sábado, dezembro 22, 2012

Um ano

Sobreiro (Quercus suber L. ) - Herdade do Monte Curral (Piçarras, Castro Verde)

Faz hoje um ano que, a 22 de dezembro de 2011, o Parlamento português aprovou, por unanimidade, o Projeto de Resolução que instituiu o sobreiro como a Árvore Nacional de Portugal. Um processo que teve na sua génese a petição pública criada pelas associações Árvores de Portugal e Transumância e Natureza.


Na passada quarta-feira, na qualidade de presidente da Árvores de Portugal, tive ocasião de dar uma breve entrevista telefónica à Lusa, sobre esta efeméride. Questionado sobre os efeitos práticos desta classificação, respondi com sinceridade; um ano é pouco tempo, muito pouco, para aferir do real impacto desta medida e se a mesma servirá para alcançar os objetivos a que nos propusemos quando lançámos a referida petição.


Nos últimos meses, fruto da crise económica e financeira que atravessamos, muitas estruturas rodoviárias e alguns potenciais projetos de (suposto) interesse nacional (PIN), que implicariam o abate de milhares de sobreiros, foram adiados ou cancelados.


Resta saber se, no futuro, os responsáveis públicos entenderão que é imprescindível conciliar os investimentos, públicos ou privados, com o ordenamento do território e com a preservação da riqueza que os montados e demais povoamentos de sobreiro possuem nas suas diversas vertentes.

Os povoamentos de sobreiro sustentam a única indústria na qual o nosso país é líder a nível mundial e são a última barreira, em muitas regiões, contra o avanço da desertificação e os seus incalculáveis danos, a nível social, ambiental e económico.

A própria biodiversidade destes povoamentos pode servir de sustento a muitas atividades económicas, ainda não devidamente exploradas, incluindo o turismo sustentável. Longe, bem longe, têm que ficar, de uma vez por todas, os discursos sobre a alegada incompatibilidade entre desenvolvimento e proteção do ambiente, como se fosse possível haver verdadeiro progresso baseado na destruição da nossa riqueza natural.


Infelizmente, as recentes declarações do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, na qual acusava o ambiente de ser inimigo da política industrial europeia (mas qual política?!), não auguram nada de bom para o futuro. Há gente que não aprende nada...

(Texto publicado igualmente no blogue da Árvores de Portugal.)

sexta-feira, dezembro 21, 2012

O tornado e os "tornados"

Árvores decepadas pelo tornado de 16 de novembro de 2012 - Silves

No passado dia 16 de novembro, a cidade de Silves foi atingida por um devastador tornado, fenómeno relativamente raro no nosso país. Passou a menos de 200 metros do meu local de trabalho e a escassos 50 metros da creche do meu filho.

Ainda hoje me custa pensar nesse dia, voltar ao exato sítio onde o monstro entrou na cidade, e recordar os momentos que se seguiram: a cara de incredulidade e de pânico das pessoas, os carros de rodas para o ar, projetados a dezenas de metros como brinquedos, as árvores arrancadas pela raiz, as casas e os muros derrubados. Um cenário de guerra, igual aos que vemos habitualmente nas televisões, mas que julgamos impossível de acontecer à porta de nossa casa.


De forma quase miraculosa, felizmente, não houve vítimas humanas1, mas houve avultados danos materiais. E houve adicionalmente outro tipo de danos, habitualmente não contabilizados neste tipo de catástrofes, como os que foram infligidos ao património arbóreo da cidade. Foram dezenas de árvores com ramos arrancados e o tronco descascado, decepadas ou, simplesmente, arrancadas pela base.

Porém, neste mês que se passou desde esse dia fatídico de novembro, ao passar diariamente neste cenário de destruição, não tenho deixado de pensar e refletir no seguinte…Quem chegue a Silves, sendo desconhecedor do tornado que se abateu sobre esta cidade, talvez se interrogue sobre os muros derrubados ou os telhados ainda destruídos, talvez questione o motivo de ver alguns restos de troncos derrubados, mas estou certo que não estranhará ver dezenas de árvores estropiadas. E não estranhará porque esse é o cenário que todos conhecemos das vilas e cidades portuguesas, centenas e centenas de árvores destruídas todos os anos por podas mal executadas.

