sexta-feira, novembro 28, 2008
Um gigante no Outono
quarta-feira, novembro 26, 2008
E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte V)
Note-se bem que a CMC não possui, na actualidade, qualquer autorização, por parte da Autoridade Florestal Nacional, que lhe permita abater sobreiros no terreno do Cabeço do Tortosendo.
Resta-me, perante a aparente passividade dos demais órgãos do Estado responsáveis na matéria, face ao avanço das obras no dito terreno, fazer as seguintes observações:
1º) Se eu assaltar um banco e distribuir 10% do meu roubo por uma instituição de solidariedade social, tal não apaga as consequências legais do meu assalto. Dito por outras palavras, a CMC aparentemente pretende "justificar" uma situação menos clara de abate de sobreiros no Tortosendo, plantando sobreiros noutros pontos do concelho.
Quer esta metáfora do assalto ao banco dizer apenas que, o facto de a Câmara estar disposta a proteger os sobreiros adultos no terreno e estar a promover novas plantações noutros locais do concelho, não anula a violação à lei que conduziu ao levantamento de um auto por parte da GNR.
Efectivamente, a CMC, independentemente de ser a actual proprietária do terreno, o que não está em causa, não possui autorização da Autoridade Florestal Nacional para cortar qualquer exemplar .
2º) Pelo que foi exposto anteriormente, o facto de a Câmara estar a proteger os sobreiros adultos decorre da lei que os protege. Ou seja, a CMC não nos está a fazer nenhum favor ao não cortar esses exemplares.
Ou será que estão à espera que lhes agradeçamos por estarem a cumprir as leis do país?!
3º) Por outro lado, convirá lembrar que a propriedade dos terrenos do Cabeço do Tortosendo não está resolvida em definitivo; ou seja, decorre ainda nos tribunais um recurso, interposto pelos anteriores proprietários, que visa anular a decisão do secretário de Estado da Administração Local que permitiu, à CMC, avançar com o processo de expropriação.
Resumindo (e corrijam-se se estiver enganado): pelo menos em "teoria", é ainda possível que um tribunal faça reverter, para os anteriores proprietários, a posse do dito terreno. Tal facto deveria ser suficiente para que, num acto de decência democrática, a CMC se abstivesse de efectuar obras que desvirtuassem as características do terreno.
4º) Por último, gostava muito de saber se as plantações do Sarzedo e do Dominguiso se enquadram nalgum plano de reflorestação, a cargo de alguma associação de produtores florestais, ou se as mesmas se encontram a ser feitas sem o adequado suporte técnico de engenheiros florestais?
terça-feira, novembro 25, 2008
E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte IV) - As declarações do Sr. Presidente e as "garotices"
O auto foi levantado porque a Câmara da Covilhã ainda não possui autorização da Autoridade Florestal Nacional (AFN) para abate de um povoamento de sobreiros constituído por 364 árvores, das quais 311 são sobreiros jovens e 53 adultos.
“Não há memória que tenha havido plantações nos últimos 30 anos”, disse Carlos Pinto. “Como é que nasceram, quem é que os plantou, quem é que os identificou”, questionou o autarca à margem da reunião da Assembleia Municipal extraordinária realizada sexta-feira.
O autarca assegura que mais de 90 por cento dos sobreiros não têm mais de 10 centímetros e nasceram por geração espontânea, desvalorizando assim o facto da Unidade de Gestão Florestal do Pinhal Interior Sul, em Castelo Branco, ter contado e marcado os sobreiros para abate. “Há lá sementes de sobreiros, junto a outros que se desenvolveram que não têm espaço de crescimento” disse Carlos Pinto. “Eu quero lá saber da Autoridade Florestal Nacional, eu quero saber daquilo que vejo e daquilo que vêem as pessoas que lá estão com bom senso”, afirmou. “Agora um indivíduo qualquer que está não sei onde vem dizer-me que uma ramagem de geração espontânea, porque o vento projectou as sementes, pode contar [como sobreiro]. Conte lá o que quiser”, disse, garantindo que as obras irão continuar e que os sobreiros adultos serão mantidos.
