domingo, março 30, 2008

Retratos do Portugal que odeia as árvores (XII)









Mais um apelo que me chegou via Arboricultura Moderna, desta vez com origem na denúncia de uma cidadã de Loures.

A referida cidadã confrontou a câmara local que passou as responsabilidades para a respectiva junta de freguesia, a qual tentou justificar o injustificável com algo do género: "(...) os plátanos eram novos tinham que levar uma poda mais séria para depois então poderem crescer."

E como crescerão as árvores nas florestas sem a "ajuda" destas podas "arboricidas"? E como conseguiram crescer os plátanos monumentais que, apesar de tudo, ainda temos por este país e que nunca foram abençoados por estas práticas terceiro-mundistas? Mistério!



Mas para que não se pense que este ódio à árvore é um exclusivo nacional, chamo a atenção para o derrube criminoso de vários teixos no Norte de Espanha (Astúrias).

A denúncia deste acto criminoso tem sido feita pelo blogue A Morteira (em particular nos textos datados de: 26 de Março , 22 de Março , 16 de Março e 8 de Março).

Este atentado está hoje também em destaque no jornal El Mundo.


P.S. - Para conhecer alguns amigos espanhóis do teixo que trabalham com afinco para salvar esta espécie:

Asociación de Amigos del Tejo

Amigos del texu

2 comentários:

Júlia Galego disse...

O que se passa em Loures é inacreditável. Não sei o que anda a fazer o Departamento de Ambiente da Câmara Municipal. O que se passa tanto a nível da Câmara, como das juntas de freguesia, reflecte a ideia soberba de que o homem tem uma existência independente do meio e a sua função é dominar a Natureza. Só que a Natureza, por vezes, vinga-se dos desmandos que têm sido feitos, apesar dos avisos de pessoas que entendem que a intervenção do homem tem limites (caso do arquitecto Ribeiro Teles). É um concelho dominado pelo betão, sem respeito por linhas de água, por leitos de cheias e em que os espaços verdes não abundam. E os que existem são tratados ao sabor de interesses pouco claros.
Também eu apresentei uma reclamação na Junta de Freguesia de Stº Antº dos Cavaleiros. Apesar de tudo, recebi uma resposta, caso raro noutras situações, justificando os cortes das árvores como respondendo a pedidos dos moradores.
Cumprimentos e boa semana

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Júlia,

As juntas de freguesia têm uma grande proximidade com os eleitores, o que tem mais vantagens do que desvantagens.
Permite conhecer mais facilmente os problemas das pessoas e resolvê-los com celeridade.

No entanto, também tem desvantagens como estas, sobretudo quando os responsáveis autárquicos não compreendem (ou não querem compreender)que, por vezes, ao fazerem a vontade a "meia-dúzia" de pessoas estão a prejudicar todas as outras. Mas eu compreendo...É o eterno receio de perder um voto que seja!

É por isso que temos que continuar a fazer "barulho"; se não os convencermos pela justeza dos nossos argumentos, talvez os consigamos convencer por esse lado: pelo medo de perderem o voto de quem respeita e não se sente incomodado pela árvore na via pública.

Um abraço e boa semana.