O que em Silves foi provocado por um tornado, fenómeno de natureza imprevisível, em centenas de outras urbes portuguesas é provocado, todos os anos, por “tornados” perfeitamente evitáveis, perpetrados por funcionários autárquicos ou por empresas sem qualquer tipo de preparação técnica, pagos pelo dinheiro dos contribuintes.

Em Silves, as árvores não são roladas e é seguido o princípio de que a poda de árvores ornamentais se deve confinar ao mínimo indispensável. Por isso, custou-me ainda mais ver a natureza destruir em segundos, o que a sabedoria de quem cuida das árvores desta cidade soube preservar da ignorância que alastra em tantos outros municípios.

E essa sabedoria tem nome e tem cara. Nos últimos anos, o engenheiro João Garcia, da câmara local, mudou procedimentos, apesar de no início ter sido criticado precisamente por ter acabado com a prática da rolagem das árvores dos jardins e das ruas de Silves. Eu próprio, enquanto professor, já contei com o seu apoio, na minha escola, para evitar o corte de alguns choupos vistos, erradamente, como responsáveis de tudo o que são alergias primaveris.

Sendo certo que o ser humano pouco ou nada pode fazer para alterar a imprevisibilidade do que a natureza nos reserva, estou certo que, no futuro, as árvores da outrora capital do Algarve, continuarão a salvo do terrorismo arbóreo causado pela mão humana.

1 Adenda: infelizmente, soube-se hoje, dia 28 de dezembro, do falecimento de uma das pessoas gravemente feridas na sequência deste tornado.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

quarta-feira, dezembro 19, 2012

A mata do Bom Jesus

Bom Jesus do Monte - Braga

Lugar incontornável da geografia de Braga, o santuário do Bom Jesus do Monte é importante, não apenas pelo seu valor espiritual e religioso, mas igualmente como pulmão verde da capital do Minho.

Se boa parte da mata do Bom Jesus e do vizinho Sameiro é dominada pela monotonia do eucaliptal e do acacial, em redor do santuário do Bom Jesus a biodiversidade arbórea é maior, com magníficos exemplares da flora nacional e da flora exótica, alguns dos quais classificados como árvores de interesse público.



Nas espécies arbóreas autóctones dominam os alvarinhos (Quercus robur L.), os plátanos-bastardos (Acer pseudoplatanus L.), os sobreiros (Quercus suber L.) e os pinheiros-mansos (Pinus pinea L.), encontrando-se ainda exemplares de espécies ameaçadas, como é o caso do teixo (Taxus baccata L.).
Nas alóctones, para além dos omnipresentes plátanos (Platanus sp.) e tílias (Tilia sp.), destaca-se a coleção de faias (Fagus sylvatica L.) e de sequóias [Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.].

Sereno nas alturas, olhando a cidade por um canudo, o Bom Jesus é amigo das árvores e de quem desfruta dos seus encantos, em particular nas ensolaradas tardes de Verão. Já no seu tempo escreveu Camilo Castelo Branco:
Estas árvores são minhas amigas há vinte e sete anos.
Vim hoje aqui despedir-me delas: creio que para sempre me despeço.
Tenho que abraçar as mais diletas e confidentes: umas que já eram velhas quando, em minha infância, as vi; outras, que eram tenras então, e agora bracejam frondes de luxuriante mocidade. Eu já encaneci; e elas verdejam exuberantes de seiva.
Faço trinta e oito anos, inclinado à sepultura; e elas têm três séculos que viver, trezentas primaveras para se vestirem de galas novas. Meus netos virão saborear-se em vossas sombras. ó carvalheiras, ó verdes pavilhões que me cobristes nas máximas tristezas e alegrias de minha vida!
Seria engodo ao riso andar-me eu aqui abraçando árvores, se alguém me visse
.
(Texto originalmente publicado no blogue da Árvores de Portugal).

segunda-feira, dezembro 10, 2012

James Balog

Fotografia de James Balog


Changing Forests: 1998-2004 - Um trabalho do fotógrafo norte-americano James Balog, de catalogação das maiores e mais antigas árvores dos Estados Unidos.

sábado, dezembro 01, 2012

Hoje foi um dia assim...


Hoje, dia primeiro de dezembro, foi dia de plantar um sobreiro, símbolo de Portugal, como forma de celebrar uma amizade.