“[As obras] Não têm de parar”, disse o autarca, acrescentando que os sobreiros existentes “não chegam a 70 e vão ser conservados porque os conservamos no projecto”.
O projecto do parque de S. Miguel, orçado em 374 mil euros, está aprovado e a expropriação do terreno mereceu declaração de utilidade pública por parte do secretário do Estado da Administração Local, Eduarda Cabrita. “Eu penso que o secretário de Estado antes de dar a utilidade pública tem informações dos seus serviços sobre se há lá um monumento nacional, se lá está o Mosteiro da Batalha, se há lá uns sobreiros. Tudo isso”, sublinhou Carlos Pinto.
“Somos uma câmara que tem um título de utilidade pública, obra concursada com visto de Tribunal de Contas e fundos para utilizar: não é qualquer autoridade que se permite perturbar esse processo”, disse Carlos Pinto. “De maneira que, ponham-se à tabela, porque não há impunidade para quem provoca uma espécie de alarme social sem uma fundamentação séria”, concluiu, ameaçando levar o caso aos tribunais.
Considero que, após declarações deste teor, me resta acrescentar uma vez mais: É isto, Portugal!...
P.S. - No blogue Máfia da Cova alguém decidiu fazer um comentário falso, utilizando o meu nome, acerca de uma notícia sobre este mesmo assunto.
Um bocadinho mais de coragem, por parte de todos, e este país seria um pouco mais decente...
segunda-feira, novembro 24, 2008
Começar bem a semana...
(...) Com mais uma promessa: o plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) de Santa Eulália, nas proximidades de Elvas.
É uma árvore magnífica que, mesmo à distância, marca o perfil da aldeia...Uma árvore por inteiro!
Situa-se num parque infantil, entre a praça de touros e a GNR local, e a sua presença preenche e confere personalidade a todo o espaço.
Este parque infantil é diferente dos demais... Nada das habituais árvores raquíticas, feias e incapazes da menor das sombras quando o estio aperta.
Uma árvore, uma árvore basta, para dar beleza e dignidade ao espaço.
P.S. - Espreitar este plátano no Inverno.
sexta-feira, novembro 21, 2008
Árvores Monumentais de Espanha
O leitor Bruno Quinhones teve a gentileza de me enviar um conjunto de "ligações", relativas a uma obra sobre as árvores monumentais de Espanha.
Parece-me um trabalho magnífico que, infelizmente, ainda não tive oportunidade para explorar devidamente...Porque as coisas boas são para partilhar, penso que a melhor forma de agradecer ao Bruno o seu gesto é tornar essa informação acessível a todos os leitores da "sombra". Obrigado. (Ver os ficheiros: 1, 2 e 3. Nota: Os ficheiros são em formato pdf e, dado o respectivo tamanho e tendo em conta as diferentes velocidades de ligação à internet, poderão levar alguns minutos a ser transferidos).
Por outro lado, o Paulo Almeida enviou-me uma informação relativa a uma acção de reflorestação que decorrerá, amanhã e no Domingo, na Serra de Monchique. Ver o seguinte texto:
"A Fundação Kangyur Rinpoche vem por este meio convidá-la (o) a participar no próximo fim-de-semana de trabalho voluntário (22 e 23 de Novembro), "SPA- Floresta", no C. da Águia, Monchique.
Temos a tarefa de plantar cerca de 700 árvores:
- 500 alfarrobeiras
- 200 pinheiros mansos
Falámos da importância deste trabalho, no equilíbrio do planeta Terra.
Deste modo, toda a ajuda neste processo é preciosa.
Temos muitas árvores para plantar!
Apelamos mais uma vez à vossa participação e que entrem em contacto com a Dulce Alcobia por telemóvel: 968059244 (até 6ª feira)"
Peço desculpa por estar a transmitir a informação em "cima da hora" mas estou certo que, se estiverem interessados, conseguirão ainda assegurar a participação...A ajuda para plantar árvores nunca é demais!
