quarta-feira, março 26, 2008

Retratos do Portugal que odeia as árvores (X)


Mais um caso de (aparente) "arboricídio" sem motivo. Local: Parque Municipal da cidade da Mêda.

E se escrevi aparente entre parênteses é porque neste, como noutros casos, concedo o benefício da dúvida à autarquia e o direito/dever de apresentar as razões que fundamentam o corte das árvores. Não que a mesma deva explicações em particular aos leitores deste blogue, mas antes de mais deve-as a todos os munícipes da Mêda.



Se estes exemplares abatidos estavam no Parque Municipal, um espaço verde onde se pressupõe que possam existir árvores e que estas possam crescer livremente, depreendo que as mesmas não estavam a interferir com nenhuma estrutura física (habitações, postes de electricidade, etc.).

Penso que também não se dará o caso da Câmara da Mêda estar a planear arrasar o Parque Municipal para fazer um "shopping"! Não acredito que pessoas responsáveis mandassem abater árvores adultas que levaram anos a crescer, apenas porque o senhor X ou a senhora Y se queixavam do barulho dos pássaros, das folhas que entupiam as sarjetas ou por lhes taparem as "vistas" à casa.



Resta então a única hipótese plausível e aceitável, ou seja, estas árvores apresentavam um estado de degradação adiantado e existia o claro risco de tombarem sobre a via pública. Assim sendo, com certeza que a Câmara Municipal da Mêda não terá qualquer problema em clarificar qual foi a empresa especializada em arboricultura que fez o respectivo diagnóstico.

A menos que...Bom, a menos que tenha sido qualquer funcionário da Câmara mais zeloso a tomar esta iniciativa, sem que a mesma esteja devidamente fundamentada do ponto de vista técnico (alguém assim com poderes "adivinhatórios" como os da vereadora da Câmara do Bombarral que sozinha conseguiu identificar várias árvores perigosas no seu concelho). Mas não quero acreditar nisso, afinal ainda na semana passada comemorámos o Dia da Árvore!

Ficamos à espera da resposta da Câmara da Mêda.

P.S. - Da minha parte, um agradecimento à leitora da Mêda que teve a coragem cívica de dar a conhecer este caso e enviar as fotografias que acompanham este texto.

ADENDA- Desenvolvimento desta história: justificação técnica que presidiu à decisão de cortar este conjunto de choupos situados no Parque Municipal da Mêda.

7 comentários:

a d´almeida nunes disse...

Em relação a este assunto das podas e abates de árvores públicas, adultas, algumas já monumentos nacionais, levanta-se sempre a questão de, principalmente no 2º caso, as árvores estarem em vias de morte a curto prazo e, por isso, serem um perigo potencial para os utentes dos espaços por elas ocupados.
Uma coisa, no entanto, eu acho que devia ser feita, previamente: informar o público em geral que essas árvores iriam ser abatidas e explicar rigorosamente os motivos ponderosos de tal abate.
Assim sempre estaríamos mais informados e, eventualmente, mais conformados com a perda de árvores, algumas que constituem referências insubstituíveis para algumas gerações.
É que essa questão sentimental não é tão de somenos importância como isso. Eu que o diga que já vivi algumas dessas experiências e vi a minha mulher a chorar...eu, como homem, assomaram-se-me as lágrimas aos olhos!...
Um abraço e que a Câmara de Meda diga de sua justiça, que todos nós temos o direito a saber o que se passa.
António

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Caro António,

A questão é precisamente essa, ou seja, há situações em que uma ou mais árvores devem ser cortadas porque a sua sustentabilidade está irremediavelmente comprometida e, deste modo, constituem um perigo para os cidadãos e os seus bens.
Existe hoje em dia equipamento electrónico (e eu conheço pelo menos uma empresa de arboricultura que já tem esse equipamento em Portugal) que faz uma espécie de TAC à árvore e permite avaliar do seu estado de sustentabilidade.

O problema é que em Portugal se cortam as árvores pelos motivos mais fúteis, pelo que eu já não acredito na "bondade" das pessoas. Dito por outras palavras: apareçam os ditos "relatórios técnicos" e eu aceito que uma árvore tenha que ser cortada. Até porque se uma árvore de grande porte cair, e mesmo que isso não provoque danos humanos ou materiais, tal irá servir de pretexto para decepar muitas mais. Por isso, aqueles como nós que gostamos de árvores, somos os primeiros a colocar as questões de segurança em primeiro lugar: pelas pessoas, pelos seus bens e pelas próprias árvores.

Um abraço de amizade.

Paulo Moura disse...

