campo Maior a Elvas. Havia há pouco tempo, junto ao hortejo dos herdeiros de Vaz Touro, uma superfície de uns cinquenta centiares de terra, coberta toda de choupos, plantados pelo condutor Caldeira quando fez a estrada. Em terra tão pobre de arvoredo como é Campo Maior, a vista pousava deliciosamente naquele pequeno oásis. O que julga o leitor que fui encontrar? … Vi uma hecatombe lastimosa: vi quase todas as árvores abatidas … provavelmente para restituir o mesquinho terreno à cultura de aveia ou cevada! Os cadáveres lá estavam ainda, mutilados e em montão, quase escondidos a um canto do lugar do suplício. Considerei-os por alguns instantes com dor de alma. Via ali a obra de um tugue* de nova espécie. Quem é? Como se chama? Não sei. Que importa o nome do arboricida, se o seu malefício é já irreparável!

* No seu blogue, Francisco Galego esclarece que "tugue" tem origem na palavra inglesa thug, a qual designa os elementos de uma extinta associação religiosa indiana de estranguladores.


Passado quase século e meio, a relação dos portugueses com as árvores continua a ser problemática. Aliás, é mais do que apropriado afirmar que os arboricidas estão no poder!

As árvores são quase sempre um estorvo, tememos que nos ocultem a espiação de quem passa na rua ou da casa do vizinho e temos bem enraizado no nosso "ADN colectivo" essa fobia às árvores grandes, esse medo de que tombem sobre nós ou, pior ainda, sobre o mais precioso dos bens materiais de um português, o seu automóvel!

Mesmo quem afirma gostar de árvores, jura a pés juntos que as árvores precisam de ser podadas para ganharem "força".

Deste modo, o poder político limita-se a fazer a vontade aos que se sentem incomodados com a sombra.

Um mal que, igualmente no século XIX, o grande escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, também anotou ao passar por Lisboa. Para ler com atenção nos "Amigos do Botânico".


Passados quase 150 anos a situação em nada evoluiu. Com os exemplos que podemos observar diariamente nas nossas vilas e cidades e, bem mais grave, nas nossas escolas, estamos a perpetuar gerações e gerações de arboricidas.

Até quando? Não sei, mas sei que o exemplo tem que começar nas escolas.

sábado, agosto 23, 2008

O carvalho de Santa Cruz da Trapa


Carvalho (Quercus sp.) de Santa Cruz da Trapa (São Pedro do Sul) - Fotografia de Francisco Paiva

O Francisco Paiva teve a gentileza de partilhar comigo a "descoberta" deste belo carvalho, situado na freguesia de Santa Cruz da Trapa (concelho de São Pedro do Sul).

Muitas vezes me tenho questionado sobre o que permite que algumas árvores escapem ilesas às podas mutiladoras e alcancem o estatuto de monumentais (?)... Será por mero acaso ou pura sorte? Ou talvez por não "interferirem" com nada, nem mesmo com a mesquinhez de ninguém?

Prefiro pensar que resultam de "actos de amor". Em Portugal, como em muitos outros países, as árvores só têm direito a ser monumentais se forem protegidas pelo amor de uma pessoa ou de uma comunidade. Só que o amor, como se sabe, é dado a caprichos e, no decurso dos seus processos sinuosos, protege algumas e abandona outras... Felizmente para este carvalho, o amor de um (ou de muitos) decidiu protegê-la.

domingo, agosto 17, 2008

4º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima - Parte III


Le trou noir, source d'energie



Bathe in energy flow



The orange fuel grove



Virevent


Termina aqui a publicação de imagens relativas ao 4º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima.

P.S. - A "Sombra Verde" regressa com novos textos no próximo Sábado.

sábado, agosto 16, 2008

Mais árvores para a Serra da Estrela


Serra da Estrela no limite do horizonte (imagem obtida do Caramulinho, Serra do Caramulo)


- Arranca no final deste mês uma nova temporada da campanha "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela", uma iniciativa da Associação dos Amigos da Serra da Estrela.
Leiam no "Cântaro Zangado" como participar na primeira iniciativa da campanha 2008/2009, agendada para o próximo dia 30 de Agosto.

- E por falar em plantar árvores...Um homem plantou 600 árvores ao longo dos últimos 40 anos (Ribeirão Preto, Brasil).

- 3 000 árvores de Madrid monitorizadas de forma periódica como forma de assegurar o bom estado sanitário das mesmas.

