segunda-feira, julho 28, 2008

Novas regras para classificar árvores e o comendador que manda no país

Mata do Fontelo (Viseu)

- A Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) está a preparar novas regras para a classificação das árvores de interesse público. (Esperemos que seja apenas um caso de má interpretação, mas as declarações da vereadora do Ambiente da CM de Portalegre não me deixaram muito tranquilo...).
A propósito de árvores classificadas, podem aceder à respectiva listagem (aqui).

- Mais um abate de sobreiros na zona de Setúbal, considerado ilegal pela Quercus. Entretanto, o Sr. Berardo decidiu abater sobreiros para colocar estátuas numa propriedade no Bombarral. (Quem é que será o verdadeiro idiota nesta história? O Sr. comendador que sabe que, no pior dos cenários, tudo se resolverá com o pagamento de uma coima ou os verdadeiros idiotas seremos todos nós que ainda cumprimos as leis da República e julgamos viver num Estado de Direito?)

- Sumário do relatório WWF/CEABN "O sobreiro, uma barreira contra a desertificação".

- 150 Mil hectares de montado certificado até 2010. E, em complemento, primeiro montado de sobro com certificação descortiçado em Coruche.


- Prossegue a plantação de árvores para "salvar as nossas consciências". Agora em Loures, prometem-se 16 000 (!) novas árvores devido ao efeitos das "alterações climáticas". (E que tal, se em vez desta obsessão por plantar aos milhares novas árvores nas cidades portuguesas, se cuidasse com profissionalismo as já existentes?). Podem observar nestas imagens do Inverno passado, a forma "competente" com as árvores são tratadas em Loures.

- Mas para que não se pense que esta "moda" é um exclusivo luso, a Consellería de Medio Ambiente da Galiza pretende plantar 2 800 árvores, para fazer face às emissões de dióxido de carbono geradas pela sua própria actividade no ano passado. (Nos dias que correm, parece-me um "negócio da China" montar uma empresa que contabilize as emissões de CO2 de qualquer outra empresa ou instituição e que, posteriormente, proceda à plantação de bosques; a mim, particularmente, interessava-me que aparecessem empresas que controlassem quantas destas árvores são efectivamente plantadas e quantas sobrevivem após a respectiva plantação, atingindo a fase adulta).

- Em Vila Real, prometem-se também milhares de árvores para compensar as emissões do circuito automóvel da cidade (Será minha impressão ou de repente parece que tudo é "ambientalmente aceitável" desde que a seguir se plantem árvores?)

- Já em Oliveira do Hospital, o problema parece residir nas "árvores modernas"!

- A organização britânica The Woodland Trust pretende criar um novo bosque, exclusivamente com espécies nativas das Ilhas Britânicas.

- Detectada em Amarillo (Texas) novo surto de doença provocada por um fungo, a qual pode matar um carvalho em 3 ou 4 semanas. Um outro fungo está a destruir árvores centenárias em Tehuacán (México).

- Na vizinha Espanha, as árvores também são as primeiras vítimas de obras de requalificação nas cidades. Só na cidade de Granada, as obras do metro da cidade vão implicar o abate de cerca de 500 árvores.

- No pólo oposto, na cidade de Alicante, os Serviços de Parques e Jardins procederam a um levantamento minucioso das árvores da cidade, sinalizando as árvores monumentais. Em complemento, o município de Alicante prepara legislação para proteger as árvores monumentais da cidade, incluindo as que se situam em propriedade privada.

2 comentários:

Maria Lua disse...

Pedro, a notícia de Loures parece mentira!
O meu comentário foi o seguinte:
Depois dos ciganos, só nos faltava esta... não compreendo, então o negócio não eram as eólicas que nasceram como cogumelos à volta da Zona Verde Protegida da Ponte de Lousa/Lousa??? E quantas árvores tiveram de cortar para implementar esses gigantes?? Eu vi que para a grua passar com as hélices até à aldeia das Fontelas, a estrada teve de ser alargada e todas as árvores arrancadas... Depois de "encherem" os bolsos a uns quantos "marmelos" com a reflorestação de pinheiros e ciprestes (inclusive com cerimónia para o efeito em que esteve presente o Mário Soares), querem dar mais algum aos outros que ficaram com inveja?? O que é triste (e sei do que falo pois vivo nesta zona há trinta e tal anos) é que ninguém se importa, nem mesmo os habitantes... E Enquanto roubam perante a impunidade das autoridades e destroiem sem piedade a Natureza, ainda conseguem fazer façanhas, como ser notícia num dos jornais mais conceituados do País! Onde iremos parar agindo dessa forma? E se alguém tiver vontade de reclamar, comentar ou injuriar, faça o favor de investigar, pesquisar, perguntar e ver com os seus próprios olhos o que se passa no Concelho de Loures.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Maria,

Suponho que o que se passa em Loures seja um pouco aquilo que se passa na generalidade das cidades portuguesas, em matéria de mau planeamento no que concerne à manutenção das árvores em espaço urbano.

Receio que as únicas excepções sejam cidades como o Porto, Lisboa ou Coimbra onde, dada a vigilância de importantes órgãos de comunicação social (à qual se junta uma influente comunidade académica e uma opinião pública, por norma, mais informada), estas questões das árvores são tratadas com mais profissionalismo e planeamento.
Ainda assim, há infelizes excepções, como a história do abate de dezenas de plátanos na zona do Campo Pequeno, no ano transacto.

À primeira vista poderá parecer uma contradição que, sendo este um blogue de defesa das árvores (em particular no espaço urbano), se teçam críticas à intenção de plantar mais árvores por parte de uma autarquia.

Mas a realidade é que nós conhecemos o funcionamento das nossas autarquias e sabemos bem como estas coisas são geridas, em particular com total falta de planeamento, por exemplo: na hora de selecionar as espécies a plantar, a altura do ano, o espaçamento a deixar entre as mesmas, etc.; segue-se a péssima manutenção feita por quem nada percebe da poda de árvores ornamentais, que se traduz em intervenções danosas que desfiguram as árvores e põem em risco todos os utentes da cidade.
Em última análise, estas podas mal executadas conduzem muitas vezes à morte das árvores, provocando uma precoce necessidade de as substituir.

E daí observar-se que a idade média das árvores nas cidades portuguesas é muito baixa e que, consequentemente, as autarquias estão constantamente a plantar novas árvores (para substituir as que definham e morrem, fruto das ditas "podas camarárias"). E, entre árvores novas e outras raquíticas, nunca chegamos a saborear o verdadeiro prazer da sombra na cidade!

De facto, alguém deve andar a ganhar muito dinherio com tanta árvore que se planta...