É urgente restaurar a esperança no futuro e poucas coisas simbolizam esse espírito como plantar uma árvore, rodeado de amigos.

Hoje foi um dia em que semeámos um pouco de futuro...Como tradição, não me parece mal.


sexta-feira, outubro 12, 2012

Imaginem

Imagens da página no Facebook dos Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho


As imagens mostram a Rua Gonçalo de Carvalho (Porto Alegre, Brasil), nos anos 60 e na atualidade.

A Rua Gonçalo de Carvalho, como a conhecemos agora, só foi possível porque se conseguiu suspender a barbárie das podas radicais nesta cidade brasileira.

Agora imaginem se conseguíssemos vencer esta guerra em Portugal. Quantas "gonçalos de carvalho" não poderíamos ter de norte a sul?!

domingo, outubro 07, 2012

Presa no purgatório

Oliveira (Olea europaea L.) - Purgatório (Albufeira)

No Algarve é fácil tropeçarmos em oliveiras monumentais, um património natural e cultural de valor incalculável, muitas vezes ao abandono, aguçando o apetite de quem negoceia e lucra com a venda destas árvores com séculos de história.


Uma ínfima fração deste património encontra-se catalogada no blogue Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo, um projeto de inventariação das árvores notáveis do Sul de Portugal, de que sou, juntamente com o Miguel Rodrigues, um dos autores.

Como forma de celebrar a minha centésima publicação neste blogue dedicado às árvores portuguesas, partilho, com todos os leitores deste espaço, as imagens de uma dessas oliveiras notáveis que povoam os campos algarvios.

Situada no lugar do Purgatório, em Paderne, no concelho de Albufeira, foi uma das oliveiras do barrocal algarvio que cativou o engenheiro Ernesto Goes que, no seu livro Árvores Monumentais de Portugal, lhe atribuiu um perímetro de tronco à altura do peito de 7 metros.

Pese embora as fotografias não lhe façam a devida justiça, é uma oliveira admirável, até pelo facto de ter uma copa digna desse nome.

Apesar de nascida no Purgatório, merece escapar ao inferno das podas radicais.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal, no qual podem visualizar mais imagens desta oliveira.)


domingo, setembro 30, 2012

Uma capital para as árvores?

Guimarães

Como é do conhecimento público, a cidade de Guimarães ostenta, no presente ano, o título de Capital Europeia da Cultura.

Dei comigo a pensar se faria sentido a existência de uma iniciativa, a uma escala menor e com menos recursos envolvidos, que pudesse celebrar a árvore no espaço europeu. Uma iniciativa que aliasse um programa cultural a um conjunto de conferências e seminários técnicos sobre o papel da árvore na cidade.
Uma iniciativa deste género poderia servir, igualmente, para premiar e divulgar as cidades europeias com melhores práticas no que concerne à criação de espaços verdes, arborização das ruas e sua manutenção.

Houve uma tentativa, em 2007, de criar uma iniciativa deste género, na cidade espanhola de Valência, por iniciativa da Asociación Española de Arboricultura, com o apoio do European Arboricultural Council.
Desconheço o sucesso desta iniciativa que, tanto quanto é do meu conhecimento, não teve continuidade.

Contudo, apesar deste aparente insucesso, acredito que uma iniciativa deste género, mesmo que enquadrada noutras já existentes (caso da European Green Capital), poderia contribuir para sublinhar o papel das árvores nas cidades e a importância da correta manutenção desse património natural e paisagístico.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

sexta-feira, setembro 28, 2012

"A sombra verde" em Porto Alegre

Imagem: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Meu filho* do outro lado do Atlântico...


* Tipuana plantada, no passado dia 3 de setembro, na  Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, no Brasil, e batizada com o nome de "A sombra verde". Uma história de amor às árvores une este modesto blogue à heróica luta dos moradores desta rua e da sua vitória sobre o betão. 
Longa vida à tipuana "A sombra verde" e a todas as demais árvores que fazem deste rio verde que serpenteia o casario de Porto Alegre, a rua mais bonita do mundo...


sexta-feira, setembro 14, 2012

Nova árvore na Gonçalo de Carvalho

A nova árvore foi plantada no mesmo local onde iniciaram
as manifestações em defesa das árvores em 2005.