Por último, e de acordo com o "DiárioXXI" de 18 de Novembro, a empresa "Epson", através do programa "Epson Gardunha Biodiversity Initiative", irá auxiliar na restauração da biodiversidade numa área de 20 hectares da Serra da Gardunha. Dependendo da avaliação feita da iniciativa, a área de intervenção poderá ser aumentada no futuro.
quinta-feira, novembro 20, 2008
E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte III)
De que serviu o auto levantado à Câmara pela GNR? Será que já foi feita a prometida vistoria ao local, pelos técnicos da Autoridade Florestal Nacional?
Fica, uma vez mais, o comunicado da Quercus. Nas palavras do Presidente da Câmara da Covilhã, uma "organização reaccionária"!
É isto, Portugal...
Outono a Sul
Um Outono com cores de terra...
Um Outono feito de tons dourados...
E onde as paisagens bucólicas, de final de tarde, ganham um outro sentido.
E ainda das cores quentes das vinhas...
Também a Sul é Outono.
quarta-feira, novembro 19, 2008
E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte II)
O "Diário XXI", na sua edição de hoje, retoma o assunto dos sobreiros do Cabeço do Tortosendo (Covilhã).
A notícia refere que, na sequência das obras do passado dia 13 de Novembro, a GNR levantou um auto à Câmara Municipal da Covilhã (CMC) por abate ilegal de sobreiros, uma vez que a Autoridade Florestal Nacional (ANF) não emitiu qualquer despacho autorizando tal iniciativa camarária.
Entretanto, o presidente da ANF terá solicitado uma vistoria ao local para verificar os efeitos da referida acção da CMC.
Resta saber se, o Presidente da Câmara da Covilhã, irá qualificar de "reaccionária" a atitude da GNR e da ANF por estarem a exigir o cumprimento da lei, tal como qualificou a Quercus quando esta se pronunciou sobre o caso dos 3 000 sobreiros da Zona Industrial do Tortosendo.
A Quercus exige que Autoridade Florestal Nacional salvaguarde os sobreiros
Temos conhecimento que ainda não existe uma declaração de imprescindível utilidade pública para abate dos sobreiros, no entanto, esperamos que esta pretensão seja negada pela Autoridade Florestal Nacional, dado que existem alternativas de localização fora de povoamentos de sobreiros e cabe ao promotor encontrá-las. Enquanto isso não acontecer, os serviços da Autoridade Florestal Nacional devem suspender o processo da Declaração da Imprescindível Utilidade Pública devido às condicionantes legais, impedindo o abate de sobreiros. A Quercus responsabiliza a Câmara Municipal da Covilhã por iniciar uma obra num terreno com um povoamento de sobreiros sem ter autorização para aí intervir, devendo a autarquia suspender de imediato a obras, que decorriam até ao início desta semana no terreno. Caso a Câmara Municipal da Covilhã não suspenda a obra, a Quercus pondera o recurso à via judicial para salvaguarda do povoamento de sobreiros protegido".
Lisboa, 19 de Novembro de 2008 (A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e Núcleo Regional de Castelo Branco)
terça-feira, novembro 18, 2008
O promissor plátano de Arronches
Crianças que aprendam a brincar à sombra de verdadeiras árvores, como este plátano, acredito que serão, enquanto adultos, menos tolerantes com os arboricídios nas cidades.
segunda-feira, novembro 17, 2008
Debate sobre árvores ornamentais
sábado, novembro 15, 2008
Há dias em que uma pessoa se sente só contra o resto do mundo
Esta publicação esteve para ter apenas o título e a imagem. Mas não resisti...
Aparentemente, vou abrir um precedente falando de algo que, directa ou indirectamente, não parece estar relacionado com o mundo das árvores. Mas apenas "aparentemente"...
