Pegando no texto que Miguel Sousa Tavares (MST) escreveu para a última edição do Expresso, sob o título "50 desejos para Portugal", vou também eu formular alguns desejos para o próximo ano...
Para o país:
- Aproveito o desejo n.º 1 do MST, na íntegra, "Que houvesse finalmente uma política de ordenamento do território, que fosse clara, definitiva e igual para todos, sem excepções legais como os Projectos de Interesse Nacional e outras batotas que tal. Que cada um soubesse, de uma vez por todas, onde se pode e onde não se pode construir".
- Aprovo também o desejo n. º 10 "Que se evitasse a "algarvização" projectada para o Alqueva, o Douro, a costa alentejana, a ria Formosa, a ria de Alvor e o litoral oeste", ao que eu acrescento, para a Serra da Estrela.
- E reformulo o desejo n.º 26, aproveitando a sugestão de MST de colocar o arquitecto Ribeiro Telles como ministro da Agricultura e o engenheiro Carlos Pimenta como ministro do Ambiente, ao que acrescento a arquitecta Helena Roseta num ministério específico para a requalificação das cidades.
E agora, mais especificamente, os meus votos pessoais (uns mais realistas e outros, quiçá todos, um pouco utópicos)...
Para a Covilhã:
- Que se começasse por respeitar a RAN e a REN, não emitindo a câmara municipal alvarás de construção aos Domingos e em violação das leis da República; como exemplo, para o futuro, transformação da Quinta do Freixo num Parque Urbano para usufruto de todos os covilhanenses;
- Que se colocasse um travão à expansão desordenada da cidade em terrenos com elevado potencial agrícola e que, por cada fogo autorizado na parte baixa da cidade, o respectivo promotor imobiliário recuperasse condignamente 3 habitações na zona antiga da cidade (condignamente implica recuperar as casas e torná-las habitáveis e atractivas para os jovens...não é apenas recuperar as fachadas).
- Multiplicação exponencial dos ecopontos pela cidade e pelo concelho e o lançamento de campanhas cívicas que apelassem à separação dos resíduos;
- Fim das "podas camarárias" e a entrega dos serviços de manutenção dos espaços verdes a empresas que não mutilassem o património arbóreo da cidade e do concelho; aos funcionários municipais com tendência para o "arboricídio e podite aguda" seria atribuída a função de ajudar a erradicar os milhares de hectares invadidos por mimosas em todo o concelho;
- Auxílio, dentro das competências de uma câmara municipal, para que a Associação de Produtores Florestais do Paul pudesse estender a sua acção ou pelo menos os seus ensinamentos, à gestão florestal de todo o concelho;
- Que 100 % dos esgotos da Covilhã fossem tratados convenientemente e que o presidente da câmara tivesse a humildade democrática de explicar aos cidadãos do concelho que o elegeram, em que é que a privatização de 49 % das Águas da Covilhã vai ajudar à gestão desse património inalienável que é a gestão da água;
- que os covilhanenses se reconciliassem com a Serra da Estrela.
Para a Serra da Estrela:
- Fim da concessão à Turistrela e julgamento dos seus responsáveis por danos contra o património de todos;
- Erradicação de todos os mamarrachos da Serra a começar pelo "elefante branco" a que alguns chamam de Skyparque;
- Que o engenheiro Carlos Pimenta, enquanto ministro do Ambiente, tivesse plenos poderes para fazer nas Penhas da Saúde aquilo que no passado fez na Nave de Santo António.
- Limitação do trânsito na estrada que liga os Piornos à Lagoa Comprida (como já se faz, actualmente, na estrada que atravessa a Mata de Albergaria no Parque Nacional da Peneda-Gerês); quando estivessem construídas as alternativas de ligação entre as duas vertentes da Serra, aquela deveria ser permanentemente encerrada ao trânsito automóvel;
- Reflorestação urgente da Serra, em particular das zonas mais sujeitas à erosão; que se fizessem acordos com os pastores da Serra sobre quais os terrenos para pastoreio e quais os terrenos a florestar e que aqueles solicitassem sempre o auxílio de técnicos competentes para questões relativas à renovação dos pastos;
- Que se começasse a trabalhar, com seriedade e urgência, na classificação do Vale Glaciar do Zêzere como Património da Humanidade;
- Que a gestão do turismo fosse entregue a pessoas que percebessem quais as características da nossa Serra que deveriam ser valorizadas para a diferenciar, positivamente, dos destinos do turismo de massas;
- Finalmente...o mais utópico: que o Parque Natural tivesse meios, humanos e materiais, para finalmente começar a proteger a Serra!
