terça-feira, janeiro 30, 2007

Uma "guerra" para ser ganha

Folhas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.)


O título refere-se a declarações de José Veloso, dirigente do clube Ar Livre e a "guerra"em que este clube de Lisboa está envolvido é a iniciativa "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela".

Carvalhal de Quercus pyrenaica Willd. (Sanabria, Espanha)

Esta iniciativa teve na Segunda-feira passada mais um marco, com a plantação no troço superior do Vale do Zêzere, por parte de sapadores florestais de todo o país, de alguns milhares de árvores autóctones [carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.); tramazeira (Sorbus aucuparia L.) e vidoeiros (Betula alba L.)].

Retomando novamente as afirmações de José Veloso ao Diário XXI, concordo que o ICN deveria liderar iniciativas deste género mas, por outro lado, considero que um dos aspectos mais meritórios desta iniciativa é precisamente o facto de ter partido de sectores e associações da designada sociedade civil (nomeadamente dos Amigos da Serra da Estrela - ASE).

Este é, infelizmente, um aspecto que nos distingue pela negativa da restante Europa, a apatia da sociedade civil, a escassa mobilização das pessoas para a intervenção activa, sempre dependentes do Estado para (quase) tudo. Assim, penso que a mobilização de vários sectores que tem estado a ser feita é já uma batalha ganha.

Por outro lado, ela tem que ter continuidade no futuro, caso contrário não terá passado de um acto isolado sem reais efeitos, quer na mobilização das pessoas para a defesa da Serra da Estrela, quer na própria acção concreta de reflorestação. Neste aspecto, concordo com o José Maria Saraiva (ASE), nomeadamente quanto à necessidade de sermos moderados no optimismo acerca do êxito na germinação das sementes e das árvores que irão vingar.

Volto a defender a ideia de que era urgente e imperioso que a direcção do Parque Natural, a ASE e outras entidades com interesse na defesa da Serra da Estrela (como associações de produtores florestais) se reunissem com os pastores da serra. Estas reuniões deveriam servir para definir zonas de pastoreio e zonas de floresta e para prestar auxílio técnico em acções de renovação de pastos.

Sem esta congregação de esforços poderemos estar daqui a uns anos a chorar a perda destes carvalhos.

P.s.- penso que se deveria também retomar e dar continuidade ao trabalho da Associação de Produtores Florestais do Paul, na recuperação das populações de teixo (Taxus baccata L.) no Vale do Zêzere.

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