quinta-feira, março 10, 2011

quarta-feira, março 09, 2011

17 valores

Castanheiros-da-índia (Dublin)

Um conjunto de estudantes de Arquitectura Paisagista acaba de concluir que os castanheiros-da-índia, plantados numa avenida de Aveiro, podem representar um perigo para as pessoas, por causa dos seus frutos. Não sei o que os assustou nestes castanheiros, se foram os espinhos do seu fruto globoso ou se foi o peso das suas sementes, semelhantes (em aspecto e dimensões) aos frutos dos nossos castanheiros.

Sei, isso sim, que tal é absurdo. Como aberrante me parece, muito sinceramente, dar 17 valores a tais conclusões! E se a estes futuros arquitectos fosse dada a possibilidade de estudar os perigos associados às inúmeras araucárias, existentes nos espaços urbanos de Aveiro? Por certo que, dado o peso que as suas pinhas podem atingir, as mandariam abater de seguida. Provavelmente, seriam até agraciados com 20 valores!

Claro que nada disto invalida que se tenha que estudar a escolha das espécies a utilizar nas arborizações urbanas. Claro que nada disto invalida que certas espécies não acarretem incómodos ou mesmo perigos. Mas também é preciso ter consciência que, num país que tem tanta dificuldade em conviver com as árvores, não há uma espécie perfeita, ou seja, quem não gosta de árvores encontrará sempre motivos para a sua ira.

P.S. - Em Dublin, existem centenas de castanheiros-da-índia monumentais. Curiosamente, não vi ninguém, nas ruas ou em parques, protegido por capacetes!

sábado, fevereiro 05, 2011

Manual de imbecilidade



1º) Gastou-se dinheiro dos contribuintes para requalificar uma escola, incluindo a construção de estruturas feitas propositadamente para proteger e preservar as árvores pré-existentes no recinto escolar. Foi no Porto, na Escola Básica e Secundária do Cerco.

2º) De seguida, o Sr. director da Escola incomodou-se com o que, aparentemente, nunca o tinha incomodado anteriormente, ou seja, ter que arranjar alguém para apanhar as folhas das árvores.

3º) Não arranjou dinheiro para contratar quem apanhasse as folhas do chão. Mas arranjou para pagar a alguém para arrasar as árvores da escola.

Um autêntico manual de imbecilidade. Numa escola pública portuguesa... De nada servirá agora, no dia 21 de Março, fazer composições sobre o Dia da Árvore. As palavras são impotentes perante tamanha demonstração de selvajaria.

Agora já sabem onde muitos portugueses aprendem a odiar as árvores: nos bancos de escolas como a Escola do Cerco.

Artigo mais extenso no blogue da Árvores de Portugal. (Fotografia da autoria do arquitecto João Serro.)


sexta-feira, janeiro 14, 2011

Ainda a estupidez do terrorismo arbóreo

Soube que a Câmara Municipal da Covilhã abriu um concurso público para a poda de árvores na cidade. Soube, oficiosamente, que o mesmo foi ganho por uma empresa de construção civil do concelho (corrijam-me se estiver enganado).

Não me interessa, nomeadamente como contribuinte, que a dita empresa tenha sido a que apresentou a proposta com o orçamento mais baixo. Num país normal, qualquer empresa que não tivesse técnicos credenciados para a poda de árvores ornamentais deveria ser proibida de concorrer a estes concursos. Quanto mais ganhá-los!

Ou, por acaso, se uma apresenta de arboricultores apresentasse o preço mais baixo para construir uma estrada, seria a escolhida?!

Não basta, para podar uma árvore, ter funcionários que sabem ligar uma motosserra. É preciso que estes saibam o que fazem, até para a sua própria segurança.

Escusado será dizer que espero o pior para as árvores da minha cidade. Para as que já foram roladas no passado e, infelizmente, também para muitas árvores que ainda não tinham sido descaracterizadas pela ignorância alheia.

O problema não é apenas estético. Apesar de tudo, e a estética é importante numa árvore ornamental, há outros aspectos mais importantes, a começar pela segurança das pessoas, pois é um facto tecnicamente indesmentível que uma árvore mal podada é mais susceptível de originar problemas, como a queda de ramos, em resultado de condições atmosféricas adversas.

Mesmo o pretenso factor de "poupança" que preside a muitas destas escolhas, cai por terra quando se sabe que as árvores roladas acabarão por ver a sua longevidade reduzida, tendo que ser substituídas, a prazo, por novas árvores, com os custos associados a esta substituição.

