terça-feira, dezembro 30, 2008

Um elogio

As minhas palavras poucas vezes têm sido de elogio para a Câmara Municipal da Covilhã ou para a "Águas da Covilhã, EM". Por muitos motivos mas, sobretudo, por questões relacionadas com a manutenção das árvores ornamentais da cidade.

Há aproximadamente um mês, escrevi mesmo um texto onde manifestava a minha apreensão pelo que poderia acontecer este ano, em face da abertura de um concurso público para a poda de árvores no concelho da Covilhã. Temia, como escrevi na altura, que o factor "preço" voltasse a ser determinante, em detrimento da competência técnica, e que a poda de muitas árvores voltasse a ficar nas mãos de quem não tem técnicos com competência creditada para o fazer.

Enganei-me! E, por isso, felicito quem tomou a decisão de entregar a poda a uma empresa de créditos firmados no domínio da arboricultura e, mais em concreto, da manutenção de árvores ornamentais.

Claro que continuarão a existir, neste e em futuros anos, aberrações no que concerne à poda de árvores na cidade. Muitas árvores situam-se em terrenos particulares e, mesmo das que se situam em espaço público, em muitos casos a responsabilidade recai nas juntas de freguesia.

De igual modo, não se pode esperar desta empresa que faça milagres e consiga corrigir, ou sequer disfarçar, erros que tenham sido previamente cometidos em muitas árvores do concelho. Pode-se esperar, isso sim, que nos casos concretos em que esta empresa actue haverá intervenções correctas, do ponto de vista técnico, e que as intervenções mais profundas, como as de redução de copa, serão feitas apenas nos casos onde tal seja estritamente necessário.

Como prova do que atrás referi, publico duas fotografias de algumas árvores onde esta empresa já actuou, situadas na Zona Industrial do Canhoso.

Muitas pessoas dirão que, estas árvores, nem parece terem sido podadas...Eu diria que o segredo está precisamente aí!









Parabéns a quem decidiu, por uma vez, a favor das árvores e de todos nós. Obrigado e esperemos que esta preocupação tenha continuidade no futuro.



P.S. - Para que se compreenda o contraste na qualidade da intervenção, entre técnicos especializados em arboricultura e outros que nada percebem da manutenção de árvores, concluo com a imagem de dois tocos resultantes de um ataque de "podite" aguda, na mesma zona industrial.




segunda-feira, dezembro 29, 2008

E os vencedores são...

Ulmeiro (Ulmus minor Miller) de Pareja (Guadalajara, Espanha) premiado com o prémio para a "árvore mais bem cuidada/protegida" de toda a Espanha - Ao contrário do que sucedeu com o ulmeiro de San Vicente, em Ávila, uma pronta intervenção das autoridades locais permitiu salvá-lo dos efeitos da grafiose. [Fotografia elmundo.es]


No seguimento desta notícia de Outubro passado, a ONG espanhola Bosques sin Fronteras, que coordena o projecto Árboles Leyendas Vivas, acaba de anunciar os vencedores dos prémios "Árvore e Bosque do Ano", no país vizinho.

Conheçam os vencedores desta louvável iniciativa, apoiada pelo ministério do Ambiente espanhol, através da notícia do elmundo.es.


domingo, dezembro 28, 2008

A azinheira "La Terrona"

Imagem retirada do blogue "La Crónica Verde"

A azinheira "La Terrona", situada na localidade de Zarza de Montánchez (província de Cáceres, Espanha) é uma das maiores no mundo, sobretudo ao nível da grossura do tronco.
Está classificada como Árbol Singular pela Junta de Extremadura. (Nota: Em Espanha não existe uma lei nacional de protecção das árvores monumentais, ao contrário do acontece em Portugal com o Decreto-Lei n.º 28468/38, de 15 de Fevereiro. Deste modo, existem "figuras de protecção", de nível regional, em certas autonomias, como é o caso da Extremadura).

Na obra "Árboles, Leyendas Vivas" a sua autora, Susana Domínguez Lerena, fornece os seguintes valores para esta azinheira:

Altura = 16 metros
Diâmetro máximo da copa = 25,5 metros
P.A.P. = 7,80 metros

Esta magnífica árvore, verdadeiro monumento vivo, tem uma idade estimada de 800 a 900 anos, sendo mais antiga que a própria povoação nas imediações da qual se situa.

A referência a esta árvore surge na sequência de uma notícia do blogue "La Crónica Verde", sobre uma intervenção que a mesma sofreu recentemente, coordenada pelo botânico Bernabé Moya, e que consistiu na colocação de 15 estruturas metálicas para suporte dos respectivos ramos.
Após a queda de um dos seus ramos principais, há cerca de 10 anos, Bernabé Moya passou a acompanhar regularmente, e de forma detalhada, a evolução da saúde desta azinheira. Foi desta forma que, recentemente, se concluiu que a mesma corria o risco de colapsar, incapaz de suster o peso da própria copa.

Foram ponderadas várias hipóteses de intervenção tendo-se optado, na opinião deste botânico, pelo melhor método possível face ao referido diagnóstico.


Esta situação, como não poderia deixar de ser, avivou-me a memória acerca do destino do nosso sobreiro de Pai Anes. Até quando iremos a tempo de garantir que este sobreiro continuará, tal como esta azinheira espanhola, a maravilhar as gerações futuras?



sábado, dezembro 27, 2008

Subitamente, a neve num Sábado de manhã...

Pseudotsuga [Pseudotsuga menziesii (Mirb.) Franco], Covilhã - 2008/12/27


Mais um livro, na nossa língua, sobre plantas lenhosas


Foi lançado, no passado dia 16 de Dezembro, a obra "Árvores e Arbustos em Portugal" de autoria do arquitecto paisagista José Marques Moreira.

É mais uma obra editada em Portugal este ano, após o "Guia de Campo - As Árvores e os Arbustos de Portugal Continental" (da colecção "Árvores e Florestas de Portugal" do jornal "Público"), sobre a temática da árvore no nosso país.

A obra do arquitecto José Marques Moreira é editada pela Argumentum, com o ISBN 978-972-8479-59-6, e com um PVP (aproximado) de 50 euros.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Acabar com uma tradição injusta

Abeto (Abies sp.) centenário, com mais de 30 m de altura, procedente das florestas austríacas - Praça de S. Pedro (Cidade do Vaticano) - fotografia retirada do blogue "La Crónica Verde".


Poderá uma época que celebra um nascimento, com tanto significado espiritual para milhões de pessoas em todo o mundo, justificar a morte de um gigante das florestas?

