Muitas vezes me tenho interrogado sobre os motivos que presidem à escolha das espécies a plantar nas cidades portuguesas; claro que este raciocínio pressupõe que exista um efectivo critério de escolha e não se utilize simplesmente a primeira árvore que se encontre no viveiro municipal.
Eu até acredito que na maioria das ocasiões, para lá de todas as modas (como a actual de plantar oliveiras em todo o lado...), exista um critério: a "resistência" das árvores às podas camarárias. Daqui resulta o uso recorrente dos plátanos e dos choupos, sobretudo no Centro e no Norte. No Sul, acrescem outras espécies como a Tipuana tipu (Benth.) Kuntze.
Claro que esta "resistência" das árvores às podas camarárias não é isenta de consequências nefastas para as mesmas, como já por diversas vezes aqui denunciei (ver aqui um dos muitos exemplos).
As tipuanas são, em Albufeira, das árvores que mais sofrem com os ataques de podite. Ainda subsistem alguns exemplares jovens com porte assinalável, mas que por certo não chegarão à idade adulta sem sofrer qualquer mutilação.
Deste modo, jamais poderão vir a mostrar toda a sua beleza, como a destas tipuanas que o Blog de Cheiros nos deu a conhecer.
Muitas vezes, a justificação para a poda é a proximidade dum prédio, duma marquise, duma varanda...plantam-se árvores, sem qualquer critério na escolha da espécie e, passados alguns anos, lá temos a amiga moto-serra a "corrigir" a asneira!
Noutros casos, é ainda mais difícil de perceber, não há prédios por perto, espaço não falta para a árvore crescer. Temos então o exemplo da fotografia que se segue onde, em primeiro plano, podemos ainda constatar como as árvores também dão excelentes bancos de passeio para podermos descansar a meio de uma caminhada...é mais uma poda vanguardista!
8 comentários:
A tipuana é enorme!!! Já em relação às podas e às marquises, que dizer mais?...
Desculpe, mas faltou mais uma razão para a tal poda: os plátanos de uma avenida foram cortados ANTES DE PERDEREM AS FOLHAS para evitar sujar os "elegantes" pátios impermeabilizados das casas.
Claro que alguns estão mortos.
Pois é... e esqueces-te também que os donos dos carros não suportam ver uma caquita ( ou muitas caquitas) que se soltam das pequenas cloacas do passaritos poisados por entre a folhagem das árvores. Assim há que lhes dificultar o poiso.
Beijinho
Venho aqui novamente mas para lhe sugerir que veja
http://www.aldeia.org/portal/PT/5/EID/70/DETID/1/default.aspx
Está interessado? Gostaria de o ver por cá.
Desculpe, mas não ficou o endereço todo. É sobre o concurso de fotografia.
Paulo,
De facto, perante tanto crime já cansa um pouco e já começam a faltar os argumentos; é como se se quisesse, repetindo uma asneira mil vezes, tranformá-la em algo bem feito.
Ana,
Essa é um dos muitos motivos fúteis para se podar uma árvore; e estamos sempre a coleccionar mais desses motivos: no Inverno que passou, a propósito de uma assassina poda de uns plátanos aqui na Covilhã, li num outro blogue local, alguém que a justificava porque as folhas entopem as sarjetas...como se as pessoas não tivesse mãos para as desentupir...ou, em alternativa, como se desse muito trabalho às pessoas telefonar para a câmara ou para a junta de freguesia a pedir que alguém lá fosse fazer esse trabalho...e porque não os mesmos trabalhadores que se dedicam a mutilar as árvores?
E temos ainda este motivo que a Júlia acrescentou a esta lista: as folhas "sujam" os pátios das casas...e a estupidez, não cansará?!
Júlia,
Vou visitar esse endereço e informar-me acerca dessa iniciativa,
Obrigado
Outra asneira muito praticada é o pessoal que «trata» das árvores não saber a diferença entre podar e cortar, é de qualquer maneira, as regras técnicas não são respeitadas!
A raiva contra as árvores é ancestral, e a falta de critério e ignorância com que são plantadas é confrangedora.
Frequentemente o pessoal que trata das árvores, não sabe a diferença entre podar e cortar, e muitas vezes quando podam não é na devida época, e este estado de coisas arruina a vida normal de qualquer espécie vegetal.
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