É assim na Covilhã. É assim, infelizmente, em muitas outras autarquias portuguesas.

Portugal deve ser caso único na Europa Ocidental. Neste país, qualquer um pode constituir uma empresa e ganhar um concurso para podar árvores. Basta ter funcionários que saibam ligar uma motosserra e apresentar o preço mais baixo. Experiência? Competência comprovada? Pormenores!...



quinta-feira, dezembro 30, 2010

Sobreiro - Árvore Nacional de Portugal


Já está criado o blogue de apoio à proposta de classificar o sobreiro como Árvore Nacional de Portugal. Passem por lá a manifestar o vosso apoio.

domingo, dezembro 05, 2010

O que valem os nossos técnicos camarários



Este excerto, sobre o qual não estou autorizado a dar mais detalhes, mostra bem a pequenez da mentalidade de muitos técnicos camarários. Sem mais comentários.

sábado, dezembro 04, 2010

A última oportunidade



A última oportunidade para garantir que a Estradas de Portugal apenas intervirá sobre as árvores em que tal seja estritamente necessário. Sessão pública de esclarecimento: Junta de Freguesia de Colares, dia 6 de Dezembro, pelas 18 horas.

É a primeira vez, tanto quanto sei, que a Estradas de Portugal se presta a uma sessão de esclarecimento sobre a manutenção de árvores sob sua alçada. Seria muito mau, para situações futuras, que a sociedade civil não respondesse com uma presença forte e interventiva.



sábado, novembro 06, 2010

A nossa árvore: o Sobreiro



As asso­ci­a­ções Tran­su­mân­cia e Natu­reza e Árvo­res de Por­tu­gal pre­ten­dem, com o pre­sente comu­ni­cado, lan­çar um movi­mento que visa desen­ca­dear o pro­cesso de atri­bui­ção ao sobreiro do esta­tuto sim­bó­lico de Árvore Naci­o­nal de Portugal.

Para fun­da­men­tar esta pre­ten­são, encontram-se, entre outros, os seguin­tes motivos:

- Por ser uma espé­cie com ampla dis­tri­bui­ção no ter­ri­tó­rio naci­o­nal con­ti­nen­tal, pre­sente desde o Minho ao Algarve, em dife­ren­tes ecos­sis­te­mas natu­rais. O sobreiro ocupa em Por­tu­gal perto de 737 000 hec­ta­res (dados do Inven­tá­rio Flo­res­tal Naci­o­nal de 2006, não incluindo alguns povo­a­men­tos jovens), o que cor­res­ponde a cerca de 32% da área que a espé­cie ocupa no Medi­ter­râ­neo ocidental.

- Pela enorme bio­di­ver­si­dade asso­ci­ada aos habi­tats domi­na­dos pelo sobreiro, incluindo espé­cies em sério risco de extin­ção e com ele­vado esta­tuto de con­ser­va­ção, con­si­de­ra­das pri­o­ri­tá­rias a nível naci­o­nal e internacional.

- Pelo facto dos mon­ta­dos serem um exce­lente exem­plo, de como um sis­tema agro-silvo-pastoril tra­di­ci­o­nal pode ser sus­ten­tá­vel, pre­ser­vando os solos e, desse modo, con­tri­buindo para evi­tar a deser­ti­fi­ca­ção e con­se­quente despovoamento/desordenamento do território.

- Pela cres­cente rele­vân­cia que os bos­ques de sobreiro e os mon­ta­dos, incluindo a bio­di­ver­si­dade asso­ci­ada, estão a con­quis­tar junto de novos sec­to­res, como o sec­tor do turismo, traduzindo-se numa mais-valia para as popu­la­ções locais e para a eco­no­mia naci­o­nal. Sublinhe-se que, na actu­a­li­dade, exis­tem enti­da­des liga­das a este sec­tor de acti­vi­dade, que pre­ten­dem can­di­da­tar o mon­tado a Patri­mó­nio da Huma­ni­dade, com base no reco­nhe­ci­mento de que se trata de um ecos­sis­tema único no mundo.

- Pela sua impor­tân­cia eco­nó­mica e social, resul­tante do facto de Por­tu­gal pro­du­zir cerca de 200 000 tone­la­das de cor­tiça por ano (mais de 50 % do total mun­dial), sendo este sec­tor o único onde o nosso país pos­sui uma posi­ção de lide­rança a nível inter­na­ci­o­nal, desde a matéria-prima até à comer­ci­a­li­za­ção, pas­sando pela trans­for­ma­ção. A perda desta lide­rança repre­sen­ta­ria um des­ca­la­bro eco­nó­mico, social e ambi­en­tal sem para­lelo para o nosso país.

