quinta-feira, novembro 10, 2011

Um dia para as bolotas

Origem da imagem - bologta, a bolota que tem um blog

Quem me conhece saberá que, em matéria de maus tratos às árvores, poucas coisas me enfurecem tanto como vê-las maltratadas em ambiente escolar. Em parte, por ser professor, mas, sobretudo, porque no que toca ao amor não podemos ser hipócritas, celebrando o Dia da Árvore num dia para, no seguinte, assistirmos impávidos à mutilação de árvores plantadas pela geração dos nossos pais. Não se pode amar as árvores em dias alternados da semana. Ou se gosta das árvores todos os dias...ou não se gosta!

Para ilustrar a forma como as árvores são maltratadas em tantas escolas por esse país fora, tenho-me socorrido das que conheço melhor, como as da Covilhã, por serem as da minha terra. É assim, infelizmente, na Escola das Palmeiras, sobre a qual já escrevi mais do que uma vez (como neste texto, por exemplo).

Mas seria injusto se não referisse que, no seio desta escola, há também quem ame as árvores (e todos os dias). Alunos e professores que gostam dos nossos carvalhos autóctones e que querem por as demais escolas a semear bolotas. Está tudo no blogue: bologta, a bolota que tem um blog.

Adenda: Curiosamente, ou talvez não, muito perto desta escola fica um dos maiores exemplares de carvalho-negral que conheço, em ambiente urbano, no nosso país.

2 comentários:

Manuel Ramos disse...

Isto tá aqui um sistema!
Nã há como lidar com tudo isto, e com o que já chamo, esquizofrenia sistémica. No próprio lugar em que se faz merda,se faz também o bem. Incoêrencia global..sistémica...!
Micro-realidades...

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Manel, vejamos o lado bom...mesmo nas "más organizações" há sempre quem faça o bem. E por que é que quem faz o bem, quem planta carvalhos, se cala quando vê as árvores da sua escola a serem roladas?

Se calhar não se calam, prefiro acreditar nisso. Se calhar só não têm forças para mudar as coisas perante quem manda. É que, também nas escolas, lugar do saber, há muito quem ache, mesmo entre os que gostam de árvores, que este tipo de podas são inócuas ou mesmo indispensáveis para "dar força" às árvores.

Mas enfim, como dizes, não deixa de ser uma incoerência. Como com as dezenas de Câmaras que plantam árvores a 21 de Março, semanas depois de terem mandado rolar todas as árvores dos espaços públicos desse mesmo concelho.

Esta é, por isso, não uma micro-realidade, mas a realidade de um país que tem uma relação doentia de amor/ódio com as árvores.