- Um dos mais reputados arboricultores de Atlanta foi despedido pelas autoridades municipais. Estaria a tornar-se demasiado incómodo?

- Vegetação reduz necessidade de usar ar condicionado - Investigadores brasileiros sugerem ampliar o plantio de árvores para poupar energia.
Ainda relacionado com este assunto: a temperatura na cidade de São Paulo pode variar até 2,1ºC de uma região com pouca vegetação para outra que tenha mais árvores.

- Mais uma "requalificação" que sacrificou árvores (Leiria).

- Descobertos vestígios de árvores na Antárctida.

- Na Galiza, luta-se afincadamente contra uma perigosa invasora, o chorão-das-praias [Carpobrotus edulis (L.) N.E.Br.], igualmente presente em território nacional.

- Tree, fotografias de Myoung Ho Lee (via Territorius).

4º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima - Parte II


Energias reflectidas


J2 + L2 = 10


El ciclo de la vida

Mais informações na página da organização do evento.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Save Miguel



Save Miguel: a página oficial da campanha.
Save Miguel: o vídeo da campanha.


É fácil criticar a campanha. A escolha de Rob Schneider, actor com uma filmografia de gosto duvidoso, decerto que dividirá opiniões.
Outros poderão embirrar com os clichés que o vídeo desta campanha repete sobre o nosso país. Mas a verdade é que todos os países possuem os seus próprios clichés, mais ou menos verdadeiros, e não há nenhum anúncio publicitário que consiga fazer de Portugal aquilo que ele não é, ou seja, um país moderno.

Concentremo-nos então no essencial e no mais importante. A sobrevivência da indústria transformadora da cortiça é essencial, do ponto de vista económico e social, para o nosso país.
Por outro lado, ela é ainda fundamental para a manutenção dos montados de sobreiro, os quais são uma peça essencial para a conservação de parte significativa da biodiversidade da bacia do Mediterrâneo, para além de serem uma das últimas linhas de defesa contra o avanço da desertificação.

Neste momento trava-se uma batalha decisiva entre as rolhas de cortiça e os vedantes sintéticos. Uma batalha que não pode, de modo algum, ser perdida por tudo aquilo que está envolvido.

Esta causa necessita de publicidade à escala mundial. A indústria portuguesa decidiu tomar a iniciativa, jogando uma cartada num campo de batalha decisivo: a internet.
Pelo número de visitantes no YouTube e pela repercussão na imprensa internacional, a aposta parece poder vir a alcançar os objectivos a que se propôs.

Esperemos que sim, a bem dos montados de sobreiro. Como um dia escreveu Joaquim Vieira Natividade: "Nenhuma árvore dá mais exigindo tão pouco."

4º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima - Parte I


Le feu et 300 arbres



Et pourtant elle tourne!



Energia das laranjas


3,9.10^ 24 Joule

Mais informações na página da organização do evento.

quinta-feira, agosto 14, 2008

El Árbol del Tule

A vila de Monchique é pródiga não apenas em belas árvores, mas também em amigos, como o Luís Baiona.

O Luís anda à descoberta do mundo... E, nestas férias, partiu rumo ao México.

Pedi-lhe que se lembrasse da "sombra verde". No íntimo, tinha a esperança que o seu percurso incluísse a povoação de Santa María del Tule. Não foi preciso pedir-lhe...

E porquê, especificamente, Santa María del Tule? Porque esta localidade mexicana, situada no estado de Oaxaca, tem um significado muito especial para todos os que gostam de árvores. É lá que se situa uma das mais famosas árvores do mundo: el Árbol del Tule.

As fotografias, de autoria do Luís Baiona, ajudam a compreender o porquê da admiração profunda, que este exemplar causa em todos os que são sensíveis à beleza e à grandiosidade de uma árvore.



Este gigante verde pertence à espécie Taxodium mucronatum Ten., a qual é vulgarmente conhecida como "ciprés mejicano" (em castelhano) ou como "ahuehuete" (no idioma nativo local).

El Árbol del Tule impressiona qualquer que seja o parâmetro que se utilize para aferir da sua grandiosidade. No entanto, importa salientar a grossura do respectivo tronco de mais de 2 milénios de idade, que alcança um valor próximo dos 34 metros* (perímetro à altura do peito).

