Está a finalizar a época do ano em que algumas espécies de choupos, particularmente o híbrido Populus x canadensis Moench, libertam a substância sedosa, semelhante a algodão, que serve de suporte à propagação das sementes.
Escusado será dizer que começa a época em que me desdobro na sua defesa, dentro da minha escola, e em vários textos e comentários que vou deixando neste e noutros blogues.
Em relação aos choupos da minha escola estou mesmo ciente que se não fosse por receio ao que eu poderia fazer, já os teriam cortado. Mas será que isto resolveria o crescente problema das alergias? Serão estes choupos os "maus da fita" e eliminados das nossas cidades, desapareceriam os problemas respiratórios característicos desta altura do ano? A resposta é, claramente, não!
Sim, é certo que estes filamentos dos choupos podem causar problemas quando em grande quantidade. Cito a alergologista Maria da Graça Castel-Branco, em declarações ao "Jornal de Notícias": "(...)têm um efeito irritativo quando entram em contacto com os olhos, a boca e o nariz, provocando comichão na face e nos olhos e irritação nasal."
No entanto, sabemos que a libertação destes filamentos dos choupos coincide com o período de libertação de pólen por parte de centenas de espécies, incluindo as gramíneas. E eis o que diz novamente a alergologista Maria da Graça Castel-Branco: "Entre Março e Maio (...) é o período em que maiores quantidades dessas substâncias (dos choupos) estão no ar, salientando, porém, que é o pólen das gramíneas (ervas selvagens), mais agressivo, o responsável pela maior parte das alergias em Portugal."
Está visto que abater milhares de choupos não resolveria o problema e erradicar as gramíneas é impossível por vários motivos, incluindo o facto das gramíneas não incluírem apenas "ervas selvagens" mas também as plantas que são a base da nossa alimentação, como o trigo, o centeio ou o milho, por exemplo.
Mas se o verdadeiro problema estivesse no pólen, ou em qualquer outra substância libertada pelas plantas, há muito que as populações rurais teriam fugido dos campos e da orla das florestas para se refugiarem nas cidades!
Sabemos bem que o que provoca o êxodo das populações rurais para as cidades é tudo menos a fuga ao pólen e às alergias. Sabemos que é nas cidades, precisamente pela menor qualidade do ar, que são mais frequentes as doenças do foro respiratório.
Nas cidades, as árvores são o nosso melhor aliado contra essa poluição, a principal responsável pelos crescentes problemas de alergias entre as populações urbanas.
Relembro as palavras de Ana Todo Bom, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, ao "Diário de Coimbra" (notícia de Maio de 2007) e onde a mesma comprovava que as causas das alergias não estavam apenas na libertação de pólen, frutos e sementes pelas plantas mas que, apesar de se assistir a um aumento das reacções alérgicas, era "a poluição resultante do tráfego automóvel que exponenciava" este mesmo efeito alérgico.
Resumindo: cortar árvores não resolve o problema, apenas o agrava. Evidentemente que, de futuro, se deverão evitar plantar nas cidades espécies que libertem pólen, ou outras substâncias, com elevada alerginicidade.
Mas não contem comigo para assinar por baixo em favor de uma campanha arboricida para abater todos os choupos deste país. Até porque se quiséssemos abater todas as árvores que, potencialmente, podem provocar alergias, teríamos que alargar a lista, de acordo com a avaliação feita pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, aos áceres, bétulas, ciprestes, carvalhos (inclui azinheiras e sobreiros), castanheiros-da-índia, nogueiras, oliveiras, pinheiros, cedros, plátanos, teixos, tílias, ulmeiros e salgueiros.
Ficaríamos com um deserto nas cidades e, ironicamente, mais susceptíveis à poluição automóvel, ou seja, mais susceptíveis a padecer de alergias e outros problemas de saúde.
É isto que pretendemos, embarcar numa espécie de "caça às bruxas" na forma de árvores, abatendo tudo o que liberte pólen ou outras substâncias para a atmosfera? E os pobres coitados que vivem no campo?! Terão que vir morar para as cidades?
E os índios que persistem em tentar sobreviver na imensidão da floresta Amazónica, conhecerão eles os perigos do pólen que os rodeia por todo o lado? Ou deveremos ensinar-lhes os benefícios do Zyrtec?!
Haja bom senso...Andem mais a pé, aumentem os espaços verdes nas cidades e deixem os choupos morrer de velhos!*
* Curiosamente, estes choupos híbridos, apesar do seu rápido crescimento que os tornou populares, são árvores com uma longevidade muito reduzida.
Escusado será dizer que começa a época em que me desdobro na sua defesa, dentro da minha escola, e em vários textos e comentários que vou deixando neste e noutros blogues.
