quinta-feira, abril 29, 2010

Marcadas!



Em Sintra, uma vez mais! Por favor, assinem e divulguem a petição em defesa das árvores de Sintra.

Vamos impedir o poder municipal de Sintra de continuar a ignorar as aspirações justas dos seus munícipes, em usufruir de um ambiente de qualidade. Ou andará o Dr. Fernando Seara tão distraído e preocupado com o futebol, que ainda não reparou no que se passa na sua vila e concelho?

Recordo as palavras do Pedro Arrabaça, num comentário deixado no blogue da Árvores de Portugal:

"Esta vaga de des­trui­ção em Sin­tra é revol­tante, triste e ver­go­nhosa. Não con­sigo per­ce­ber por­que é que esta prá­tica foi, nas ruas aqui mos­tra­das, aban­do­nada há 20/30 anos, tendo-se dei­xado as tílias e os plá­ta­nos recu­pe­rar um pouco da sua dig­ni­dade, para tudo ter­mi­nar nesta misé­ria, uma gera­ção mais tarde. Há algo pro­fun­da­mente errado e peri­goso nos ser­vi­ços de ambi­ente deste muni­cí­pio, que dela­pida e rapina os bens que foram colo­ca­dos à sua guarda. Os espa­ços públi­cos desta vila tornaram-se um des­con­forto emba­ra­çoso, uma suces­são lúgu­bre de luga­res a evi­tar; quanto ao seu título de “Patri­mó­nio Mun­dial” (atri­buído pelo valor da sua pai­sa­gem cul­tu­ral!) merece ser seri­a­mente posto em causa."


terça-feira, abril 27, 2010

Herói involuntário por amor às árvores



Carlos Alberto Dayrell foi nomeado Cidadão Honorário de Porto Alegre. Trinta e cinco anos depois, foi reconhecido o valor de quem salvou uma árvore de um abate desnecessário, numa altura em que, no Brasil, impedir o corte de árvores era crime contra a segurança nacional.

Trinta e cinco anos depois, a árvore, uma tipuana, permanece de pé, tal como permanece a necessidade urgente de, com coragem, defender as árvores, no Brasil, como por cá, de abates incompreensíveis e podas mutiladoras.




P.S. - Em Porto Alegre, o exemplo de Carlos Alberto Dayrell não foi em vão e, de certeza, terá sido uma forte inspiração para os moradores da Rua Gonçalo de Carvalho.

terça-feira, abril 20, 2010

Poucas vezes...

Poucas vezes li coisa tão acertada, e certeira, sobre as árvores do nosso país:

"Os países, como Portugal, preocupados em plantar muitas árvores mas sem a mínima noção de como se cuida delas, são como aqueles pais que têm muitos filhos mas depois não os educam." Blog de Cheiros.

segunda-feira, abril 19, 2010

A soberba humana

O Presidente da CM de Machico, a pedido de um cónego, cortou dois tis [Ocotea foetens (Aiton) Benth. & Hook.f.,], espécie protegida da Laurissilva endémica da ilha da Madeira, porque, pasme-se, interferiam com a estética da igreja matriz (ler notícia na íntegra).

O autarca, porque não tem outro tipo de argumentos, nomeadamente do tipo racional, escuda-se na arrogância do populismo do tipo "quero, posso e mando": "Não vamos deixar de fazer as coisas porque há meia dúzia de indivíduos que entendem que uma árvore é a coisa mais importante do mundo."

Lendo com atenção a notícia, subtilmente percebe-se que as árvores em causa padeciam de uma outra característica que, na actualidade, e em dita terra, parece ser um pecado mortal: tinham sido mandadas plantar, no passado, por um executivo de outra cor política!

Do Cónego Martins, autor do pedido para o abate dos dois tis, como homem da Igreja, esperava-se que compreendesse que as árvores também são obra de Deus. Esperava-se do mesmo, a humildade de compreender que estas, em nada, diminuem a obra humana . E que não alimentasse o falso conflito entre o património edificado e o natural, como se estes não se complementassem e, pelo contrário, fossem incompatíveis.


Em Machico, para se cortarem árvores, basta que os dois homens mais influentes da terra estejam em sintonia nas suas concepções estéticas.
E a opinião das outras pessoas da terra? A tal "meia dúzia" de indivíduos que gostam de árvores? Pois bem, não é relevante e não interessa para nada. "As coisas têm que ser feitas", disse o autarca. Deve ser isto a democracia, digo eu!