* Nota: o valor de 34 metros é referido no livro "Árvores Monumentais de Portugal" de Ernesto Goes e no sítio "Arboles Ornamentales". No entanto, medições mais recentes da responsabilidade do sítio "The Gymnosperm Database" apontam para um valor ligeiramente superior aos 36 metros. Este mesmo sítio refere ainda que estudos recentes do ADN da árvore confirmaram que se trata de um único indivíduo e não o resultado da fusão dos troncos de diversos exemplares, tal como sugerido durante bastante tempo.



A propósito deste maravilhoso monumento vivo, convém reter a história relatado na Introdução do "Árvores Monumentais de Portugal": "É curioso referir que um cientista, de nome Kuentz, tentou no século passado (Nota: século XIX) determinar a idade dessa árvore, tendo para isso concebido um grande trado, a fim de perfurar o seu tronco até ao centro, para obter um delgado cilindro de madeira com todos os anéis de crescimento.
Para isso solicitou das entidades competentes a autorização necessária para efectuar essa operação, o que foi considerado um grande sacrilégio, por se tratar de uma árvore sagrada. Por esse facto, para uma maior segurança desta árvore, passou a ser guardada por duas sentinelas."


Afortunados os que, como o meu amigo Luís, já sentiram a sua sombra...Eu dou-me por afortunado por ter amigos como ele.

terça-feira, agosto 12, 2008

Final de tarde com chuva

Alameda de plátanos - Ponte de Lima

A "Sombra Verde" regressa no final da semana, com imagens do Festival de Jardins e outros motivos de interesse à beira Lima.

E ainda, cortesia do amigo Baiona de férias no México, a descoberta de "El árbol del Tule". Esqueçam tudo o que viram...

sábado, agosto 09, 2008

O sobreiro de Nelas

Monumental sobreiro (Quercus suber L.) - Nelas

A localidade de Nelas é quase passagem obrigatória para quem, com destino na Estrela, se dirige para Coimbra.

Para quem, como eu, gosta de árvores e está sempre atento aos exemplares à beira estrada, é (quase) impossível não reparar no monumental sobreiro (Quercus suber L.) retratado na imagem acima. O mesmo situa-se na Rua Dr. Eurico Amaral, precisamente na saída de Nelas em direcção a Coimbra - Pode ser visualizado nesta imagem do Wikimapia.

É um sobreiro magnífico, que impressiona sobretudo pela dimensão da sua copa cerrada. Trata-se de um dos melhores exemplares desta espécie localizados em meio urbano, que conheço no nosso país*.

* Gosto também muito deste sobreiro no centro de Braga.

É uma árvore ornamental lindíssima, com um porte excepcional e ainda não corrompido pelas habituais podas desajustadas, tão comuns nas nossas urbes. Sem sombra de dúvida, que é um exemplar a necessitar de uma urgente classificação como árvore de interesse público.

Quem disse que as árvores autóctones não dão excelentes árvores de sombra para as nossas cidades? Se duvidam, da próxima vez que passarem por Nelas, experimentem a frescura que se sente sob a copa deste imenso chaparro.

sexta-feira, agosto 08, 2008

O princípio da felicidade (aos 35...)

Um dos poucos carvalhos, neste caso um alvarinho, com origem no meu infantário de árvores e que insiste, teimosamente, em (sobre)viver...


"Se quiseres ser feliz por um ano, planta um jardim. Se quiseres ser feliz o resto da vida, planta uma árvore." - Provérbio chinês


quinta-feira, agosto 07, 2008

A mais famosa

Oliveira (Olea europaea L.) - Aldeamento turístico de Pedras d'El Rei (Tavira)

Para quem ainda não a conhece da "Sombra Verde", fica feito o convite para a descobrirem no "Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo".

Há coisas fantásticas, não há?

Gosto de futebol.

Podia muito bem não gostar, mas gosto... Sou até sócio do Sporting Clube de Portugal, uma das muitas promessas que se fizeram em 18 anos de sofrimento, e sou sócio do Sporting Clube da Covilhã (embora neste caso específico, seja o meu pai quem paga as cotas e, logo, seja ele o verdadeiro sócio).

Mas não gosto quando oiço e leio sobre supostas ajudas do Estado ou da autarquia de Lisboa ao Sporting Clube de Portugal. Tal como não gostei de saber que a minha autarquia decidiu dar este ano, dos impostos de todos nós, 230 mil euros ao Sporting da Covilhã. O que, provavelmente, nem será muito comparado com outras autarquias.

Não se trata de ajudas à prática desportiva por parte da população, onde os clubes muitas vezes se substituem ao Estado, mas de ajudar a "manter" uma suposta equipa de futebol profissional. Trata-se de ajudar a "manter" essa equipa numa divisão (a de Honra) para a qual, essa mesma equipa, não dispõe de suficientes recursos económicos próprios.

