Estudo prévio para Jardim Botânico no Parque Alexandre Aibéo - Imagem digitalizada a partir do Boletim da Câmara Municipal da Covilhã, n.º 16 - Abril de 20081º) O projecto para a reconversão (
evito, propositadamente, utilizar o termo "requalificação") do Parque Alexandre Aibéo, na Covilhã, parece avançar. Como
aqui escrevi em Outubro de 2006, o projecto de autoria do arquitecto Luís Cabral, autor do
Jardim do Lago, pretende criar um Jardim Botânico com espécies autóctones da Serra da Estrela.
Elogio o avanço desta obra, na certeza que a mesma respeitará o património arbóreo aí existente, sobretudo pelo importante papel educativo que a mesma poderá desempenhar, ajudando os covilhanenses a
reconciliar-se com a Serra da Estrela.
Só se ama o que se conhece...
Jardim do Lago, Covilhã2º) Por outro lado, avançam as obras do Parque da Goldra, projecto integrado no
Programa Polis. Este parque, projectado por uma equipa liderada pelo arquitecto José Oliveira, irá ocupar uma área de 5 hectares ao longo da ribeira da Goldra, o que fará dele a maior zona verde da cidade.
Parque da Goldra, Covilhã Parque da Goldra, Covilhã (Nota: no centro da imagem, por detrás dos 5 mamarrachos de cor creme, é visível uma das maiores pseudotsugas da Covilhã)As minhas palavras, no
presente, só podem ser de elogio para estas obras. No entanto, preocupa-me o
futuro destes jardins, pegando no exemplo do Jardim do Lago que denunciei
neste texto.
Recupero as palavras que o
Paulo Araújo escreveu há tempos aqui na "sombra verde": "
Há a inauguração com sorrisos, presença de ministros, presidentes de câmara, empresas patrocinadoras e reportagens na televisão e nos jornais. Mas há depois o dia seguinte, que já não beneficia da mesma publicidade e de que só tomam consciência os habitantes locais mais atentos e menos desmemoriados. E o dia seguinte é o resultado do mau planeamento (tantas vezes com assinatura famosa) e da má gestão (em Portugal, é triste reconhecê-lo, quase não há jardineiros, mas tão só empresas de manutenção de espaços verdes estereotipados e sem diversidade)".
Dito por outras palavras, terá a Câmara da Covilhã, depois dos milhares de euros dos contribuintes investidos nestas obras, capacidade para fazer a sua correcta manutenção?
Peguemos num exemplo concreto: há cerca de dois anos, foi aberto concurso para a poda de centenas de árvores na cidade da Covilhã. O "preço" proposto foi considerado o factor determinante na escolha da empresa para realizar essa tarefa.
O resultado foi que a empresa vencedora foi uma empresa local sem qualquer especialização na poda de árvores ornamentais. A consequência prática desta decisão tem sido a
mutilação de centenas de árvores, como por diversas ocasiões aqui denunciei. O que significa que o dinheiro "poupado" na referida decisão, terá que ser gasto daqui a uns anos para substituir muitas destas árvores.
Com este exemplo não terão os covilhanenses motivos de sobra para temer pela gestão futura destes novos jardins da cidade?
3º) No entanto, e apesar de toda esta situação, a acreditar num inquérito
online do "Jornal do Fundão", citado pelo
Boletim da Câmara Municipal da Covilhã, n.º 16 - Abril de 2008, a Covilhã foi considerada a cidade da Beira Interior com melhor oferta de espaços verdes.
Levando em linha de conta, que o problema das "podas camarárias" é, em maior ou menor grau, comum à esmagadora maioria dos municípios portugueses, e mesmo tendo em conta o pouco rigor dos "inquéritos
online", não deixa de ser uma notícia surpreendente.
O que significa que, talvez mais importante do que ter espaços verdes bem geridos, seja criar junto da opinião pública, essa mesma
ilusão...