Terá esta tradição, de todos os anos colocar um gigante das florestas na Praça de S. Pedro, algum significado religioso e espiritual relevante para os católicos de todo o mundo? Será assim um costume tão antigo e arreigado nas convicções espirituais de todos os católicos, que dele não se possa prescindir sem causar alguma espécie de comoção?


Sim, bem sei que é fácil criticar, por tudo e por nada, o Vaticano. Sim, bem sei que é "apenas" uma árvore.

Bom, permitam-me discordar, mas não é apenas uma árvore!... Trata-se de uma tradição, no Vaticano como noutras partes do mundo, que todos os anos promove a destruição dos melhores exemplares das florestas. Aqueles que deveriam ser, pelo contrário, preservados e protegidos para que, entre outros motivos, o seu fabuloso património genético pudesse ser perpetuado e transmitido ao maior número de possíveis descendentes.

Acresce que, neste particular, o Vaticano tem uma obrigação e responsabilidade moral e ética superior à de outras entidades.

Não posso compreender que a celebração de um nascimento, ainda que seja o de Jesus Cristo, possa justificar a morte de uma árvore.
Será isto um fundamentalismo? Claro que sim, trata-se do fundamentalismo do amor, do amor por todas as criaturas de Deus, incluindo as árvores.

Quem salva uma árvore é como se salvasse uma floresta inteira...


quarta-feira, dezembro 24, 2008

Cada um de nós deveria ter a(s) sua(s) árvore(s) de Natal

Alameda de ulmeiros (Ulmus minor Miller)* - Guarda

* Espécie referida em certa literatura como Ulmus procera Salisb.


Começo por pedir desculpa mas, por diversos motivos, não me tem sido possível manter uma actualização mais regular do blogue.
Conto, a seguir a esta época festiva, actualizar a "sombra verde" mais regularmente. No entanto, confesso que me será difícil manter, de futuro, uma actualização diária do mesmo, esperando conseguir estabilizar nos 3 a 4 textos por semana.

Este facto, não se deve a nenhum cansaço da "blogosfera" mas apenas a uma gestão pessoal do meu tempo, uma vez que uma actualização diária impõe uma dependência face ao blogue, o que neste momento se revela incompatível com a minha vida pessoal e profissional.

Por outro lado, o novo ano verá nascer novos e aliciantes projectos relacionados com as árvores, nos quais estou envolvido. Peço a vossa compreensão para que aguardem mais umas semanas até poder revelar mais pormenores sobre estes projectos.
Este é também o motivo pelo qual ainda não publiquei as imagens de algumas árvores fabulosas que, juntamente com o Miguel Rodrigues, fotografei no Verão passado.


Termino com os votos de Boas-festas para todos os que seguem as minhas aventuras na "sombra verde".

Apesar de sabermos que se avizinha uma época difícil para as árvores ornamentais, com as tradicionais "podas camarárias" que, todos os anos, mutilam centenas de exemplares por todo o país, tenhamos a esperança num futuro mais respeitador do papel das árvores nas cidades. Entre outros, este é também um dos meus desejos de Natal...


P.S. - A escolha da fotografia que acompanha este texto não foi feita ao acaso. Representa os ulmeiros que associo aos natais da minha infância. Espero, sinceramente, que todos possam ter este tipo de recordações de uma ou mais árvores da sua infância...Feliz Natal!


domingo, dezembro 21, 2008

Começar o ano a plantar árvores

Covilhã, Serra da Estrela (Outono 2008)


Sementeira e plantação de árvores autóctones na Mata do Desterro (Parque Natural da Serra da Estrela) - Uma iniciativa do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), em Seia.

Notícia via O Cântaro Zangado.


P.S. - As últimas semanas têm registado um menor ritmo de publicação de textos, por motivos de ordem profissional. Conto retomar, após o Natal, um ritmo mais assíduo de actualização do blogue. Obrigado.

domingo, dezembro 14, 2008

Remorsos...

Ulmeiro (Ulmus sp.) e Igreja de San Vicente (Ávila, Espanha) - Agosto de 2005


Podia ter falado dele um milhão de vezes, mas não o fiz...Lamento-o agora que o sei morto às mãos da grafiose.

Morreu o ulmeiro de San Vicente, em Ávila.

Ulmeiro (Ulmus sp.) e Igreja de San Vicente (Ávila, Espanha) - Agosto de 2005

Nota: Este ulmeiro (Ulmus sp.) fazia parte do "Catálogo de Especímenes Vegetales de Singular Relevancia" da região de Castela e Leão (Espanha).


sexta-feira, dezembro 05, 2008

Inverno

Plantação de árvores em Monchique

Os "Amigos do Botânico" solicitam a divulgação da seguinte iniciativa:

Plantação de árvores (sessão extraordinária)

A plantação de árvores (pinheiros mansos e alfarrobeiras) tem avançado no Covão d'Águia, Monchique, graças à participação de voluntários. No entanto, a Fundação Kangyur Rinpoche necessita de realizar uma sessão extraordinária que decorrerá nos dias 6, 7 e 8 de Dezembro. Apelamos mais uma vez à participação. Os interessados devem contactar Dulce Alcobia através do Telemóvel 968059244 (até 6ª feira) ou do e-mail: dulcealcobia@gmail.com (até 5ª feira).

Programa:

- Abertura de covas 40 x 40;

- Plantação das árvores;

- Controlo de acácias;

- Limpeza de um tanque de rega.

Deslocações: De modo a que as deslocações de carro sejam do ponto de vista económico e ecológico o mais bem sucedidas, pede-se a quem tenha lugares no carro ou precise de boleia o diga de modo a gerirmos da melhor forma, a logística dos transportes.

Alojamento: Existe a possibilidade de ficar no "Abrigo da Montanha"(na estrada da Fóia); o custo do quarto para duas pessoas é de 15 euros/pessoa (sem pequeno almoço) e com pequeno almoço são mais 5 euros. Existe ainda a possibilidade de ficar na "Bica Boa" e em Karuna.

Recomendações: É aconselhável levar roupas velhas, galochas e umas boas luvas de jardinagem para proteger as mãos; podem trazer tesouras de poda ou outros equipamentos que julguem adequados para este conjunto de actividades.


Fundação Kangyur Rinpoche

Av. Infante Santo, nº 366 R/c Esq.

1350-182 Lisboa

Tel: 213 904 022

terça-feira, dezembro 02, 2008

Os sobreiros do Tortosendo - Artigo de opinião no "Diário XXI"

A edição de ontem do "DiárioXXI", dia 1 de Dezembro, publica um artigo de opinião de minha autoria, sobre a situação das duas obras, em terrenos com sobreiros, na freguesia do Tortosendo (Covilhã).