Dito por outras palavras, preferia ver a minha equipa na 3ª divisão, mas sustentada apenas com o dinheiro dos seus sócios, do que vê-la artificialmente sustentada por dinheiros do erário público (ou por eventuais jogadas imobiliárias) na divisão de Honra ou na 1ª Liga.



Vem este preâmbulo a propósito do que se passa em Setúbal, onde se prepara a construção de uma mega-urbanização para 30 00 pessoas* (!), com o beneplácito da autarquia local. Esta urbanização ajudará a financiar, indirectamente, a construção de um estádio municipal cuja gestão será adjudicada ao Vitória Futebol Clube. Ah só um pormenor...Para fazer esta mega-urbanização é necessário destruir 1 200 sobreiros.

* Tantas ou mais pessoas do que as que vivem actualmente em cidades como Bragança, Vila Real, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Évora ou Beja, por exemplo.


Só dois apontamentos:

- O Vitória Futebol Clube já tem um estádio de futebol. Não tem dinheiro para o manter? Não tem dinheiro para o manter e simultaneamente suportar os custos de ter uma equipa na 1ª Liga? Pois bem, tem duas hipóteses: vive de acordo com os seus rendimentos noutra divisão inferior ou fecha as portas.
Pergunto-me se é lícito ajudar uma equipa através da especulação imobiliária? (Ah quanto não valerão aqueles terrenos onde está implantado o Estádio do Bonfim?)

(Alguns dos leitores que têm deixado comentários no Público ou no Portugal Diário, afirmam que o Vitória de Setúbal tem "direito" a estas ajudas porque o Estado terá feito o mesmo com outras equipas, aquando do Euro 2004. Fantástico! Já que ficámos com um conjunto de "elefantes brancos" numa série de cidades, como Aveiro ou Faro, vamos lá fazer o mesmo em Setúbal!).


- Por último, o sobreiro não é uma espécie qualquer. Tem uma importância crucial na prevenção da desertificação dos solos e sustenta o único sector industrial no qual o nosso país é líder a nível mundial.


Temos pois o lóbi do cimento cada vez mais rico, enquanto o país continua a divergir do resto da Europa nos principais indicadores económicos e de desenvolvimento humano. Dá que pensar... Há coisas fantásticas, não há?


É por tudo isto que à medida que aumenta a obsessão deste país pelo futebol, aumenta o meu desinteresse.

Comecei por dizer que gostava de futebol. Gosto cada vez menos e é provável que um dia deixe de gostar...


P.S. - Enviei um e-mail à Direcção-Geral dos Recursos Florestais a alertar para as intenções da Câmara Municipal da Covilhã, em relação a dois conjuntos de sobreiros no Tortosendo. Espero ter alguma resposta da DGRF neste caso, ao contrário do que aconteceu quando solicitei a classificação de algumas árvores.

Fiz ainda chegar o meu pedido de ajuda à Quercus e ao jornal "Público", para que investiguem, se todos os procedimentos legais estão a ser acautelados nesta situação.
Por vezes, as associações de ambiente e alguns jornais nacionais acabam por cumprir o papel de "fiscalização" que competiria ao próprio Estado. Não deveria ser assim, mas é...

A propósito desta situação decidi não escrever à Câmara da Covilhã. Uma pessoa cansa-se de não ter sequer direito a uma resposta.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Os carvalhos da Senhora do Espinheiro

Senhora do Espinheiro, Seia

Em Julho do ano passado escrevi este texto, no qual falava da distribuição do carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) na Beira Interior e, em particular, na envolvente da Serra da Estrela.

Esta espécie é particularmente abundante na vertente noroeste da Estrela, nos concelhos de Seia e Gouveia, reaparecendo pontualmente noutros pontos deste maciço montanhoso.
No entanto, mesmo na referida vertente noroeste, praticamente não existem carvalhais mas apenas pequenos núcleos e exemplares isolados.

Na actualidade, o exemplar mais notável desta espécie na Serra da Estrela será o de Aldeias (Gouveia), que aguarda classificação como árvore de interesse público. Merece ainda ser realçado o carvalho da Senhora dos Verdes (Manteigas), os carvalhos que se situam junto à Senhora do Desterro e os da Senhora do Espinheiro (visíveis nas imagens que acompanham este texto).


