segunda-feira, setembro 03, 2007

Ginkgos na cidade

Exemplares de Ginkgo biloba L. - Rossio da Ponte do Rato (Covilhã)

Os exemplares da figura são os únicos representantes da espécie Ginkgo biloba L. que conheço na Covilhã; foram plantados no espaço recentemente objecto de remodelação junto à antiga ponte do Rato (obras da responsabilidade do Programa Polis).

O Gingko biloba é hoje a única espécie conhecida duma família (Ginkgoaceae) que apareceu há cerca de 250 milhões de anos e que terá tido o seu apogeu há 100 milhões de anos.
Esta espécie é considerada a mais antiga existente na Terra devido ao facto de fazer parte do coberto vegetal do planeta desde há aproximadamente 200 milhões de anos, sendo por vezes designada como "fóssil vivo".

Folhas de Ginkgo biloba L. - Rossio da Ponte do Rato (Covilhã)

Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que esta espécie se teria extinto no seu habitat natural e que apenas teria sobrevivido até aos dias de hoje devido à acção humana, nomeadamente dos monges budistas do Japão e da China. Tal suposição tinha como base o facto do Gingko biloba ser considerada uma árvore sagrada pelos budistas, o que levou a que tivesse sido plantada e protegida nos seus templos desde tempos imemoriais.

Com o passar dos séculos, a espécie começou a ser plantada em jardins dos vários continentes, o que teria assegurado em definitivo a continuidade da mesma.

Sem por em causa as suposições anteriores, a verdade é que em 1916 o explorador norte-americano F. Meyer afirmou ter observado exemplares de Gingko no vale do rio Yangtze (no Leste da China). Na altura ninguém deu crédito a estas observações. Mais recentemente, alguns botânicos chineses parecem ter encontrado provas de que esta espécie ainda sobrevive no seu habitat natural, dando assim razão às observações de F. Meyer.


As propriedades medicinais das sementes e das folhas do Gingko são conhecidas na China há milénios. No Ocidente, em anos recentes, o Gingko tornou-se popular por ajudar a melhorar a performance mental, mais precisamente pela capacidade para estimular a memória.

7 comentários:

Paulo disse...

Obrigado por estas informações. Não sabia destas propriedades medicinais em relação à memória. Nem desta possibilidade de o Gingko biloba ter sido encontrado em habitat natural. Muito interessante.

Rui Peixeiro disse...

Olá Pedro,

Há algum tempo que conheço este blog, mas praticamente só o visitava quando via uma referencia a ele no Cantaro Zangado ou na Mafia da Cova, ... Recentemente, é que o abri com um pouco mais de tempo (ou paciência) e comecei a ler. Acabei por ficar horas e vi (pelo menos na diagonal) quase a totalidade do blog.

Agora já está no Reader e nunca mais perco um post!

É fantástico as coisas que aqui podemos aprender sobre as árvores com que nos cruzamos vezes sem conta.

Continue, que hoje já aprendi mais alguma coisinha!

francisco t paiva disse...

Admiro a sua permanente atenção, Pedro! Não ficarão as Gingko da Ponte do Rato ameaçadas pelas referências medicinais? Parece-lhe apropriado o uso de betonilha na envolvente , ie, da aparente impermeabiliação do solo em redor das caldeiras daquelas árvores?

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Paulo,

Em relação às propriedades do Ginkgo a fonte (DK) parece-me fiável; relativamente aos exemplares encontrados, li essa informação em duas obras...no entanto, é possível que esses exemplares também tivessem sido plantados. Como dizia o meu antigo professor Jorge Paiva quando se encontra uma planta só num determinado sítio é de desconfiar!



Rui,

Obrigado pelos elogio ao blogue.

No entanto, gostar de árvores é "perigoso" no nosso país...de Verão "stressamos" a imaginar o que possa arder; e no Inverno "stressamos" com o que vai ser podado...

Desafio-te a aderires a essa iniciativa de semear as bolotas; uma pessoa não pode resolver os muitos e complexos problemas das nossas florestas mas pode, no mínimo, fazer a diferença.


Francisco,

Essa questão da divulgação é curiosa porque eu próprio fico sempre um pouco "dividido" em relação a ela...

Tento ser coerente a seguir esta política:
1) se, por exemplo, encontrasse um exemplar isolado de uma espécie ameaçada não iria divulgá-lo...pelo menos, só o faria junto de pessoas de confiança.
2) Em relação a outra informações, como esta das propriedades medicinais, é algo que acaba por estar acessível a quem faça uma pesquisa na net ou em livros.

Mesmo assim, reconheço que existe esse risco; houve uma altura em que as pessoas arrancavam tudo o que era aloé, convencidas das suas pretensas propriedades anti-cancerígenas. Até os do jardim botânico de Coimbra não escaparam.
(hoje já não é tanto assim, pois as pessoas já vão sabendo que o aloé tem muitas propriedades mas, infelizmente, não no combate ao cancro).

Depois também é preciso que as pessoas saibam que é necessário que as folhas ou as sementes tenham determinado tipo de tratamentos. Com a multiplicação das lojas que vendem produtos naturais penso que esse tipo de risco é cada vez menor.

Em relação à segunda questão, já era para ter deixado um comentário no "Obrar" acerca do texto dos "Jardins Zen".

Penso que de início a intenção da "Águas da Covilhã" foi boa, ou seja, era poupar água na rega; diminuir o uso de relvados e substituí-los por algumas zonas com rochas ornamentais, entre as quais foram plantadas plantas resistente à secura.

Mas,entretanto, considero que se estará abusar da "forma", além de me ter apercebido dessa questão da impermeabilização.
Na minha modesta opinião tudo o que seja impermeabilização de solos está errado; e penso que será possível diminuir os consumos de água de outra forma.

Isto é, penso que é possível diminuir os consumos de água de outra forma:

- plantar árvores menos exigentes em termos de rega;
- ao nível de grandes zonas relvadas, aumentar o nível de ensombramento com recurso, não a penas a árvores, mas também com um maior uso de arbustos e outras plantas resistentes à secura.
- Alargar o actual sistema de utlização de água não tratada para a rega de espaços verdes.

Considero que já basta de "jardins de pedras" (que aumentam as zonas de absorção da calor dentro das cidades) e de impermeabilização de solos.

francisco t paiva disse...

Viva! De facto, a divulgação comporta amiúde esse dilema... Quanto aos "Jardins Zen", compreendo que os serviços municipalizados da Covilhã tentem contornar a falta de desenho do espaço público, que provoca a proliferação de canteiros residuais, alguns deles com menos de 1m2, com uma manutenção muito onerosa, ao exigirem ser regados com auto-tanque e mangueira... Porém, não posso concordar com aqueles "empedrados", antes defendo a reversão dos canteiros a favor dos passeios e a manutenção de zonas verdes de média e grande dimensão como espaços de lazer, de contemplação ou simples corredores ecológicos.

Rui Marques disse...

Sobre Gingko podem encontrar muita informação neste site dedicado exclusivamente a esta espécie:
http://www.xs4all.nl/~kwanten/

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Rui,

Obrigado pela informação. Volte sempre.