domingo, março 25, 2007

O sobreiro da Garcia Domingues

Tal como muitas pessoas, não tendo nada à priori contra os dias mundiais, duvido um pouco dos efeitos práticos dos mesmos. Em particular, desconfio de quase tudo o que tenha a ver com a comemoração do Dia da Árvore no nosso país.

As razões para tal desconfiança (e sobre as quais já tinha falado aqui) prendem-se sobretudo com o facto de que muitas das entidades públicas que promovem a plantação de árvores neste dia, serem as mesmas que depois ordenam e praticam a sua mutilação através da prática de podas que as condenam a uma morte lenta.
Estas acções são incompreensíveis e contraditórias, sobretudo quando praticadas em árvores situadas em recintos escolares, pela mensagem que transmitem aos mais novos - uma mensagem de deseducação ambiental.

Acresce que, dadas as características do nosso clima, esta altura do ano já é demasiado tardia para plantar árvores (o que resulta no facto de muitas árvores plantadas nesta ocasião não sobreviverem ao seu primeiro Verão).

O "dramático momento" da transplantação da árvore do vaso para o terreno


Apesar destas considerações, decidimos arriscar envolver os mais novos na comemoração do Dia da Árvore; optámos por plantar um sobreiro (Quercus suber L.), por dois motivos:

- em primeiro lugar é uma espécie autóctone e uma das mais representativas das florestas características do Algarve (antes do advento da campanha do trigo, dos incêndios florestais, da eucaliptização, do crescimento desmesurado do betão, etc.);

- em segundo lugar, a própria história recente da cidade de Silves está intimamente ligada à transformação da cortiça (o meu colega Manuel Ramos não me perdoaria se não vos aconselhasse uma visita ao Museu da Cortiça).


A professora Esmeralda dando as últimas indicações

Por outro lado, quisemos com este acto simbólico dar início a uma acção mais vasta de promoção da importância desta espécie junto dos mais novos.

A partir do próximo ano lectivo, pretendemos avançar com um projecto de recolha de rolhas para reciclar (à semelhança do projecto da Escola Engenheiro Duarte Pacheco, de Loulé).



Os últimos retoques

De futuro, pretendemos manter estas crianças empenhadas na preservação desta árvore (tivemos o cuidado prévio de lhes explicar que a mesma já deveria ter sido plantada no início do Outono e que, por isso, poderia não sobreviver; aliás, mesmo plantada numa altura mais apropriada, existe sempre um risco de a árvore morrer e convém sempre prevenir as crianças para este facto, prevenindo uma certa desilusão depois de tanto esforço...).

No entanto, com tanta gente empenhada na sua defesa, temos a esperança que a mesma sobreviva e possa vir a dar sombra a futuros alunos desta escola.


A foto de família

2 comentários:

ljma disse...

Longa e pouco "rolada" vida ao sobreiro da Garcia Rodrigues!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Pelo menos no que depender de mim este sobreiro estará a salvo da moto-serra!