Senhora do Espinheiro, Seia

Os dois carvalhos da Senhora do Espinheiro não são árvores monumentais, acusam o desgaste do tempo e do clima de montanha, embora sejam exemplares que valorizam a envolvente da capela.

Estes carvalhos e a capela são um belo postal da Serra da Estrela e a prova de como as árvores, quando não são desfiguradas por podas desajustadas, não só não retiram grandiosidade aos edifícios, como reforçam a sua beleza e integração na paisagem circundante.


P. S. - (Nota: já não vou à Senhora da Assedasse há perto de 10 anos, mas tenho memória de aí também crescer um belo alvarinho).

terça-feira, agosto 05, 2008

Em busca de árvores monumentais

Em busca de árvores monumentais na zona de Loriga

- Festival de Árvores n.º 26

- Um jornal atento ao problema das podas em Oliveira do Hospital. Investiga, fala com especialistas e denuncia - Correio da Beira Serra. (Não deveria haver mais jornais assim?)

- Fundação La Salette faz balança positivo da sua acção na protecção do ex libris de Oliveira de Azeméis e aguarda parecer sobre classificação de algumas árvores.

- Centro comercial de Viana do Castelo pretende converter as compras dos seus clientes em árvores a plantar na Serra de Santa Luzia.
(Para lá do óbvio apelo ao consumo, também podemos fazer um esforço e tentar ver o lado positivo desta iniciativa. Eu não sou contra a plantação de árvores, como é óbvio, mas vamos é parar com alguma hipocrisia associada a este tipo de iniciativas.
Sabemos que actualmente existe uma "moda", quase obsessiva, de plantar árvores. A mim, como já escrevi por diversas vezes, o que me incomoda é saber se estas acções são credíveis.
E não estou a falar apenas da questão de saber se as árvores que se anunciam neste tipo de campanhas são ou não efectivamente plantadas. Ainda que depois elas (aparentemente) não "apareçam" no terreno, como no caso daquela campanha de uma conhecida empresa de água engarrafada.
O que é importante é saber se, caso estas sejam plantadas em cidades, se serão escolhidas espécies adequadas ao local a que se destinam e se esse município fará uma correcta manutenção das mesmas.
E no caso de serem plantadas em ambiente florestal, saber se as mesmas fazem parte de algum projecto de reflorestação devidamente acompanhado ou se apenas serão plantadas ao acaso numa qualquer encosta.

Mais importante do que plantar árvores é garantir que sobrevivam, na floresta ou na cidade. Era bom que isto também preocupasse todas as empresas que agora querem "salvar os seus pecados" à custa da plantação de árvores
.)

- Portugal vai entrar em rede mundial de comércio de cortiça já este ano. O projecto está a ser promovido pelo WWF. Por outro lado, em Espanha, a WWF/Adena, o Instituto Catalán del Corcho e o Consejo de Administración Forestal, estão a trabalhar na certificação da cortiça. Os primeiros vinhos espanhóis com rolhas de cortiça certificada estarão à venda nos próximos meses.

- O município de Roquetas de Mar (Almería, Espanha) aprovou um conjunto de sanções de acordo com um regulamento que visa a protecção dos espaços verdes.
Este regulamento prevê um conjunto de coimas em caso de danos infligidos às árvores. Por exemplo, quem danificar o sistema radicular de uma árvore terá que pagar entre 15 000 a 30 000 euros.

- Como proteger as árvores de furacões? Gostei particularmente deste conselho: contrate um arboricultor credenciado para podar as árvores.
(Felizmente por cá, temos algumas depressões severas com rajadas ciclónicas, mas nada que se compare a um furacão. No entanto, poderíamos todos seguir este simples conselho: permitir que apenas técnicos credenciados em arboricultura fizessem a manutenção das árvores, no espaço público ou em propriedade privada. Não peço nada mais, pelas árvores e pela nossa segurança!)

- A presença de um insecto que provoca uma elevada mortalidade nos freixos está já confirmada no Wisconsin (EUA). Este insecto tem provocado uma grande devastação no Canadá e a sua presença também já foi confirmada na Europa.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Os sobreiros do Tortosendo

Sobreiros no Bairro do Cabeço (Tortosendo, Covilhã)

De acordo com uma notícia do jornal "Urbi et Orbi", a Câmara Municipal da Covilhã (CMC) prepara-se para adjudicar duas obras no Tortosendo, as quais interferem com um conjunto de sobreiros (espécie protegida pelo Decreto-lei n.º 169/2001).