Para o Algarve:
- Nem mais um campo de golfe; e que os que existem fossem obrigados a usar água tratada, provenientes de ETAR, para a rega;
- Demolição de 90 % do que se construiu depois dos anos 60 em Armação de Pêra, Praia da Rocha, Quarteira, etc.
- Aproveitando a sugestão de MST: que por cada empreendimento turístico aprovado fossem demolidos dois já existentes;
- Demolição de todas as habitações feitas em cima de falésias e cordões dunares...todas implica mesmo daqueles que são poderosos e não apenas de pescadores;
- Nem mais um eucalipto em Monchique e reflorestação da Serra com sobreiros e outras espécies autóctones; e por cada palmeira plantada pelas câmaras municipais tivessem que ser plantadas 5 árvores autóctones.
- Para Albufeira, em particular: que parassem de regar os relvados da cidade pelo menos nos dias de Inverno em que chove!
- Para Silves, em particular: que o Polis deixasse de destruir o património da cidade!
- E, finalmente, a mais utópica: que os responsáveis pela destruição nos últimos 40 anos de uma das regiões mais bonitas do mundo fossem julgados e, pasme-se, que inclusivamente fossem dados como culpados.
Para o país:
- Aproveito o desejo n.º 1 do MST, na íntegra, "Que houvesse finalmente uma política de ordenamento do território, que fosse clara, definitiva e igual para todos, sem excepções legais como os Projectos de Interesse Nacional e outras batotas que tal. Que cada um soubesse, de uma vez por todas, onde se pode e onde não se pode construir".
- Aprovo também o desejo n. º 10 "Que se evitasse a "algarvização" projectada para o Alqueva, o Douro, a costa alentejana, a ria Formosa, a ria de Alvor e o litoral oeste", ao que eu acrescento, para a Serra da Estrela.
- E reformulo o desejo n.º 26, aproveitando a sugestão de MST de colocar o arquitecto Ribeiro Telles como ministro da Agricultura e o engenheiro Carlos Pimenta como ministro do Ambiente, ao que acrescento a arquitecta Helena Roseta num ministério específico para a requalificação das cidades.
E agora, mais especificamente, os meus votos pessoais (uns mais realistas e outros, quiçá todos, um pouco utópicos)...
Para a Covilhã:
- Que se começasse por respeitar a RAN e a REN, não emitindo a câmara municipal alvarás de construção aos Domingos e em violação das leis da República; como exemplo, para o futuro, transformação da Quinta do Freixo num Parque Urbano para usufruto de todos os covilhanenses;
- Que se colocasse um travão à expansão desordenada da cidade em terrenos com elevado potencial agrícola e que, por cada fogo autorizado na parte baixa da cidade, o respectivo promotor imobiliário recuperasse condignamente 3 habitações na zona antiga da cidade (condignamente implica recuperar as casas e torná-las habitáveis e atractivas para os jovens...não é apenas recuperar as fachadas).
- Multiplicação exponencial dos ecopontos pela cidade e pelo concelho e o lançamento de campanhas cívicas que apelassem à separação dos resíduos;
- Fim das "podas camarárias" e a entrega dos serviços de manutenção dos espaços verdes a empresas que não mutilassem o património arbóreo da cidade e do concelho; aos funcionários municipais com tendência para o "arboricídio e podite aguda" seria atribuída a função de ajudar a erradicar os milhares de hectares invadidos por mimosas em todo o concelho;
- Auxílio, dentro das competências de uma câmara municipal, para que a Associação de Produtores Florestais do Paul pudesse estender a sua acção ou pelo menos os seus ensinamentos, à gestão florestal de todo o concelho;
- Que 100 % dos esgotos da Covilhã fossem tratados convenientemente e que o presidente da câmara tivesse a humildade democrática de explicar aos cidadãos do concelho que o elegeram, em que é que a privatização de 49 % das Águas da Covilhã vai ajudar à gestão desse património inalienável que é a gestão da água;
- que os covilhanenses se reconciliassem com a Serra da Estrela.
Para a Serra da Estrela:
- Fim da concessão à Turistrela e julgamento dos seus responsáveis por danos contra o património de todos;
- Erradicação de todos os mamarrachos da Serra a começar pelo "elefante branco" a que alguns chamam de Skyparque;
- Que o engenheiro Carlos Pimenta, enquanto ministro do Ambiente, tivesse plenos poderes para fazer nas Penhas da Saúde aquilo que no passado fez na Nave de Santo António.