Este artigo resume o meu pensamento sobre as duas situações, quer a da Zona Industrial do Tortosendo, quer a do Bairro do Cabeço.

O referido texto reúne com conjunto de questões, que considero pertinentes, sobre os contornos de ambas as situações.
Reforço que apenas me limito a colocar algumas dúvidas e que me abstenho de fazer acusações à Câmara Municipal da Covilhã (CMC). A menos que se entenda que fazer perguntas é o mesmo que fazer acusações!

A única afirmação "mais polémica" é quando me refiro à continuação das obras, no caso do Bairro do Cabeço, após o auto da GNR. No entanto, foi o próprio presidente da autarquia quem, em declarações ao "DiárioXXI" de 24 de Novembro, referiu: "(...)Eu quero lá saber da Autoridade Florestal Nacional, eu quero saber daquilo que vejo e daquilo que vêem as pessoas que lá estão com bom senso, afirmou. Agora um indivíduo qualquer que está não sei onde vem dizer-me que uma ramagem de geração espontânea, porque o vento projectou as sementes, pode contar [como sobreiro]. Conte lá o que quiser, disse, garantindo que as obras irão continuar e que os sobreiros adultos serão mantidos".


Segue o referido artigo de opinião de minha autoria:

" A necessidade deste artigo surge no seguimento de dois comunicados emitidos pela "Quercus - Associação Nacional da Conservação da Natureza", a propósito das intenções da Câmara Municipal da Covilhã (CMC) face a dois terrenos com sobreiros, espécie protegida pelo Decreto-lei n.º 169/2001, localizados na freguesia do Tortosendo.

A “Quercus”, apelidada pelo Presidente da CMC como um “negócio” e como tendo posições “reaccionárias”, não é formada por um bando de malfeitores. Estamos a falar de uma das mais antigas associações ambientalistas portugueses que, em 1992, recebeu o Prémio Global 500 das Nações Unidas e o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo Senhor Presidente da República, Dr. Mário Soares.

Desconheço, e caso esteja equivocado agradecia a correcção, qualquer condenação desta associação em tribunal, por qualquer caso de gestão danosa ou de opinião produzida por algum dos seus dirigentes.
Gostaria de declarar que nunca fui, não sou e nunca serei colaborador, sócio ou dirigente da "Quercus". Igualmente, não possuo familiares, amigos ou simples conhecidos como membros desta associação de defesa do ambiente. De igual modo, é nula a minha ligação a qualquer partido político ou de qualquer familiar residente neste concelho.

Mas sou natural da Covilhã e eleitor neste concelho. E como a CMC insiste em não responder à dita associação, faço minhas as respectivas perguntas, com a esperança de receber uma resposta clara e inequivocamente esclarecedora por parte dos responsáveis camarários.

Assim sendo, a uma câmara municipal, estrutura pertencente à orgânica do Estado e dirigida pelos que foram eleitos democraticamente pelos cidadãos portugueses, não se pede muito. Pede-se, no mínimo, o essencial: que cumpra e faça cumprir as leis da República. Não se pede que goste ou concorde com as mesmas.

Um executivo camarário tem, como uma das suas obrigações, responder a todas as questões suscitadas pelos cidadãos do seu concelho, quer seja através dos membros da assembleia municipal, por interpelação directa dos cidadãos ou, indirectamente, através dos órgãos de comunicação social.

Eu sei que às vezes é "aborrecido" ter que dar explicações e que é mais fácil apelidar de "reaccionária" a atitude de quem se limita, no uso dos seus legítimos direitos constitucionais, a questionar o poder autárquico.
A uma Câmara pede-se um mínimo de humildade democrática e que nunca esqueça que os que a dirigem são simples funcionários do Estado que, de forma transitória e de acordo com a vontade das urnas, têm como principal função representar o povo.

Deste modo e relativamente às obras num terreno na zona do Bairro do Cabeço, gostaria que a Câmara Municipal me esclarecesse nos seguintes pontos:

- A CMC sabe que decorre ainda um recurso que visa anular a decisão do secretário de Estado da Administração Local, a qual permitiu à Câmara expropriar o terreno. Desta forma, pelo menos no plano das hipóteses, o terreno pode reverter à posse dos antigos proprietários. Desta forma, considera a CMC legítimo que se esteja a proceder a obras que estão a alterar irremediavelmente a estrutura do dito terreno?
Dito de outra forma: caso os anteriores proprietários vençam o referido recurso e outros que possam existir e recuperem a posse do referido terreno, poderá a CMC garantir em absoluto que não terá que pagar nenhuma indemnização aos mesmos, com recurso ao dinheiro dos contribuintes, por alteração definitiva das características desse terreno?

- Com que base jurídica justifica a CMC a continuação das obras no local, após ter sido levantado um Auto de Notícia por contra-ordenação, emitido pela GNR, por abate de diversos sobreiros jovens, sabendo a CMC que a continuação das referidas obras pode implicar o abate de outros exemplares jovens e a danificação irreversível do sistema radicular dos exemplares adultos?

- Neste ponto, coloco duas questões para outras tantas instituições: sabendo da continuação das obras no local, qual será a atitude da GNR face ao avanço das mesmas? Sabendo do referido abate de sobreiros e sabendo que a CMC não tem autorização para tal, qual será a atitude da Autoridade Florestal Nacional?


Temos depois as intenções da CMC face a um terreno com 83,9 hectares, maioritariamente integrados na Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN) e nos quais existe um povoamento de 3 000 sobreiros. A justificação da CMC tem oscilado entre a necessidade de ampliar a Zona Industrial do Tortosendo (ZIT) e a necessidade de encontrar um terreno para a instalação de um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN).

Assim sendo, surgem algumas questões:

- Como duvido que existe um único projecto industrial que necessite de uma área de 84 hectares, de quantas intenções de investimento estamos a falar? São investimentos garantidos ou meras intenções de possíveis investimentos futuros?

- Qual o motivo pelo qual não se utilizam os terrenos que o actual Plano Director Municipal do Concelho define como de “uso industrial”, precavendo uma possível ampliação da ZIT?

- Foram estudadas outras alternativas de localização para estes investimentos, nomeadamente para o referido projecto PIN? Se sim, está a CMC em condições de tornar públicos esses estudos?

- E, por último, está a CMC em condições de provar a falsidade da notícia do “Diário XXI” de 13 de Outubro último, que referia ter a CMC solicitado ao Núcleo Florestal de Castelo Branco a autorização para cortar estes sobreiros?

- E, para finalizar, sendo verdade o referido no “Diário XXI” de 13 de Outubro último, qual foi a sustentação jurídica da CMC para pedir o abate de sobreiros num terreno que não é de sua propriedade?