As árvores não serão a coisa mais importante do mundo, como disse o Presidente da CM de Machico. Mas não merecem ser cortadas por motivos tão fúteis, em nome da soberba humana.




quinta-feira, abril 15, 2010

Palestra sobre plantas invasoras




Uma organização conjunta da Árvores de Portugal e da Almargem. Na Sala da Assem­bleia Muni­ci­pal de Loulé, dia 16 de Abril pelas 15h00, com a presença de Elizabete Marchante, do projecto INVADER.


NOTA: A entrada é gratuita e não é necessária qualquer pré-inscrição.

sábado, abril 10, 2010

Em busca das raízes

Fotografia de Juliana Gatti

A Juliana Gatti, autora do blogue Árvores Vivas, do Brasil, andou por terras beirãs à procura das suas raízes.

No decurso dessa procura, acabou por tropeçar no magnífico castanheiro (Castanea sativa Mill.) de Guilhafonso.

Árvore classificada de interesse público há quase 30 anos, este castanheiro estará, certamente, entre os maiores da Europa.

sábado, abril 03, 2010

Requalificar = Destruir



As duas primeiras imagens deste texto referem-se ao que está a acontecer, por estes dias, no Parque Municipal de Loulé. Podem ler mais sobre esta "requalificação" no blogue da Árvores de Portugal, num texto assinado pelo Miguel Rodrigues.



Nesse texto, tive oportunidade de escrever o seguinte comentário:

"Há aqui duas coi­sas que me cau­sam per­tur­ba­ção, a pri­meira ao nível das inten­ções por detrás deste tipo de pro­jec­tos, ditos de “requa­li­fi­ca­ção”, e a segunda, obvi­a­mente, ao nível do modo como as obras são imple­men­ta­das no terreno.

Desde logo, incomoda-me, e não con­sigo com­pre­en­der, juro que não con­sigo, esta neces­si­dade, per­ma­nente e pre­mente, de requa­li­fi­car tudo o que é jar­dim, por esse país fora. Parece que a um jar­dim, para atrair as pes­soas, já não basta ter árvo­res e som­bras. Isso é passado…Agora, ao que parece, os jar­dins têm que ser moder­nos, o que implica a cons­tru­ção de uma série de equi­pa­men­tos, tudo à conta da ampu­ta­ção do espaço para o verde.

Outra coisa que roça o sur­real é esta queixa de um jar­dim ter excesso de ensom­bra­mento! Mas que diabo é o excesso de ensom­bra­mento num jar­dim?! Não é para dar som­bra que se plan­tam as árvo­res? Não será esse o objec­tivo de um par­que, espe­ci­al­mente numa cidade com clima medi­ter­râ­nico, com cen­te­nas de horas de sol por ano?

Eu diria que o pro­blema das ruas e dos jar­dins em Por­tu­gal é pre­ci­sa­mente o oposto, ou seja, a insu­fi­ci­ên­cia de som­bras deri­vada do hábito de estar­mos per­ma­nen­te­mente a rolar as árvo­res orna­men­tais. Fruto des­sas prá­ti­cas sel­va­gens, as nos­sas árvo­res urba­nas mais não têm do que copas raquí­ti­cas, nunca che­gando a atin­gir o seu desíg­nio: maravilharem-nos com o perí­me­tro de fres­cura das suas sombras.

E o que acon­tece quando, num par­que, estas esca­pam a tão triste fim e che­gam ao seu estado adulto, com a forma que a natu­reza lhes deu? Mal­va­das que dão muita som­bra e é pre­ciso podá-las…ou resol­ver logo o pro­blema pela base e cortá-las! Excesso de ensom­bra­mento?! Não con­sigo parar de pen­sar no absurdo deste argumento.


Dublin

De repente, lembro-me dos jar­dins da Irlanda. Num país com escasso número de dias de sol, onde um dia de Agosto de céu enco­berto e 20ºC é um exce­lente dia de Verão, e penso como seria ridi­cu­la­ri­zada a ideia de se que­rer cor­tar as árvo­res dos jar­dins por excesso de ensombramento.