As duas asso­ci­a­ções que subs­cre­vem este docu­mento tudo farão para que, futu­ra­mente, se pos­sam jun­tar a este movi­mento, diver­sas ins­ti­tui­ções naci­o­nais e todos os cida­dãos a título indi­vi­dual que assim o dese­jem, incluindo todos os que, directa ou indi­rec­ta­mente, estão rela­ci­o­na­dos com a cul­tura do sobreiro e com os pro­du­tos e ser­vi­ços que depen­dem desta espé­cie e das for­ma­ções vege­tais que domina, com espe­cial des­ta­que para a indús­tria corticeira.

Esta­mos cien­tes que, ape­sar da vigên­cia do Decreto-Lei n.º 169/2001, há ainda um longo cami­nho a tri­lhar, junto das diver­sas ins­tân­cias da soci­e­dade, para se con­se­guir uma sen­si­bi­li­za­ção que con­duza a uma efec­tiva pre­ser­va­ção desta espé­cie e dos valo­res bio­ló­gi­cos, pai­sa­gís­ti­cos, eco­nó­mi­cos e cul­tu­rais asso­ci­a­dos à mesma.

A clas­si­fi­ca­ção do sobreiro como Árvore Naci­o­nal de Por­tu­gal, pode­ria, em adi­ção ao sim­bo­lismo do acto, aju­dar a tor­nar mais visí­veis os gra­ves pro­ble­mas asso­ci­a­dos, no pre­sente, à cul­tura e pre­ser­va­ção desta espé­cie, con­tri­buindo, desta forma, para aumen­tar a pres­são no sen­tido de se alcan­ça­rem as solu­ções neces­sá­rias para os mesmos.

Algo­dres, 30 de Outu­bro de 2010

Asso­ci­a­ção Tran­su­mân­cia e Natu­reza
Asso­ci­a­ção Árvo­res de Portugal


sexta-feira, outubro 22, 2010

Amigos do Teixo reúnem-se na Serra da Estrela


Realiza-se, na Serra da Estrela, nos próximos dias 5, 6 e 7 de Novembro, a Assembleia Anual da Asociación de Amigos del Tejo y Tejedas.

Mais informações: http://amigosdeltejo.org/
Inscrições: amigosdeltejo(at)gmail.com

sexta-feira, outubro 15, 2010

Uma boa ideia



Passar um fim-de-semana prolongado com árvores:

- No Sábado, dia 30 de Outubro, na Faia Brava, numa iniciativa da Árvores de Portugal e da Associação Transumância e Natureza.

- E, no Domingo e na Segunda-feira, dias 31 de Outubro e 1 de Novembro, respectivamente, aproveitarem a proximidade geográfica para se deslocarem aos Montes Hermínios e ajudarem os Amigos da Serra da Estrela a reflorestar a mais alta das serras do continente português.



segunda-feira, outubro 04, 2010

Estão convidados...



É já no próximo Sábado, dia 30 de Outubro, que se realiza a actividade Árvo­res e Eco­lo­gia Flo­res­tal da Reserva da Faia Brava (folheto PDF), uma organização conjunta da Árvores de Portugal e da Associação Transumância e Natureza.

Mais informações no blogue da Árvores de Portugal.




domingo, setembro 19, 2010

quarta-feira, setembro 15, 2010

Metro Mondego quera abater 35 plátanos na Lousã

Imagem do jornal "Trevim"

Do leitor Carlos Sêco, da Lousã, recebi uma denúncia relativa à intenção da empresa Metro Mondego, de abater 35 plátanos. A última palavra é da Câmara Municipal da Lousã (CML), mas a mesma, a julgar pelo teor da notícia saída num jornal local, parece ter aceitado, sem mais pedidos de esclarecimentos à empresa em causa, a alegação de que o abate é inevitável.

Se assim é, ou seja, se é efectivamente inevitável, teria a CML que, no mínimo, solicitar à Metro Mondego que fizesse prova do que afirma, nomeadamente através da publicitação de estudos devidamente fundamentados, do ponto de vista técnico, que descartassem qualquer hipótese de salvar ás árvores.