Atente-se que, em nenhum ponto deste texto, dirijo qualquer acusação à CMC ou ao seu Presidente. Limito-me a colocar várias questões, como cidadão eleitor deste concelho, as quais considero de particular importância para o futuro da Covilhã".


Pedro Nuno Teixeira Santos



segunda-feira, dezembro 01, 2008

De novo, a "época da estupidez"

Se a cada Verão que começa temo pelas árvores que morrerão queimadas, a cada Inverno temo pelas que cairão às mãos de podas incompetentes.

Chamo "época da estupidez" a esta fase do ano em que assistimos à mutilação de árvores que levaram dezenas de anos a crescer, às mãos de pessoas sem a mínima credencial técnica para este tipo de intervenção.

Fui informado, há alguns dias, da abertura de um concurso público para a poda de árvores ornamentais no concelho da Covilhã.

Como é evidente, temo o pior! E porquê? Porque suponho que o factor decisivo, no referido concurso, volte a ser o "factor preço".
Foi desta forma que o anterior concurso público, neste concelho, foi ganho por uma empresa local do sector das obras públicas! O resultado desastroso ficou à vista de todos...

Receio, pelos motivos expostos, que o mesmo se volte a repetir e que a poda de dezenas de árvores volte a ficar nas mãos de pessoas que nada percebem de arboricultura e de manutenção de árvores ornamentais.

O "factor preço" apenas pode ser levado em linha de consideração quando se comparam as propostas de duas ou mais empresas de igual grau de competência técnica. Ou será que, por hipótese, se uma empresa de arboricultura concorresse à construção de uma estrada ganharia o respectivo concurso público, caso apresentasse a proposta mais barata?

Deste modo, onde aparentemente existem boas medidas de poupança dos dinheiros públicos por parte das câmaras municipais, existem decisões danosas a médio e longo prazo.
Estas árvores, podadas de forma radical e incorrecta, irão ter uma longevidade menor e, desta forma, terão que ser substituídas por novos exemplares pagos, como é evidente, com o dinheiro de todos nós.
Acresce que as árvores podadas de forma desajustada, devido a ficarem mais fragilizadas e sujeitas a doenças, podem cair com maior facilidade sobre a via pública podendo, deste modo, dar origem a graves acidentes.

A cada novo Inverno, assistimos como o dinheiro dos contribuintes portugueses é colocado ao serviço da destruição do património arbóreo dos diversos municípios.

Mas a destruição das árvores na Covilhã já começou como atestam as duas imagens que se seguem, captadas no recinto do monumento a Nossa Senhora da Conceição.

À entrada do dito espaço pede-se "respeito". E ele, de facto, parece existir: não se observa lixo de espécie alguma e, aparentemente, qualquer acto de destruição. Puro engano... As árvores são a única coisa que não é digna desse mesmo tratamento de respeito.
Efectivamente, a única excepção, o único acto de vandalismo cometido em todo o recinto foi para com algumas tílias.

Desconheço qual o "pecado" que as condenou ao presente martírio! Não serão as árvores filhas de Deus?






Termino com a imagem de outras tílias existentes no mesmo recinto e que não sofreram a mesma humilhação. Para que se tenha um termo de comparação da asneira cometida por quem, de árvores e de amor, nada percebe!

sexta-feira, novembro 28, 2008

quarta-feira, novembro 26, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte V)

A Câmara Municipal da Covilhã (CMC) tem tentado, de alguma forma, justificar o injustificável no que concerne aos sobreiros do Cabeço do Tortosendo com o argumento de que está a plantar alguns milhares de sobreiros, nas freguesias do Sarzedo e Dominguiso, como forma de compensação perante as árvores que deseja abater.

Note-se bem que a CMC não possui, na actualidade, qualquer autorização, por parte da Autoridade Florestal Nacional, que lhe permita abater sobreiros no terreno do Cabeço do Tortosendo.


Resta-me, perante a aparente passividade dos demais órgãos do Estado responsáveis na matéria, face ao avanço das obras no dito terreno, fazer as seguintes observações:

1º) Se eu assaltar um banco e distribuir 10% do meu roubo por uma instituição de solidariedade social, tal não apaga as consequências legais do meu assalto. Dito por outras palavras, a CMC aparentemente pretende "justificar" uma situação menos clara de abate de sobreiros no Tortosendo, plantando sobreiros noutros pontos do concelho.

Quer esta metáfora do assalto ao banco dizer apenas que, o facto de a Câmara estar disposta a proteger os sobreiros adultos no terreno e estar a promover novas plantações noutros locais do concelho, não anula a violação à lei que conduziu ao levantamento de um auto por parte da GNR.

Efectivamente, a CMC, independentemente de ser a actual proprietária do terreno, o que não está em causa, não possui autorização da Autoridade Florestal Nacional para cortar qualquer exemplar .


2º) Pelo que foi exposto anteriormente, o facto de a Câmara estar a proteger os sobreiros adultos decorre da lei que os protege. Ou seja, a CMC não nos está a fazer nenhum favor ao não cortar esses exemplares.
Ou será que estão à espera que lhes agradeçamos por estarem a cumprir as leis do país?!

3º) Por outro lado, convirá lembrar que a propriedade dos terrenos do Cabeço do Tortosendo não está resolvida em definitivo; ou seja, decorre ainda nos tribunais um recurso, interposto pelos anteriores proprietários, que visa anular a decisão do secretário de Estado da Administração Local que permitiu, à CMC, avançar com o processo de expropriação.

Resumindo (e corrijam-se se estiver enganado): pelo menos em "teoria", é ainda possível que um tribunal faça reverter, para os anteriores proprietários, a posse do dito terreno. Tal facto deveria ser suficiente para que, num acto de decência democrática, a CMC se abstivesse de efectuar obras que desvirtuassem as características do terreno.

4º) Por último, gostava muito de saber se as plantações do Sarzedo e do Dominguiso se enquadram nalgum plano de reflorestação, a cargo de alguma associação de produtores florestais, ou se as mesmas se encontram a ser feitas sem o adequado suporte técnico de engenheiros florestais?

terça-feira, novembro 25, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte IV) - As declarações do Sr. Presidente e as "garotices"

Da edição de ontem do "DiárioXXI":

“Há lá umas ramagens que só com boa vontade excessiva é que se chama àquilo um sobreiro”, declarou sexta-feira o presidente da Câmara da Covilhã a propósito da polémica entrada de máquinas no parque de S. Miguel, no Tortosendo, que levou a Equipa de Protecção da Natureza e Ambiente (EPNA) da GNR a levantar um auto de notícia, por contra-ordenação, à autarquia.
O auto foi levantado porque a Câmara da Covilhã ainda não possui autorização da Autoridade Florestal Nacional (AFN) para abate de um povoamento de sobreiros constituído por 364 árvores, das quais 311 são sobreiros jovens e 53 adultos.

