Escrevo ainda sob a revolta de ter visto ontem uma parte do património natural da minha cidade ser destruído de forma impune. E de não perceber o que dá o direito ao poder político eleito por 4 anos, de se outorgar a legitimidade para destruir património que levou dezenas de anos a crescer.
No entanto, e sem querer fazer julgamentos públicos, não nos podemos admirar por assistir à destruição do património arbóreo nas cidades, quando o mau exemplo é dado nas escolas que deveriam ser, também neste aspecto, um exemplo de cidadania e de educação cívica para toda a comunidade em que estão inseridas.
Escrevo estas palavras com a legitimidade de quem também é professor e tem a humildade para reconhecer que não sabe tudo, nem está interessado em fazer uma caça às bruxas entre os colegas de profissão (como aliás fiz questão de escrever neste texto).
Veja-se um entre centenas de exemplos no país: a Escola Básica e Secundária das Palmeiras na Covilhã. A qual é um orgulho para a cidade por ter sido avaliada pelo Ministério da Educação com "Muito Bom" em diferentes parâmetros.
No entanto, e como se pode observar pelas fotografias que publico, ao nível da conservação das árvores dos seus jardins a nota que merece, tal como grande parte das escolas deste país, é um claríssimo "Insuficiente"!
Não se trata de querer "crucificar" uma escola em particular, até porque basta atravessar a rua para encontrar panorama semelhante na Básica Pêro da Covilhã.
Trata-se antes de querer aumentar o grau de exigência que as escolas devem ter em termos do seu papel na formação da comunidade em que se inserem. Poderá uma escola que não cuida de forma apropriada das suas árvores ter autoridade moral para comemorar o Dia da Árvore? Ou mesmo exigir à comunidade local que o faça?
Escola Básica Dr. Garcia Domingues (Silves)
Poderemos ter que fazer alguns progressos em diferentes parâmetros de avaliação, mas numa coisa temos muito orgulho: nas nossas árvores!
Os meus alunos podem estar preocupados com o próximo teste de Matemática ou de História, mas não perdem o sono com medo que as árvores da escola lhes possam cair em cima...
Escola Básica Dr. Garcia Domingues (Silves)
P.S. - Mais notícias tristes sobre árvores:
- O massacre de Unhais-da-Serra no blogue Estrela no seu melhor; o "progresso" não permitiu que se arranjasse uma solução que preservasse um conjunto monumental de plátanos (alguns dos que mostrei neste texto).
- Abate de árvores em Vilar do Paraíso (Vila Nova de Gaia).
1 comentário:
Os parâmetros estéticos, artísticos, arquitectónicos e ecológicos raramente são considerados determinantes na avaliação das instituições e nos inquéritos à qualidade de vida, o que é revelador da abrangência curricular do sistema educativo português. É deprimente que apesar dos comentários serem unânimes no repúdio da poda indiscriminada e do abate de árvores, a vileza persevere. Saúdo a audácia do Sombra Verde.
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