domingo, outubro 08, 2006

A sequóia dos Penedos Altos

A Covilhã ganhou, através do Programa Polis, alguns espaços verdes novos, como o Jardim do Lago e outros renovados, como o Jardim Municipal. E, nestes tempos de "contenção financeira", estamos ainda sem perceber se iremos ter ou não, o Parque da Goldra!

Mas alguns dos espaços verdes mais interessantes da Covilhã são aqueles que têm passado um pouco à margem das modas e de renovações, como é o caso do Parque Alexandre Aibéo (de que falarei um dia destes) ou os jardins dos Penedos Altos.


Vista parcial do Bairro dos Penedos Altos

Os Jardins dos Penedos Altos apresentam uma diversidade dendrológica interessante (tílias, olaias, ameixeiras-de-jardim, cedros, pseudotsugas, ciprestes, pinheiros-mansos, etc.), tendo já tido oportunidade de, num texto de Agosto passado, ter chamado a atenção para um azevinho de dimensões generosas aí existente.

Azevinho (Ilex aquifolium L.)

De igual modo, existe um belo conjunto de tílias (ainda não desfiguradas!!) e um pinheiro manso com um assinalável perímetro de tronco.


Pinheiro-manso (Pinus pinea Mill.)


Tílias (Tilia sp.)





...e mais tílias

No entanto, desde há algum tempo, que uma árvore me vinha chamando a atenção, mesmo à distância da janela do meu quarto, por se atrever a crescer mais do que todas as outras! Com excepção de alguns plátanos, sobre os quais aqui tenho escrito, poucas árvores na Covilhã se atrevem a ultrapassar as pseudotsugas...quis saber quem tinha cometido a ousadia e fiquei aliviado, pois fica tudo entre parentes próximos, com origem comum na Califórnia! Trata-se de uma sequóia, da espécie Sequoia sempervirens (D. Don) Endl., espécie originária da costa oeste norte-americana, podendo alcançar e, mesmo ultrapassar, os 100 m de altura, o que as torna nas árvores mais altas do mundo (pese embora, haja conhecimento de terem existido na Austrália, exemplares de Eucalyptus regnans F. J. Muell, que ultrapassaram em altura estas sequóias). No entanto, como já aqui referi anteriormente, as sequóias mais famosas talvez sejam as da espécie Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Buchh., por serem árvores mais volumosas.


Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.



Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.


Apesar de, para a espécie, ainda ser uma árvore jovem (deverá ter aproximadamente a idade dos edifícios do chamado Bairro Económico dos Penedos Altos, que datam da década de 50), tem um porte notável e é já uma das árvores mais altas da cidade. No nosso país, o exemplar mais alto desta espécie situa-se na Mata do Buçaco, tendo mais de 45 m de altura e mais de 5 m de P. A. P. (segundo Ernesto Goes, "Árvores Monumentais de Portugal").


O bairro dos Penedos Altos é assim, fruto deste conjunto de vegetação, um dos mais aprazíveis locais da cidade e seria bom que nenhuma mente iluminada viesse romper este equilíbrio entre a Natureza e a cidade.

Nota: O Bairro Económico dos Penedos Altos, da autoria de Rafael dos Santos Costa, é uma das obras referidas pela Ordem dos Arquitectos no trabalho IAPXX (Inquérito à Arquitectura Portuguesa do Século XX).

1 comentário:

Anónimo disse...

A "Sequoiadendron giganteum" adapta-se melhor ao clima da covilhã e da serra da estrela do que a sempervirens. A sempervirens é melhor para regiões mais baixas com nevoeiros constantes e com forte relação com o mar, tipo buçaco ou serra de sintra.