“Não há memória que tenha havido plantações nos últimos 30 anos”, disse Carlos Pinto. “Como é que nasceram, quem é que os plantou, quem é que os identificou”, questionou o autarca à margem da reunião da Assembleia Municipal extraordinária realizada sexta-feira.
O autarca assegura que mais de 90 por cento dos sobreiros não têm mais de 10 centímetros e nasceram por geração espontânea, desvalorizando assim o facto da Unidade de Gestão Florestal do Pinhal Interior Sul, em Castelo Branco, ter contado e marcado os sobreiros para abate. “Há lá sementes de sobreiros, junto a outros que se desenvolveram que não têm espaço de crescimento” disse Carlos Pinto. “Eu quero lá saber da Autoridade Florestal Nacional, eu quero saber daquilo que vejo e daquilo que vêem as pessoas que lá estão com bom senso”, afirmou. “Agora um indivíduo qualquer que está não sei onde vem dizer-me que uma ramagem de geração espontânea, porque o vento projectou as sementes, pode contar [como sobreiro]. Conte lá o que quiser”, disse, garantindo que as obras irão continuar e que os sobreiros adultos serão mantidos.

“[As obras] Não têm de parar”, disse o autarca, acrescentando que os sobreiros existentes “não chegam a 70 e vão ser conservados porque os conservamos no projecto”.
O projecto do parque de S. Miguel, orçado em 374 mil euros, está aprovado e a expropriação do terreno mereceu declaração de utilidade pública por parte do secretário do Estado da Administração Local, Eduarda Cabrita. “Eu penso que o secretário de Estado antes de dar a utilidade pública tem informações dos seus serviços sobre se há lá um monumento nacional, se lá está o Mosteiro da Batalha, se há lá uns sobreiros. Tudo isso”, sublinhou Carlos Pinto.
“Somos uma câmara que tem um título de utilidade pública, obra concursada com visto de Tribunal de Contas e fundos para utilizar: não é qualquer autoridade que se permite perturbar esse processo”, disse Carlos Pinto. “De maneira que, ponham-se à tabela, porque não há impunidade para quem provoca uma espécie de alarme social sem uma fundamentação séria”, concluiu, ameaçando levar o caso aos tribunais.



Considero que, após declarações deste teor, me resta acrescentar uma vez mais: É isto, Portugal!...


P.S. - No blogue Máfia da Cova alguém decidiu fazer um comentário falso, utilizando o meu nome, acerca de uma notícia sobre este mesmo assunto.

Um bocadinho mais de coragem, por parte de todos, e este país seria um pouco mais decente...



segunda-feira, novembro 24, 2008

Começar bem a semana...



(...) Com mais uma promessa: o plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) de Santa Eulália, nas proximidades de Elvas.

É uma árvore magnífica que, mesmo à distância, marca o perfil da aldeia...Uma árvore por inteiro!

Situa-se num parque infantil, entre a praça de touros e a GNR local, e a sua presença preenche e confere personalidade a todo o espaço.

Este parque infantil é diferente dos demais... Nada das habituais árvores raquíticas, feias e incapazes da menor das sombras quando o estio aperta.

Uma árvore, uma árvore basta, para dar beleza e dignidade ao espaço.


P.S. - Espreitar este plátano no Inverno.


sexta-feira, novembro 21, 2008

Árvores Monumentais de Espanha


O leitor Bruno Quinhones teve a gentileza de me enviar um conjunto de "ligações", relativas a uma obra sobre as árvores monumentais de Espanha.

Parece-me um trabalho magnífico que, infelizmente, ainda não tive oportunidade para explorar devidamente...Porque as coisas boas são para partilhar, penso que a melhor forma de agradecer ao Bruno o seu gesto é tornar essa informação acessível a todos os leitores da "sombra". Obrigado. (Ver os ficheiros: 1, 2 e 3. Nota: Os ficheiros são em formato pdf e, dado o respectivo tamanho e tendo em conta as diferentes velocidades de ligação à internet, poderão levar alguns minutos a ser transferidos).


Por outro lado, o Paulo Almeida enviou-me uma informação relativa a uma acção de reflorestação que decorrerá, amanhã e no Domingo, na Serra de Monchique. Ver o seguinte texto:

"A Fundação Kangyur Rinpoche vem por este meio convidá-la (o) a participar no próximo fim-de-semana de trabalho voluntário (22 e 23 de Novembro), "SPA- Floresta", no C. da Águia, Monchique.

Temos a tarefa de plantar cerca de 700 árvores:
- 500 alfarrobeiras
- 200 pinheiros mansos

Falámos da importância deste trabalho, no equilíbrio do planeta Terra.
Deste modo, toda a ajuda neste processo é preciosa.

Temos muitas árvores para plantar!

Apelamos mais uma vez à vossa participação e que entrem em contacto com a Dulce Alcobia por telemóvel: 968059244 (até 6ª feira)"

Peço desculpa por estar a transmitir a informação em "cima da hora" mas estou certo que, se estiverem interessados, conseguirão ainda assegurar a participação...A ajuda para plantar árvores nunca é demais!

Por último, e de acordo com o "DiárioXXI" de 18 de Novembro, a empresa "Epson", através do programa "Epson Gardunha Biodiversity Initiative", irá auxiliar na restauração da biodiversidade numa área de 20 hectares da Serra da Gardunha. Dependendo da avaliação feita da iniciativa, a área de intervenção poderá ser aumentada no futuro.


quinta-feira, novembro 20, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte III)



A julgar pela imagem, retirada do blogue "Um torto de blog...", aparentemente continuam as obras no Cabeço do Tortosendo.

De que serviu o auto levantado à Câmara pela GNR? Será que já foi feita a prometida vistoria ao local, pelos técnicos da Autoridade Florestal Nacional?

Fica, uma vez mais, o comunicado da Quercus. Nas palavras do Presidente da Câmara da Covilhã, uma "organização reaccionária"!

É isto, Portugal...

Outono a Sul

É Outono nas imensas planícies do Sul...




Um Outono com cores de terra...





Um Outono feito de tons dourados...





E onde as paisagens bucólicas, de final de tarde, ganham um outro sentido.





Um Outono feito dos tons verdes do montado, salpicado pelo amarelo das alamedas de plátanos que desenham as estradas...





E ainda das cores quentes das vinhas...





Também a Sul é Outono.

quarta-feira, novembro 19, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?! (Parte II)


O "Diário XXI", na sua edição de hoje, retoma o assunto dos sobreiros do Cabeço do Tortosendo (Covilhã).