"Cabe-nos a todos (cidadãos e profissionais do ramo) manter não só o alerta como toda uma acção de pressão na divulgação de situações destas (até pelos efeitos preventivos que se possam estender a outros casos).”
Mas também acho que antes de se tomar qualquer opinião pública, nos devemos informar o mais detalhadamente possível, e tentar perceber porque determinados casos acontecem. Agradeço o contributo cívico da leitora Mafalda Tina, mas condeno a falta de coragem que teve em questionar as pessoas que estavam a executar o trabalho, até fico a pensar que tirou as fotografias e fugiu. Assim se tornar a passar neste local esta semana ou para a próxima, não se esqueça de parar mais uma vez para fotografar e ao mesmo tempo questionar os responsáveis que não se negaram a prestar qualquer tipo de esclarecimento acerca das decisões tomadas. O trabalho está a ser acompanhado por técnicos qualificados, e os motivos para os abates dos choupos são mais que suficientes. Gostaria que fizessem chegar este assunto junto dos responsáveis municipais uma vez que duvido que tenham conhecimento deste blog. Contudo e a seu devido tempo, eu próprio apresentarei as razões que fundamentam o abate das árvores.

P.s. Gostaria que o senhor que se faz passar pelas siglas de (PM) neste e em outros fóruns e blogs se identifique, isto porque gosto de saber com quem se fala e não de sombras.

Paulo Moura

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Caro Senhor Paulo Moura,

Comecemos pelo fim.

Como decerto reparou os textos estão todos assinados com o meu nome de baptismo "Pedro Nuno Teixeira Santos". Se perder algum tempo a ler o meu blogue ficará até a saber onde trabalho.
Se quiser, envie-me um e-mail (asombraverde@gmail.com) e, na resposta, terá todos os dados pessoais que desejar, inclusivamente o meu número de telemóvel para poder falar directamente comigo.

Em tudo o que escrevo assino com o meu nome (seja neste ou noutros blogs) e não com o nome de "nenhuma árvore", nem com siglas, pelo que não gostei do seu comentário "porque gosto de saber com quem se fala e não de sombras", se é que o mesmo se dirigia à minha pessoa.

O único fórum em que participei sobre árvores foi num associado ao blogue "sparboricultura", denominado "Arboricultura Moderna - Nós e as Árvores", no qual deixei um comentário com o meu nome (Pedro Nuno Teixeira Santos) a 27 de Outubro de 2007 às 8.39 pm.


Em relação à Srª Mafalda Tina, a mesma limitou-se num acto de cidadania que volto a louvar, a tirar fotografias e a tentar, por intermédio deste blogue, saber das razões para o corte das árvores. Não me parece que a mesma tenha cometido nenhum crime. Tomara o nosso país ter mais cidadãos que questionassem as autoridades!

Se essas razões existem e estão fundamentadas do ponto de vista técnico, então que sejam tornadas públicas por si (já que aparentemente foi quem coordenou os trabalhos) ou pela Câmara da Mêda. Eu apenas me limitei a pedir esclarecimentos e vou citar-me: "...neste, como noutros casos, concedo o benefício da dúvida à autarquia e o direito/dever de apresentar as razões que fundamentam o corte das árvores. Não que a mesma deva explicações em particular aos leitores deste blogue, mas antes de mais deve-as a todos os munícipes da Mêda."


Portanto, não é a mim que esses esclarecimentos têm que ser dados mas à população da Mêda. No restante, não retiro uma vírgula ao que escrevi.

E agora sou eu que faço uma pergunta, com todo o respeito. É o Sr. Paulo Moura o mesmo "Paulo Moura" que solicitou a publicitação das podas do Monte Crasto em Gondomar?

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

P.s. - Naturalmente que tendo conhecimento da apresentação da respectiva fundamentação técnica, lhe darei a mesma publicidade que dei à apresentação destas fotografias.

Porque este caso pode ser a prova de que por vezes as árvores são cortadas tendo por base rigorosos critérios técnicos, o que aliás é uma das principais lutas deste blogue. Se assim for, e tenho razões para acreditar na sua palavra, tal ajudará a dar maior visibilidade à importância da contratação de técnicos de arboricultura para a resolução destes casos.
Obrigado.

Anónimo disse...

Caro Paulo Moura,

Deve saber que a Meda é uma cidade pequena e como tal ao assinar Mafalda Tina exponho-me a 100%, fiz até questão de assinar Tina para não haver dúvidas de quem eu sou. Embora você não tenha nada a ver com isso, informo-o que tirei as fotografias quando me contaram do sucedido, por volta das 6 da tarde, quando já não se encontrava ninguém a trabalhar.


“Se tornar a passar neste local esta semana ou para a próxima, não se esqueça de parar mais uma vez para fotografar”
Infelizmente vou passar. Com muita tristeza minha.


“Gostaria que fizessem chegar este assunto junto dos responsáveis municipais uma vez que duvido que tenham conhecimento deste blog.”
Também eu!


Posso desde já dizer-lhe que grande parte da população vê com bons olhos o corte das árvores. Espero que isto o faça feliz. A mim não faz.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

A TODOS OS LEITORES DESTE TEXTO:

Tive já oportunidade de esclarecer via e-mail com o Sr. Paulo Moura este mal-entendido. Obrigado.