Eis o que, de forma resumida, penso sobre o assunto:

1º) As leis existem para ser cumpridas. O seu desconhecimento ou a discordância em relação às mesmas, não impede os cidadãos e as diferentes instituições de as cumprir.
Um organismo do Estado, como uma Câmara Municipal, tem ainda uma responsabilidade acrescida, pois ao desobedecer às leis da República está a desautorizar o mesmo Estado do qual é o representante ao nível municipal.
Acresce que ao desobedecer aos preceitos da lei, uma Câmara Municipal está a convidar os cidadãos a fazer o mesmo, ou seja, a desobedecerem às leis que não lhes agradam ou que supostamente os prejudicam, situação que se pode virar contra o próprio poder municipal.
Dando um exemplo concreto, quando um autarca, como o Sr. Fernando Ruas, veio aconselhar a população do concelho de Viseu a receber os fiscais do Ambiente à pedrada, esqueceu-se que o mesmo poderia acontecer aos fiscais da própria Câmara; ou seja, o Estado é só um e quando se desautoriza um organismo estatal está-se, implicitamente, a desautorizar toda a máquina do Estado.

Dito isto, não me passa sequer pela cabeça, que o poder autárquico eleito democraticamente pelos cidadãos do meu concelho, conceba outra coisa que não o escrupuloso cumprimento do referido Decreto-lei n.º 169/2001.

Por outras palavras, não acredito que se possam repetir situações como a da "Quinta do Freixo", onde uma instituição do Estado, como a CMC, defendeu os interesses de um promotor privado, contra outro órgão do Estado (a Direcção-Regional de Agricultura da Beira Interior).
Em causa estava uma flagrante violação da Reserva Agrícola Nacional, uma daquelas leis que eu, na minha inocência, pensava que era dever de uma autarquia fazer cumprir. Enfim, pelos vistos não é!


2º) Porque me recuso a acreditar em "teorias da conspiração", acredito que a CMC quer efectivamente executar estas obras e que não se desculpará, a posteriori, com as limitações impostas pelo referido Decreto-lei n.º 169/2001.
Espero que não estejamos perante mais um filme de "política de terra queimada", do género: arrancam-se uns sobreiros, a obra é embargada e depois mandam-se chamar os sempre solícitos órgãos de comunicação social regionais, para gritar: "aqui d' el rei, lá estão aqueles malandros de Lisboa e de Castelo Branco que não nos deixam trabalhar!".

3º) Vamos então às obras a executar na freguesia do Tortosendo...

Tenho alguns problemas em aceitar que se tenha que destruir uma mata para fazer arruamentos, destinados a uma feira de carácter anual. Não, não estou a falar de uma daquelas feiras anuais que duram várias semanas e movimentam largos milhares de pessoas e de euros, como a Feira de São Mateus, em Viseu ou a Feira de Março, em Aveiro.
Estou a falar da destruição de um pequeno bosque de pinheiros e sobreiros, para a construção de arruamentos e pavilhões para uma feira que decorre num único dia do ano: o dia 29 de Setembro (dia de S. Miguel). Com certeza que a freguesia do Tortosendo terá outras prioridades e que dificilmente se poderá invocar, neste caso específico, o interesse público.

Já no caso da ampliação do Parque Industrial do Tortosendo, e sabendo como o mesmo está parcialmente inserido numa zona rica em sobreiros, compreendo que aqui possa ser invocado o dito interesse público, pois neste caso podem estar em causa investimentos que efectivamente gerem riqueza e emprego para o concelho. No entanto, fico a aguardar por mais detalhes do processo, nomeadamente quanto ao número de sobreiros envolvidos e quanto à existência de terrenos alternativos.


4º) Assim sendo, e se as obras avançarem com a devida autorização e no escrupuloso respeito do Decreto-lei n.º 169/2001, elogio a intenção de os sobreiros serem poupados ao abate e serem transplantados para espaços verdes do concelho.

No entanto, é aqui que verdadeiramente se poderá aferir se a CMC está ou não interessada em salvar os ditos espécimes.
E isto, porque este processo deverá ser feita por empresas especializadas nessa tarefa particularmente exigente do ponto de vista técnico; processo esse que, na minha modesta opinião, terá escassas probabilidades de ter sucesso mesmo que executado por empresas do sector da arboricultura.
E o que é que nos ensina o passado recente? Pois bem, ensina-nos que o dinheiro é o factor determinante em muitas das escolhas que são feitas.
Foi deste modo que uma empresa do concelho, sem qualquer especialização na manutenção de árvores ornamentais, ganhou o concurso público para a poda de centenas de exemplares na cidade, com os resultados dramáticos visíveis até para um leigo na matéria. Deste modo, é natural que tema o pior quanto à suposta transplantação dos referidos sobreiros.

