domingo, junho 15, 2008

A solidão da árvore sozinha



Breve Sonata em Sol [UM] (Menor, Claro)

A solidão da árvore sozinha
no campo do verão alentejano
é só mais solitária do que a minha
e teima ali na terra todo o ano
quando nem chuva ou vento já lhe fazem companhia
e o calor é tão triste como o é somente a alegria
Eu passo e passo muito mais que o próprio dia.

Ruy Belo


P.S- Um poema do tamanho da solidão. Um poema que agradeço à Rosa.

2 comentários:

francisco t paiva disse...

Belo poema. Envio-lhe outro, também de Ruy Belo, que me parece apropriado ao blog.

"
Algumas proposições com pássaros e aves

Que o poeta remata com uma referência ao coração

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia"

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Olá Francisco,

Belo poema, sem dúvida, que prometo publicar em breve.

Boa semana e Boas férias (se for caso disso).

Um abraço.