Já foi plantada uma nova tipuana na Rua Gonçalo de Carvalho. Foi plantada no mesmo local da árvore cortada no dia 3 de setembro, o que motivou protestos de moradores e amigos das árvores.
Nossa sugestão é que a nova árvore seja chamada de "A Sombra Verde", nome do blog do professor português Pedro Nuno Teixeira Santos que chamou a Gonçalo de Carvalho de "A Rua Mais Bonita do Mundo".


Coleta de assinaturas, em 2005, ao lado da árvore que foi cortada no dia 3 de setembro

A antiga árvore era simbólica para os defensores do Túnel Verde, junto a ela foram coletadas assinaturas em apoio do Movimento em Defesa da Rua, muitas reuniões da criada Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência foram feitas junto a ela.


Do blogue: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

quarta-feira, setembro 05, 2012

Atualizada legislação que rege a classificação de árvores

Casuarina (Casuarina cunninghamiana Miq.) situada junto ao cais fluvial de Alcoutim, classificada desde 1999

Transcrevo, de seguida, o texto que escrevi no blogue da Árvores de Portugal sobre a alteração da legislação que rege a classificação de árvores:


"Foi aprovado, e publicado em Diário da República, o regime jurídico da classificação de arvoredo de interesse público, Lei n.º 53/2012 de 5 de setembro, o qual revoga o Decreto-Lei n.º 28 468, de 15 de fevereiro de 1938.
Como pontos positivos desta nova legislação, destacamos a possibilidade de os municípios poderem aprovar regimes próprios de classificação de arvoredo de interesse municipal. De igual modo, parece-nos importante a atualização das coimas, nos casos de danos infligidos ao arvoredo de interesse público, bem como, em simultâneo com a coima, poderem ser aplicadas outras sanções acessórias. Positiva é, igualmente, a possibilidade do pedido de classificação poder ser feito, em formato eletrónico, através de um formulário a disponibilizar na página na Internet do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.
Aquando da discussão do Projeto de Lei n.º 174/XII/1.ª, que culminou na supracitada aprovação da Lei n.º 53/2012, a Árvores de Portugal foi convidada a pronunciar-se sobre o mesmo. Segue a reprodução da opinião expressa na altura, por escrito, à Comissão de Agricultura e Mar:
A associação Árvores de Portugal vê como positiva a aprovação do Projeto de Lei n.º 174/XII/1.ª, relativo ao Regime Jurídico da Classificação de Arvoredo de Interesse Público, pelos motivos a seguir apresentados:
- Mantém a classificação de espécimes isolados e de conjuntos arbóreos, atribuindo-lhes um estatuto semelhante ao que existe atualmente para o património construído e histórico.
- Mantém, tal como referido no Artigo 2º, motivos de ordem cultural ou paisagística, entre outros, como justificativos para a classificação de arvoredos, não se limitando a características quantificáveis, como o porte ou a idade da árvore.
- Propõe a simplificação do processo de classificação, através da criação de um formulário eletrónico com essa finalidade, tal como referido no ponto 3 do Artigo 3º.
- Define uma zona de proteção de 50 metros (ponto 7 do Artigo 3º) e aclara, no Artigo 4º, as restrições ao nível das intervenções que podem danificar este património natural. Parece-nos particularmente importante o ponto 3 do referido artigo, onde se menciona o apoio técnico a prestar pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., sempre que se julgue necessário intervir sobre as árvores em questão.
- Consideramos como aspeto mais inovador e positivo das alterações propostas pelo PJL nº 174/XII/1ª, o referido no ponto 8 do Artigo 3º, onde se menciona a possibilidade de poderem ser criados regimes de classificação de arvoredo de âmbito municipal.
- Por último, atualiza os valores das coimas a aplicar no caso de contraordenações.