A verdade é que se as pessoas não me respeitarem como professor, não me respeitarão como pessoa e ser humano. Sem ser respeitado, de nada me servem as linhas que escrevo neste blogue, independentemente dos assuntos que aborde.
Acresce que eu não seria a pessoa que sou, incluindo o muito que amo as árvores, sem os professores que tive enquanto aluno. E, de entre todos eles, um em especial... O Professor, assim mesmo com "pê" maiúsculo, Jorge Paiva!
Todos os dias os professores salvam vidas...Penso na minha colega a quem uma aluna, com graves problemas emocionais por ter perdido um familiar, agradeceu por, literalmente, a ter mantido agarrada à vida.
Todos os dias há pequenas histórias como estas que morrem, onde têm que morrer, no anonimato.
Afinal de contas, os professores não são super-heróis. Há bons e maus profissionais como em todas as classes. Mas deixem-me desabafar que, apesar de todos os desânimos e frustrações, a maioria gosta do que faz e gosta mais de estar dentro de uma sala de aulas do que estar na sala de professores.
Resta então conhecer as causas da nossa revolta...
Com certeza que há coisas erradas neste modelo de avaliação dos professores que nos querem impor.
Como se pode querer rigor científico e pedagógico, quando pessoas de uma determinada área científica têm que avaliar pessoas de áreas científicas distintas (e, muitas vezes, com mais qualificações académicas)?
Como se pode acreditar num sistema que afecta a avaliação dos professores à taxa de abandono escolar, como se esta dependesse do “professor fazer o pino na sala de aula” e não de complexos factores económicos e sociais que escapam ao seu controlo?
Como se pode acreditar num sistema de avaliação que relaciona, de forma directa, a qualidade de um professor com os resultados dos alunos? Será um professor de Matemática duma escola de Lisboa, onde boa parte dos seus alunos tem explicações, melhor do que um colega do Interior rural do país, onde os alunos não dispõem das mesmas condições facilitadoras do sucesso?
Evidentemente que não estou a defender a “teoria dos professores coitadinhos”, teoria que não suporto, pois nem sempre os alunos que possuem melhores condições à partida são aqueles que alcançam melhores resultados.
E porquê?! Precisamente porque, por melhor que o professor seja, há certos factores humanos imprevisíveis que ele não consegue controlar. Explico de outra forma: um médico pode prescrever a medicação correcta a um paciente mas, de seguida, não o irá acompanhar diariamente para verificar se ele toma os medicamentos de forma correcta.
Logo, se o doente não tomar os medicamentos e não melhorar, o médico não pode, obviamente, ser responsabilizado. Isto deveria ser fácil de entender, mas pelos vistos não é…
Logo, um professor deve ser avaliado, não pelo facto de um seu determinado aluno ter tido negativa, mas por todas as estratégias que utilizou para evitar esse desfecho.
E, sejamos brutalmente sinceros e honestos, não é assistindo a 3 aulas de 45 minutos, num ano lectivo, que se retiram conclusões sobre as qualidades e defeitos de um professor.
Dito isto, esta avaliação é apenas mais um instrumento de uma “política de cosmética”, uma encenação, uma farsa burlesca montada apenas para manobrar a opinião pública, tentando passar a ideia de que o “governo se preocupa com a qualidade do ensino”.
Por amor de Deus, poupem-me à hipocrisia! Se querem melhorar a qualidade dos meus métodos de ensino, mandem à minha escola alguém de reconhecida competência científica e pedagógica que me assista a várias aulas; e que depois me diga tudo aquilo em que eu posso melhorar para ser melhor professor e ajudar os meus alunos.
Mas não me enviem mais das inspecções, como a que tivemos o ano passado na minha escola, em que a única coisa errada que detectaram é que “faltam muitos papéis”.