Cá estarei para avaliar a boa vontade da CMC neste processo. Até porque, de boas intenções está o inferno cheio...

Um belo exemplar de sobreiro existente junto ao Bairro do Cabeço (Tortosendo, Covilhã)

domingo, agosto 03, 2008

Democracia a sério, a "cultura arboricida" e outras histórias sobre árvores


- Deixo a seguir algumas ligações para notícias sobre árvores. Por cá, continuam a abundar os exemplos de desprezo à árvore, embora este sentimento esteja longe de ser um exclusivo nacional, como a seguir se poderá constatar:

Em Braga, matam-se árvores com recurso a ácido. A falta de coragem, de dignidade e de grandeza de espírito de algumas pessoas, são tão banais que já perdi a capacidade de me indignar!

"Temos ali sobreiros, mas temos autorização para os abater". Onde? Em Anadia. Ler igualmente a notícia sobre esta questão no Ecosfera.

O transplante de árvores começa a fazer parte da "agenda política". Por bons ou por maus motivos...

- Em Espanha: a organização Bosques sin fronteras denuncia que mais de metade das árvores monumentais de Espanha carece de protecção. Conheçam uma das árvores monumentais do país vizinho: o castanheiro de El Campano (Villar de Acero, León).

Na cidade de Ronda (na Andaluzia), um conjunto de vândalos destruiu 10 árvores no principal parque da cidade, as quais tinham sido apadrinhadas por 10 crianças no momento do seu nascimento.

Num pequeno município da região de Valência, cortaram-se árvores por "ser molestos", ou seja, e traduzindo para bom português, por "serem incómodas". Parece que as "malandras" eram altas, sujavam e causavam alergias! Onde é que eu já li estes argumentos?

Um artigo muito interessante, relativo à "cultura arboricida" que prevalece em Córdova (como em tantos outros locais deste planeta). Um exemplo muito concreto desta "dendrofobia", em Palma de Maiorca.

Para evitar situações como a anterior, são importantes iniciativas como a exposição "Los secretos de los árboles", patente em Segóvia, que pretende dar a conhecer imagens de mais de 30 espécies arbóreas da província de Castela e Leão, como forma de incentivar os cidadãos a apreciar e a saber cuidar das árvores. Num país como o nosso, onde se encontra uma fundação debaixo de cada "pedra da calçada", não haverá nenhuma interessada em patrocinar uma iniciativa deste género que, percorrendo Portugal de lés-a-lés, procurasse cativar as pessoas para a defesa das árvores?

- Em Angola: mais de um milhão de árvores serão plantadas em todo o país, dentro de dois anos, no âmbito de um programa de combate à desflorestação e degradação das florestas.


- No Reino Unido: os donos de árvores poderão optar por cortá-las em vez de as sujeitar a inspecções periódicas (pagas pelos mesmos), tal como proposto em nova legislação.

Em Edimburgo, um grupo de cidadãos quer evitar a poda de árvores a pretexto da criação de um percurso de autocarros. Qual é a aspecto mais curioso desta notícia? Os referidos cidadãos não foram considerados, pelos responsáveis municipais, como sendo "forças de bloqueio" ou "opositores ao progresso", pasme-se! As autoridades municipais vão recebê-los e prestar esclarecimentos. Eu tenho um nome para isto: democracia a sério!

Tony Kirkham, responsável do arboretum dos Kew Gardens, em Londres, teme pelos possíveis efeitos das alterações climáticas nas espécies arbóreas nativas da Grã-Bretanha.

Por outro lado, um conjunto de especialistas tenta salvar os freixos de Londres da acção de um escaravelho responsável pela morte de milhares de árvores na província do Ontário.

- No Chipre: dois irmãos estão a ser julgados por terem destruído 233 pinheiros que, aparentemente, cometiam o "crime" de tapar a visibilidade de alguns painéis publicitários. Por cá, caso tenhamos o estatuto de comendador, até podemos cortar árvores para colocar estátuas, pois sabemos que nenhum tribunal nos ousará julgar!

- Nos Estados Unidos, mais concretamente em Maryland, a proclamação de uma árvore como "champion tree" é motivo de orgulho para uma comunidade. Por cá, como já bem sabemos, uma "árvore alta" seria condenada à "Santa Inquisição da moto-serra"!

