sexta-feira, dezembro 26, 2008

Acabar com uma tradição injusta

Abeto (Abies sp.) centenário, com mais de 30 m de altura, procedente das florestas austríacas - Praça de S. Pedro (Cidade do Vaticano) - fotografia retirada do blogue "La Crónica Verde".


Poderá uma época que celebra um nascimento, com tanto significado espiritual para milhões de pessoas em todo o mundo, justificar a morte de um gigante das florestas?

Terá esta tradição, de todos os anos colocar um gigante das florestas na Praça de S. Pedro, algum significado religioso e espiritual relevante para os católicos de todo o mundo? Será assim um costume tão antigo e arreigado nas convicções espirituais de todos os católicos, que dele não se possa prescindir sem causar alguma espécie de comoção?


Sim, bem sei que é fácil criticar, por tudo e por nada, o Vaticano. Sim, bem sei que é "apenas" uma árvore.

Bom, permitam-me discordar, mas não é apenas uma árvore!... Trata-se de uma tradição, no Vaticano como noutras partes do mundo, que todos os anos promove a destruição dos melhores exemplares das florestas. Aqueles que deveriam ser, pelo contrário, preservados e protegidos para que, entre outros motivos, o seu fabuloso património genético pudesse ser perpetuado e transmitido ao maior número de possíveis descendentes.

Acresce que, neste particular, o Vaticano tem uma obrigação e responsabilidade moral e ética superior à de outras entidades.

Não posso compreender que a celebração de um nascimento, ainda que seja o de Jesus Cristo, possa justificar a morte de uma árvore.
Será isto um fundamentalismo? Claro que sim, trata-se do fundamentalismo do amor, do amor por todas as criaturas de Deus, incluindo as árvores.

Quem salva uma árvore é como se salvasse uma floresta inteira...


3 comentários:

Maria Lua disse...

Pedro,

começo por desejar as Boas Festas e dizer que tens razão, é uma tradição injusta.
Como católica não me revejo nesse ritual e não concordo com a sua realização.
Irei escrever a minha opinião sobre o assunto para o Vaticano, através do site, temos um endereço de mail, não será a primeira vez que escrevo nem a última. Como sempre, não vai mudar nada mas pelo menos tentamos - a tal história da Esperança...
Obrigado pelos teus alertas e bom final-de-semana.
:-)

Tiaguss disse...

Realmente ....
Desconhecia tal macabra tradição!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Olá e obrigado a ambos pelos comentários.

Este tipo de situações é tão lamentável no Vaticano como em qualquer outro sítio. Acresce apenas que o Vaticano terá, por motivos óbvios, uma responsabilidade ética que outras instituições, de índole diversa, não terão.

O problema poderia ser resolvido, mantendo uma árvore natural, mas aproveitando exemplares de menores dimensões e provenientes de desbastes resultantes de acções de gestão florestal.

O que é preocupante, neste como noutros casos similares, é a obsessão pelo abate dos melhores e mais antigos exemplares das florestas. Isso é que, pessoalmente, considero não ser tolerável.