terça-feira, dezembro 26, 2006

Semelhanças e diferenças

Desenganemo-nos, a vida em Espanha não é perfeita. Em muitos aspectos, os espanhóis estão longe de nos darem, a nós ou a qualquer outro país europeu, lições de preservação do ambiente e de turismo sustentável. No país vizinho são numerosos os exemplos dos efeitos negativos do turismo de massas, quer de Verão, quer de Inverno. É por isso que me intriga Gredos...



Cume da Sierra de Gredos ao pôr-do-sol (visto do parque de campismo de Navarredonda de Gredos, Agosto de 2005)


Espanta-me que este território não queira seguir os exemplos daquilo que de errado se fez noutras montanhas da Península Ibérica. Pasmo por não terem centenas de apartamentos, teleféricos, casinos, centros comerciais, estradas asfaltadas a "rasgar" todo o maciço...que não tenham mesmo construído uma "escada rolante" até ao Almanzor!


Poderá ser por terem percebido que o que os diferencia de muitos outros destinos de montanha é precisamente o elevado grau de preservação dos seus habitats, constituindo este o chamariz para um turismo respeitador da sua identidade?


Curiosamente, ao fazer uma pesquisa no Google com a frase "proyectos turisticos para Gredos", o primeiro resultado diz respeito a um comunicado da associação ambientalista Centaurea, referindo o chumbo de um projecto turístico por parte da Comisión Territorial de Prevención Ambiental de Ávila. (Curiosamente, este chumbo tem por base os resultados de um estudo de impacto ambiental...pois, caso os irmãos Costa Pais se cansem da Serra da Estrela, não me parece que em Gredos venham a ter a vida facilitada).

Circo de Gredos, Agosto de 2005

Será tudo perfeito em Gredos? Claro que não...desde alguns casos de arquitectura duvidosa em Navarredonda de Gredos, até às condições do respectivo parque de campismo...e com certeza que por lá também haverá interesses privados (legítimos, não o nego), que estariam interessados em promover um turismo mais massificado.


A diferença está em que, duvido, que por lá os interesses de uma (única) empresa privada se confundam com os interesses do "turismo" (enquanto instituição pública) ou, dito por outras palavras, que se confunda o interesse privado com o superior interesse público...nem que se concessione a gestão do turismo a uma (única) empresa privada. E que se lancem projectos sem os necessários estudos de impacto ambiental...aprovados! Coisa que de facto não lembra ao diabo!


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