Bem, suponho que um título alternativo para este texto poderia ser "A Sombra Verde a fazer de Ondas 3"...sabendo, de antemão, que não consigo igualar o original!
Duas notícias do Público de hoje chamaram-me a atenção (nota: não coloco as ligações para as referidas notícias pois teriam validade limitada no tempo).
"Lince ibérico regressa ao Algarve como atracção turística". Bom, aparentemente, a conclusão é do jornalista (Idálio Revez) que escreve a notícia. No entanto, preocupa-me que este título tenha sido escolhido com base em comentários (off the record) que o mesmo tenha ouvido a responsáveis governamentais.
Dito por outras palavras, preocupa-me bastante que esta possível tentativa de reintrodução do lince-ibérico não obedeça a uma estratégia de conservação perfeitamente definida e antes a "operações de cosmética" delineadas em cima do joelho.
Sim, porque se conseguir que a espécie se reproduza em cativeiro é difícil, em nada se compara à libertação desses espécimes no seu habitat natural e em conseguir condições para que estes prosperem. Cá estaremos para ver...
Também me preocupa, porque ninguém ainda explicou, porque é que (aparentemente) se decidiu colocar o centro nacional de reprodução em cativeiro no Algarve e não na Malcata. Se é a melhor solução técnica, excelente...expliquem-nos é o porquê. Até porque seria muito mau ficarmos todos a pensar que seria apenas para tentar calar os ambientalistas acerca da barragem de Odelouca.
"Câmaras Municipais não aplicam multas a autores de incêndios por negligência". Então é assim, as câmaras municipais não aplicam as coimas, previstas por lei, aos autores de incêndios florestais por negligência. No ano passado, em mais de um milhar de autos enviados pela GNR para os municípios, os responsáveis pela protecção civil municipal - na maioria dos casos os próprios presidentes das câmaras - desdenharam sempre a possibilidade de receberem as importâncias previstas, substituindo as mesmas por admoestações escritas.
Instado a comentar esta situação, o Sr. Jaime Soares, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios, debitou esta pérola: "(A GNR) passa o tempo a importunar as pessoas por motivos fúteis". Para quem não sabe, os ditos "motivos fúteis" são a principal causa dos incêndios florestais no nosso país.
Este senhor desculpa-se com a falta de rendimentos das pessoas (que eu não nego em muitos casos...mas as leis não serão iguais para todos?).Claro que todos sabemos que a verdadeira razão que leva as Câmaras a não aplicar estas multas é o medo de perder votos. Vá lá, que pelo menos o Sr. Jaime Soares, ao contrário do Sr. Fernando Ruas, não chega a sugerir que se corra com a GNR à pedrada!
Posso estar enganado, mas acho que o calor não desculpa tamanha irresponsabilidade!