Do Diário XXI vêm duas notícias que merecem o meu comentário:
- os Amigos da Serra da Estrela (ASE) vêm alertar para o impacto que a passagem da Volta a Portugal em Bicicleta provoca na preservação de habitats prioritários dentro do território do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
De entre os vários pontos que a ASE destaca, saliento a questão das pinturas (supostamente de incentivo aos ciclistas) escritas nos blocos de granito que ladeiam a estrada de acesso à Torre.
Eu vejo as imagens da Volta a França ou a Espanha e vejo esse mesmo tipo de frases escritas...mas no alcatrão da estrada! Infelizmente, e custa-me dizer isto porque sou professor (e deveria ter por isso uma fé inabalável nas virtudes da pedagogia), considero que no nosso país os alertas e os pedidos não são suficientes.
Deste modo, a GNR deveria patrulhar as estradas da Serra (nas vésperas destas etapas), garantindo que apenas fossem pintadas frases no alcatrão.
Por outro lado, temos aquele que é um dos principais problemas da Serra da Estrela, isto é, os incêndios florestais. E o que é isso tem a ver com os ciclistas? Em Agosto de 2003, com o país a arder, o repórter da TSF que acompanhava a subida da Covilhã para a Torre, contou dezenas de fogueiras acesas, em churrascos improvisados, por pessoas que pretendiam assistir à passagem dos ciclistas.
Por outro lado, temos aquele que é um dos principais problemas da Serra da Estrela, isto é, os incêndios florestais. E o que é isso tem a ver com os ciclistas? Em Agosto de 2003, com o país a arder, o repórter da TSF que acompanhava a subida da Covilhã para a Torre, contou dezenas de fogueiras acesas, em churrascos improvisados, por pessoas que pretendiam assistir à passagem dos ciclistas.
Convinha pois que a organização da Volta a Portugal alertasse para esta questão, uma vez que esta prova arrasta largas centenas de pessoas para o interior do PNSE, com as consequentes e inevitáveis fogueiras para assar febras...e todos nós já assistimos a fogueiras feitas sem a mais mínima preocupação com a segurança; fogueiras que depois acabam em incêndios (foi assim em Guadalajara, Espanha, onde em Agosto de 2005 arderam 12 o00 hectares e morreram 11 pessoas devido a uma fogueira mal apagada; embora sem consequências tão trágicas, foi assim também em Viana do Castelo no mesmo ano).
Também nesta questão, acho que a pedagogia não é suficiente e que as autoridades deverão ter uma abordagem mais activa como forma de prevenir os acidentes.
Serra da Estrela - Cântaros (Magro e Gordo)
- O presidente da Câmara Municipal de Penamacor está interessado na reintrodução do lince-ibérico (Lynx pardinus) na Reserva Natural da Serra da Malcata; isto no seguimento de um eventual processo de reprodução em cativeiro no nosso país, semelhante ao que decorre actualmente no centro El Acebuche (Parque Nacional de Doñana).
Independentemente dos condicionalismos que envolvem uma possível reprodução em cativeiro do lince no nosso país, considero bastante positivo que a autarquia de Penamacor encare como vantajosa a reintrodução desta espécie no seu território (ainda que os motivos por detrás desse desejo tenham mais a ver com eventuais proveitos turísticos, do que propriamente com um interesse na sobrevivência da mesma).
Mas daqui não virá mal ao mundo, até porque é possível (e desejável) conciliar a preservação do ambiente com um turismo sustentável.
1 comentário:
Acerca das motivações para a vontade de reintroduzir o lince na Serra da Malcata, tanto me faz. Que se apoiem as causas certas pelas razões certas ou pelas razões "erradas", mas que se apoiem. Como tu, fico satisfeito por esta novidade.
Duvido que o autarca tenha razão quando diz que existem condições para se “puxar pela marca Lince” (credo, a forma como isto é dito até arrepia), pelo menos no que às condições ecológicas diz respeito. E não sei (dúvida real, não retórica) se ele concordaria, em situações concretas, com o que há a fazer para melhorar essas condições (florestar com espécies autóctones, conter a artificialização do território, aumentar as populações das presas naturais do lince, etc).
Fico contente por saber que, do lado administrativo, as coisas parecem estar melhor, com este bom entendimento entre o poder local e o responsável pelas áreas protegidas. Oxalá se possa generalizar para as restantes autarquias.
José Amoreira
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