Uma das minhas recordações de infância, das saudosas férias
de praia na Figueira da Foz, prende-se com uma atividade que ocupava parte dos
serões familiares: descobrir as “diferenças” da seção de passatempos do extinto
Diário Popular.
É esse mesmo desafio que proponho hoje aos leitores deste
blogue: será que conseguem identificar alguma diferença entre as quatro imagens
que compõem a fotografia que acompanha este texto?
Apesar de todas retratarem árvores estropiadas, há uma
significativa, mas decisiva, diferença entre as duas imagens da esquerda e as
duas imagens da direita. No caso das imagens à esquerda, a destruição resultou
do tornado que assolou a cidade de Silves no passado dia 16 de novembro. No
caso das imagens à direita, recolhidas esta semana na Covilhã, essa destruição resultou de uma
poda radical a mando da autarquia local.
Dito por outras palavras, o que em Silves foi resultado de
um ato imprevisível da natureza, impossível de ser evitado, o que aconteceu na
Covilhã poderia (e deveria) ter sido evitado, pois resultou de um ato de origem
humana, pago com o dinheiro dos nossos impostos. Na Covilhã, como em boa parte
dos municípios portugueses, anualmente, centenas de “tornados”, também
conhecidos como podas camarárias,
destroem o nosso património arbóreo. E tudo pago com o nosso dinheiro!
P.S. – Apenas para que não sobrem dúvidas sobre algum eventual
motivo político-partidário por detrás deste texto, esclareço que as câmaras da
Covilhã e de Silves têm a mesma cor partidária.