quarta-feira, abril 18, 2007

A propósito de plátanos




A propósito de plátanos e dos tratamentos de choque que sofrem no espaço urbano, partilho hoje estas imagens, que considero serem particularmente elucidativas da forma negligente como se gere o património arbóreo no nosso país.




As árvores são todos da mesma espécie (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton. ), foram plantadas na mesma rua em Albufeira, sendo da mesma idade.

De onde resulta então a enorme diferença existente entre elas e perfeitamente visível nestas fotografias? É bem simples...os plátanos visíveis na primeira fotografia tiveram a sorte de escapar à poda incompetente que vitimou os dois exemplares restantes.




Resultado: no primeiro caso, temos um conjunto de árvores que cumpre a sua função, não apenas no plano estético, mas também na sua função de dar sombra (amenizando as temperaturas nos edifícios circundantes), etc.

No segundo caso, temos dois cepos sem qualquer valor estético e praticamente incapazes de cumprir qualquer função inerente a uma árvore.
Por aqui se observa o bem que estes "tratamentos de limpeza" fazem às árvores!

P.S. - O blogue Ondas 3 traz hoje uma notícia, segundo a qual a Câmara Municipal de Lisboa pretende abater 97 plátanos nos Jardins do Campo Pequeno.


Não vou aqui discutir os motivos que possam estar por detrás deste tipo de decisões. Situações há em que as árvores têm que forçosamente ser substituídas por outras (porque estão irremediavelmente doentes, porque não se planeou convenientemente o local onde foram plantadas e começaram a interferir com os edifícios circundantes, etc.). Mas apenas este tipo de motivos pode, de alguma forma, justificar este tipo de acções; e estes motivos têm que ser devidamente explicados às populações...


Por mim, no país onde estamos, duvido sempre da bondade deste tipo de acções, que é como quem diz, não acredito que existam ali 97 plátanos doentes ou 97 plátanos que colidam e interfiram com outras estruturas urbanas.

4 comentários:

Paúl dos Patudos disse...

Olá
Sou a Ana Paula do paul dos patudos.
Venho pedir ajuda se possivel.
Tenho uma árvore no meu blog que gostaria de saber qual a sua especie , o seu nome comum e cientifico. Se me puderes ajudar.
Desde já obrigado
estou no :
www.pauldospatudos.blogspot.com

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Olá Ana,

Obrigado pelo teu comentário e pela confiança depositada no meu "diagnóstico"...isto às vezes é mesmo como no Dr. House, ou seja, é um pouco por tentativas...que é como quem diz, eliminando algumas hipóteses até encontrarmos a correcta...

Esta árvore não é da nossa flora autóctone e muito provavelmente vem de outro continente (e nestas o meu conhecimento é ainda menor!)...aparenta algumas semelhanças com a bela-sombra (Phytolacca dioica L.) mas só mesmo com a flor poderei ter a certeza...

Fico à espera das fotos na altura da floração; obrigado

Abraço

Ps.- podes também pedir opinião à malta do http://dias-com-arvores.blogspot.com/

Maria Lua disse...

Pedro,
"agarrei" na notícia do abate dos 97 plátanos no Campo Pequeno (quando li até fiquei sem respiração! Gosto muito daquelas árvores, há anos que sigo - sempre com o coração nas mãos - o percurso deste pequeno e ameaçado espaço verde)que estava no site da Quercus e divulguei entre muitos lisboetas. Enviei também para a comunicação social. Não sei, parece um acto de desespero (tal como foi a desastrosa poda que a C.M. de Loures fez uns tempos atrás e tentei fazer algo), mas eu tenho um profundo amor por aquele espaço (que agora é quase só as 97 árvores) e não consigo fechar os olhos a esta destruição. E tenho consciência que nos moldes actuais de trapalhada que está a C.M. de Lisboa só podemos esperar o pior.. E ninguém se importará com o abate destas árvores...
É uma notícia tremendamente triste e que me deixa sem saber o que fazer/a quem recorrer...

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Maria,

Esta situação deveria ter uma resolução bem simples, não fora este país uma confusão de burocracias que servem de alibi para as entidades públicas (sustentadas pelos impostos de todos nós) não prestarem contas a ninguém...Bom, adiante...

O que é necessário fazer é obrigar a CML a mostrar publicamente (numa reunião de vereação, da Assembleia Municipal ou directamente à comunicação social) os relatórios técnicos que comprovam que os 97 plátanos estavam efectivamente doentes.
isto é o primeiro...porque no nosso país, derivado da forma como as autarquias tratam o respectivo património arbóreo, é sempre de desconfiar...

Se os plátanos estavam de facto irremediavelmente perdidos (entenda-se, correndo um sério risco de cair) então estes tinham mesmo que ser abatidos...por mais que nos custe, pois uma poda não resolve estes problemas (agravando e estando na origem de muitos deles).

Ao fazer-se toda aquela estrutura subterrânea não me admira que se tenha arrasado o sistema radicular de várias árvores...custa-me a aceitar é que ninguém tenha previsto isso ( e planeado formas de minimizar tal situação); já a multa à empresa pelos danos provocados nos plátanos, parecendo pouco (há coisas que não têm preço) se de facto for paga já será um princípio, num país onde nunca ninguém assume as responsabilidades...

Agora, o primeiro a fazer, volto a reafirmá-lo, é exigir os tais documentos técnicos que provem que as árvores tinham mesmo que ser abatidas...é que mesmo que assim seja é necessário censurar a CML por não ter previsto este desfecho; (e estar atento para que a empresa responsável pelas obras do Campo Pequeno pague a dita indemnização).