sexta-feira, novembro 04, 2011

Um caso de divã

Abate de árvores em Loulé - Fotografia de João Martins

Em poucos municípios portugueses se terão cortado tantas árvores, nos últimos anos, como em Loulé. Em certos casos com razão, noutros, provavelmente a larga maioria, sem qualquer fundamento técnico. E sempre, ou quase sempre, sem uma explicação para os munícipes, como se cortar árvores fosse sinal de progresso e não tivesse que ser devidamente justificado.

É que mesmo nos casos em que há razão para cortar uma árvore, há sempre, ainda que involuntariamente, uma admissão de culpa. Porque se uma árvore tem que ser cortada por uma degeneração precoce, é porque alguém, a mesma entidade que decide o seu abate, não soube cuidar dela e evitar esse desfecho.

Mais importante do que plantar novas árvores é saber cuidar das que herdámos dos nossos avós: "Os países, como Portugal, preocupados em plantar muitas árvores mas sem a mínima noção de como se cuida delas, são como aqueles pais que têm muitos filhos mas depois não os educam." Blog de Cheiros


P.S. - A denúncia, como sempre, ou quase sempre, é do João Martins. Fazem falta mais pessoas como o João, pessoas que não se calam, pessoas que chateiam quem não gosta de ser incomodado!

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Pedro,

Tive para te avisar do abate aqui no blogue mas não o fiz pelo maravilhoso momento que significou para todos os amigos das árvores e do ambiente o reconhecimento da dignidade do Sobreiro. Preferi não comentar porque achei que o horror do arboricídio teria o seu momento e lugar próprio para ser denunciado. É de crime ambiental aquilo de que falamos nos últimos anos em Loulé. Com a loucura de uns poucos e a passividade de muitos.

Um grande abraço
João Martins

Rosa disse...

Bom dia Pedro. No Peso da Régua foram (pelo que sei há poucos dias) abatidas muitas árvores de arruamento de grande porte. Vou ver se vos mandam fotografias e mais informação.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

João,

Infelizmente, sobre árvores, de Loulé, nunca (ou quase nunca) nos chegam boas notícias.

Já começo a achar que essa passividade é uma doença crónica da sociedade portuguesa, face a tudo. As árvores não são excepção e na lista de prioridades dos portugueses, estas devem estar quase em último.

Uma coisa que faz toda a diferença é o tipo de pessoa que dirige os espaços verdes dos municípios e os conhecimentos técnicos que esta tem sobre as árvores e a sensibilidade que tem, ou não, para a sua preservação.

Loulé, como a maioria das cidades cidades e vilas portuguesas, nesse particular, não tem sorte. Mas não é preciso sair do Algarve para encontrar quem tenha essa sorte. Em Silves, por exemplo. E isso faz toda a diferença na forma como as árvores são tratadas no espaço público, pois a pessoa que dirige esses serviços tem que ser o maior defensor das árvores na cidade.

Abraço.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Rosa,

Fico à espera. Obrigado.

Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho disse...

Parabéns Pedro. Tua colocação é perfeita:
"...se uma árvore tem que ser cortada por uma degeneração precoce, é porque alguém, a mesma entidade que decide o seu abate, não soube cuidar dela e evitar esse desfecho."

Cesar