A notícia refere que, na sequência das obras do passado dia 13 de Novembro, a GNR levantou um auto à Câmara Municipal da Covilhã (CMC) por abate ilegal de sobreiros, uma vez que a Autoridade Florestal Nacional (ANF) não emitiu qualquer despacho autorizando tal iniciativa camarária.

Entretanto, o presidente da ANF terá solicitado uma vistoria ao local para verificar os efeitos da referida acção da CMC.

Resta saber se, o Presidente da Câmara da Covilhã, irá qualificar de "reaccionária" a atitude da GNR e da ANF por estarem a exigir o cumprimento da lei, tal como qualificou a Quercus quando esta se pronunciou sobre o caso dos 3 000 sobreiros da Zona Industrial do Tortosendo.


Também sobre este caso do Cabeço do Tortosendo já foi emitido um comunicado da Quercus que, de seguida, reproduzo:

"A Câmara Municipal da Covilhã está a promover o novo Parque de Feiras de S. Miguel, no Bairro do Cabeço no Tortosendo, próximo da Covilhã, onde existe um povoamento florestal misto com pinheiros e mais de 360 sobreiros. O terreno com cerca de 25 230 metros quadrados em que a autarquia promoveu a expropriação, apresentava condicionantes legais ao ordenamento do território, tendo já sido alvo de uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco pelo antigo proprietário. Nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 2º do Decreto Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, o qual restringe as autorizações para corte ou arranque em povoamentos de sobreiros e azinheiras, só é permitida a conversão de área de povoamento de sobreiros quando seja visada a realização de empreendimentos de imprescindível utilidade pública e quando não existem alternativas de localização, como acontece em outras zonas junto do Bairro do Cabeço no Tortosendo. No início da semana passada, a Quercus foi alertada de que estavam a iniciar as obras no parque de S. Miguel com abate de sobreiros, sem que o mesmo estivesse autorizado. Foi de imediato alertado o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente - SEPNA da GNR para fiscalizar, o qual detectou o abate ilegal de diversos sobreiros jovens no povoamento pelo empreiteiro da Câmara Municipal da Covilhã, tendo sido levantado um Auto de Notícia por contra-ordenação.

A Quercus exige que Autoridade Florestal Nacional salvaguarde os sobreiros

Temos conhecimento que ainda não existe uma declaração de imprescindível utilidade pública para abate dos sobreiros, no entanto, esperamos que esta pretensão seja negada pela Autoridade Florestal Nacional, dado que existem alternativas de localização fora de povoamentos de sobreiros e cabe ao promotor encontrá-las. Enquanto isso não acontecer, os serviços da Autoridade Florestal Nacional devem suspender o processo da Declaração da Imprescindível Utilidade Pública devido às condicionantes legais, impedindo o abate de sobreiros. A Quercus responsabiliza a Câmara Municipal da Covilhã por iniciar uma obra num terreno com um povoamento de sobreiros sem ter autorização para aí intervir, devendo a autarquia suspender de imediato a obras, que decorriam até ao início desta semana no terreno. Caso a Câmara Municipal da Covilhã não suspenda a obra, a Quercus pondera o recurso à via judicial para salvaguarda do povoamento de sobreiros protegido".

Lisboa, 19 de Novembro de 2008 (A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e Núcleo Regional de Castelo Branco)



terça-feira, novembro 18, 2008

O promissor plátano de Arronches

Plátano (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) - Arronches


Uma árvore magnífica e, ainda por cima, no pátio de uma escola! Todas as escolas deveriam ter árvores assim...

Crianças que aprendam a brincar à sombra de verdadeiras árvores, como este plátano, acredito que serão, enquanto adultos, menos tolerantes com os arboricídios nas cidades.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Debate sobre árvores ornamentais

Irá decorrer em Loulé, no próximo dia 24 de Novembro, um debate subordinado ao tema "Espaços Verdes e Árvores Ornamentais", numa organização da associação ambientalista Almargem.

O evento, com a presença do arquitecto Fernando Pessoa, decorrerá no Auditório da Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, a partir das 17 h e 30 min.

sábado, novembro 15, 2008

Há dias em que uma pessoa se sente só contra o resto do mundo

Alentejo, Novembro de 2008

Esta publicação esteve para ter apenas o título e a imagem. Mas não resisti...

Aparentemente, vou abrir um precedente falando de algo que, directa ou indirectamente, não parece estar relacionado com o mundo das árvores. Mas apenas "aparentemente"...

A verdade é que se as pessoas não me respeitarem como professor, não me respeitarão como pessoa e ser humano. Sem ser respeitado, de nada me servem as linhas que escrevo neste blogue, independentemente dos assuntos que aborde.

Acresce que eu não seria a pessoa que sou, incluindo o muito que amo as árvores, sem os professores que tive enquanto aluno. E, de entre todos eles, um em especial... O Professor, assim mesmo com "pê" maiúsculo, Jorge Paiva!

Todos os dias os professores salvam vidas...Penso na minha colega a quem uma aluna, com graves problemas emocionais por ter perdido um familiar, agradeceu por, literalmente, a ter mantido agarrada à vida.

Todos os dias há pequenas histórias como estas que morrem, onde têm que morrer, no anonimato.

Afinal de contas, os professores não são super-heróis. Há bons e maus profissionais como em todas as classes. Mas deixem-me desabafar que, apesar de todos os desânimos e frustrações, a maioria gosta do que faz e gosta mais de estar dentro de uma sala de aulas do que estar na sala de professores.

Resta então conhecer as causas da nossa revolta...

Com certeza que há coisas erradas neste modelo de avaliação dos professores que nos querem impor.

Como se pode querer rigor científico e pedagógico, quando pessoas de uma determinada área científica têm que avaliar pessoas de áreas científicas distintas (e, muitas vezes, com mais qualificações académicas)?

Como se pode acreditar num sistema que afecta a avaliação dos professores à taxa de abandono escolar, como se esta dependesse do “professor fazer o pino na sala de aula” e não de complexos factores económicos e sociais que escapam ao seu controlo?

Como se pode acreditar num sistema de avaliação que relaciona, de forma directa, a qualidade de um professor com os resultados dos alunos? Será um professor de Matemática duma escola de Lisboa, onde boa parte dos seus alunos tem explicações, melhor do que um colega do Interior rural do país, onde os alunos não dispõem das mesmas condições facilitadoras do sucesso?

Evidentemente que não estou a defender a “teoria dos professores coitadinhos”, teoria que não suporto, pois nem sempre os alunos que possuem melhores condições à partida são aqueles que alcançam melhores resultados.

