O engenheiro Ernesto Goes que percorreu este país, de lés-a-lés, em busca de árvores monumentais, não parece ter hesitado quando escreveu a propósito deste sobreiro (Quercus suber L.) da Herdade de Pai Anes: "Deve ser sem dúvida o sobreiro mais espectacular do país...". E depois de o contemplar é fácil acreditar nestas palavras.
E continua a sua descrição: "Se bem que anteriormente fora parcialmente descortiçado conforme descrição de Sousa Pimentel no seu livro "Árvores Giganteas de Portugal" publicado em 1894, no entanto desde há muitos anos deixou de o ser, pois presentemente dá a impressão que está todo revestido de cortiça virgem. O tronco mantém a mesma grossura (7,20 metros) e a copa idêntica dimensão (presentemente de 30 metros de diâmetro), se bem que algumas grandes pernadas já tivessem caído com o ciclone de 1941."
No passado Sábado tive, finalmente, a oportunidade de lhe prestar a devida vassalagem. E "baptizei-o" como: O Sobreiro de Portugal.
Este colosso feito sobreiro situa-se na Herdade de Pai Anes, nas imediações da povoação de Póvoa e Meadas, no concelho de Castelo de Vide (na estrada que liga esta povoação à vizinha vila de Nisa), estando classificado como árvore de interesse público desde 1993.
O desejo de visitar este monumento natural tinha já alguns anos, tendo sido recentemente avivado após ter lido um texto que alertava para o estado de conservação desta árvore classificada.
Este desejo concretizou-se, como escrevi atrás, no passado Sábado e da melhor forma possível, ou seja, na companhia de amigos que comigo partilham o amor às árvores.
É certo que a árvore está no estado que as fotos documentam, isto é, uma das pernadas principais caiu, abrindo algumas fendas na zona de inserção no tronco. Mas acreditem que, apesar do descrito, a parte restante da árvore aparenta respirar vitalidade.
No entanto, parece-me imprescindível que seja feita, por técnicos competentes, uma análise criteriosa ao estado de saúde da mesma, como forma de garantir que este sobreiro não corre o risco de colapsar sob o seu próprio peso.
Sobreiro da Herdade de Pai Anes (Póvoa e Meadas) - na actualidade
É certo que o seu proprietário, o Sr. Manuel Carmona, que tivemos o prazer de conhecer na ocasião, já tinha alertado os serviços competentes do Ministério da Agricultura para o estado de conservação da árvore.
Mas, sem querer desculpar a inoperância destes serviços, nada nos garante que a queda da referida pernada fosse um processo evitável. Pelo contrário, a perda de uma pernada mais frágil e doente, poderá mesmo garantir uma maior longevidade da restante parte da árvore. Resta apenas garantir, tal como escrevi atrás, que as pernadas restantes suportam o peso da copa; podendo para tal ser necessário recorrer a estruturas metálicas de suporte, tal como no caso do afamado plátano classificado de Portalegre.
No entanto, parece-me imprescindível que seja feita, por técnicos competentes, uma análise criteriosa ao estado de saúde da mesma, como forma de garantir que este sobreiro não corre o risco de colapsar sob o seu próprio peso.
Sobreiro da Herdade de Pai Anes (Póvoa e Meadas) - na actualidade
É certo que o seu proprietário, o Sr. Manuel Carmona, que tivemos o prazer de conhecer na ocasião, já tinha alertado os serviços competentes do Ministério da Agricultura para o estado de conservação da árvore.
Mas, sem querer desculpar a inoperância destes serviços, nada nos garante que a queda da referida pernada fosse um processo evitável. Pelo contrário, a perda de uma pernada mais frágil e doente, poderá mesmo garantir uma maior longevidade da restante parte da árvore. Resta apenas garantir, tal como escrevi atrás, que as pernadas restantes suportam o peso da copa; podendo para tal ser necessário recorrer a estruturas metálicas de suporte, tal como no caso do afamado plátano classificado de Portalegre.
Pelo que referi anteriormente, parece-me evidente que os serviços florestais não podem "abandonar" as árvores e os seus proprietários, após o processo de classificação. O Estado não se pode furtar ao seu papel de auxiliar, pelo menos de um ponto de vista técnico, as pessoas que aceitam a classificação de uma parte dos que lhes pertence.
Afinal de contas, estamos perante património de todos que compete ao Estado ajudar a salvaguardar. É que casos como este, podem levar outras pessoas a descrer dos benefícios de propor para classificação árvores que se situem nas suas propriedades.
Sobreiro da Herdade de Pai Anes (Póvoa e Meadas) - na actualidade
No presente caso, temos ainda que agradecer ao Sr. Manuel Carmona a paciência perante este desinteresse do Estado e o seu empenho no cumprimento da lei. É que outras pessoas, menos sensíveis para a causa da preservação das árvores, já teriam intervido (ainda que com a melhor das intenções), causando danos irreparáveis à árvore.
No presente caso, temos ainda que agradecer ao Sr. Manuel Carmona a paciência perante este desinteresse do Estado e o seu empenho no cumprimento da lei. É que outras pessoas, menos sensíveis para a causa da preservação das árvores, já teriam intervido (ainda que com a melhor das intenções), causando danos irreparáveis à árvore.
Esta árvore é um monumento em si. Até a sua decadência é um processo que encerra alguma grandiosidade... Estamos a falar de uma árvore multissecular que, apesar do descrito, aparenta ter ainda a força e a vontade para impressionar as gerações futuras.
É necessário encarar estes processos, como a queda da referida pernada, com uma certa naturalidade, pois trata-se da inevitabilidade do tempo... O que me choca não é a morte natural de uma árvore, mas antes a estupidez humana que acelera em muito este processo.
No entanto, sendo inegável que este sobreiro entrou num processo de decadência, continua a ser uma árvore que respira vida e nenhum dos presentes duvidou que ela poderá continuar a maravilhar os amantes das árvores monumentais, muitos anos após a nossa partida deste mundo. Assim se garanta, por quem de direito, que a mesma dispõe de condições de sustentabilidade.
Não digam que já viram uma árvore até terem visto esta! Se já aqui defendi que o sobreiro deveria ser consagrado como a nossa árvore nacional, este magnífico exemplar deveria ser aclamado como O Sobreiro de Portugal.
5 comentários:
Quantas toneladas nao pesará? Cabe dizer que não pode suportar o proprio peso, e sem ajuda...estava magnifico um seculo atraz, se entendi bem.
um abraço
Impressionante!
Espantosa esta árvore!
As "minhas" velhas árvores são crianças ao pé desta...
Boa semana
Que magnificas são e tão imponentes!
Assim vale apena descansar o olhar.Estas são ÁRVORES :))))
Obrigado Pedro
Abraço
Ana Paula
Infelizmente o Sobreiro já morreu, e foi cortado, gerando qualquer coisa como 86 toneladas de madeira.
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