terça-feira, novembro 25, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte IV) - As declarações do Sr. Presidente e as "garotices"

Da edição de ontem do "DiárioXXI":

“Há lá umas ramagens que só com boa vontade excessiva é que se chama àquilo um sobreiro”, declarou sexta-feira o presidente da Câmara da Covilhã a propósito da polémica entrada de máquinas no parque de S. Miguel, no Tortosendo, que levou a Equipa de Protecção da Natureza e Ambiente (EPNA) da GNR a levantar um auto de notícia, por contra-ordenação, à autarquia.
O auto foi levantado porque a Câmara da Covilhã ainda não possui autorização da Autoridade Florestal Nacional (AFN) para abate de um povoamento de sobreiros constituído por 364 árvores, das quais 311 são sobreiros jovens e 53 adultos.

“Não há memória que tenha havido plantações nos últimos 30 anos”, disse Carlos Pinto. “Como é que nasceram, quem é que os plantou, quem é que os identificou”, questionou o autarca à margem da reunião da Assembleia Municipal extraordinária realizada sexta-feira.
O autarca assegura que mais de 90 por cento dos sobreiros não têm mais de 10 centímetros e nasceram por geração espontânea, desvalorizando assim o facto da Unidade de Gestão Florestal do Pinhal Interior Sul, em Castelo Branco, ter contado e marcado os sobreiros para abate. “Há lá sementes de sobreiros, junto a outros que se desenvolveram que não têm espaço de crescimento” disse Carlos Pinto. “Eu quero lá saber da Autoridade Florestal Nacional, eu quero saber daquilo que vejo e daquilo que vêem as pessoas que lá estão com bom senso”, afirmou. “Agora um indivíduo qualquer que está não sei onde vem dizer-me que uma ramagem de geração espontânea, porque o vento projectou as sementes, pode contar [como sobreiro]. Conte lá o que quiser”, disse, garantindo que as obras irão continuar e que os sobreiros adultos serão mantidos.

“[As obras] Não têm de parar”, disse o autarca, acrescentando que os sobreiros existentes “não chegam a 70 e vão ser conservados porque os conservamos no projecto”.
O projecto do parque de S. Miguel, orçado em 374 mil euros, está aprovado e a expropriação do terreno mereceu declaração de utilidade pública por parte do secretário do Estado da Administração Local, Eduarda Cabrita. “Eu penso que o secretário de Estado antes de dar a utilidade pública tem informações dos seus serviços sobre se há lá um monumento nacional, se lá está o Mosteiro da Batalha, se há lá uns sobreiros. Tudo isso”, sublinhou Carlos Pinto.
“Somos uma câmara que tem um título de utilidade pública, obra concursada com visto de Tribunal de Contas e fundos para utilizar: não é qualquer autoridade que se permite perturbar esse processo”, disse Carlos Pinto. “De maneira que, ponham-se à tabela, porque não há impunidade para quem provoca uma espécie de alarme social sem uma fundamentação séria”, concluiu, ameaçando levar o caso aos tribunais.



Considero que, após declarações deste teor, me resta acrescentar uma vez mais: É isto, Portugal!...


P.S. - No blogue Máfia da Cova alguém decidiu fazer um comentário falso, utilizando o meu nome, acerca de uma notícia sobre este mesmo assunto.

Um bocadinho mais de coragem, por parte de todos, e este país seria um pouco mais decente...



5 comentários:

ljma disse...

O que acho mais incrível nestes trolls que aparecem na blogosfera da Covilhã insultando os que se opõem a esta ou aquela decisão do presidente da câmara (e que agora tentaram fazer-se passar por ti) é não perceberem o quanto prejudicam a imagem do presidente que pensam defender!

Caramba, se Carlos Pinto tem do lado dele gentalha desta, gentalha capaz disto, é óbvio que não me terá a mim!

Parabéns (e obrigado) pela tua rectidão!

joserui disse...

O comentário é: Sem comentários.
Como disse Aldo Leopold há mais de 60 anos, por cada passo ambiental em frente, dão-se sempre dois para trás. E decerto nunca imaginou o que seria este país em 2008, governado por gente sem qualidade. -- JRF

Anónimo disse...

Não sei se ria, não sei se chore Pedro. Uma condição para ser autarca será concerteza ser analfabeto ambiental.

Cumprimentos Pedro.
Há que insistir pois nova geração há-de vir!
João Martins

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Penso que, descontando o exagero estilístico, temos o que merecemos; ou seja, os nossos autarcas são um reflexo das maiorias que os elegem.

As maiorias no nosso país, infelizmente, ainda acham que desenvolvimento é tudo o que tenha betão e que os milhares gastos em rotundas e noutras obras inúteis, são sinal de um quase vanguardismo.
E, não esquecendo nunca, que para estas maiorias o dito progresso é incompatível com a preservação da qualidade das paisagens e do meio ambiente.
Sejamos honestos, a maioria dos portugueses acredita piamente nestes dois pressupostos e tem um enorme desprezo pela minoria a que pertencemos.

É uma generalização injusta para muitos portugueses, incluindo muitos autarcas?!Pois é! Mas, infelizmente, acho que na maioria das situações ela corresponde à realidade.

Artemísia disse...

os comentários do sr. presidente são absolutamente boçais!!