A Comissão Eventual para os Fogos Florestais (CEFF) apresentou na semana passada, na Assembleia da República, o relatório da sua actividade. Desse relatório consta a sugestão de que “se deveria aumentar a sensibilização dos cidadãos para a importância do seu envolvimento nos alertas de incêndio”. Ora eu considero isto como extremamente positivo, tendo em conta que alguns desses incêndios podem ter origem nas próprias actividades da CEFF, bastando relembrar que em visita à Peneda-Gerês, em Setembro último, um dos parlamentares desta comissão não se coibiu de fumar e de deitar o cigarro para o chão! (ver aqui).
Por outro lado, no relatório da CEFF, recomenda-se a participação das Forças Armadas na prevenção estrutural e no combate aos incêndios florestais. Concordo com a prevenção, nomeadamente em acções de vigilância em Áreas Protegidas, mas no combate duvido da sua eficácia; parece-me que nos continua a faltar em profissionalismo o que muitas vezes nos sobra em voluntarismo e boas intenções.
Por último, o relatório da CEFF conclui que os resultados de 2006 foram “globalmente positivos”. Esses resultados foram, relembre-se: 75 000 hectares ardidos (dos quais 12 00 em Áreas Protegidas). E isto, não contabilizando o que possui um valor incalculável, isto é, as vidas humanas perdidas e os gravíssimos danos ambientais, como a perda de biodiversidade e de solos, num país dramaticamente afectado pela desertificação. E se todo este panorama merece da CEFF a classificação de globalmente positivo, não quero sequer imaginar o que teria sido do nosso país se as coisas têm corrido, digamos, menos bem!
A verdade é que as coisas, nalguns aspectos, até terão corrido menos-mal porque nos últimos anos foram calcinados centenas de milhar de hectares que continuam a funcionar como zonas tampão. Acresce a milagrosa chuva de final de Agosto que pôs fim a um ciclo infernal de incêndios e, sem a qual, talvez se tivesse ultrapassado, mais uma vez, a barreira dos 100 mil hectares ardidos (interrogo-me, a este propósito, se terá existido aqui algum tipo de intervenção divina em favor do nosso país, um pouco como na história do petroleiro Prestige?...).
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