sábado, agosto 24, 2013

O país sem árvores

Covilhã - Primavera/Verão de 2013

Já o disse e escrevi por mais do que uma vez: gostar de árvores em Portugal é um ato de masoquismo. No inverno pagamos para destruir as árvores das vilas e cidades e, na época estival, queimamos as florestas.

Em Portugal, a beleza do verde, na cidade ou no campo, é um bem a prazo. Basta a incompetência de um autarca, o desejo de protagonismo de um pirómano ou a negligência de quem atira foguetes com 35ºC e vento leste para, num ano, destruir o que levou dezenas de anos a crescer. É este o preço da ignorância...

2 comentários:

Anónimo disse...

Num País onde o povo e políticos estão habituados a alijar responsabilidades, o pirómano tem as costas largas... Assim a culpa é sempre dos outros. Antigamente eram os madeireiros, depois passaram a ser os empresários de construção cívil, agora são os proprietários dos meios aéreos e amanhã serão outros quaisquer... Por agora preocupam-me muito mais os 40% de ignições resultantes de negligência, a ausência de prevenção e de ordenamento florestal, a reduzida formação dos bombeiros no que se refere ao combate aos fogos florestais (ainda que o seu esforço e coragem não esteja, naturalmente, em causa) e por aí fora. Obviamente que os pirómanos tem também de ser duramente penalizados, dentro da lei, mas reduzir o problema dos fogos aos pirómanos, como tantas vezes se tem feito neste País, é redutor. Esperemos que o restante Verão não traga mais fatalidades e que a área ardida não aumente muito mais.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Concordo plenamente, é mais fácil arranjar um bode expiatório do que ir às causas profundas da dimensão do problema.

Portugal tem condições naturais que favorecem este tipo de ocorrências, agravadas pelo abandono de milhares de hectares de floresta, entre outros erros de origem humana. O n.º de ignições que temos em Portugal, por exemplo, é brutal e não tem explicação, fazendo com que a dispersão dos meios de combate os torne ineficazes.

Por outro lado, ao desordenamento florestal junta-se o urbanístico, fazendo com que, em muitas situações os bombeiros se vejam forçados a defender moradias, em detrimento da defea única e exclusiva do espaço florestal.

A juntar a isto, junta-de um país de negligentes que continua a atirar cigarros acessos pelas janelas dos carros e a atirar foguetes com 35ºC e vento leste! E o pior é que, como a cada ano, chegadas as primeiras chuvas de setembro toda a gente se esquece do assunto...até à próxima "época de fogos"!