Largo Monte d'Arcos (Braga) - Verão
Largo Monte d'Arcos (Braga) - Verão
Em Portugal requalificar acarreta sempre a destruição de algo. Este exemplo, igual a tantos outros que tenho denunciado, é daqueles para os quais me é mais difícil encontrar explicação.
Aparentemente, as tílias não interferiam com a iluminação pública, com qualquer fio e, como é visível nas imagens, os prédios estão longe do centro da praça.
Pelo contrário, a sombra era decerto bem vinda para os que aí procuravam abrigo do calor ou simplesmente descanso.
Mas a verdade é que as árvores estorvam sempre alguém; reparem, em particular na última foto, como a pouca sombra projectada no chão é a dos ramos e do tronco pois as copas das árvores desapareceram vítimas de requalificação.
4 comentários:
Acho que se criou a ideia hoje em dia que as arvores PRECISAM de ser podadas! Talvez "pensem" que estas sejam "domesticadas" ou assim e que necessitem de ir à "tosquia" de vez em quando! Ou então simplesmente foi um nicho de negócio que despertou muita atenção e que é necessário transmitir a ideia da sua extrema necessidade! Só uma curiosidade, façam uma procura de quantas empresas de jardinagem existem em cada um dos distritos...
Tiago,
Acho que há aqui um perigoso conjugar de três tipos de situações:
1) por um lado está muito entranhada essa ideia de que este tipo de podas faz bem às árvores; em parte, porque as pessoas sempre viram as árvores ser tratadas desta maneira. Logo não se questiona, aceita-se!
2) Por outro lado, as pessoas que as praticam não têm qualquer tipo de formação mas como sempre as fizeram "deste modo" não aceitam, nem querem compreender, que estas técnicas estejam erradas. Como explicar a uma pessoa que faz isto há 30 anos que está errada? Acresce que muitas destas pessoas sabem podar as ditas "árvores de fruto", mas o objectivo nesse caso é fazer aumentar a produtividade da árvore, ou seja, a produção de fruto à custa da beleza e da longevidade da mesma. Podar uma árvore ornamental exige outro tipo de técnicas e de conhecimentos.
3) Por último, acredito que muitas destas podas são apenas praticadas para manter ocupados muitos trabalhadores municipais; não nos esqueçamos de que as câmaras são as principais empregadoras em muitos concelhos do país e que, voltando ao primeiro ponto, isto também transmite uma ideia às pessoas que as câmaras estão a zelar pelos espaços verdes (o que é o cúmulo da ironia!).
Há depois casos como o que se passou este ano na Covilhã e que aqui denunciei: foi feito um concurso público ao qual concorreu uma empresa do Porto das poucas no nosso país com provas dadas no correcto tratamento das árvores; no entanto, acabou por ganhar uma empresa da Covilhã por ter apresentado um preço mais baixo para a empreitada. Mesmo querendo acreditar que o factor "preço" foi o único tido em conta na hora de escolher a empresa, o mesmo resultou no que está à vista...ou seja, essa empresa da Covilhã apresentou um preço mais baixo porque não tem técnicos credenciados para tal (a qualidade paga-se) e o resultado está à vista. O que os funcionários dessa empresa fizeram às árvores da Covilhã qualquer pessoa teria feito...tivessem-me pago a mim e eu fazia ainda mais barato e talvez um bocadinho melhor!
Tudo isto somado talvez ajude a explicar muito do que se passa nas cidades portuguesas.
Em Braga, o verde estorva sempre os entendidos que lideram a cidade. Qualquer dia até o verde da encosta do Bom Jesus vai deixar de estorvar definitivamente. E nascerão vivendas mais prédios e parques de estacionamento.
À boa maneira bracarense.
É por isso que Braga chora…
Pedro,
A forma como as árvores é tratada en Braga é tão má, infelizmente, como no resto do país.
Mas o que sobressai negativamente na cidade é a notória falta de espaços verdes; compare-se com uma cidade de dimensão idêntica como Coimbra.
E, mesmo aquela que (há falta de outras)funcionava como a "zona verde da cidade", ou seja, a encosta do Bom Jesus, está a desaparecer a uma velocidade estonteante...e isto deveria preocupar e muitos os bracarenses.
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