Em jeito de conclusão, e apesar de estarmos cientes não ser esse o propósito do que irá ser discutido na referida audição parlamentar, gostaríamos de sublinhar que, para a associação Árvores de Portugal é essencial o reforço de meios humanos, dentro da estrutura e da orgânica do futuro Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, como forma de garantir uma correta salvaguarda do riquíssimo património natural, cultural e paisagístico constituído pelas árvores de interesse público.
Recordamos que no âmbito da orgânica da Autoridade Florestal Nacional essa incumbência estava atribuída a um único técnico nos serviços centrais que, entre outras tarefas, tinha que visitar e avaliar o estado fitossanitário, de forma periódica, das centenas de árvores classificadas em todo o país. Também ao nível das delegações regionais será necessário clarificar quais os técnicos que ficarão com o encargo de avaliar as árvores propostas para classificação e com o dever de proceder ao apoio técnico, sempre que solicitado pelos proprietários de árvores classificadas."

terça-feira, setembro 04, 2012

Abatida árvore símbolo da Gonçalo de Carvalho


15 de outubro de 2005
Início das manifestações públicas em Defesa das árvores e do
Túnel Verde da Rua Gonçalo de Carvalho
15 de outubro de 2006
5 de junho de 2011
3 de setembro de 2012
"Um dos mais antigos moradores da Rua Gonçalo de Carvalho (à direita da foto) observa com pesar a antiga árvore sendo cortada com motosserras."

3 de setembro de 2012
3 de setembro de 2012
3 de setembro de 2012

"Já faz muito tempo que tanto a AMABI como os Amigos da Gonçalo avisavam a SMAM que a árvore que agora será "removida" apresentava problemas, tinha um ôco e um grupo de adolescentes que se reuniam na rua, chamados "Emos", só faziam piorar pois colocavam fogo no ôco da árvore (vídeo da RBS TV aqui: Gonçalo de Carvalho nas quintas-feiras). Providências foram pedidas à SMAM que é quem tem a obrigação de fazer a manutenção e manejo das árvores, isso está bem claro no próprio decreto do executivo que declarou a rua como Patrimônio Cultural, Histórico, Ecológico e Ambiental da cidade. Foram feitos telefonemas, enviados e-mails e pedidos sempre que alguém da SMAM era identificado por nós. Agora vem a solução da SMAM, nada mais pode ser feito para salvar a árvore, ela terá que ser "removida". Claro que ninguém quer ver a árvore cair, especialmente em cima de pessoas que circulam pelo local, mas será que não teria sido possível tratar a árvore se a SMAM tivesse feito sua obrigação em tempo hábil?

Será muito triste ver a árvore onde iniciamos a mobilização pela preservação do Túnel Verde da Gonçalo de Carvalho ser removida (...)"

Fotos e texto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

segunda-feira, setembro 03, 2012

Uma árvore basta…

Belmonte

Pode soar estranho ouvir, vindo de quem gosta e tem por hábito defender as árvores, a afirmação de que em Portugal se plantam demasiadas árvores em ambiente urbano. Porém, em certos casos, assim é, plantando-se árvores de grande porte onde não há espaço sequer para um pequeno arbusto.


A escolha das espécies a plantar, do número de espécimes ou do espaçamento entre estes, poucas vezes é feito com um mínimo de planeamento, antevendo o que sucederá no futuro, quando as árvores se tornarem adultas. Resolve-se, mal, a posteriori, com as malfadadas podas.

Em certos casos, como no desta pequena praça no centro histórico de Belmonte, basta uma árvore para encher todo o espaço, dando-lhe vida, humanizando-o e realçando o que de melhor tem a nossa arquitetura popular. Se bem escolhida, uma árvore basta…

(Mais imagens no blogue da Árvores de Portugal).

quinta-feira, agosto 30, 2012

Auto-crítica

Fonte da imagem: IstoÉ


Estou em crer que estamos todos, o autor deste blogue incluído, a precisar de mais ações de cidadania ativa em defesa das árvores das nossas cidades, em vez de passarmos tanto a tempo em protestos digitais. Ler a notícia do protesto do professor Henrique Carneiro, do estado de São Paulo.

quinta-feira, julho 19, 2012

Sumptuosa

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) - Benafim (Loulé)

Regresso a uma das maiores azinheiras do Algarve, na aldeia de Benafim. Porque as azinheiras podem ser assim, sumptuosas, quando crescem sem podas.

sábado, julho 14, 2012

A espera...

Alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.) - Almarginho (Salir, Loulé) - Fotografia original de Miguel Rodrigues



[Nota: Sobre esta fotografia gostaria de esclarecer uma coisa que me parece particularmente importante. Defendo que a visita às árvores monumentais deve ser regida por princípios onde se privilegie a sua defesa, ou seja, em casos extremos, defendo que o acesso a uma dada árvore deve mesmo estar vedado. 
No entanto, como em tudo na vida, não podemos cair em exageros, cada caso é um caso, nem todas as árvores necessitam de perímetros de exclusão, e considero que é igualmente contraproducente quebrar a ligação das pessoas às árvores. Se não, um dia destes, estaríamos a proibir as crianças de subir às árvores ou de construir a sua casa na árvore.
Neste caso, gostaria de esclarecer que estou sobre o interior oco da árvore, o qual está sobrelevado devido à rocha visível em primeiro plano. Sei, por isso, que nenhum dano causei à árvore, da mesma forma que nenhum dano se causa a uma oliveira ou castanheiro oco, quando se entra no seu interior. 
O excesso de popularidade pode matar uma árvore, é certo. Mas saibamos aplicar esta regra sem ser de forma cega, pois todos as regras aplicadas de forma exagerada são prejudiciais ao objetivo que levou à sua criação.]

domingo, julho 08, 2012

A importância de salvar uma árvore

Fonte da imagem: Rikuzentakata (página do Facebook)

A história de uma cidade japonesa (Rikuzentakata), devastada pelo tsunami de Março de 2011, empenhada em salvar a única árvore da cidade que sobreviveu a esse trágico desastre natural. (Mais pormenores: aqui.)

terça-feira, junho 19, 2012

Congresso sobre arboricultura



A Associação Espanhola de Arboricultura (AEA) organiza, entre os próximos dias 8 e 10 de novembro, na cidade de Jerez de la Frontera, o XV Congresso Nacional de Arboricultura - Mais informações: aqui.

domingo, junho 17, 2012

sexta-feira, junho 15, 2012

Conhecer as plantas da Estrela

Do blogue Dias com árvores:


Visita botânica à serra da Estrela


O Município de Seia, através do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), e a Sociedade Portuguesa de Botânica organizam nos dias 7 e 8 de Julho a visita botânica Serra da Estrela, um refúgio para a flora e vegetação de montanha de Portugal, com o seguinte programa:
6 de Julho, sexta-feira
20h00Encontro no CISE e partida para a Casa Colónia nas Penhas Douradas.
7 de Julho, sábado
9h00 às 17h00Realização de um percurso pedestre (Penhas Douradas – Salgadeiras) para a exploração dos principais habitats, comunidades vegetais e das espécies de flora do planalto superior da serra da Estrela.
19h30Jantar de confraternização no Sabugueiro (opcional e não incluído no preço de inscrição), ao que se seguirá um serão d' Aldeia, actividade inserida no plano de animação da rede Aldeias de Montanha.
8 de Julho, domingo
9h00 às 17h00Realização de itinerário em autocarro, pela área do Parque Natural da Serra da Estrela. Durante o trajecto far-se-á um conjunto de paragens, em áreas de interesse para a conservação de habitats e espécies de flora desta área protegida.
O número máximo de participantes é 24. A inscrição – a efectuar pelo endereço electrónico cise@cise-seia.org.pt ou pelo telefone 238 320 300 – custa 15 euros e o alojamento 15 euros por noite. Mais informações aqui (ficheiro PDF).

quinta-feira, maio 31, 2012

Amar o verde das nossas cidades

Porque não há ruas bonitas sem gente que ame e proteja as suas árvores, esta vitória é toda do povo de Porto Alegre e, permitam-me o destaque, em particular dos amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, porque sem o seu trabalho pioneiro, porventura este dia nunca teria acontecido.

Possa esta lei de de defesa das ruas com túneis verdes servir de exemplo para outras cidades do mundo, em particular do mundo da lusofonia.

Vitória das Árvores!

Rua Gonçalo de Carvalho - Foto: Ricardo Stricher/CMPA
Câmara Municipal aprova Lei que preserva inúmeros Túneis Verdes em Porto Alegre

Uma importante vitória da cidadania e das ÁRVORES de Porto Alegre!
Vitória não apenas dos cidadãos de Porto Alegre, de todos os que demonstraram seu apoio de lugares tão distantes de nossa cidade, no Brasil e no exterior.


Vitória também do português Pedro Nuno Teixeira Santos e inúmeros amigos das árvores espalhados por todo o planeta. Alguns, como o Pedro, foram citados no convencimento final de vereadores ainda indecisos!