Por outro lado, resta ainda a questão, na eventualidade do abate avançar, de saber que medidas compensatórias exigiu a CML à Metro Mondego. Ou será que não exigiu nenhuma?



Segue o extracto da notícia enviado pelo citado leitor:

"“Sem alternativa”. Foi esta a explicação dada pelo executivo lousanense na reunião de Câmara, realizada no dia 6, para autorizar o abate de 35 plátanos na rua António José de Almeida. Uma medida que manteve o tom de unanimidade em toda a sessão pública de setembro

A autarquia foi informada pela Metro Mondego da necessidade de abate dos plátanos entre a estação da Lousã e a futura estação do Casal do Espírito Santo, no âmbito da execução da obra para implementação do futuro Sistema de Mobilidade do Mondego. “É fundamental o abate para o prosseguimento das obras, lê-se na missiva dirigida à Câmara.

Embora o plátano não seja uma espécie protegida, a medida obriga a uma aprovação da autarquia que, sem margem de manobra, acabou por deliberar unanimemente o abate das árvores, algumas de grande porte. Fernando Carvalho leu o documento aos vereadores e no final deixou escapar que neste contexto a autarquia pouco ou nada pode fazer, para não travar as obras. Por seu lado, o vereador da Floresta, Ricardo Fernandes, sugeriu que no final das obras possa ser plantada uma outra espécie de árvore no local.

Ainda de acordo com a mesma carta, a sociedade responsável pelo projeto só agora detetou que as árvores dificultam o alargamento do canal do metro, impedindo assim a continuidade das obras naquele traçado.

Recorde-se que, em Coimbra, um grupo de cidadãos interpôs uma providência cautelar para impedir

o abate de plátanos na zona central da avenida Emídio Navarro, onde está prevista a passagem do traçado do Metro Mondego. Embora, neste caso, o abate das árvores tenha sido iniciativa da Câmara de Coimbra, alegando que as mesmas estavam a ser atacadas por um fungo."


Ao leitor Carlos Sêco agradeço o envio desta notícia e apelo a que insista, junto da CML, na busca de respostas às dúvidas levantadas por esta intenção que, pela informação disponível, me parece estar longe de estar totalmente esclarecida.


sexta-feira, setembro 03, 2010

A árvore mais alta da Europa?

Fonte da imagem: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)

Estive apenas uma vez na Mata Nacional de Vale de Canas, em Coimbra. Foi na Primavera de 2001, com a companhia do Miguel Rodrigues e, numa altura em que os telemóveis ainda não tiravam fotos e as máquinas digitais ainda eram olhadas de soslaio, não nos pareceu um grande pecado visitá-la sem levar uma convencional máquina fotográfica. Se os remorsos matassem...

A ideia que retenho de Vale de Canas é a de uma catedral povoada por dezenas de eucaliptos colossais, um mundo subtropical e luxuriante, de onde, a qualquer momento, poderia surgir o ser mais inesperado.

Porém, o ser mais invulgar que encontrámos, no fundo do vale, não foi um réptil insólito ou alguma espécie de ave exótica, mas o maior eucalipto da Europa, um magnífico exemplar da espécie Eucalyptus diversicolor F. Muell., com 72 metros de altura (Nota: esta medição data de 2002). Este magnífico eucalipto é não apenas o mais alto do seu género na Europa, mas, muito provavelmente, a árvore mais alta do Velho Continente, tal como referido por Ernesto Goes no "Árvores Monumentais de Portugal".

No entanto, no ano de 2005, a mata foi um dos espaços consumidos pelo grande incêndio que afectou a zona de Coimbra. Durante algum tempo, logo após o incêndio, temi que esta árvore tivesse sido consumida pelas chamas.

Apesar do meu temor, este eucalipto colossal sobreviveu, tal como se pode constatar na fotografia que reproduzo acima, a qual constava da antiga página da Autoridade Florestal Nacional, agora Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Nela é bem visível não apenas as extraordinárias dimensões deste eucalipto (atenta-se na pessoa situada na base da árvore), mas também o perto que as chamas estiveram do mesmo.

Resta-me a esperança de, em breve, poder visitar novamente a Mata de Vale de Canas e poder tirar as fotografias que não pude tirar em 2001, ainda que a paisagem da mata tenha mudado radicalmente.


P.S. - Igualmente extraordinária é uma araucária (Araucaria bidwillii Hook. f.) situada à beira deste eucalipto e que, como este, está classificada como árvore de interesse público desde 2002.


(NOTA: Texto editado em Agosto de 2013.)