Ah, os papéis! Tudo no ensino em Portugal se parece resolver com mais um papel…Uma ficha, uma grelha, uma planificação, um plano, etc. Servem de alguma coisa?! Não importa! O que importa é que estejam nos dossiês. Para quê? Para nos protegermos…Para nos protegermos dos pais, dos recursos, da inspecção, …
Os professores estão cansados desta “política de medo” e querem recuperar um pouco da sua auto-estima e do amor pelo simples acto de ensinar.
E não toleram que se queira aplicar à avaliação de professores, a mesma política que o ministério tem aplicado para resolver os muitos problemas do ensino em Portugal: facilitismo!
O ministério insiste em mascarar as deficiências do nosso sistema de ensino baixando, de forma evidente e cientificamente inquestionável, o nível de exigência dos exames nacionais, de forma a conseguir resultados que impressionem a opinião pública. Tudo em nome da tal cosmética...
Evidentemente que o falhanço e o erro do ministério foi pensar que os professores iriam tolerar e engolir este mesmo princípio, aplicado à avaliação do seu desempenho; o pensamento deles foi o de sempre: “os professores preenchem a grelha, não resmungam pois estão habituados e porque vão vender a sua honra profissional a troco de um Bom…”
Pois bem, enganaram-se! Até porque a avaliação é apenas a gota que fez transbordar o copo.
Por isso, por mais que o ministério nos queira “corromper”, comprando a nossa rendição a troco da simplificação do sistema de avaliação, os professores não irão ceder. Porque o que está em causa são anos e anos de “políticas de facilitismo” e de “burocratizar para nada resolver”.
É essencial que a sociedade portuguesa compreenda que se está a viver um momento histórico único, o momento em que se decide sobre a credibilidade do ensino público português.
Não é apenas a ministra e a sua equipa que estão em causa, nem sequer a famigerada “avaliação docente”, mas sim anos e anos de políticas que estão a levar ao fundo o nosso ensino e, com ele, o próprio futuro da nação.
Se desistirmos, a história não terá contemplações para nós, pois teremos desperdiçado a oportunidade de mudar o rumo dos acontecimentos e permitir que o ensino público tenha futuro em Portugal.
O capitão Salgueiro Maia, a propósito da situação que se vivia em Portugal antes do 25 de Abril, terá dito um dia: “Há o estado da democracia, há o estado da ditadura e há o estado a que tudo isto chegou!”
Assim está o estado da educação neste momento. É do futuro dos nossos filhos e do nosso país que se trata e de não de uma simples embirração com a ministra do sector ou um prurido a qualquer forma de avaliação.
No geral, não tenho razões para acreditar que haja mais corrupção, incompetência ou mediocridade entre os professores, do que na restante sociedade portuguesa. Bem pelo contrário!
Dêem-nos paz para trabalhar e um pouco de respeito, se faz favor.
Obrigado.
P.S. - Ao que parece, ontem, dois secretários de Estado terão insinuado ser os professores os instigadores das lamentáveis manifestações de alguns alunos, com recurso ao arremesso de ovos.
Sei bem que a maioria dos professores, pessoas com um mínimo de educação e sem qualquer vocação para bandidos, se limita a "instigar" os seus alunos a estudar e a que compreendam que para ter sucesso na vida é necessário muito esforço e dedicação.
Alguns, mais ousados, "instigam" os seus alunos a pensar pela sua própria cabeça e a tentar mudar o mundo. No final de uma determinada aula de Formação Cívica, como aqui escrevi na altura, disse a uma aluna que "uma única pessoa pode mudar o mundo".
Espero não lhe ter mentido. E, se o fiz, foi sem intenção e peço desculpa por acreditar em utopias...
P.S.S. - Decidi não abrir a "caixa de comentários" para este texto, pois ele é, sobretudo, um desabafo de carácter pessoal. E para não gerar aqui uma "discussão" à volta dos temas específicos da educação, desviando a atenção das outras causas da "sombra verde".
Mais do que nunca, obrigado pela paciência de lerem os meus escritos...
quinta-feira, novembro 13, 2008
E os 364 sobreiros, senhor Presidente?!
