quinta-feira, junho 28, 2007

O massacre










Imagens que o leitor deste blogue, Albano Matos, me enviou e que foram por ele tiradas na Curia.

O único desabafo que me ocorre, depois de tantas denúncias de casos similares por todo o país, é que a forma como tratamos as árvores diz tudo acerca da nossa falta de civismo enquanto povo.

8 comentários:

Júlia Galego disse...

Olá Pedro!
Eu já não sei de quem é a culpa destes atentados.
Aqui há dias estive num jardim de uma junta de freguesia e meti conversa com um dos encarregados. Comecei por elogiar algumas das árvores e fui dizendo que era uma pena se resolvessem cortá-las. A resposta foi desanimadora. Disse-me que elas precisavam mesmo de ser cortadas para não crescerem muito, que visse umas que foram cortadas há 2 anos e que estavam todas bonitas. Acho que não consegui com os meus argumentos demovê-lo das suas "certezas". Para lhe dizer francamente, já não sei quem é que manda no quê no mundo das autarquias.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Júlia,

Antes de mais um pedido de desculpas pela demora na resposta...

Em relação à história das podas, como escrevi aqui(...)

http://sombra-verde.blogspot.com/2007/03/tradies.html

(...) considero que esta história das podas é um problema cultural que levará décadas a resolver.

Como com a separação dos resíduos, a poupança de água e tantas outras questões, a minha esperança são as crianças...

A questão do crescimento das árvores é uma daquelas irracionalidades difíceis de entender; por que não plantam árvores de menor porte? Para quê insistir nos plátanos ou choupos, para os mutilar passados alguns anos?

Anónimo disse...

Onde resido todos os anos podam os platanos desta forma.Nunca existe uma sombra , apenas pequenos cotos .Como Júlia Galego tb tentei conversar e mostrei fotografias de platanos que nunca tinham sido podados e em desespero de causa o
algumas fotos de jardins de Paris onde as podam são feitas de modo a termos belas formas,sem se cortarem os ramos.não disse de onde eram as fotos , apenas mostrei e tentei convencer que as arvores não"perdem a força" se não forem cortadas nem ficam demasido grandes.Acabei por trazer um homem da junta de freguesia até aos meus terrenos onde mostrei frondosos platanos e tilias com a ideia de que perante a evidência mudasse de atitude.Mas apenas recebi como resposta:-você ainda morre debaixo de um destes troncos....vem ai um vento e ...olhe se quiser eu mando cá alguem dar uma mão nisto.
:((((este ano voltaram a fazer o mesmo e ainda se lembraram de cortar pinheiros mansos com troncos de quase um metro para acabar com a "danada" da lagarta:((((((( annie hall do www.outsiderweblog.com.pt

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Não convém ter ilusões, em Portugal estamos ainda muito perto do "grau zero", no que concerne a uma cultura cívica...3 exemplos muito simples:
-exemplo 1: este é um país onde por ano se abandonam milhares de animais e onde (e façam-me o favor de me corrigir se estiver enganado) nada pode ser feito, do ponto de vista legal, contra alguém que maltrate um animal; e já nem vou falar das touradas...

- exemplo 2: em 2003, com o país a arder em Agosto, o repórter da TSF que acompanhava a volta a Portugal em bicicleta, contou mais de uma dezena de churrascos, entre a Covilhã e a Torre; e o cenário repete-se todos os anos, nomeadamente com os foguetórios, apesar das supostas proibições.
Ainda ontem em Monchique fui dar com três casais a fazer uma fogueira a 2 metros do tronco do plátano do Barranco dos Pisões (um monumento natural com perto de 40 m de altura, classificado de interesse público em diário da república!!)


- exemplo 3: Em relação à poda das árvores é exactamente a mesma falta de civismo...os portugueses, pura e simplesmente, odeiam árvores; têm esse medo patológico que as árvores cresçam e lhes tombem em cima (um pouco como a aldeia do Astérix relativamente ao medo do céu lhes cair em cima...)...

Depois há toda uma panóplia de motivos fúteis para podar as árvores; em relação ao "crescimento" das árvores, é tão somente e apenas, uma questão de falta de planeamento: as tílias, os plátanos ou os choupos, só podem ser plantados desde que tenham o espaço suficiente para crescer ( e há dezenas de outras espécies, algumas das quais até autóctones, que crescem metade e que se adaptariam facilmente às acanhadas ruas portuguesas); por vezes, até há espaço para crescer um plátano, mas plantam dois ou três espaçados alguns centímetros...

Não haja ilusões, os largos milhares de funcionários que, nas Juntas e nas Câmaras, tratam destes assuntos não têm rigorosamente nenhum conhecimento técnico para desempenhar as suas funções...isto resume-se apenas ao seguinte: incompetência e falta de civismo. Infelizmente, com esta gente, já aprendi que a pedagogia não funciona...é por isso que, cada vez mais, considero que se deveria proceder ao contrário: ou seja, sempre que uma árvore tombasse na via pública deveria ser feita uma peritagem à mesma e verificando-se que estava doente (em consequência de podas mal feitas, falta de manutenção), as Câmaras e as Juntas deveriam começar a ser processadas...talvez aí começassem a levar isto mais a sério e a contratar técnicos competentes nestas matérias.

Floraen disse...

Que lindo Blog! Muchos posts interesantes. Soy estudiante de paisjismo en Argentina. Si querés puedo compartir con vos unas fotos de Buenos Aires en Privavera. Saludos!!!!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Caro Floraen,

Obrigado pela oferta.

Anónimo disse...

A poda é um manejo muito natural e sustentável. O que suas fotos relatam não é nenhum massacre mas sim uma técnica racional de manejo, muito importante em cidades(por não termos nossa eletricidade, entre outros, subterrâneos), muito importante em manejos florestais de recuperação de áreas degradadas, importante no estímulo à produção de frutíferas que abastecem nossa mesa. Há de se separar a intocabilidade da natureza da nossa integração como fauna e otimização do uso e manejo racional e sustentável dos nossos recursos naturais.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Caro anónimo,

Por pontos:

- Tem razão, a natureza não é intocável. Não é isso que está em discussão neste texto.

- A poda de árvores de produção (em contexto florestal ou de produção de frutos) nada tem a ver com o poda de árvores ornamentais.

- O que está exposto nestas imagens e em centenas de outras, nestes blogues, é tudo menos "natural, sustentável ou racional".

Se tiver interesse, descubra os porquês, lendo:

http://www.ces.purdue.edu/extmedia/FNR/FNR-FAQ-14-W.pdf

http://www.plantamnesty.org/stoptopping/window_myth.htm

http://www.treesaregood.com/treecare/topping.aspx

http://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1269/1/REP-Fabiao_2006.pdf

Ou ainda:

http://dias-sem-arvores.blogspot.com/2006/12/5-ideias-falsas-sobre-as-podas.html#links