sexta-feira, outubro 17, 2008

Se não posso ser português de 1ª, deixem-me ser espanhol!

De entre todas as coisas que (ainda) me apetece desabafar acerca da pretendida expansão da Zona Industrial do Tortosendo, a expensas da destruição de 3 000 sobreiros, há algo que não consigo conter mais...Ter descoberto que para além da existência de "portugueses de primeira" e de "segunda", existem, igualmente, "sobreiros de primeira e de segunda"!

Estivessem em causa "meia-dúzia" de sobreiros nos arredores de Lisboa e teríamos as televisões e os jornais nacionais a investigar o caso. Mas 3 000 sobreiros no Interior de Portugal são uma ninharia, uma insignificância.

Pura e simplesmente, não existem porque não são notícia! Ou, dito de outra forma, não são notícia porque não existem...

Bem sei que nos "corredores do poder e da grande comunicação social" ninguém lê o "DiárioXXI" e, muito menos, este blogue e todos os outros que noticiaram este caso (e a cujos autores agradeço profundamente...).

Mas, com diabos, a Quercus emitiu um comunicado a denunciar este caso! Um comunicado a referir a intenção de uma autarquia querer ampliar uma zona industrial a expensas de um terreno com milhares de sobreiros, situado, simultaneamente, na Reserva Agrícola Nacional e na Reserva Ecológica Nacional. E isto apesar de, nas imediações desta zona industrial, existirem outros terrenos, sem as referidas condicionantes ambientais, previstos para a dita ampliação.

Será por serem "apenas" 3 milhares de árvores?! Será por se situarem nessa "terra de ninguém" que é o Interior de Portugal?!

Da próxima vez, vou denunciar o caso ao El País. Se não posso ter os direitos de um "português de primeira", deixem-me ser espanhol!

Adenda: Um homem barricou-se hoje numa sala do tribunal da Covilhã. Evidentemente, foi notícia! As televisões adoram estes episódios da "vida real"... E os 3 000 sobreiros?! Nada, são lixo dispensável!

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Pedro. Não sei se serve de consolo mas relembro que Galilei Galileu era o único que estava certo. Lamentavel a ignorãncia dos políticos, lamentavel os orgãos de informação que temos. A minha sincera homenagem à sua causa.
João Martins

Anónimo disse...

Depois queixam-se de que não param de perder leitores. Estes media de reverência só parecem saber dar tiros nos pés. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Anónimo disse...

Utilidade pública... O que é que pode ter mais utilidade pública que uma floresta autóctone?