A situação é denunciada na edição de hoje, 13 de Novembro, do "DiárioXXI"*.
* A hiperligação é para a página do jornal; os leitores deverão ter o cuidado de seleccionar a edição de 13 de Novembro para aceder à referida notícia.
Vou tentar, de forma resumida, explicar o que está em causa numa situação que já tinha levantado num texto de Agosto passado.
A CMC pretende construir um parque de feiras na freguesia do Tortosendo. Não vou discutir prioridades, uma vez mais, embora me pareça altamente discutível que, em tempos de profunda crise económica, se invista na construção de instalações permanentes para uma feira que se realiza um dia por ano.
Por certo que, com um pouco de imaginação, se encontrariam outras prioridades para a freguesia, mas se o Estado central gastou milhões em estádios de futebol que estão às moscas, suponho que uma Câmara possa fazer o mesmo em relação a um recinto de feiras que terá uma tão escassa utilização.
Mas "aceitemos" as obras e as prioridades de quem nos representa! Pois bem, com tantos terrenos disponíveis, a CMC decidiu escolher um com centenas de sobreiros. Uma vez mais, excelente pontaria!
No entanto, a verdade é que a CMC é a actual proprietária legal do terreno em causa, na sequência de um processo de expropriação. Porém, sobre esta decisão do Secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, decorre ainda um recurso nos tribunais.
Esta acção, interposta pelos anteriores proprietários do terreno, pressupõe que, pelo menos em teoria, será ainda possível fazer reverter a posse dos mesmos.
Este facto deveria, por si só, fazer com que a autarquia da Covilhã, apesar de ser a legítima proprietária dos ditos terrenos, se abstivesse de efectuar intervenções de fundo nos mesmos, pelo menos até todo o processo jurídico estar concluído.
No entanto, a CMC decidiu solicitar a autorização para o abate dos sobreiros. De parte, parecem ter ficado as intenções de transplantar parte das árvores, tal como afirmado no passado.
No entanto, e até ao presente momento, não foi emitida a declaração de imprescindível utilidade pública, a qual permitiria o abate dos sobreiros.
Apesar do referido no parágrafo anterior, a CMC decidiu avançar com as obras, aparentemente apenas para cortar alguns pinheiros...
Como é evidente, assiste-me o direito de questionar sobre o que poderia ter acontecido se, fruto de uma denúncia, a GNR não tivesse suspendido as referidas obras.
E escusado será dizer que para matar um sobreiro não é preciso cortá-lo. A destruição parcial das raízes derivada da movimentação de solos é mais do que suficiente...
Sobre o modo de actuar da minha autarquia já não me restam mais comentários...Sobram-me 3 questões, para outros tantos destinatários:
- Para o senhor Secretário de Estado da Administração Local: com que fundamentos legais considerou justificável a expropriação de um terreno com mais de 3 centenas de sobreiros?
- Para a Autoridade Florestal Nacional (AFN): sabendo das intenções da CMC para o dito terreno e sabendo que sobre a posse dos mesmos decorre ainda um recurso, com que base legal poderá a AFN justificar uma hipotética autorização para o abate dos sobreiros? Terá a acção da CMC, na passada segunda-feira, influência directa sobre essa decisão?
- Para a GNR: na sequência da acção realizada na passada segunda-feira, foi levantado algum auto à CMC e/ou à empresa de construção em causa? Se não, porquê?
Nota importante: este caso, embora situado na mesma freguesia (Tortosendo), é totalmente independente da situação dos 3 000 sobreiros denunciada em Outubro passado.
quarta-feira, novembro 12, 2008
terça-feira, novembro 11, 2008
Vontade de conhecer...
(...) O Carvalho Grande* de Gonçalo (Guarda).
* Muito provavelmente, um carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.)
segunda-feira, novembro 10, 2008
1 milhão de sementes para o Vale do Côa
- 1 milhão de sementes para o Vale do Côa. Organização: Associação Transumância e Natureza.
