A emissão de hoje do "Portugal em Directo"*, programa da RTP1, passou uma reportagem sobre o caso dos 3 000 sobreiros do Tortosendo (Covilhã), situados em 83 hectares de terrenos das Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. Recorde-se que a autarquia local quer destruir esta mancha de sobreiros, com uma justificação que varia entre a necessidade de ampliar a Zona Industrial do Tortosendo e a necessidade de instalar um Projecto de Interesse Nacional (PIN) que "ninguém" conhece!
* A reportagem pode ser vista no início do programa (começa ao segundo minuto e tem a duração aproximada de 2 minutos e meio).
Sobre as declarações do Sr. Presidente da Câmara da Covilhã não há novidades! São as mesmas que analisei neste texto: "E os 3 000 sobreiros, senhor Presidente?! (3ª Parte) - As declarações do Presidente da Câmara Municipal da Covilhã."
Basicamente, o Sr. Presidente não justifica porque necessita abater 3 000 sobreiros para ampliar a Zona Industrial do Tortosendo, quando existem terrenos previstos, no Plano Director Municipal, para esse mesmo efeito.
O Sr. Presidente também não explica porque foi pedido, ao Núcleo Florestal de Castelo Branco, a autorização para cortar estes sobreiros quando a Câmara não é a proprietária dos terrenos em causa. E esta constatação, por si só, coloca duas questões:
- Será que a Câmara da Covilhã desconhece que não pode solicitar o corte de sobreiros localizados num terreno particular?
- Será que a Câmara da Covilhã desconhece que a suspensão do PDM não concede uma autorização automática para abater sobreiros, ou seja, não anula os efeitos do Decreto-lei n.º 169/2001 (tal como sublinhado pelo ministro do Ambiente)?
Estranho bastante toda esta pressa em cortar os sobreiros quando, na referida reportagem da RTP1, se refere que a Câmara da Covilhã ainda não assegurou os meios financeiros (6 milhões de euros para infra-estruturas) necessários à ampliação da referida zona industrial. Nesse caso, porquê esta urgência em cortar os sobreiros?!
O Sr. Presidente nada explica, como é habitual...E, do que diz, metade é para insultar a "Quercus", a quem acusa de ser uma "instituição reaccionária". E porquê? Porque, pasme-se, a "Quercus" pediu que se cumprisse a lei!
Nesse caso, se querer que se cumpra a lei é ser "reaccionário", é com orgulho que me assumo como tal!
Gostaria ainda de dizer que as lamentáveis declarações do Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, não anulam o igualmente lamentável silêncio de quase toda a oposição.
Por outro lado, quero reafirmar que nunca fui, não sou e, com um grande grau de probabilidade, nunca serei sócio da "Quercus".
P.S. - Sobre a reportagem da RTP não resisto a fazer 3 rápidas considerações:
1º) Pelo que depreendi de outros órgãos de comunicação social, as declarações do Presidente da Câmara da Covilhã foram recolhidas no mesmo dia em que esteve presente, na universidade local, o ministro do Ambiente. Este produziu declarações sobre este caso, as quais foram reproduzidas pelo "DiárioXXI" e pela "Rádio Cova da Beira".
Assim sendo, por que motivo a RTP não reproduziu as afirmações do ministro do Ambiente?! Não as recolheu ou não as considerou relevantes?
2º) Em segundo lugar, acho extraordinário que o jornalista da RTP faça uma reportagem de 2 minutos e meio sobre este caso, fale sobre "milhares de sobreiros", mas sem nunca precisar que se trata de uma mancha com 3 000 sobreiros!
3º) Por último, o mesmo jornalista refere que os terrenos em causa se situam, "segundo a Quercus", na Reserva Ecológica Nacional (REN) e na Reserva Agrícola Nacional (RAN). Segundo a "Quercus"?! Não, os terrenos são REN e RAN segunda as leis da República. As mesmas que a Câmara da Covilhã tem obrigação de conhecer e de cumprir!
Pois, "segundo a Quercus" quer dizer que o senhor jornalista não se deu ao trabalho de ir saber, na legislação, o que está ou não está abrangido pela REN e pela RAN.
ResponderEliminarQuanto ao senhor presidente... é ver a sanha com que se lança aos "reacionários" que colocam perguntas difíceis e "chatas" a gente que "só quer trabalhar"...
Pelas razões evocadas e mais algumas que tem vindo a revelar, o Grémio* apoia esta causa.
ResponderEliminarNo sentido em que o presidente da câmara da Covilhã usou o termo, eu também sou reaccionário. E honro-me de o ser.
ResponderEliminarPor experiência directa, os repórteres da RTP1 (não sei como são os outros) fazem tudo em cima do joelho e fazem cortes sem qualquer critério no material que recolhem. Por isso não me admiro que o tenham feito a propósito deste caso, sobretudo na referência "segundo a Quercus"...
ResponderEliminarEu também sou reaccionária.
Bom fim de semana.
Caro Pedro. Reacionários são os presidentes de câmara deste país para quem o ambiente é um estovo aquilo que encaram como "desenvolvimento" Eu diria que para além de reacionários os que pensam assim são analfabetos ambientais. Solidário com a sua (nossa) causa.
ResponderEliminarJoão Martins do blog macloulé.
Infelizmente, apesar dos esforços, duvido que os sobreiros sobrevivam...
ResponderEliminarA coragem da investigação do "DiárioXXI" que despoletou este caso poderá não evitar este desfecho; mas, pelo menos, tal acto já não será feito na nossa ignorância e fazendo-nos passar por parvos!
Obrigado pelos comentários.
Infelizmente, parece que todos os reaccionários juntos não chegam.
ResponderEliminarO problema é a falta de "reaccionários" na oposição, ou seja, tão grave como as declarações do Presidente da CM da Covilhã é o silêncio de quase toda a oposição local.
ResponderEliminarE o pior é que eu "suspeito" que este silêncio da oposição se deve a um facto muito simples, ou seja, partirem do princípio que a maioria da população concorda com esta forma de fazer política da maioria camarária.
E o pior é que, provavelmente, não estão errados!
Manter a esperança é sempre uma boa opção... Mesmo quando ela já quase não existe...
ResponderEliminarBoa semana e muita esperança!
;-)
Maria,
ResponderEliminarHaja esperança...Esperança que um dia tenhamos políticos que compreendam esta coisa tão simples: que existem muitas situações, e esta é claramente uma dessas, onde seria possível conservar o ambiente com investimentos industriais; assim houvesse vontade política...
Boa semana!
A história é sempre a mesma... por essas e por outras é que eu deixei de votar, de passar cheques em branco à cleptocracia reinante.
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