Em relação aos choupos da minha escola estou mesmo ciente que se não fosse por receio ao que eu poderia fazer, já os teriam cortado. Mas será que isto resolveria o crescente problema das alergias? Serão estes choupos os "maus da fita" e eliminados das nossas cidades, desapareceriam os problemas respiratórios característicos desta altura do ano? A resposta é, claramente, não!
Sim, é certo que estes filamentos dos choupos podem causar problemas quando em grande quantidade. Cito a alergologista Maria da Graça Castel-Branco, em declarações ao "Jornal de Notícias": "(...)têm um efeito irritativo quando entram em contacto com os olhos, a boca e o nariz, provocando comichão na face e nos olhos e irritação nasal."
No entanto, sabemos que a libertação destes filamentos dos choupos coincide com o período de libertação de pólen por parte de centenas de espécies, incluindo as gramíneas. E eis o que diz novamente a alergologista Maria da Graça Castel-Branco: "Entre Março e Maio (...) é o período em que maiores quantidades dessas substâncias (dos choupos) estão no ar, salientando, porém, que é o pólen das gramíneas (ervas selvagens), mais agressivo, o responsável pela maior parte das alergias em Portugal."
Está visto que abater milhares de choupos não resolveria o problema e erradicar as gramíneas é impossível por vários motivos, incluindo o facto das gramíneas não incluírem apenas "ervas selvagens" mas também as plantas que são a base da nossa alimentação, como o trigo, o centeio ou o milho, por exemplo.
Mas se o verdadeiro problema estivesse no pólen, ou em qualquer outra substância libertada pelas plantas, há muito que as populações rurais teriam fugido dos campos e da orla das florestas para se refugiarem nas cidades!
Sabemos bem que o que provoca o êxodo das populações rurais para as cidades é tudo menos a fuga ao pólen e às alergias. Sabemos que é nas cidades, precisamente pela menor qualidade do ar, que são mais frequentes as doenças do foro respiratório.
Nas cidades, as árvores são o nosso melhor aliado contra essa poluição, a principal responsável pelos crescentes problemas de alergias entre as populações urbanas.
Relembro as palavras de Ana Todo Bom, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, ao "Diário de Coimbra" (notícia de Maio de 2007) e onde a mesma comprovava que as causas das alergias não estavam apenas na libertação de pólen, frutos e sementes pelas plantas mas que, apesar de se assistir a um aumento das reacções alérgicas, era "a poluição resultante do tráfego automóvel que exponenciava" este mesmo efeito alérgico.
Resumindo: cortar árvores não resolve o problema, apenas o agrava. Evidentemente que, de futuro, se deverão evitar plantar nas cidades espécies que libertem pólen, ou outras substâncias, com elevada alerginicidade.
Mas não contem comigo para assinar por baixo em favor de uma campanha arboricida para abater todos os choupos deste país. Até porque se quiséssemos abater todas as árvores que, potencialmente, podem provocar alergias, teríamos que alargar a lista, de acordo com a avaliação feita pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, aos áceres, bétulas, ciprestes, carvalhos (inclui azinheiras e sobreiros), castanheiros-da-índia, nogueiras, oliveiras, pinheiros, cedros, plátanos, teixos, tílias, ulmeiros e salgueiros.
Ficaríamos com um deserto nas cidades e, ironicamente, mais susceptíveis à poluição automóvel, ou seja, mais susceptíveis a padecer de alergias e outros problemas de saúde.
É isto que pretendemos, embarcar numa espécie de "caça às bruxas" na forma de árvores, abatendo tudo o que liberte pólen ou outras substâncias para a atmosfera? E os pobres coitados que vivem no campo?! Terão que vir morar para as cidades?
E os índios que persistem em tentar sobreviver na imensidão da floresta Amazónica, conhecerão eles os perigos do pólen que os rodeia por todo o lado? Ou deveremos ensinar-lhes os benefícios do Zyrtec?!
Haja bom senso...Andem mais a pé, aumentem os espaços verdes nas cidades e deixem os choupos morrer de velhos!*
* Curiosamente, estes choupos híbridos, apesar do seu rápido crescimento que os tornou populares, são árvores com uma longevidade muito reduzida.
10 comentários:
Caro Pedro,
Concordo plenamente contigo,nao sei a origem desta fobia as arvores que recentemente surge,mas parece me ter tb como motivo o serem um alvo facil de culpabilizacao...quem vai culpar um carro,se e algo tao necessario...quem vai culpar os detergentes que usamos para limpar as nossas casas e nossas roupas...ninguem! E muito mais facil culpar as arvores,algo que nao nos afecta o bolso,que na visao de algumas mentes " iluminadas" ocupam bastante espaco numa cidade prejudicando inclusive espacos que poderiam dar origem a belos predios.