Lembro-me de um mag­ní­fico jar­dim no cen­tro de Dublin, com árvo­res enor­mes, com pes­soas almo­çando sobre os rel­va­dos, apro­vei­tando a escassa luz de um dia de verão irlan­dês, e nada de mini­gol­fes ou de par­ques de des­por­tos radi­cais a que­brar a paz e o sos­sego daquela pausa ves­per­tina. Que tam­bém por lá haverá par­ques de des­por­tos radi­cais ou mini­gol­fes, não duvido, mas não às cus­tas de ampu­tar espa­ços verdes.


Dublin

O único equi­pa­mento extra­va­gante que esse par­que tinha era um coreto, onde uma banda tocava perante deze­nas de pes­soas que faziam tempo, após o almoço, para regres­sa­rem ao tra­ba­lho e perante turis­tas, como eu, que se ques­ti­o­na­vam por­que tal ima­gem não seria pos­sí­vel num jar­dim português.

Existe uma qual­quer fobia que afasta uma mai­o­ria de por­tu­gue­ses dos nos­sos par­ques, um qual­quer incó­modo no con­tacto com o verde da natu­reza. É ridí­culo pensar-se que as pes­soas pas­sa­rão a fre­quen­tar um par­que por­que se cimen­tam os cami­nhos ou que se sen­ti­rão mais segu­ras com ilu­mi­na­ção cénica, por debaixo das copas das árvores.

A segu­rança cria-se com guar­das que zelem por quem fre­quenta esses jar­dins e que impeça actos de van­da­lismo; os hábi­tos de visi­tar e usu­fruir de um par­que não são fáceis de criar, mas podem-se orga­ni­zar even­tos cul­tu­rais, por exem­plo, que criem uma rotina de visita a esses espa­ços. Ou a ins­ta­la­ção de cir­cui­tos de manu­ten­ção, de baixo impacto visual, que fomen­tem a prá­tica desportiva.

E depois há todos os outros por­tu­gue­ses. Aquela mino­ria, à qual per­tenço, e à qual bas­tam as árvo­res num jar­dim; e a mai­o­ria, a qual nunca irá a um jar­dim a menos que aí esta­ci­o­nem um cen­tro comercial!

Mas há ainda o segundo lado desta ques­tão, ou seja, o modo como as obras estão a ser fei­tas. Acaso foi estu­dado o efeito que a aber­tura des­tas valas terá na saúde e, logo, na segu­rança, des­tas árvo­res? Foi feito algum estudo sobre esta maté­ria? Se sim, qual o nome da enti­dade que o exe­cu­tou e quais as suas con­clu­sões? Foram pro­pos­tas medi­das de mini­mi­za­ção para o impacto das mes­mas nas árvo­res e na paisagem?

Claro que haverá sem­pre o argu­mento que as obras tinham que ser fei­tas assim e que não podiam ser fei­tas de outra maneira. Fale­mos então de custos/benefícios.

Será que os pre­ten­sos efei­tos bené­fi­cos que esta inter­ven­ção trará ao Par­que de Loulé com­pen­sa­rão os danos cau­sa­dos? Se sim, dêem-me um exem­plo, em Por­tu­gal ou no estran­geiro, um único exem­plo, de uma inter­ven­ção em que o corte de árvo­res ou a cons­tru­ção de mini­gol­fes, tenham tor­nado um par­que mais seguro e mais visitado.

Acaso alguém ima­gina um cená­rio de guerra como este, no nova-iorquino Cen­tral Park? Alguém ima­gina os nova-iorquinos a aplau­di­rem o corte de árvo­res e a verem o seu par­que esven­trado por maqui­na­ria pesada?

O Par­que de Loulé, como a mai­o­ria dos nos­sos jar­dins mais anti­gos, pre­ci­sam de duas coi­sas muito sim­ples: jar­di­nei­ros, que os cui­dem e evi­tem a ima­gem de des­leixo cau­sada pelo cres­ci­mento de matos e infes­tan­tes, bem como a acu­mu­la­ção de lixo, e de vigi­lan­tes, que os tor­nem em locais mais segu­ros, de dia ou de noite, para quem os frequenta.

Toda a moder­nice que estas ditas “requa­li­fi­ca­ções” encer­ram não é mais do que saloi­ice pegada de quem não conhece os gran­des jar­dins e par­ques do mundo.

Excesso de ensom­bra­mento?! Francamente…"