"TREE Fund 2008 Tour des Trees" - Um pelotão de 50 ciclistas plantou árvores ao longo de uma via que atravessa o Indiana, Illinois e o Missouri (nos EUA), no decurso de uma iniciativa que visa angariar fundos para a investigação no domínio da manutenção das árvores e alertar as populações para a importância de uma correcta manutenção das árvores nas cidades e florestas.

- Na Índia: acção preventiva permitiu salvar mais de 100 árvores.

E ainda, para finalizar: "comScore Trees for Knowledge"; uma iniciativa que pretende alcançar o milhão de árvores plantadas, tendo surgido da associação entre uma empresa e a Trees for the future (uma organização sem fins lucrativos que, desde 1988, tem activo um programa de reflorestação em vários países em vias de desenvolvimento).

sábado, agosto 02, 2008

O mais importante é a aparência



O Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, esteve no passado dia 31 de Julho na Serra da Estrela, mais concretamente na zona da Torre, para proceder à inauguração de um centro de interpretação sobre a mais alta montanha do continente português.

Este centro funciona junto às instalações do "Centro Comercial da Torre" e pretende, de forma resumida, informar os visitantes sobre o património natural da Serra da Estrela. Agrada-me saber deste investimento e saber que quem visita este local terá, a partir de agora, acesso a algo mais sobre esta montanha do que alguns produtos regionais e outros de procedências bem mais longínquas e duvidosas.

Afinal de contas, a Serra da Estrela é um Parque Natural e o planalto da Torre, em particular, pertence à rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa. Ainda que, por vezes, tal pareça ficção científica...

E porquê? Porque enquanto o Sr. Secretário de Estado do Ambiente da República Portuguesa inaugurava este espaço no "Centro Comercial da Torre", algumas dezenas de metros atrás, afastado dos focos dos jornalistas, continuavam a correr a céu aberto os esgotos desse mesmo edifício (ver aqui).

É assim há ano e meio. É do conhecimento de todas as entidades com responsabilidades neste âmbito.

Mas em Portugal o que conta é manter as aparências. O que interessa é que as "luzes brilhem" na frente, não importando que nas traseiras, longe dos olhares da multidão, toda a porcaria se acumule.

P.S. - Adenda: o blogue "Estrela no seu melhor" publica o vídeo da inauguração do referido centro de interpretação, onde o jornalista da RTP afirma que o problema dos esgotos a céu aberto está resolvido. A mesmo "versão oficial" foi veiculada pelo Jornal do Fundão.
Os jornais Diário XXI e O Interior explicaram o "porquê" dos esgotos continuarem a correr a céu aberto passado todo este tempo. Para situações futuras, ficámos a saber quem aceita a notícia tal como ela é "vendida" e quem a questiona e investiga.
(Nota: não coloco as hiperligações para as notícias do Diário XXI e d' O Interior, pois estas são de carácter temporário).

Sobreiros no continente norte-americano

Sobreiro (Quercus suber L.) - Borough Plantation, Sumter (Carolina do Sul, EUA) - Fotografia South Carolina Champion Tree Database


Para além do registo nacional de árvores monumentais dos EUA (National Register of Big Trees), existem diversos organismos/instituições que promovem uma identificação de árvores notáveis ao nível de cada estado (Exemplos: California Register of Big Trees, Big Tree Champions of Maryland ou o South Carolina Champion Tree Database, entre outros).

E foi precisamente consultando algumas destas páginas que descobri que, nos Estados Unidos, também é possível encontrar belos exemplares do nosso sobreiro.

Deste modo, o sobreiro retratado na primeira fotografia, o maior que se conhece no estado da Carolina do Sul, possui um tronco com um perímetro de 2,54 metros (100,2 inches) e uma altura de 13,7 metros (45 feet).
O exemplar retratado na segunda fotografia, considerado o de maiores dimensões na Califórnia, possui um tronco com um perímetro de 5,81 metros (229 inches) e uma altura de 21,33 metros (70 feet). A acreditar na fiabilidade dos valores referidos, este sobreiro da Califórnia será um gigante mesmo quando comparado aos melhores exemplares que se conhecem no nosso país.


No entanto, nenhum destes exemplares aparece referido no registo nacional (National Register of Big Trees), porque para além do sobreiro não ser uma árvore autóctone nos EUA, não deverá possuir o estatuto de espécie naturalizada.

Sobreiro (Quercus suber L.) - Napa (Califórnia, EUA) - Fotografia California Register of Big Trees