Um dos poucos sobreiros de dimensões generosas que sobreviveu aos recorrentes incêndios na serra de Silves.
O Sobreiro
Num ermo, sobre um morro, o vale em frente,
Eis-me a pregar, à Natureza inteira,
O Amor: celeste, pura e verdadeira
Doutrina, lei de quanto vive e sente.
Profeta, eu sou: ungiu-me o sol ardente.
Filho da terra virgem. Vivo à beira
Da fonte, e tenho sede! E morde a poeira
Minha folhagem lúcida e morrente!
Como preguei o Sacrifício e o Amor,
Ferem-me os homens: dão -me o escárnio e a dor:
Deixam-me, nu e em sangue, ao vento e à luz.
E, sobre o negro cerro solitário,
Sou como o Cristo ao cimo do Calvário,
Abrindo os braços, pálidos e em cruz!
António Correia de Oliveira
in "A Alma das Árvores"
1 comentário:
A ver se esse sobreiro resiste a este Verão... tomara que sim.
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