- Limitação do trânsito na estrada que liga os Piornos à Lagoa Comprida (como já se faz, actualmente, na estrada que atravessa a Mata de Albergaria no Parque Nacional da Peneda-Gerês); quando estivessem construídas as alternativas de ligação entre as duas vertentes da Serra, aquela deveria ser permanentemente encerrada ao trânsito automóvel;
- Reflorestação urgente da Serra, em particular das zonas mais sujeitas à erosão; que se fizessem acordos com os pastores da Serra sobre quais os terrenos para pastoreio e quais os terrenos a florestar e que aqueles solicitassem sempre o auxílio de técnicos competentes para questões relativas à renovação dos pastos;
- Que se começasse a trabalhar, com seriedade e urgência, na classificação do Vale Glaciar do Zêzere como Património da Humanidade;
- Que a gestão do turismo fosse entregue a pessoas que percebessem quais as características da nossa Serra que deveriam ser valorizadas para a diferenciar, positivamente, dos destinos do turismo de massas;
- Finalmente...o mais utópico: que o Parque Natural tivesse meios, humanos e materiais, para finalmente começar a proteger a Serra!
Para o Algarve:
- Nem mais um campo de golfe; e que os que existem fossem obrigados a usar água tratada, provenientes de ETAR, para a rega;
- Demolição de 90 % do que se construiu depois dos anos 60 em Armação de Pêra, Praia da Rocha, Quarteira, etc.
- Aproveitando a sugestão de MST: que por cada empreendimento turístico aprovado fossem demolidos dois já existentes;
- Demolição de todas as habitações feitas em cima de falésias e cordões dunares...todas implica mesmo daqueles que são poderosos e não apenas de pescadores;
- Nem mais um eucalipto em Monchique e reflorestação da Serra com sobreiros e outras espécies autóctones; e por cada palmeira plantada pelas câmaras municipais tivessem que ser plantadas 5 árvores autóctones.
- Para Albufeira, em particular: que parassem de regar os relvados da cidade pelo menos nos dias de Inverno em que chove!
- Para Silves, em particular: que o Polis deixasse de destruir o património da cidade!
- E, finalmente, a mais utópica: que os responsáveis pela destruição nos últimos 40 anos de uma das regiões mais bonitas do mundo fossem julgados e, pasme-se, que inclusivamente fossem dados como culpados.
5 comentários:
Parabens por este post.
Partilho das mesmas opinioes.
Mas penso que como cidadaos teremos que começar a ser mais activos e mostrar que por certas pessoas estarem no poder, isso nao lhes dá o direito de fazer aquilo que bem querem e lhes apetece...
Subscrevo os teus desejos para este novo Ano embora, no que respeita à demolição de 90% do que foi construído nestes loucos anos e ao julgamento dos responsáveis acredite que o Grande Juíz será o TEMPO. Esse sim, tratará de enferrujar o betão armado, secar os golfes e de colocar na reciclagem da História os políticos e os gananciosos que nos conduziram a esta situação.
Partilho inteiramente os teus desejos em particular para a Serra da Estrela que tanto me preocupa!
PArtilho tambem da opinião do Cova Juliana, é preciso mais activismo ou mais intervenção (se não gostarmos do termo anterior); é preciso participar nas assembleias de junta e das camaras, pois é aí que os politicos eleitos mais estão vulneraveis ao confronto com a realidade e ao confronto com o descontentamento dos cidadãos que representam.
Pegando no que o que o Manuel disse, não há dúvida de que o tempo se encarregará de destruir e tornar inútil/obsoleto muita da asneira que se anda a fazer por este país...
No entanto, ainda me resta uma réstia de esperança neste povo e neste país...e sobretudo na minha geração, os trintões. A geração dos nossos pais e a seguinte ajudou a fazer o 25 de Abril e a implementar a democracia.
A nossa, está cheia de projectos, mas ainda tem uma dívida para com o país...claro que em todas as democracias ocidentais há ligações perigosas entre a política e interesses económicas, mas no nosso, em especial entre o estado/câmaras e a construção civil, acho que se chegou ao ponto da total falta de vergonha!
Qual será a nossa "revolução"? Acho que devemos começar pelos blogues, pela participação cívica (em estruturas como a Plataforma para a defesa da S. Estrela, por exemplo), com petições públicas, com textos em jornais e, porque não, através da intervenção nos órgãos municipais...
Não é que fique 100% reconfortado mas, se a "Sombra", o "Saco dos Desabafos", "A Estrela no seu Melhor" e o "Cântaro Zangado", e tantos outros blogues deste país, continuarem a "incomodar" os poderosos deste país, já será um princípio pelo menos para despertar outras consciências. Até porque já deu para perceber que não podemos contar com certa comunicação social…
Com o que aqui deixaste desejado, já nem vale a pena fazer eu uma lista de votos para 2007...
Bom ano!
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