segunda-feira, agosto 21, 2006

Motivos de orgulho



Porque há dias assim, em que uma pessoa acorda um pouco mais bem disposta e também dá valor ao que está bem, deixo aqui esta imagem de um azevinho, já com um porte assinalável, existente num pequeno jardim da Covilhã.
O azevinho (Ilex aquifolium) é uma árvore (comum também na forma arbustiva) que pode atingir os 20 m de altura, surgindo em bosques de carvalhos e de faias. Tem a particularidade de ser uma espécie dióica, ou seja, existem exemplares com flores masculinas e outros com flores femininas (sendo estes os que originam os frutos globosos, que atingem com a maturação a típica cor vermelha escarlate).
No nosso país, uma vez que não existem bosques autóctones de faia (Fagus sylvatica), o azevinho está associado ao sub-bosque de bosques dominados por carvalho-alvarinho (Quercus robur). A destruição em larga escala no noroeste do nosso país destes carvalhais, com a sua substituição primeiro por pinheiros-bravos e depois por eucaliptos, levou a uma considerável regressão na população de azevinhos, acrescida do abate de muitos exemplares (sobretudo os femininos devido aos frutos) para efeitos ornamentais, nomeadamente na quadra natalícia.
Apesar de o azevinho ser uma espécie protegida por lei e da sua colheita ser proibida, sendo apenas permitida a venda de exemplares provenientes de viveiros autorizados, a sua sobrevivência continua ameaçada por diversos factores, tendo já este ano ano ardido um dos maiores núcleos desta espécie, com vários exemplares de porte arbóreo, na Mata do Ramiscal (Parque Nacional da Peneda-Gerês).
Na Serra da Estrela, de acordo com "Guia Geobotânico da Serra da Estrela", de Jan Jansen, existem, na actualidade, apenas exemplares isolados de azevinho, nomeadamente no Vale da Caniça, Garganta e Vale de Loriga, Vale de Alvoco, Ribeira da Lagoa, Vale da Candieira e Souto do Concelho (nas proximidades de Manteigas). Ainda de acordo com esta obra, estes indivíduos poderão ser considerados como relíquias de antigos bosques que, provavelmente, teriam como um dos elementos do sub-bosque, o azevinho.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom Trabalho de pesquisa =)
Gosto muito da serra do gerês (pelas imagens e informação que obsorvo). E um dia mais tade ei-de ir lá. Tenhu pena que neste pais se prefere dar lugar a plantações industriais a verdadeiras florestas..

Nota: Gostei muito do blog