Vereador Moesch mostra revista que fala dos Túneis Verdes de Porto Alegre
Uma revista com matéria sobre a Rua Gonçalo de Carvalho, com especial destaque para os elogios do Pedro Nuno Teixeira Santos que a chamou de "Rua Mais Bonita do Mundo", passou pelas mãos de vereadores e foi fundamental para a decisão de alguns votos. A vitória também é dessas abnegadas pessoas que não moram aqui e em sua grande maioria nem conhecem AINDA nossos Túneis Verdes.
As árvores de Porto Alegre agradecem a todos vocês!!!

Rua José Bonifácio - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Rua Couto de Magalhães - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
 
No Jornal do Comércio:
Porto Alegre aprova a lei dos túneis verdes
Bárbara Gallo
A Câmara Municipal aprovou ontem o projeto que declara os chamados túneis verdes como áreas de uso especial - de caráter ecológico, turístico e cultural. O texto, de autoria do vereador Beto Moesch (PP), passou em plenário com 26 votos favoráveis e um contrário. A emenda 23 - protocolada há poucos dias por João Carlos Nedel (PP), que votou contra o texto do projeto - era o ponto mais polêmico da discussão e acabou sendo rejeitada.

A modificação buscava suprimir integralmente o artigo número 7, que delegava a declaração dos logradouros com as características de áreas especialmente protegidas a instrumentos normativos como decretos, resoluções de conselhos, portarias ou leis municipais.

O progressista reprovou firmemente a redação do item, alegando ser inconstitucional e ilegal a forma de determinação das áreas de uso especial. “A implementação de áreas especiais nos túneis verdes não precisa ser restringida, desde que seja feita legalmente e não por portarias e decretos de conselhos quaisquer e indefinidos. É um absurdo ele (Moesch) retirar prerrogativas legais da Câmara para que qualquer secretaria possa emitir um documento com essa finalidade. Estamos dando um cheque em branco para que qualquer um o faça até por meio de atas”, criticou Nedel.

Moesch, terminantemente contra a posição do correligionário, também manifestou sua decepção com outra proposta de Nedel, que determinava que a confirmação dos logradouros enumerados no projeto como túneis verdes fosse submetida à prévia aprovação de pelo menos dois terços dos moradores da região, através de consulta popular. “Eu não seria contra essa emenda se, para o alargamento de ruas, também fosse aplicado o mesmo critério”, alfinetou. 
...
Aqui a matéria completa do JC: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=94788
O derrotado vereador Nedel, votou contra o projeto dos Túneis Verdes.


Vias contempladas:

Rua Paraíba - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Durante a votação, oito vias foram incluídas e seis foram retiradas do projeto por meio de emendas.
Os logradouros beneficiados foram a Av. Ganzo; Av. Guaíba; Av. José Bonifácio; Av. Lageado, no trecho entre a Av. Carlos Gomes e a Av.Palmeira; Av. Osvaldo Aranha; Av. Padre Thomé; Av. Polônia; Beco Quinze de Novembro; Beco Um – Rua Dra. Vera Glusman Knijnik; Praça Dr. Maurício Cardoso; Praça Hercílio Ignácio Domingues; Praça Paraíso; Praça Prof.ª Zilda Wilhelm Coelho; Rua Apolinário Porto Alegre; Rua Augusto Totta Rodrigues; Rua Barão de Santo Ângelo; Rua Barreto Leite; Rua Bazílio Pellin Filho; Rua Carajá; Rua Casemiro de Abreu; Rua Cel. Corte Real; Rua Dario Perdeneiras; Rua Dinarte Ribeiro; Rua Dona Laura; Rua Dr. Castro de Menezes; Rua Dr. Timóteo; Rua Dr.ª Vera Glusman Knijnik; Rua Duque de Caxias; Rua Eça de Queiroz; Rua Farnese; Rua Felicíssimo de Azevedo; Rua Félix da Cunha; Rua Fernando Gomes; Rua Florêncio Ygartua; Rua Gen. Couto de Magalhães; Rua Gen. Souza Doca; Rua Goitacaz; Rua Gonçalo de Carvalho; Rua João Mendes Ouriques; Rua Luciana de Abreu; Rua Luzitana; Rua Machado de Assis; Rua Mariante; Rua Marquês do Pombal; Rua Miguel Tostes; Rua Nossa Senhora Aparecida; Rua Olavo Barreto Viana; Rua Padre João Batista Reus; Rua Pão de Açúcar; Rua Paraíba; Rua Pelotas; Rua Picasso; Rua Prof. Emílio Meyer; Rua Prof. Ildefonso Gomes; Rua Ramiro Barcelos, no trecho entre a Av. Osvaldo Aranha e a Rua Gonçalo de Carvalho; Rua Saicã; Rua Santa Terezinha; Rua Silveiro, no trecho entre a Rua Otávio Dutra e a Rua Hipólito da Costa; Rua Simão Bolívar; Rua Tomaz Flores; Rua Visconde de Camamu; Rua Prof.ª Santa Bárbara; Rua Santa Cecília; Travessa Guianas; bem como as vias acrescentadas por emendas: Érico Veríssimo, da Ipiranga até a avenida Borges de Medeiros; Fábio Araújo Santos; Rua Professor Langendonck; Rua Carneiro da Fontoura; Rua Álvares Machado; Rua Borges do Canto; Rua Vitor Hugo; e Rua Farias Santos.

