quinta-feira, julho 12, 2007

O tecto


Pelo Cântaro Zangado tomei conhecimento que Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), anunciou através da Kaminhos (publicação online), que a RTSE está a desenvolver um estudo (mais um!...) para requalificar o ponto mais alto da Serra.

Mais adiante, na referida notícia, lê-se que: "A ideia passa por apresentar ao Governo «uma espécie de Plano de Pormenor» de reabilitação daquela zona, de forma a incutir um aspecto mais ordenado na Torre, disse Jorge Patrão, acrescentando que o estudo está a ser elaborado por «técnicos especializados de Lisboa».

Uma espécie de plano de pormenor! Ou seja, não chega a ser um Plano de Pormenor. Mas, e desculpem a ingenuidade da minha pergunta, sendo o planalto da Torre parte do Parque Natural da Serra da Estrela (criado pelo Decreto-Lei n.º 557/76 de 16 de Julho) e parte da Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa, essas "espécies de planos de pormenor" não deveriam estar prontos há anos?

Mas há uma coisa que me deixa descansado, esse estudo vai ser feito por técnicos de Lisboa...sim, não serão de Coimbra ou do Porto, mas sim da capital! Isso deixa-me completamente tranquilo...

Sejam modestos (entenda-se sejam realistas e práticos) e resolvam tão somente os seguintes problemas:

- parem de criar mais acessos rodoviários à Torre e ordenem o caos existente (o acesso rodoviário à Torre tem que ser limitado -Ponto final parágrafo);
- resolvam o problema dos esgotos dos edifícios que se encontram em funcionamento;
- promovam a demolição dos mamarrachos que estão inactivos;
- desistam das megalomanias de ampliar estâncias de esqui situadas a 1900 m de altitude na Europa do Sul (leiam relatórios científicos sobre as alterações climáticas, se faz favor).

Se qualquer estudo posto em prática ajudar a acabar com a lixeira em que se transformou a Torre, já terá servido para fazer um enormíssimo favor ao país que é o nosso.

Sejam, por isso, modestos e resolvam tão somente isto: o problema do lixo, do caos automóvel e dos mamarrachos. O resto já lá está e não precisa de ser requalificado.

P.S. - a ler: o que o José escreveu no Cântaro...

3 comentários:

ljma disse...

Obrigado por ajudares a chamar a atenção para isto, Pedro.
Enfim, aqui temos uma espécie de plano de pormenor, para "ordenar" uma espécie de núcleo de recreio, situado numa espécie de área protegida...

a d´almeida nunes disse...

É caso para improvisar uma cantiga assim a modos que, como a nossa já muito conhecida e querida "À sombra duma azinheira...", poderia ser "À sombra duma Torre numa Serra...".
Tem toda a razão, o Pedro, às vezes até parece que há pessoas/instituições que se comprazem em gozar com o pagode.
Veja-se também o que se passa em Leiria, com umas coisas a que parece que querem chamar totems, para nos darem uns conselhos de boas maneiras de convivência. Totem faz-me lembrar os livros dos cowboys e índios, farwest, danças ao som de tambores e com cantares para animar a malta.
E mais.
Acabei de ler o DR 134 - I série, Decreto 14/2007: altera os limites dos Perimetros Florestais de Arca e do Vouga. Vi-me à rasca para perceber quais eram esses perímetros, se da parte florestal se dos enclaves (ou será que os enclaves é que são os perímretros florestais?). Não sabia que ainda está em vigor um artº dum Decreto de 24 de Dezembro de 1901 que, pelos vistos, ainda regulamenta os perímetros Florestais!???
Enfim...Alguém saberá o que quer? O que anda a fazer?!...
António Nunes

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

José,

e eu acrescentaria...numa "espécie" de Estado de direito.

Não tens que agradecer, temos causas comuns.

Abraço e bom fim-de-semana.


António,

O que me custa, por exemplo, é ver a "conservação da natureza" ser culpada pelo subdesenvolvimento, pelo despovoamento, pela desertificação...enfim, como se neste país tivesse algum dia existido uma real política de conservação da natureza.

E, já que fala de leis, esse até é o menor dos problemas, pois tirando o "problema" de decifrar a linguagem muito própria dos diários da República, até temos das melhores legislações da Europa em termos ambientais...o problema é que neste país as leis fizeram-se para não serem cumpridas...a malta gosta mesmo é de estudos...e mais estudos e planos.

Enfim, Portugal!...

Abraço e bom fim-de-semana