E porquê?! Precisamente porque, por melhor que o professor seja, há certos factores humanos imprevisíveis que ele não consegue controlar. Explico de outra forma: um médico pode prescrever a medicação correcta a um paciente mas, de seguida, não o irá acompanhar diariamente para verificar se ele toma os medicamentos de forma correcta.
Logo, se o doente não tomar os medicamentos e não melhorar, o médico não pode, obviamente, ser responsabilizado. Isto deveria ser fácil de entender, mas pelos vistos não é…

Logo, um professor deve ser avaliado, não pelo facto de um seu determinado aluno ter tido negativa, mas por todas as estratégias que utilizou para evitar esse desfecho.

E, sejamos brutalmente sinceros e honestos, não é assistindo a 3 aulas de 45 minutos, num ano lectivo, que se retiram conclusões sobre as qualidades e defeitos de um professor.

Dito isto, esta avaliação é apenas mais um instrumento de uma “política de cosmética”, uma encenação, uma farsa burlesca montada apenas para manobrar a opinião pública, tentando passar a ideia de que o “governo se preocupa com a qualidade do ensino”.

Por amor de Deus, poupem-me à hipocrisia! Se querem melhorar a qualidade dos meus métodos de ensino, mandem à minha escola alguém de reconhecida competência científica e pedagógica que me assista a várias aulas; e que depois me diga tudo aquilo em que eu posso melhorar para ser melhor professor e ajudar os meus alunos.
Mas não me enviem mais das inspecções, como a que tivemos o ano passado na minha escola, em que a única coisa errada que detectaram é que “faltam muitos papéis”.

Ah, os papéis! Tudo no ensino em Portugal se parece resolver com mais um papel…Uma ficha, uma grelha, uma planificação, um plano, etc. Servem de alguma coisa?! Não importa! O que importa é que estejam nos dossiês. Para quê? Para nos protegermos…Para nos protegermos dos pais, dos recursos, da inspecção, …

Os professores estão cansados desta “política de medo” e querem recuperar um pouco da sua auto-estima e do amor pelo simples acto de ensinar.

E não toleram que se queira aplicar à avaliação de professores, a mesma política que o ministério tem aplicado para resolver os muitos problemas do ensino em Portugal: facilitismo!

O ministério insiste em mascarar as deficiências do nosso sistema de ensino baixando, de forma evidente e cientificamente inquestionável, o nível de exigência dos exames nacionais, de forma a conseguir resultados que impressionem a opinião pública. Tudo em nome da tal cosmética...

Evidentemente que o falhanço e o erro do ministério foi pensar que os professores iriam tolerar e engolir este mesmo princípio, aplicado à avaliação do seu desempenho; o pensamento deles foi o de sempre: “os professores preenchem a grelha, não resmungam pois estão habituados e porque vão vender a sua honra profissional a troco de um Bom…”

Pois bem, enganaram-se! Até porque a avaliação é apenas a gota que fez transbordar o copo.

Por isso, por mais que o ministério nos queira “corromper”, comprando a nossa rendição a troco da simplificação do sistema de avaliação, os professores não irão ceder. Porque o que está em causa são anos e anos de “políticas de facilitismo” e de “burocratizar para nada resolver”.

É essencial que a sociedade portuguesa compreenda que se está a viver um momento histórico único, o momento em que se decide sobre a credibilidade do ensino público português.

Não é apenas a ministra e a sua equipa que estão em causa, nem sequer a famigerada “avaliação docente”, mas sim anos e anos de políticas que estão a levar ao fundo o nosso ensino e, com ele, o próprio futuro da nação.

Se desistirmos, a história não terá contemplações para nós, pois teremos desperdiçado a oportunidade de mudar o rumo dos acontecimentos e permitir que o ensino público tenha futuro em Portugal.

O capitão Salgueiro Maia, a propósito da situação que se vivia em Portugal antes do 25 de Abril, terá dito um dia: “Há o estado da democracia, há o estado da ditadura e há o estado a que tudo isto chegou!”

Assim está o estado da educação neste momento. É do futuro dos nossos filhos e do nosso país que se trata e de não de uma simples embirração com a ministra do sector ou um prurido a qualquer forma de avaliação.


No geral, não tenho razões para acreditar que haja mais corrupção, incompetência ou mediocridade entre os professores, do que na restante sociedade portuguesa. Bem pelo contrário!

Dêem-nos paz para trabalhar e um pouco de respeito, se faz favor.

Obrigado.


P.S. - Ao que parece, ontem, dois secretários de Estado terão insinuado ser os professores os instigadores das lamentáveis manifestações de alguns alunos, com recurso ao arremesso de ovos.
Sei bem que a maioria dos professores, pessoas com um mínimo de educação e sem qualquer vocação para bandidos, se limita a "instigar" os seus alunos a estudar e a que compreendam que para ter sucesso na vida é necessário muito esforço e dedicação.

Alguns, mais ousados, "instigam" os seus alunos a pensar pela sua própria cabeça e a tentar mudar o mundo. No final de uma determinada aula de Formação Cívica, como aqui escrevi na altura, disse a uma aluna que "uma única pessoa pode mudar o mundo".

Espero não lhe ter mentido. E, se o fiz, foi sem intenção e peço desculpa por acreditar em utopias...


P.S.S. - Decidi não abrir a "caixa de comentários" para este texto, pois ele é, sobretudo, um desabafo de carácter pessoal. E para não gerar aqui uma "discussão" à volta dos temas específicos da educação, desviando a atenção das outras causas da "sombra verde".

Mais do que nunca, obrigado pela paciência de lerem os meus escritos...

quinta-feira, novembro 13, 2008

E os 364 sobreiros, senhor Presidente?!

Fotografia "DiárioXXI"


A GNR impediu, na passada segunda-feira, o avanço de uma obra da responsabilidade da Câmara Municipal da Covilhã (CMC), no Cabeço do Tortosendo. Em causa está o facto das mesmas porem em causa um povoamento de cerca de 360 sobreiros.

A situação é denunciada na edição de hoje, 13 de Novembro, do "DiárioXXI"*.

* A hiperligação é para a página do jornal; os leitores deverão ter o cuidado de seleccionar a edição de 13 de Novembro para aceder à referida notícia.


Vou tentar, de forma resumida, explicar o que está em causa numa situação que já tinha levantado num texto de Agosto passado.

A CMC pretende construir um parque de feiras na freguesia do Tortosendo. Não vou discutir prioridades, uma vez mais, embora me pareça altamente discutível que, em tempos de profunda crise económica, se invista na construção de instalações permanentes para uma feira que se realiza um dia por ano.
Por certo que, com um pouco de imaginação, se encontrariam outras prioridades para a freguesia, mas se o Estado central gastou milhões em estádios de futebol que estão às moscas, suponho que uma Câmara possa fazer o mesmo em relação a um recinto de feiras que terá uma tão escassa utilização.