Rua Pelotas - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

As vias suprimidas foram as Av. Borges de Medeiros, Av. Getúlio Vargas, Av. Cel. Marcos, Terceira Perimetral, Av. Wenceslau Escobar e Estrada Cristiano Kraemer.

(Com informações do gabinete do vereador Beto Moesch)




NOTA: Texto retirado do blogue Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho.

sexta-feira, maio 18, 2012

Um país sem memória

Museu da Cortiça (Fábrica do Inglês) - Silves   Fotografia: Museu Cortiça Silves

Pode um país que tem o sobreiro como um símbolo oficial, permitir-se ter um museu dedicado à cortiça fechado e em risco de ser vendido em hasta pública?

Terá sido a classificação do sobreiro como Árvore Nacional de Portugal, em dezembro passado, um mero ato simbólico e efémero, ou estará o Estado, central e municipal, interessado em preservar um espaço museológico único no mundo?

Estará a Amorim e, por arrastamento, a APCOR, interessada em ajudar a salvar e valorizar um património ímpar da indústria corticeira portuguesa? Será indiferente para a Amorim, e para a APCOR, que se esforçam por vender lá fora a imagem da cortiça, ver desaparecer um arquivo industrial de valor incalculável?
O que pensariam os consumidores norte-americanos e europeus, se soubessem que o país que os tenta convencer da modernidade e pujança da sua indústria da cortiça, e das virtudes deste produto natural e renovável, é o mesmo país que não preserva e respeita a sua memória, assistindo impávido e sereno ao desaparecimento de um dos melhores museus industriais da Europa?


E o que estará disposta a fazer a sociedade civil por esta causa? Fazer "gosto" nas redes sociais é fácil e demora apenas um segundo. Assim sendo, o que estarão dispostos a fazer, pelo Museu da Cortiça, em Silves, os mais de 700 amigos que a sua página ostenta no Facebook? Sairão à rua, ou assinarão uma petição, em sua defesa? Ou, como é hábito em Portugal, vamos esperar sentados no sofá que os outros decidam por nós?

Uma coisa é certa, um país que não sabe preservar o seu passado e a sua memória, é um país sem futuro.

P.S. - Uma parte dessa sociedade civil começou hoje, no Dia Internacional dos Museus, a dar a sua resposta. Porque, às vezes, são os mais novos a desbravar caminho...

terça-feira, maio 08, 2012

Romance sonâmbulo

Primavera a sul de Beja

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas...


Federico Garcia Lorca

sábado, abril 28, 2012

Recriar


De entre o programa, destaco o lançamento do guia interpretativo Rotas e Percursos na Serra da Estrela - Planalto Superior, da responsabilidade do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE).

quarta-feira, abril 25, 2012

Toada de Portalegre



Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros...*

(...) há também um plátano.





* Toada de Portalegre, de José Régio
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sexta-feira, abril 20, 2012

Celebrar o sobreiro e a primavera


Realiza-se no próximo dia 25 de abril, na Herdade do Freixo do Meio (no concelho de Montemor-o-Novo), o 7º Encontro da Primavera que, este ano, celebra o reconhecimento do sobreiro como a Árvore Nacional de Portugal.

A entrada é livre (ver programa completo).