- Piódão recebe 15 mil árvores.
- Alunos plantam árvores no Paul da Serra: "...a realização destas acções de arborização não se limita à plantação das árvores por si só, já que a monitorização do desenvolvimento das plantas é outro dos aspectos a ter em conta neste tipo de iniciativa". Agrada-me!
- Câmara de Lobos ataca "praga das palmeiras"; o mesmo no Funchal. O problema estende-se por todo o país, de Norte a Sul, e ameaça as ilhas. A situação é grave... Disseram-me que os tratamentos preventivos são quase um "acto de desespero" e que o problema teve origem na importação de palmeiras "infectadas".
Com tantos exemplos do passado, continua a não se aprender nada! Haverá alguém, ou alguma instituição, responsável pelo controlo da importação de plantas exóticas? Não deveria ser obrigatório um período de quarentena? Se sim, quem garante o seu efectivo cumprimento? Não seria preferível a importação de sementes de modo a evitar este tipo de "surpresas"?
- Algumas notícias sobre o sobreiro e a indústria da cortiça, as quais agradeço ao Luís Gil: World Wide Fund for Nature (WWF) promove a cortiça na Assembleia-geral do Forest Stewardship Council; por outro lado, o sector corticeiro associou-se à WWF no lançamento da Rede Ibérica de Comércio Florestal.
Por último, enquanto em Portugal qualquer desculpa parece ser aceitável para abater uns milhares de sobreiros, em San Juan, Argentina, o sobreiro parece ser uma aposta com futuro.
- O "país dos cedros" está em acelerado processo de desertificação.
- Jornadas sobre dendro-geomorfologia em Toledo (Espanha).
- Uma série de notícias sobre árvores via Ondas 3: Traçado proposto para o IC2 irá amputar parte da Mata do Choupal (Coimbra);
Na Andaluzia: Ecologistas en Acción contra a plantação de eucaliptos em áreas circundantes do Parque Nacional de Doñana e, por outro lado, lançam a temporada 2008/2009 da campanha "Un Andaluz, Un Árbol".
Por último:40 milhões de árvores para o Ruanda.
- Do Sargaçal: Árvores funcionam como "ar condicionado" da natureza.
Nota: Estas listas de "hiperligações" consomem-me tempo de que não disponho e retiram-me espaço para outro tipo de textos na "sombra...". Assim, e de futuro, haverá apenas algumas chamadas de atenção esporádicas para notícias sobre árvores.
Na "blogosfera" já há quem faça, e muito bem, este acompanhamento de notícias sobre árvores, como o Octávio no Ondas 3 e o Rui no Sargaçal.
Obrigado.
domingo, novembro 09, 2008
Se tudo pudesse ser perfeito (como uma manhã de Outono)
sábado, novembro 08, 2008
Praia Verde? Não, "Praia Castanha"!
É mais uma história... Mais do mesmo turismo massificado que não preserva o que poderia fazer do Algarve um destino único no mundo: a sua natureza!
Quando tudo for betão, o Algarve será apenas "mais um" destino de praia no Mundo, sem nada que o diferencie pela qualidade.
É pena que, após tantos atentados, se persista no erro. Um dia será tarde demais...
Digam adeus à Praia Verde e aos seus pinhais.
sexta-feira, novembro 07, 2008
Poema das folhas secas de plátano
As folhas dos plátanos
desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
São belas as folhas dos plátanos
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, ciclóides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada, o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram lisas e verdes no apogeu
da sua juventude em clorofila,
mas agora, no outono de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
e esta real e pobre criatura
vendo o solo coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.
António Gedeão
(poema retirado do blogue Botânica nas Ilhas)
P.S. - Na imagem que acompanha o poema, o espectacular plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) de Portalegre, classificado como árvore de interesse público desde 1939.
quinta-feira, novembro 06, 2008
Vontade de conhecer...
(...) O monumental cedro da Casa de Vila Boa (Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses).
P.S. - Obrigado pela informação.