Sou a favor de mais arvores nas cidades,sou a favor de arvores de pequno porte em ruas estreitas,de arvores grande porte em ruas largas e parques...sou a favor tb do regresso das folhosas nao so nas florestas do nosso pais como ainda nas nossas ruas,plantem carvalhos,tulipeiros,freixos,e porque nao plantar algumas das nossas especies ameacadas nos jardins..teixos azevinhos para sebes...fica a ideia,
abraco Pedro,farei o possivel para sensibilizar e terminar com este monstro que se tornou a arvore.
Se tivéssemos a capacidade de mobilização dos professores estaríamos, neste momento, em Lisboa, a Manifestarmo-nos contra o derrube que se tem verificado pela maior parte das nossas cidades, dos choupos.
E repare-se que plantá-los nas zonas arborizáveis urbanas, cruzes canhoto!
Ele é Grevílleas a torto e a direito, melias, negundos, etc.
E as nossas árvores autóctones?
Não prestam? São feias? Levam muito tempo a crescer?
Haja senso!
O tempo está muito bom para passear à sombra dos choupos!...
PELAS NOSSAS ÁRVORES!
Sinceramente,acho ser mais facil encontrar especies exoticas no nosso pais do que autoctones.Essas sao residuais,sao olhadas como pestes quando recuperam o seu espaco,como e caso os carvalhais e azinhais que vao lentamnete cobrindo campos abandonados...essas sao pestes!!!,porque as acacias,sao bonitas,reproduzem se bem e ate ficam bem no quintal...
Sao eucaliptos por todo o lado,pinheiros numa paisagem monotona,negundos entre ruinas e campos agricolas...suponho sermos o pais cuja a principal arvore florestal deve ser uma exotica.Uma tristeza
Subscrevo este excelente post, Pedro. Está aqui tudo o que eu sinto e que não fui capaz de sintetizar no meu blogue:) E o que me deixa mais triste é que este assunto, tal como o que acontece com as pseudo-podas, propagou-se a todo o país e qualquer que seja a faixa sócio-cultural. Estes 'conhecimentos' fazem parte de uma cultura 'pseudo-popular' que toda a gente adquire rapidamente. E infelizmente, pelo menos ao nível autárquico, nem os políticos se dignam a recolher informação técnica.
Ou seja, estão todos ao mesmo nível cultural, quando quem manda deveria ir pelo menos um degrau acima...
Abraço
E há um factor importante, que normalmente não é mencionado, as alergias crescem devido à debilidade do sistema imunitário provocado pelo stress em que vivemos, pela alimentação e todo um modo de vida artificial que se tornou 'normal' para nós. Eu não sou médica, nem tenho autoridade científica para falar sobre o assunto, tenho apenas a experiência de ter sido tratada de problemas respiratórios de origem alérgica através do reforço do sistema imunitário... por um naturopata, claro.
Parece-me que mais uma vez estamos a arranjar um bode espiatório sem ter a coragem de admitir que é o nosso modo de vida artificial que causa a maioria dos problemas.
Não vem a propósito, mas lembrei-me da tua /nossa luta quando li este artigo: http://www.guardian.co.uk/environment/2009/may/31/ladybirds-sticky-cars-aphids Imaginei o nosso país a fazer isto... :)
Esqueci-me de dizer, sou a ex-jardineira :) (só mudei de nome e de blog activo)
Obrigado a todos pelos comentários que enriqueceram, e muito, o teor do meu texto.
Juntos formamos uma espécie de "aliança pelas árvores"!
P.S. - Teresa, bem curioso o artigo do "Guardian";)
Eu também subscrevo o "post".
E pergunto: O problema não estará no Homem? Não somos nós quem mais prejudica o planeta?
Se há alguem a abater...esse alguém é a RAÇA HUMANA.
Parabéns pelo poste. Sem dúvida que o ataque aos choupos é dos mais violentos que se pode observar no nosso país, só comparável à má sorte dos plátanos. E as justificações apresentadas seriam simplesmente ridículas, se não fossem revoltantes. Temos um problema profundo de relacionamento com as árvores, é o que é: com tantos milhões de arbofóbicos, haveria aqui todo um lucrativo ramo da psicoterapia a explorar!
SOSOSOSOSOSOSOSO LEIRIA
sososososospsosos LEIRIA
Vão abater 2 choupos no Largo Cónego Maia, em Leiria. Na zona histórica.
Dois negritos.
Com mais de 50 anos.
Ainda não sei qual é o motivo.
Estou a indagar...
PRECISO DE AJUDA!....
VOU AVANÇAR COM NOTAS PARA A IMPRENSA, QUERCUS, PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, GOVERNO, DISTRIBUIR PANFLEROS, ABAIXO ASSINADO...
SOSOSOSOSOSOSOSOSOSOSOSOSOSOSOS
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