Mas "aceitemos" as obras e as prioridades de quem nos representa! Pois bem, com tantos terrenos disponíveis, a CMC decidiu escolher um com centenas de sobreiros. Uma vez mais, excelente pontaria!

No entanto, a verdade é que a CMC é a actual proprietária legal do terreno em causa, na sequência de um processo de expropriação. Porém, sobre esta decisão do Secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, decorre ainda um recurso nos tribunais.
Esta acção, interposta pelos anteriores proprietários do terreno, pressupõe que, pelo menos em teoria, será ainda possível fazer reverter a posse dos mesmos.

Este facto deveria, por si só, fazer com que a autarquia da Covilhã, apesar de ser a legítima proprietária dos ditos terrenos, se abstivesse de efectuar intervenções de fundo nos mesmos, pelo menos até todo o processo jurídico estar concluído.

No entanto, a CMC decidiu solicitar a autorização para o abate dos sobreiros. De parte, parecem ter ficado as intenções de transplantar parte das árvores, tal como afirmado no passado.
No entanto, e até ao presente momento, não foi emitida a declaração de imprescindível utilidade pública, a qual permitiria o abate dos sobreiros.

Apesar do referido no parágrafo anterior, a CMC decidiu avançar com as obras, aparentemente apenas para cortar alguns pinheiros...

Como é evidente, assiste-me o direito de questionar sobre o que poderia ter acontecido se, fruto de uma denúncia, a GNR não tivesse suspendido as referidas obras.

E escusado será dizer que para matar um sobreiro não é preciso cortá-lo. A destruição parcial das raízes derivada da movimentação de solos é mais do que suficiente...

Sobre o modo de actuar da minha autarquia já não me restam mais comentários...Sobram-me 3 questões, para outros tantos destinatários:

- Para o senhor Secretário de Estado da Administração Local: com que fundamentos legais considerou justificável a expropriação de um terreno com mais de 3 centenas de sobreiros?

- Para a Autoridade Florestal Nacional (AFN): sabendo das intenções da CMC para o dito terreno e sabendo que sobre a posse dos mesmos decorre ainda um recurso, com que base legal poderá a AFN justificar uma hipotética autorização para o abate dos sobreiros? Terá a acção da CMC, na passada segunda-feira, influência directa sobre essa decisão?

- Para a GNR: na sequência da acção realizada na passada segunda-feira, foi levantado algum auto à CMC e/ou à empresa de construção em causa? Se não, porquê?



Nota importante: este caso, embora situado na mesma freguesia (Tortosendo), é totalmente independente da situação dos 3 000 sobreiros denunciada em Outubro passado.

terça-feira, novembro 11, 2008

Vontade de conhecer...

Imagem retirada do blogue Gonçalo Cultural


(...) O Carvalho Grande* de Gonçalo (Guarda).


* Muito provavelmente, um carvalho-negral
(Quercus pyrenaica Willd.)

segunda-feira, novembro 10, 2008

1 milhão de sementes para o Vale do Côa



- 1 milhão de sementes para o Vale do Côa. Organização: Associação Transumância e Natureza.

- Petição contra teleférico que pode por em causa parte significativa da Laurissilva madeirense (Património Mundial Natural da UNESCO desde Dezembro de 1999). Obviamente, já assinei!

- Piódão recebe 15 mil árvores.

- Alunos plantam árvores no Paul da Serra: "...a realização destas acções de arborização não se limita à plantação das árvores por si só, já que a monitorização do desenvolvimento das plantas é outro dos aspectos a ter em conta neste tipo de iniciativa". Agrada-me!

- Câmara de Lobos ataca "praga das palmeiras"; o mesmo no Funchal. O problema estende-se por todo o país, de Norte a Sul, e ameaça as ilhas. A situação é grave... Disseram-me que os tratamentos preventivos são quase um "acto de desespero" e que o problema teve origem na importação de palmeiras "infectadas".
Com tantos exemplos do passado, continua a não se aprender nada! Haverá alguém, ou alguma instituição, responsável pelo controlo da importação de plantas exóticas? Não deveria ser obrigatório um período de quarentena? Se sim, quem garante o seu efectivo cumprimento? Não seria preferível a importação de sementes de modo a evitar este tipo de "surpresas"?

- Algumas notícias sobre o sobreiro e a indústria da cortiça, as quais agradeço ao Luís Gil: World Wide Fund for Nature (WWF) promove a cortiça na Assembleia-geral do Forest Stewardship Council; por outro lado, o sector corticeiro associou-se à WWF no lançamento da Rede Ibérica de Comércio Florestal.
Por último, enquanto em Portugal qualquer desculpa parece ser aceitável para abater uns milhares de sobreiros, em San Juan, Argentina, o sobreiro parece ser uma aposta com futuro.

- O "país dos cedros" está em acelerado processo de desertificação.

- Jornadas sobre dendro-geomorfologia em Toledo (Espanha).

- Do blogue A Morteira: o livro "Cipreses Monumentales Patrimonio del Mediterráneo" irá ser apresentado na terça-feira, 11 de Novembro, no Real Jardín Botánico del Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), em Madrid.

- Os "Amigos del Tejo" estiveram reunidos em Pereda de Ancares (Espanha), de 7 a 9 de Novembro, na sua terceira assembleia anual. No futuro, existe a possibilidade do encontro se realizar em Portugal. Seria uma excelente oportunidade para se trocarem experiências e informação sobre a situação da espécie na Península Ibérica.

- Uma série de notícias sobre árvores via Ondas 3: Traçado proposto para o IC2 irá amputar parte da Mata do Choupal (Coimbra);
Na Andaluzia: Ecologistas en Acción contra a plantação de eucaliptos em áreas circundantes do Parque Nacional de Doñana e, por outro lado, lançam a temporada 2008/2009 da campanha "Un Andaluz, Un Árbol".
Por último:
40 milhões de árvores para o Ruanda.

- Do Sargaçal: Árvores funcionam como "ar condicionado" da natureza.


Nota: Estas listas de "hiperligações" consomem-me tempo de que não disponho e retiram-me espaço para outro tipo de textos na "sombra...". Assim, e de futuro, haverá apenas algumas chamadas de atenção esporádicas para notícias sobre árvores.
Na "blogosfera" já há quem faça, e muito bem, este acompanhamento de notícias sobre árvores, como o Octávio no Ondas 3 e o Rui no Sargaçal.
Obrigado.